Eu meio que fiquei desesperado, não sabia o que fazer ou o que pensar, estava acontecendo a mesma coisa que tinha acontecido com o Maurício quando tínhamos viajado. Eu estava em pânico. Dormi ali mesmo, não sai do quarto pra nada, estava morrendo de vergonha.
No dia seguinte acordei cheio de marcas e chupões, fiquei um tempo pensando no que iria fazer... eu simplesmente não podia chegar e fingir que nada havia acontecido, mas tinha medo de chegar e perguntar alguma coisa. Tomei meu banho, vesti minha roupa, peguei meu celular e fui em direção a sala, onde o Neto ainda estava lá. Passei por ele o mais rápido que pude e quando já estava saindo de casa ouço sua voz.
- Não vai tomar café? - ele perguntou
- Não, tenho um monte de coisa pra resolver no trabalho
- A gente tem que conversar
- Deixa pra depois - bati a porta na sua cara.
Eu sei que a minha reação foi digna de uma criança, mas eu ainda não estava pronto pra ter aquela conversa com ele. Sai no meu carro e passei em uma padaria próxima pra tomar café, e em seguida fui pro trabalho. As coisas no novo jóquei não estavam indo nada bem, não tínhamos muitos alunos interessados nos três tambores e as despesas que tínhamos com os cavalos era maior do que os lucros que tínhamos no mês, o que começou a me dar muita dor de cabeça, seguida de muita pressão psicológica da parte do seu Adolfo. O cara sabia ser um mala quando queria.
Saí do trabalho com um nível de estresse descomunal, pra completar ainda teria que encarar o Neto. Fiquei um bom tempo rodando a cidade com meu carro, até que decidi que teria que ter aquela conversa de um jeito ou de outro. Cheguei em casa e, ao chegar, o Neto estava no sofá jogando vídeo-game.
- Ótimo, ele deve ter se esquecido.
Fui até meu quarto, tirei minha roupa toda. De repente, sinto uma voz masculina atrás de mim.
- Essas marcas fui eu quem deixei... - ele riu.
Me virei assustado. Ele estava vestido apenas com um daqueles calções de jogar futebol.
- Você também tá todo marcado - apontei pra sua barriga e pro seu pescoço.
- Nós estamos. - ele respondeu. E é sobre isso que quero falar contigo.
- Sobre o que? Sobre "nós?" - abri aspas com os dedos ao falar nós.
- É. Olha, eu sei que isso pode parecer estranho e clichê, mas sério, eu curti ontem - ele estava aparentemente envergonhado.
- Eu também curti. - eu estava envergonhado também.
- Legal - ele respondeu.
- Legal - eu respondi.
Ele saiu do quarto e voltou a jogar vídeo game.
Depois disso nossa relação continuou a ser a mesma que antes, fazíamos as mesmas coisas, as mesmas brincadeiras, mas agora nós éramos uma espécie de pinto amigo. Ele saia pras festas, pegava as menininhas e quando nós dois estávamos com vontade, acabávamos na cama. A rotina permaneceu essa até que no começo de Dezembro uma bomba caí sobre nossas cabeças: o Jóquei ia ser fechado.
Na verdade eu sempre soube que aquilo iria acontecer, só não sabia que seria tão repentino. Em um dia eu estava separando o dinheiro pra pagar as contas e no dia seguinte eu havia recebido a notícia que iria ter que sair de lá em uma semana. Tudo ficou tão confuso, sabe? Fiquei arrasado.
O Neto ficou do meu lado, disse que tudo ia ficar bem, mas a quem eu queria enganar, eu não conseguiria outro emprego daquele nível tão fácil. Nem na faculdade eu tinha me formado ainda, não tinha nenhuma experiência e não queria depender do papai político. A única saída era voltar pra minha cidade natal.
Neto tentou me convencer de fazer o contrário, mas simplesmente não dava. Eu ainda tentei procurar trabalho em lanchonetes, na academia onde eu malhava, mas o salário era realmente muito baixo, eu não teria nem como pagar as minhas contas. Estava decidido: eu iria voltar. Lá pelo menos eu ainda teria o outro Jóquei.
Como eu e o Neto havíamos ficado muito amigos, eu o chamei pra prestar o vestibular na minha cidade, onde ele logo concordou. Como eu já tinha a confiança de seus pais, eles permitiram, contanto que eu ficasse de olho nele e que nós fossemos sempre visitá-los e vice-versa. No dia 11 de Dezembro, eu e Neto saímos em direção a minha cidade natal. As lembranças invadiam meu pensamento, eu soava frio e estava nervoso. Será que eu iria vê-lo muitas vezes? Será que ele ainda se lembraria de mim? Eu me fazia essas perguntas toda vez que eu via que menos 1Km era percorrido em direção a minha cidadezinha do interior.
Quando cheguei no meu AP, ele estava exatamente do mesmo jeito que eu havia deixado. Não havia mofo, poeira ou coisa do tipo. O Neto ficou encantado com o meu AP.
- Esse aqui é bem melhor que o nosso, né? - ele perguntou.
- Que nada. Bixo, só tem um problema... só tem um quarto aqui. Se tu passar no vestibular, tu vai ter que alugar um AP.
- Por que? Não posso ficar aqui? - ele perguntou.
- Uai, claro que pode. Só que tu vai dormir aonde? Na sala?
- Contigo - ele sentou-se no sofá e mandou eu sentar ao lado.
Logo começamos a nos beijar freneticamente. Sua mão percorria a minha calça, onde ele apalpava meu pênis e, com a outra mão, acariciava meus cabelos. Eu já estava completamente de pau duro quando alguém toca a campainha.
- Puta que pariu - Neto parou de me beijar e limpou a boca com a costa das mãos.
- Relaxa, temos todo o tempo do mundo... - dei uma piscada pra ele.
Na porta era minha mãe. Veio ver se tudo estava bem, disse que amanhã cedo os móveis chegariam e nos convidou pra dormirmos em sua casa. Nós aceitamos, já que não tínhamos nem cama pra dormir no momentoE aí, gente. Ficou pequeno esse, né? :-(
Quero, como sempre, agradecer a todos os comentários. Vocês são o principal motivo de eu tirar um tempinho pra escrever.
Sobre o "concurso": adorei todas as respostas e demorei muito pra eleger um vencedor, mas a resposta que mais tocou e que me identifiquei foi a do gabshenrike. Parabéns. Me passa seu e-mail pra entrar em contato contigo pra vermos a hora, dia e tudo mais.
AH, antes de terminar, tenho que pedir um milhão de desculpas. Como vocês sabem, o conto é real, mas por questões de privacidade, alterei alguns nomes e o do "Marcelo" foi um. Seu nome real é Maurício, e as vezes quando estou escrevendo acabo colocando seu nome verdadeiro. Quando vocês lerem "Maurício", considerem "Marcelo", ahahha. Vou tentar não errar mais, prometo!