Max saiu do banco por volta das 17:45 h e seguiu direto pra casa. O trânsito até que não estava tão congestionado, e ele levou menos de 50 minutos para chegar em casa. Os pais com certeza estariam em casa e o irmão Guto há muito que já estava na academia que ficava no próprio condomínio em que moravam. Ele então pegou o elevador no sub solo e seguiu direto pro apartamento. A primeira pessoa que viu sentada na ampla sala de sua casa foi Bruna Santorinni e pelo semblante choroso que ela ostentava ele soube que algo de muito grave estava em andamento...
_ Que surpresa você aqui, Bruna?
Ela apenas o olhou e nada disse. A mãe de Max, Maria da Graça, olhou seu filho, como se olhasse para um estranho e isso o incomodou.
_ Ta tudo bem por aqui mãe?
_ Eu acho que não Maximiliam.
Ele então pediu licença e se dirigiu ao seu quarto. Seu pensamento repentinamente havia virado um turbilhão e ao colocar seus pertences em cima do console do quarto, ouviu batidas na porta e a voz do lado de fora disse:
_ Posso entrar? Perguntou Guto.
_ Entra mano.
_ Max, diz pra mim que nada que essa mulher falou é verdade... Meu irmão olha só, diz que ela mentiu e que inventou tudo isso e que ela tá com algum problema... Eu sei que talvez isso não mais devesse incomodar, mas incomoda e muito... DIZ QUE NÃO É VERDADE, PORRA...
O sofrimento contido na voz e na expressão facial de Guto, fez com que Max o encarasse não como o irmão mais velho e sim como o irmão que precisaria de todo o apoio que ele, o mais novo, pudesse lhe dar...
_ Não Guto, eu não posso mentir pra você e muito menos me sufocar mais... Eu sou gay sim meu irmão... Não pense você que isso foi uma escolha, simplesmente aconteceu. Você não tem noção do quanto que sofri e sofro por conta dessa minha condição. Hoje eu vejo que o meu maior medo, acabou de ser concretizado... Eu fui traído por uma amiga que sempre me foi muito querida e agora sei também que terei que viver no mais completo ostracismo. A vida nem sempre é justa meu irmão. Me perdoa se te decepcionei... Me perdoa se não sou mais aquele irmão que você sempre seguiu e chegou muitas vezes a copiar.
Maximiliam chorou toda a sua tristeza na frente do irmão que também estava muito emocionado. Lentamente Guto foi de encontro ao irmão e ao parar em frente a ele, levantou seu rosto para poder vê-lo e disse:
_ Ostracismo? Decepção? Pelo contrário Véi... Coragem... Determinação e uma grande certeza, o medo foi embora. Nada entre nós mudou... Nada entre nós vai mudar, sabe por quê? Porque foi sempre você quem me protegeu, que me ensinou muita coisa, que sempre esteve comigo nos meus piores e melhores momentos, foi quem me disse que tudo ficaria bem no dia que nossa avó morreu e que se o mundo fosse injusto comigo, eu poderia contar com você... lembra disso?
Max apenas acenou com a cabeça afirmativamente...
_ Hoje será eu a te dizer essa mesma frase, Você pode contar comigo mano, sempre... pra sempre... E os dois irmãos se abraçaram e choraram juntos por um longo tempo...
Guto consolou o irmão Max do melhor jeito que pôde. Assim que ele saiu do quarto do irmão, D. Maria da Graça entrou...
_ Meu filho, por quê? É justo nos tirar de sua vida? Eu gostaria de ter tido mais tempo com você, eu me sinto culpada por não estar a seu lado quando você com certeza ficou cheio de dúvidas e medos. Ah, meu querido... Eu poderia tanta coisa, mais eu tinha todo um planejamento pra nossa família junto com seu pai... Nós teríamos que trabalhar arduamente para que nada faltasse a você e seu irmão e se por um lado a gente conseguiu tudo o que temos, por outro eu perdi você e te deixei sozinho e perdido nos caminhos dessa vida. Me perdoa meu querido...
_ Não mãe, não chora por favor não chora... Eu é que me sinto mal por te causar sofrimento e ter te decepcionado, né? Eu juro que não queria nada disso... Eu é que tenho que te pedir perdão mãe. Essa moça que acabou de sair daqui, era uma amiga muito querida e por conta de um amor não correspondido ela veio aqui e estragou coma minha vida...
