Cap.15
NARRADO POR ANDRÉ NASCIMENTO
Quase pirei com aquele toque de mãos. Sua pele era quente, macia, dava vontade de pegar. Eu já queria pegar na mão dele a dias, mas não tive coragem. É, eu estava aprendendo a gostar desse romancista fofo ! Que me deu abrigo, e está sendo a melhor pessoa que eu já conheci, pra mim. Apertei a sua mão, não sei porque. Ele olhou pra mim, com um olhar de quem não entendia. Mas logo aquele olhar se desfez, e ele apertou ainda mais a minha mão. Fiquei um pouco nervoso. Como é bom ter a mão dele junto da minha.
NARRADO POR LUCIANO
Do nada fez um tempo de chuva. E logo as gotas começaram a cair, molhando o meu carro. Continuei andando, até parar num semáforo. Olhava pra aquele sinal, pedindo pra que ele abrisse logo. Foi quando ouvi um barulho. Parecia um miado. Olhei ao redor, e foi quando foquei, e vi um gato filhote, sozinho, tentando se esconder da forte chuva que caia. Ele estava todo molhado, e as pessoas que passavam, fingiam não ve-lo ou ouvi-lo.
- Sai daí maluco, que eu quero passar !- um motorista na traseira gritou.
- Espera caramba- imediatamente estacionei o carro. Fiquei com pena do gatinho. E eu estava precisando de um animalzinho em casa, ao menos pra perturbar. Achei uma toalha jogada no banco, estava limpa. Abri a porta do carro, imediatamente me molhando. Corri, e peguei o gatinho, que sem rejeição veio para os meus braços. O enxugava rapidamente, em seguida ergui o olhar, e vi um garoto, escorado na parede, também tentando se proteger da chuva, ele já estava todo molhado. Já havia o visto no colégio. Gritei.
- Ei, você quer uma carona ?
- Não, obrigado.
- Você estuda economia não é ?
- Como você sabe ?
- É que eu sou professor na faculdade em que estuda, não na sua área, mas em letras. Mas é melhor não ficarmos aqui, vamos entrar logo, pra onde está indo ?
- Pro centro.
- Ótimo, também estou indo pra lá, vamos, eu te dou uma carona, e levarei junto esse animalzinho aqui- falei, olhando pro gato. Ele então correu, e entrou no carro. Entrei junto- pronto, já não precisa mais miar, você está seguro agora- falei, colocando ele meu banco. Logo parti.
- Você tem costume de falar com animais ?
- Não, mas a gente faz isso, mesmo sem perceber- ficamos em silêncio por alguns segundos.
- Você é o professor Luciano, não é ?
- Sou sim, já me conhecia ?
- É que os alunos falam muito de você. Pra ser franco, não é bem não.
- Tudo bem, eu já esperava. Mas é que as vezes o meu mal humor alcança índices que eu não consigo controlar. E você, qual o seu nome ?
- Leonel.
- Ah, também já tinha ouvido falar de você.
- É ?
- Sim- ele ficou me olhando com uma cara de curiosidade.
NARRADO POR MARIANO
- Ei, César, eu estava assistindo- protestei, quando ele desligou a TV.
- Falou bem, estava. Já está tarde e nós temos faculdade amanhã. Vamos dormir- falei, entrando no banheiro pra escovar os dentes.
- Ei, eu ainda sou mais velho que você, esqueceu.
- Aff, 12 minutos não é muito Mariano- dizia eu, olhando pra ele escorado na porta do banheiro.
- Mesmo assim, sou mais velho que você- falou, entrando no banheiro e colocando as mãos em meu ombro, pra logo me abraçar.
- Tá, seu adulto, daria pra deixar eu terminar ?
- Tá- ele deu um beijo no meu rosto e saiu. Limpei o meu rosto e fiquei me olhando no espelho. Não pude deixar de sorrir, estava feliz. Aquele dia tinha sido o mais feliz da minha vida.
TEMPO DEPOIS
Estava deitado na minha cama, lendo o mais novo livro do Felipe, todo embrulhado por causa do frio. Logo ele sentou na cama, e se embrulhou. Virou pra mim, e ficou me olhando.
- Adoro te ver lendo- sorri
- Qual a graça ?
- Não sei, só adoro- disse, puxando meu rosto pra mais um beijo, inesquecível como sempre. Me soltou, e deitou sua cabeça em meu peito- tá sendo tão perfeito ficar aqui com você.
- Mas eu sou tão chato.
- É, pode até ser- ergueu novamente o olhar, me observou- mas é o meu chato.
Dormimos assim.
NARRADO POR FELIPE
Estávamos saindo do shopping, quando perguntei.
- Ei, você não quer ir pra outro lugar ?- ele olhou pra trás.
- Pra onde ?
- Ah, sei lá. Que tal o zoológico ?
- Mas, ir no zoológico agora ?
- É, não é legal. Então, você quer ir pra algum parque de diversões ???? Andar na roda gigante ? Ou girar pra valer naqueles brinquedos radicais ?
- Tá bom, me convenceu, vamos- entrei no carro, ele entrou em seguida.
TEMPO DEPOIS
Havia pouca gente no parque, mas os brinquedos estavam lá, para assustar alguns.
- E aí, topa ir naquele ?- falei, apontando pro navio que gira 360°
- Claro que sim. Eu não sou fraco- falou, indo em direção ao brinquedo. Nos acomodados e não demorou muito pra ele começar a girar. Olhei para seu rosto, e a expressão era de medo. Logo ele começou a gritar. Em poucos minutos, o brinquedo parou.
- Você não disse que não era fraco ?
- E eu não sou. Aguentei até o fim.
- Gritou horrores também- falei sorrindo.
- Palhaço- ele sorriu também.
- Pronto, pra você não sofrer mais, vamos pra roda gigante, que é bem mais tranquila- fomos em direção a ela. Logo entramos no brinquedo, que logo começou a girar. Ele ficava olhando a paisagem ao redor.
- Fazia muito tempo que eu não ia a um parque de diversões- continuava olhando ao redor.
- É ? Porque ?
- Bem, desde que meu pai morreu as coisas foram bem duras lá em casa. Minha mãe sempre estava mal humorada, e nunca tínhamos tempo pra passeios como esse.
- Mas, e amigos ?
- Eu só tinha uma, e ela me traiu- logo a roda parou de girar, nos deixando lá no alto.
- Eu continuo achando que um dia, sua mãe vai se tocar, é só ter paciência.
- Mas tudo bem, ao menos eu conheci uma pessoa maravilhosa, talvez a mais maravilhosa que eu já conheci, que fez coisas por mim que ninguém jamais tinha feito.
- Você está falando de mim ?- ele balançou a cabeça.
- Mas eu não fiz quase nada. Apenas te ajudei.
- Mesmo assim, você fez coisas que ninguém mais faria- olhei para a sua mão, e lentamente, a toquei novamente. Ele se assustou, mas logo a apertou novamente. Olhei para seu rosto, que estava mais lindo ainda nas alturas. Não aguentei. Quando vi, nossas bocas já estavam entrelaçadas. O beijo tinha sido dado.
Continua
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