- Bom dia. Como dormiu? – Bernardo perguntou de manhã cedo ainda se espreguiçando do meu lado. O despertador tinha acabado de tocar.
- Bom dia. Bem... São 6 horas.
- Hoje a gente tem tempo então. – ele veio pra cima de mim e ficou passando o nariz no meu pescoço.
- Tempo pra levantar, comer direito e sair, né?
- Também. – ele começou os beijinhos que sempre me arrepiam.
- Não, não... vamo levantar. – eu o empurrei. Ele caiu pro lado. Eu levantei.
- Me ajuda então... – ele estendeu a mão.
Quando peguei em sua mão, ele me puxou pra cama de novo. Caí encima dele. Ele me apertou rápido e cruzou as pernas em minha volta.
- Bernardo é sér... AAAAAAAAAAAAAi filho da mãe!
Ele mordeu me mordeu entre o pescoço e a clavícula. Me largou rápido e girou caindo em pé da cama. Foi pro banheiro rindo. Eu levantei e fui ver no espelho. Estava vermelho com a marca dos dentes dele. Não vi graça. Sério.
Fiquei na cozinha esperando ele terminar o banho. Depois entrei. Tomei meu banho e me arrumei. Ainda era cedo. Acho que não precisávamos acordar tão cedo mas a experiência do dia anterior não poderia se repetir. Aprontamos um café rápido e eu fiquei emburrado por conta da mordida. Doeu. Estava uma marca e minha camisa não escondia, a não ser que eu abotoasse até o último botão e é impossível se fazer isso com o calor daqui.
- Ficou chateado foi?
- Doeu Bernardo. Sério. – eu alisei o machucado e fui pra pia.
Ele me abraçou por trás.
- Me deixa ver.
- Não. Me solta.
- Deixa eu ver... – ele me virou de frente. – Não tô vendo nada aí.
Eu abri mais a camisa.
- Espera... – ele abriu mais um botão. – Ah... ficou vermelho mesmo. Olha só... – ele deu um beijo no lugar. Outro. Outro mais no pescoço. Eu levei as mãos pra fechar o botão mas ele as segurou. – Passou? – Falou baixinho no meu pescoço.
- Você é tarado. Isso sim é que tem que ser tratado.
Ele riu e me beijou. As mãos desceram pra minhas pernas e agarraram meu jeans. Eu fui pressionado na pia e logo suspenso. Ele entrou entre minhas pernas, abriu minha gola e ficou me beijando e arfando quente alí. Eu acabei não resistindo. Nessa brincadeira eu comecei a abrir a camisa dele também e fazer o mesmo. Ele começou a rir quando beijei o seu peito.
- É cedo pra muita coisa, mas pra sexo eu acho que tá tarde, né? – ele perguntou.
- Provavelmente sim. – eu disse o puxando pra mais um beijo.
Era um caminho sem volta. Quando a gente começa a se beijar já era... A gente se olhou pertinho. Prendemos o riso e acenamos que não um pro outro. Ele começou a abotoar a camisa e eu desci da pia pra fazer o mesmo.
Ele ligou a TV pra ver o que passava e passar o tempo. Eu fui lavando os pratos. Ele veio ajudar. Bernardo e eu apesar de presentes, não éramos mais tão prestativos quanto antes. Ele ajudava no que eu precisava, mas éramos homens. A casa de vez em quando desandava, não tinha jeito. Tinha louça da noite anterior alí.
Terminamos e ele foi soltar o Brutus, pôr comido e tudo mais. Ficamos batendo papo até um pouco mais tarde. Realmente havíamos acordado cedo demais. Saímos então pro estágio.
Oito horas passamos os crachás na portaria. O outro estagiário já estava lá. Entramos e ficamos na sala de espera esperando a instrutora. Primeira semana é sempre assim. O Igor então chegou na portaria. Usava a mesma calça jeans e sapatos do dia anterior, mas com uma camisa diferente. Um azul lindo, puxado pro lilás. Um símbolo de alguma coisa preto e bordado no peito e a estampa do forro de dentro da camisa eram rosas azuis num fundo branco. Meu Deus! Eu queria aquela camisa pra mim! Ele entrou já tirando a bolsa do ombro e procurando o crachá. O som do bip da máquina que identificava os crachás ecoou e ele veio em nossa direção.