As lágrimas amargas finalmente rolaram pela face de Max. Maria da Graça apenas colocou a cabeça do filho em seu peito e o deixou chorar toda a sua tristeza.
Os dois só foram separados pelo toque do celular de Max que estava em cima do console do quarto. Max só atendeu na terceira chamada.
_ Oi Jordano... A tristeza mais uma vez na voz do amado, fez Jordano ligar o automático.
_ Ei meu amor, o que houve? Tá tudo bem por aí, com você?
_ Vai ficar... Preciso falar com você.
Maria da Graça pediu ao filho que chamasse o rapaz para que todos tivessem uma conversa em sua casa...
_ Amor, você tá aí?
_ Tô aqui sim ... Você pode vir até minha casa?
_ Claro que posso, já estou a caminho... Fica bem, não fica assim negão... Lembra que eu tô com você pro que der e vier... Beleza?
_ Tô realmente contando com isso.
_ Meu amor, seu pai terá uma cirurgia de emergência para fazer hoje, por isso ele não poderá participar de nossa conversa. Vou te deixar sozinho e assim que o rapaz chegar, me chama tá bom?
_ Pode deixar mãe.
Max ficou sozinho na ampla suíte. Entrou no banheiro, tomou um banho rápido, vestiu uma bermuda verde escuro, uma camisa gola polo branca, chinelos de couro brancos e assim que saia do quarto, ouviu a campainha tocar... " JORDANO CHEGOU ", foi tudo o que pensou enquanto andava pelo corredor.
Assim que a porta foi aberta pela empregada da casa, ele ouviu a voz do amado :
_ Boa noite, o Maximiliam. meu nome é Jordano.
_ Queira entra Sr. Jordano, vou chamá-lo. E a jovem nem chegou a fechar a porta quando a voz de Max se fez ouvir:
_ Pode deixar Aninha, eu recebo meu amigo. Ela então perguntou se eles beberiam alguma coisa e com a recusa inicial, os deixou sozinhos na sala.
O rosto de Max denunciou sua tristeza e Jordano o abraçou apertadamente...
_ Que foi que aconteceu aqui, amor? Que tanta tristeza é essa que vejo em você?
_ Sua irmã veio aqui e contou sobre nós pra minha família...
_ Ela fez o quê?
_ O que acabei de te falar. Eu tô me sentindo mal com tudo isso. Eu gostaria imensamente de ter tido a chance de dizer tudo a eles... Do meu jeito e no meu tempo... Ela antecipou muitas coisas e apesar de Guto e mamãe me apoiarem, foi visível a decepção em seus rostos.
Maria da Graça vinha chegando na sala e viu o filho e seu amigo abraçados... Era estranha essa situação para todos, mas ela teve uma certeza muito grande em sua vida, seu filho era um homem lindo e merecia ser feliz.
_ Boa noite... E os dois separaram.
Max foi o primeiro a falar assim que separou do amado:
_ Mãe esse aqui é o Jordano, ele é irmão da moça que esteve aqui hoje falando com a senhora e Guto.
_ Eu lembro de você rapaz. Você não é o garoto da banda de pagode? Rapaz, você tem fãs por aqui, viu? E sorriu para quebrar um pouco a tensão.
_ Sou eu mesmo senhora. Boa noite.
_ Eu pedi para que o Max te chamasse aqui só pra poder dizer que não posso e não vou me opor ao sentimento que sei que cada um nutre pelo outro. Eu também não terei com o que me preocupar, desde que vocês tenham um ao outro... E que como homens vocês saberão enfrentar tudo o que a vida lhes apresentar. Agora se vocês me derem licença tenho que organizar alguns papéis no escritório. Ah, só mais uma coisa Jordano, cuida bem desse menino viu, ele é um ser humano simplesmente maravilhoso, e piscou o olho antes de sair da sala.
_ Porra Negão, que figura tua mãe... Agora quero sair e comer alguma coisa e te levar num lugar que sei que você vai adorar... Também preciso falar com você. Vamos lá ser humano maravilhoso que amo de montão?
Os dois saíram logo após Max avisar a mãe que daria uma saída com o Jordano.
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Vem coisa boa por aí logo mais. Beijão POVO DO LADO ESQUERDO...Nando Mota