- vem, eu vou te levar pro seu quarto; falou o Lipe ainda me abraçando
- tio Armando posso ficar aqui com o Gui hj? perguntou ao meu pai que estava na sala já
- claro Lipe, fico até mais tranquilo sabendo que ele não vai estar só.
- por que? Você vai sair pai? perguntei
- eu tenho que trabalhar filho; respondeu lamentando
- vai sossegado tio, eu cuido Gui; disse o Lipe sorrindo pra mim. O sorriso dele é tão lindo, meio de lado, dá à ele um charme todo especial.
Seguimos pro meu quarto, entrei e já me encaminhei para minha cama
- Hey Hey nada disso; falou segurando meu braço
- o que? Perguntei confuso
- você não vai se deitar ainda;
- eu só quero deitar e ficar quieto Felipe;
- eu sei disso Gui, mas é melhor você tomar um banho primeiro, você relaxa e tira esse peso de hospital de cima de você. Vem, eu garanto que você vai se sentir melhor.
- acho que você tem razão; falei desanimado
- eu sempre tenho; falou sorrindo
Fomos para o banheiro, ele me ajudou a me despir, ligou o chuveiro e regulou a temperatura da água.
- toma seu banho tranquilo, vou lá na cozinha preparar um lanche pra gente;
Eu abri minha boca para dizer que não queria mas ele nem me deixou pronunciar a primeira palavra.
- você vai comer sim Gui, nem que eu tenha que colocar a comida na sua boca; disse incisivamente, caminhou até mim e beijou minha testa antes de deixar-me só no banheiro.
Meus sentimentos estavam confusos, estava triste pela condição da minha irmã, feliz por ter meu melhor amigo de volta, decepcionado por ele ter me deixado só depois de tirar minha virgindade, confortado por ele estar aqui cuidando de mim...
Perdi a noção do tempo embaixo d'água, me assustei quando o fluxo foi interrompido, me virei para encontrar o Lipe segurando a toalha aberta pra mim.
- vem, você ficou tempo demais na água, olha aí tá todo enrugado kkkkk; ele riu e eu sorri
Lipe me enrolou carinhosamente na toalha.
- viu, consegui um sorriso seu. Agora vamos tê-lo vestido e alimentado, depois você pode ir pra cama.
- quando você ficou tão responsável? Perguntei sorrindo pro meu amigo
- Hey você se esquece quem é o mais velho aqui? Apesar de você parecer uma velinha rabugenta eu o sou o maduro.
Nós dois rimos e fomos comer, o Lipe como sempre com seu apetite exacerbado comia seu terceiro sanduíche enquanto eu terminava o primeiro.
- vamos subir amanhã você lava a louça; disse Lipe
- por que eu lavo a louça e não você? questionei
- eu cozinhei você limpa, justo!
- desde quando fazer meia dúzia de sanduíches é cozinhar? perguntei já na escada.
Estávamos deitados um de frente pro outro na minha cama, o Lipe desenhava os contornos do meu rosto com a ponta do dedo.
- por que você fugiu? Não precisava explicar minha pergunta porque ele sabia exatamente do que eu falava. Ele respirou fundo antes de responder,
- eu acordei e fiquei te olhando dormir, você parecia tão frágil e ao mesmo tempo tão pacífico; ele parou de falar
- isso não explica Lipe você sair furtivamente da minha cama depois de termos transado; falei um pouco alterado, revivendo a dor de acordar só;
- eu estava assustado Gui, eu sempre me preocupei que algum cafajeste se aproveitasse de você, você é meu melhor amigo. Você merecia que sua primeira vez fosse especial e eu quis dar isso você.
- então tudo não passou de um favor pra você, foi uma transa por piedade, é isso? gritei já sentindo lágrimas inundarem meu olhos e turvarem minha visão.
- claro que não Guilherme, droga cara você me conhece melhor que isso. Eu queria afastar os aproveitadores de você e me apavorei de ter eu me tornado o cafajeste que se aproveitou de você. Eu fiquei com me tá certo, medo de você acordar e ter se arrependido, medo de que você terminasse nossa amizade; a voz dele que começou o discurso alterada agora era apenas um sussurro, eu vi suas lágrimas e percebi que ele estava realmente apavorado. O meu amigo sempre tão seguro, confiante, até um pouco arrogante estava temendo a minha reação.