- Hey... Bom dia! – ele cumprimentou com um tchauzinho passando direto pra sala dele no fim do corredor.
- Bom dia! – Só eu cumprimentei. Olhei pro Bernardo que estava com cara de indiferente. – Você bem que poderia ser mais bem educado, né?
- Eu acenei com a cabeça pra ele.
- Mas ele deu um bom dia. Não custava nada responder.
Mariane, a instrutora chegou.
- Meninos venham cá.
Seguimos pra sala dela.
- Hoje eu vou ensinar vocês a mexerem no sistema pra protocolar algumas coisas.
- Protocolar? – o Bernardo perguntou rápido.
- Sim. A empresa tem intranet. Um sistema particular de informações. Vocês precisam aprender a usar.
- Mas essas coisas não são super seguras? Com senhas pra tudo? – o outro estagiário continuou.
- Sim. Segurança total e sigilo de qualquer coisa protocolada. Precisamos economizar papel.
- Mas não é perigoso? – ele tornou a falar.
- Perigoso como?
- Somos estagiários. Podemos errar e nem trabalhamos aqui pra ter acesso a isso. – Bernardo falou com um tom como se fosse óbvio.
- Não se preocupe... Vocês vão ser super eficientes. O sistema não é tão difícil de manipular.
- Olha... eu não quero problema dona Mariane. Eu não acho uma boa ideia. Além do mais eu deveria estar na Contabilidade, mexendo com cálculos, com balanços. – o Bernardo falou.
Até eu já estava preocupado.
- Nada... tomem cada um um computador.
Ela começou a falar sobre como protocolar qualquer coisa impressa. Os locais de anexar cada documento e tudo mais. Depois de mais de uma hora explicando e a gente treinando ela saiu da sala e voltou com uma pasta cheia de papéis.
- Chega de treinar. Eu estou um pouco ocupada. Protocolem isso aqui. Já sabem, é só copiar o documento no scanner, ver do que se trata e anexar ao local correto.
- Mas dona Mariane, hoje é nosso segundo dia... nem deveríamos estar fazendo isso. Eu quero ir pra contabilidade e o Lucas é do RH.
- Mas vocês vão pra lá. Semana que vem. Hoje vocês treinam comigo. Vamos, comecem, eu venho já. Nesse bloco de anotações amarelo tem minha senha para o sistema. Digitem-na.
Saiu e nos deixou sozinhos na sala com aquela pasta de papéis. Eram relatórios, balanços que o Bernardo deveria estar fazendo com os contadores e alguns outros documentos.
- Só eu acho que a gente tá ferrado? – Bernardo perguntou já quase vermelho.
- Vamo fazer o que ela disse. Somos estagiários. – o outro menino falou.
Começamos a copiar tudo e salvar nos computadores. Ela entrou na sala e conferiu se estávamos mesmo cumprindo o que ela disse e tornou a sair falando ao celular. Bernardo bufava de raiva do meu lado. Eu sabia que aquilo tava errado, mas o que a gente, reles estagiários com dois dias de contratados poderiam dizer?
Ela voltava sempre pra conferir tudo mas logo saia. Enquanto isso os relatórios iam para o sistema com a assinatura digital dela, já que era com a senha dela que tudo estava sendo protocolado.
- Aposto que no fim do mês ganha prêmio de funcionária do mês por eficiência e produção, tudo a custas da gente. – o outro menino falou desapontado no computador dele.
Mais uns 10 minutos se passaram. Igor entrou em nossa sala falando ao celular e com papéis na mão.
- Tudo bem... eu retorno já. Beijo... Meninos, cadê a Mariane? Eu preciso que ela jogue isso no sistema pra ontem, não há internet na minha sala há mais de meia hora.
- Ela saiu. Mas pode deixar aqui na mesa que a gente lança primeiro que as outras coisas, se for urgente. – Eu falei.
- Vocês? – ele nos olhou como se eu tivesse falado um palavrão.
