-- Eu amo você Beatriz!
Eu não conseguia parar de reviver o momento em que tinha dito essas palavras,Bia baixou os olhos e nada me disse,depois de termos feito amor achei que poderíamos nos acertar,mas eu estava errada,pude ver seus olhos tristes e isso me matou por dentro.
Agora ali sentada na mesa da mesma lanchonete em que tudo aconteceu eu comecei a pensar que deveria ter ficado la e esperado ela sair do banheiro pra faze-la me ouvir,mas no fundo eu sabia que ela não me ouviria,não tinha jeito,nossa historia estava acabada.
Levantei o copo pra que o garçom o visse vazio e me trouxesse outra cerveja,geralmente sou fraca pra bebidas mas naquele momento acho que toda a tristeza que eu estava sentido me deu forças,eu já estava na terceira garrafa e nem passava por meus pensamentos ir pra casa.
A vida é mesmo engraçada,da ultima vez em que tinha bebido era por descobrir que minha ex namorada me traia,e agora eu estava ali bebendo porque minha namorada atual achava que eu tinha traído,fui arrancada de meus pensamentos com o toque do meu celular,olhei no visor com a esperança de ser Beatriz.
-- AlÔ? -- Atendi sem saber quem era,o numero estava ocultoQuem é? -- e nada da pessoa falar algo,decidi encerrar a ligação,antes de guardar o celular novamente em meu bolso fiquei por um tempo admirando a foto que estava de papel de parede,eu e Bia estávamos tão felizes abraçadas,me lembrei do dia em que tiramos,tínhamos acabado de fazer amor,eu ainda estava meio vermelha e ela com a cara meio amassada.
-- Ah amor,apaga essa foto!
-- Aff deixa disso Bia,você ta linda,essa foto ta perfeita!
-- Não to não,apaga amor,depois a gente tira outra bem melhor!
-- Melhor é só se você me deixar tirar uma de você nua minha linda -- falei num tom provocativo
-- Pra que que você quer a foto se me tem a sua disposição sempre que quiser me ver nua? - Falou me empurrando e cobrindo meu corpo com o seu.
-- hummmm .. e ele é todinho seu meu anjo! - sorriu antes de colar seus lábios nos meus em um beijo apaixonado,aquele dia Bia estava fogosa,nos amamos a tarde inteira.
As lagrimas já caiam de meus olhos com vontade,as lembranças dos nossos momentos juntas vinham como um flash em minha mente me fazendo chorar cada vez mais,senti meu celular vibrando no bolso da calça e nem me dei ao trabalho de ver quem era,naquele momento eu não queria falar com ninguém eu só queria que tudo voltasse ao normal e minha patricinha estivesse ali comigo me fazendo sentir a pessoa mais feliz desse mundo,mas já que eu não poderia te-la do meu lado decidi que dali em diante não me apaixonaria nem amaria mais ninguém,meu amor era só dela,e eu a esperaria o tempo que fosse.
Não sei quanto tempo fiquei naquela lanchonete,sei que já devia ser madrugada quando decidi parar de beber e ir embora,minha visão estava totalmente embaçada e minhas pernas teimavam em não me obedecer,era visível que eu não conseguiria chegar em casa sozinha,vendo minha situação o garçom gentilmente me pegou pelo braço me sentando novamente.
-- Moça você não tem como ir embora nesse estado,tem como alguém vir buscar você? -- Ergui meus olhos para olha-lo e putz.. tudo rodou,meu estomago parecia que tinha ido fazer uma visitinha ao meu cérebro,fiz uma careta e o moço riu já sabendo o que se passava dentro de mim
-- Tem como ligar pra alguém vir e te buscar?
Ergui meus olhos mas dessa vez abri um só,e foi até melhor. Tirei o aparelho de celular do bolso e entreguei ao gentil rapaz que tentava me ajudar.
-- Ta ai moço,acho que .. que vo vo você pode ligar pra minha namorada e ela AHHHHHHH .. ela não vem me buscar moço ELA NÃO VEM! -- E pra piorar minha decadente situação abracei o pobre do rapaz que me olhava assustado e comecei um desabafo chorado.
-- Ela terminou comigo moço,fizemos amor e ela terminou tudo,tudinho aaaahhhh -- e chorava copiosamente
Com muito custo o rapaz se livrou de meu abraço
-- Olha moça,eu sinto muito por sua namorada ter terminado com você mas vamos fazer o seguinte,tem três ligações perdidas em seu aparelho,eu vou ligar pra esse numero e ver o que posso fazer por você ok?! - E se afastou me deixando la chorando sozinha.
Um tempo depois o rapaz voltou acompanhado do meu amigo Jona.
-- Ela ta ali! - Apontou o rapaz em minha direção com um meio sorriso.
Ergui meus olhos e tentei me levantar mas parece que minha situação piorou,senti minha cabeça rodopiar e quase fui parar no chão,não fosse Jona me segurar.
-- ELA TERMINOU COMIGO JONA .. ELA .. ELA ME DEIXOU! -- Gritei abraçando meu amigo,neste momento meus olhos bateram na figura magrela e topetuda rindo da minha situação,na mesma hora me indignei.
-- Você ta rindo é? Queria ver se fosse você a levar um pé em meu lugar ..
-- Chega Sofia,você já deu seu show! vem miga,vamos pra casa!