Ele fez uma expressão de curiosidade e veio ver nossos computadores.
- Quem deu autorização pra vocês mexerem nisso?
- A Mariane.
- A Mariane liberou o sistema interno pra vocês?
- Com a senha dela. – Bernardo falou.
Ele coçou a testa.
- Saiam imediatamente do sistema. Desliguem os computadores. Levantem e venham comigo. – Ele disse sério.
Fizemos tudo sem titubear.
Ele nos levou pra sala do RH.
- Emanuel, meu querido, esses aqui são Lucas e Flávio. São seus novos estagiários. Ensine a eles o que for preciso tudo bem?
- Igor, não poderia chegar em hora melhor! Entrem meninos, vamos bater um papo aqui.
Eu e o Flávio fomos pras cadeiras. Igor nos devolveu um sorriso e chamou Bernardo. Eles saíram.
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Eu não estava bem. Meu nariz coçava mas eu tentava não irritar ainda mais. A Mariane estava perambulando por aí enquanto a secretaria estava sendo tomada pelos meninos. Aproveitou os estagiários pra não trabalhar e deixar o serviço pra eles. Incompetência...
Não nos damos bem. Desde que entrei aqui. Eu não falava muito sobre isso porque eu era novo e tímido na empresa. Seu Antônio Azevedo, dono da empresa, me deu o emprego em um churrasco na casa dele após o casamento do filho mais velho dele, o Marcos. Pra quem não sabe, eu namoro seu filho mais novo, o Kaio. Entrei na empresa há algumas semanas pra ir pegando o ritmo, o expediente em si começou na semana passada. Hoje eu mudei de cargo, até meu crachá mudou. A proximidade com o dono me dava benefícios, eu tenho que admitir. Ele confiava em mim então gostava de me ter por perto pras coisas mais urgentes.
Eu estava cheio de serviço, mas a Copa do Mundo estava chegando e iria render alguns feriados. Eu vinha todas as manhãs com o Kaio, no carro dele. Isso iria mudar na semana seguinte. Eu comecei a vir na minha moto mesmo. Não queria fazer ele acordar cedo só pra me dar carona comigo tendo uma moto em casa! Até porque o Kaio vindo me deixar dava uma impressão errada pros demais funcionários.
Eu fiz amizade com todo mundo da empresa muito cedo. Seu Antônio me apresentou a todos e como eu trabalhava rápido logo eu ganhei a amizade de todos porque tudo que passava pela minha mão era resolvido em minutos. Eu fui contratado para o setor jurídico, mas já havia pego serviço do Rh, das vendas, do Marketing e até da Contabilidade na correria do dia a dia. Coisa que os funcionários mais antigos não faziam. Não sabia a média salarial, mas tinha certeza que deveria ser boa. A empresa não era uma qualquer. O povo que era preguiçoso mesmo.
Eu estava entregando os estagiários aos seus setores certos. Foi um erro deixa-los com a Mariane. Deixei dois no RH como pedido e agora iria levar esse cara pra Contabilidade. Ele era um gato... Deus. Muito gato mesmo. Mas enfim, foco. O lado bom é que quando eu estiver muito estressado vou dar uma volta na contabilidade e limpar a visão com ele na minha frente.
- Bom dia gente! – Eu disse ao abrir a sala da contabilidade. Não havia muito serviço aquele dia e os rapazes estavam só batendo papo. – Esse é o Bernardo. Novo estagiário. Cuidem bem dele.
- Opa Igor, deixa aqui, meu filho! Tô precisando de um colírio desse mesmo. – uma secretária falou no fundo da sala. Eu pensei a mesma coisa segundos atrás, lembram?
Ele soltou um sorriso tímido e entrou na sala. Foi logo cumprimentando os rapazes. Ele era tão bonito mas tão... calado.
- Bernardo aproveita aí. Qualquer coisa já sabe, sala Jurídico 1 ou no ramal 5.
- Tá ok.
Quando ia me virando pra porta a Mariane apareceu com o rosto vermelho. Lucas e Flávio vinham atrás dela tímidos.
- Com que direito você tirou os meninos da minha sala e mandou direto pros setores? – ela falou alto. Muito alto. Queria chamar atenção.
Eu já tava aguentando aquela mulher há duas semanas implicando comigo. Eu não sei o que eu fiz pra ela, mas não íamos um com a cara do outro. Respirei fundo e soltei o ar. Já chega.
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Agora pronto. Eu mal sento numa cadeira do RH aquela maluca da Mariane aparece descabelada e grita perguntando quem tinha mandado a gente sair de lá. Eu não queria confusão. Disse que foi o Igor mesmo. Ela mandou a gente seguir atrás dela. Chegamos na sala da Contabilidade. A porta estava aberta e eu via o Igor perto da porta rindo.
- Com que direito você tirou os meninos da minha sala e mandou direto pros setores? – ela falou com ele no mesmo tom que falou com a gente.
Ele pareceu respirar e umedecer os lábios.
- Alguém que trabalha na presidência mandou.
- Pois diga a esse alguém que os estagiários são MEUS – ela apontou o dedo pro peito - e precisam ser treinados.
- Treinamento não inclui mexer no sistema privado da empresa correndo o risco de revelar informações sigilosas enquanto você bate perna por aí sem cumprir o seu trabalho. E segundo o RH já apura há três meses seu desempenho não é lá grande coisa. Usar estagiários pra fazer o seu serviço é errado e você sabe. Não deveria trabalhar se sente preguiça.
- Ah! – ela abriu a boca, pôs a mão no peito afetada e deu um passo pra trás. - Olha como fala garoto. Você chegou aqui ontem!
- O lugar correto para os meninos aprenderem é cada um no seu setor. E o alguém a que me refiro sou eu mesmo. Quando você tiver um desses – ele mexeu no crachá, que apesar de ter a mesma foto e inscrição agora era verde. Significava que ele agora trabalhava na presidência. – bata na porta da minha sala na presidência e eu penso se dispenso ou não algum tempo em conversar com você. Meninos – eu e Flávio olhamos assustados pra ele. – voltem A-GO-RA pra sala de vocês. Vocês vão ser treinados pelos supervisores de cada setor, que é o certo. Isso é uma ordem. – Ele fez uma pausa e olhou pra Mariane. - De alguém que tem competência pra dar ordens aqui.
Acenamos e nos mandamos no corredor. Eu e Flávio rimos da cara da Mariane. Ela saiu pondo fogo pelas ventas pra sala dela batendo a porta. Na contabilidade os rapazes lá de dentro ficaram rindo com o Igor e o Bernardo.
Aí sim eu senti que o estágio começou de fato. Nos dias seguintes era bem melhor de se ir pra empresa. Éramos orientados de forma correta, os supervisores nos explicavam tudo. Não era maçante. Tínhamos liberdade de ir na cantina beber um suco e comer um biscoito a qualquer momento. Bernardo falava em casa dos balanços e do quanto a empresa faturava. Coisa de milhões. Sério. Já eu analisava políticas de como incentivar os funcionários, currículos para contratação e tudo mais. Era bom pra todo mundo. O Igor sempre simpático passava em nossa sala todas as manhãs pra nos cumprimentar. As vezes ele chegava com bombons e ficava batendo papo com a gente.
O Igor tinha um bom humor natural. A gente sempre se via na entrada, hora em que eu fazia quentão de cumprimenta-lo depois do seu habitual “Hey... Bom dia” seguido do tchauzinho e na cantina que ele ia toda hora beber água. Até Bernardo já tava mais solto conversando mais com o pessoal.
Um dia eu entrei na cantina. Igor estava de costas pra porta perto da janela olhando pra fora. Parecia pensativo. Ele olhou de leve pra trás e soltou um sorriso sem graça. Eu fui me servir água.
- Seu Igor, nos falaram que o senhor vai ser professor de inglês no curso. É verdade?
Ele estava bebendo. Quase se engasgou.
- Que negócio de senhor menino... Senhor meu pai. Pode me chamar de Igor mesmo.
- É verdade?
- Talvez. Eu não aceitei ainda. Mas os boatos já correm, né?
- Tá todo mundo dizendo que você é a pessoa mais cotada. Todo mundo adora o senhor, menos a dona Mariane.
- É que ela trabalha aqui há três anos e eu cheguei há dois meses. Já ocupo o cargo almejado por ela há tempos. Daí ela tem uma invejinha...
Ele riu. Não parecia estar muito pra papo, mas eu insisti.
- Lá no RH tudo corre bem.
- Ainda bem. Está gostando da empresa? – ele pegou mais água.
- Sim. Tá sendo bem legal.
- E seus amigos?
- O Flávio também está gostando. O Bernardo fala todo dia das coisas que aprende na contabilidade. Ele adora aqueles números. Só ele tem paciência pra aquilo... O caderno dele é uma loucura.
- Vocês são muito amigos é?
- A gente divide aluguel.
- Hum.
- É... – eu falei sem graça. Ele não tava pra papo naquele dia. Mas ele parecia ser tão legal, eu queria me aproximar. Uma pena eu não ser do jurídico. AH! – O senhor é formado em quê?
Ele riu do senhor.
- Eu faço Direito. Tô com cara de velho assim? – ele alisou a barba começando a crescer.
- Não senhor. Digo... Não.
- Ainda vou me formar daqui uns anos. Nem sou tão mais velho que você. Tenho 20 anos.
- Eu também! – eu sorri, mas ele pareceu não se importar. – Bem... Eu vou indo. – ele definitivamente não estava pra papo.
Quando ia saindo da cantina um cara entrou. Ele não era da empresa. Vestia camiseta e bermuda. Parecia estar de passagem. Ele era lindo. Mais moreno que Bernardo, um pouco mais alto, menos forte mas sarado e um cabelo preto lindo... espera... Eu conheço esse cara! Ele estava nos cartazes do Carnaval desse ano! Meu Deus ele é lindo mesmo ao vivo!
- Preciso falar com você. – ele disse pro Igor que me lançou um olhar diferente.
- Com licença. – eu falei e fui saindo de fininho.
O que rolou lá eu não sei mas aquele era o mesmo cara que vinha deixar o Igor de vez em quando. Podia estar ficando doido, mas eu vi o Igor o beijando no carro no início da semana e se eles fossem namorados deveriam estar brigados porque o Igor não tava normal. Ele é tão comunicativo no dia a dia... Voltei pra minha sala pra esperar a hora de sair.
Meio dia em ponto eu saí e encontrei com Bernardo no corredor. Me despedi do Flávio, Bernardo ficou observando o menino de cima a abaixo. Eu fiz cara de desaprovação pra ele. Ele riu e saímos. Vi o Igor e o cara da cantina de mais cedo conversando na calçada. Saí com Bernardo pra um restaurante alí perto.
Escolhemos uma mesa e estava cheio de gente. Iríamos demorar pra sermos atendidos. Mas ir pra casa e preparar comida é que não dava. Ficamos alí com o estômago remoendo a fome e minutos depois eis que o Igor e o “cara do suposto beijo no carro/de mais cedo na cantina/do cartaz do carnaval” entram no restaurante e escolhem uma mesa.
Eu chamei a atenção do Bernardo.
- Olha o Igor. Acho que ele é gay. Aquele é o namorado dele.
- E o que tem?
- Ele estava em todos os outdoors do Carnaval. Ele é lindo. O Igor pega um modelo cara!
- Rum... Eu quero é comer. Só isso.
Igor me viu. Acenou meio sem graça e eu retribuí.
O almoço foi servido. No meio do almoço entra um grupo de meninas e meninos com roupas malucas no meio do restaurante distribuindo uns panfletos da festa de sábado. Era dalí há três dias. Enquanto eles davam os panfletos eu vi o Igor ir ao banheiro. Quando voltou passou por nossa mesa.
- E aí meninos... Vocês vão? – ele disse rindo e olhando o panfleto.
- Vamos! – eu disse sorridente demais. Bernardo me olhou estranho.
- Então a gente se vê lá. Tchau. – ele sorriu e saiu com o cara que ficou olhando pra o Bernardo de um jeito sério.
- Pelo visto não sou só eu que tenho um cara ciumento do lado.
- Que foi?
- O suposto namorado do Igor. Ficou olhando pra cá porque ele parou pra falar com a gente.
- Hum...
O Igor vai pra balada sábado! Agora eu tinha que ir. Eu não sei por que mas eu senti vontade de ser amigo dele desde a primeira vez que o vi. Aquela era a chance. Uma balada, festa, ambiente descontraído, algo pra beber...
Ía fazer meu primeiro best dentro da empresa. Ele parecia ser tão legal e o comportamento educado dele era de alguma forma a coisa mais fofa que eu já tinha visto. Dalí mais um pouco com a influência dele na empresa eu seria contratado, seria um homem de negócios e super atarefado com um salário maravilhoso! Iria viajar todo fim de ano pra fora do país e ter uma casa confortável aqui.
Ai mas eu sonho acordado... Pena que as coisas não são tão fáceis. Mas que iríamos ser amigos, iríamos!
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- Quem é aquele cara? – Kaio perguntou como quem não quer nada.
- Que cara? – eu disse ajustando o cinto sem dar importância.
- Que você falou quando estava vindo.
- Estagiários da empresa. Aquele mais forte é bonitão, né? Ai ai... – eu ri.
Kaio não falou nada. Eu falo essas coisas só pra provoca-lo. Saímos no carro.
- Vamos sábado pra esse negócio mesmo? – eu perguntei.
- Igor, eu queria ir. A última balada que a gente foi foi no início do ano quando a gente embebedou o Marcos. Além do mais semana que vem tem Copa do Mundo.
- Eu sei. Você vai pra casa agora?
- Ia te deixar em casa e ir sim.
- Então me leva pro shopping. Vou passar à tarde lá. Se não quiser ficar depois eu te ligo e você vem me buscar.
- Prefiro ficar com você. Que negócio é esse de ficar largado por aí só?
- Não sei por que ainda tento. Se você não dissesse isso que acabou de dizer eu iria achar que você está com febre. Bom... É início de mês, meu pagamento já saiu, já cumpri com minhas obrigações, nós fizemos as pazes então agora eu preciso curtir um pouco. Se você carregar as sacolas meu amor...
- Como sempre.
Ele riu, entrelaçou os dedos nos meus e beijou a costa da minha mão enquanto entrávamos na avenida que dá acesso ao shopping.
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Ahhh... Tudo que é bom uma hora acaba. Me recarreguei nessa curta viagem e estou de volta. Espero que estejam gostando do conto. Já estou escrevendo o final. Mas calma, que ainda tem mais uns capítulos pela frente.
Lembram que eu disse que haveria uma surpresa pra quem curtia meu conto "A primeira vista"? Pois é. Está aí! Eu, Igor, vou narrar algumas partes do conto pra quem sente falta de mim! rs
PS: Pra quem nao conhece o conto "A primeira vista" ele será respostado quando "Um estranho" acabar. Não percam.
Irish: Posso te adiantar que vai ter uma balada por conta da festa que eles estão comentando no conto. Mas não é uma balada gay nem nada. Sò uma festa.
Drica (Drikita): Apoio. Tem que ser multuo senão nao rola.
Fernando_Mocelim: Será???
mille***: Chegueeeeei! Tô todo sapecado de sol mas tô vivo. Umas duas semanas pra voltar a minha cor normal mas tudo bem.
Higor Melo: E eu digo o que agora? *-*
Drica Telles(ametista): Então somos dois. EU também conheço e não é nada legal.
marcelo8486: kkkkkkkkkkk Não sei de nada... A festa não demora acontecer aqui no conto não. Já escrevi.
love31: JAMAIS!! Esse seu pedido pela voz do Kaio me deu mais ciúme que qualquer foto que poderia dar! Que ousadia! Jamais mesmo! A voz dele é minha! Só minha! kkkk
Abraço para Talys, Sr. Crítico, Wyllia Paes, esperança, DavidH, Alvorada, Agatha1986 e geomateus.
O número de comentários tem diminuído. Não estão mais gostando?? :(
Até depois!
kazevedocdc@gmail.com