O rapaz solicito e meu amigo me ajudaram a levantar e me levaram ate o carro do pai do Jona,me joguei no banco de traz do carro me deitando enquanto meu amigo dizia umas coisas que eu não entendia ao garçom,eu estava quase pegando no sono,ouvi a porta do motorista bater e a voz seria do Jona dizer;
-- Se você vomitar no carro do meu pai eu te mato,ouviu bem Sofia? --Mas eu já estava tão grogue que apenas resmunguei um "uhum" e capotei!
Acordei ainda estava escuro,abri os olhos tentando me localizar no mesmo instante em que senti um corpo se mover atras de mim,esbugalhei os olhos perdida pensando "MEU DEUS!ONDE EU ESTOU?" lembrei do Jona falando com o garçom da lanchonete e os dois me colocando no carro,respirei aliviada,com certeza era meu amigo,ascendi a luz pra me certificar e quase tive um treco por causa da claridade,apaguei a luz e voltei a me deitar,em menos de instantes adormeci novamente.
Acordei com uma claridade do mal em meus olhos,estufei o peito pra xingar o infeliz que abriu a janela mas antes que eu dissesse algo fui interrompida.
-- Você pode me dizer o que aconteceu que a senhorita estava bêbada?
-- Ai Jona alivia um pouco vai? - Perguntei me ajeitando pra olha-lo,mas com aquela claridade insuportável em meus olhos tava quase impossível. Ele veio se aproximando ate sentar ao meu lado na cama e gritar
-- TA PENSANDO QUE CACHAÇA É ÁGUA MINHA FILHA?
Nossa,eu posso jurar que meu cérebro pulou dentro da minha cabeça,a careta de dor que eu fiz só pode ter sido das mais engraçadas,ele soltou uma gargalhada e eu protestei.
-- Alem de levar um pé ,enchi a cara e me confessei com um desconhecido! Depois eu acordei na SUA cama assustada durante a noite sem saber onde estava! Agora estou com uma tremenda dor de cabeça do inferno e você alem de berrar que nem uma gazela ainda se diverte com a minha cara?
-- Precisava beber daquele jeito?
-- Jona,eu contei pra um desconhecido que minha namorada me deu um pé depois de fazermos amor! da pra imaginar? é o fim!
Jona riu se ajeitando um pouco mais na cama e começamos a conversar,contei a ele tudo o que tinha ocorrido nas ultimas 48 horas.
-- Ela me ligou ontem. - Falou se referindo a Jéssica. -- Teve a cara de pau de me dizer que te beijou de proposito porque sabia quem era a Bia,sabia que ela era sua namorada e quando a viu do lado de fora da lanchonete te beijou pra Bia pensar que vocês tinham algo ainda.
-- FILHA DE UMA PUTA! Aiii !! - senti uma pontada depois de gritar.
-- A pirua ainda disse que tava arrependida de ter feito,soltei os cachorros nela,acho que falei até demais..
-- Fez pouco ainda meu amigo,eu não quero nem ver a cara dela,se ela aparece na minha frente não respondo por mim!
-- Te liguei assim que ela me ligou,ela disse que você não estava bem e que te viu bebendo,por que não me atendeu?
-- Sei la! me ligaram e não falaram nada,depois disso não tirei mais o celu do bolso,desculpa bi,pensei que fosse algum engraçadinho brincando com a minha cara!
-- Tudo bem! eu te perdoo,com certeza era ela quem estava ligando!
Passei o dia todo na casa do Jona,conversamos muito e ele tirou muito sarro da minha cara,até tentou inventar algumas coisas mas pra minha sorte(ou azar,ainda não me decidi rs!) eu me lembro de tudo. O dia passou rápido e eu quase não pensei na Bia,Jona é o máximo e sempre que me via triste tratava de me animar.
A tarde depois de muito insistir pra que eu ficasse e depois de muito recusar ele me deixou em casa,bastou que eu entrasse em meu quarto pra que meus pensamentos retornassem todos pra Bia,deitei em minha cama e deixei que as lagrimas que eu tinha segurado o dia todo caíssem,abracei meu travesseiro e pude sentir o cheiro dela impregnado ali e em meio a soluços acabei adormecendo do modo como estava mesmo.
Ia ser difícil me acostumar com a ideia de que ela não ia mais voltar,mas um dia se passou sem que ela me atendesse ou respondesse minhas mensagens,em casa era a maior tortura,a cada vez que a campainha tocava meu coração saltitava feito um louco na esperança de ser ela nem que fosse pra buscar algumas coisas dela que ainda estavam no meu quarto.
Na quarta veio a primeira prova de que ela não me queria mais,encontrei uma amiga da Bia e perguntei por ela,a resposta veio como uma facada em meu peito
-- A Bia ta bem! acredita que saímos ontem e ela foi pra casa com uma garota? -- Nem ouvi mais o que a menina falava,deixei ela falando sozinha e fui pra casa,ultimamente eu só sabia chorar e mais uma vez passei a noite assim.
-- Ela me esqueceu! -- Disse a mim mesma olhando meu reflexo no espelho,já era quinta de manha,eu tinha tomado uma decisão mas a procuraria nem que fosse pela ultima vez,sai de casa pro trabalho decidida a ligar ate que ela me atendesse mas pra minha decepção só deu desligado,o dia se passou comigo totalmente frustrada. Mas tudo bem,eu não iria desistir,voltei pra casa mais cedo decidida a tomar um banho e ir ao ap dela.
Banho tomado,abri o guarda roupas e uma parte estava vazia,procurei pelo quarto algum vestígio de que um dia o amor da minha vida esteve ali e nada,desci as escadas de toalha mesmo e encontrei minha mãe na cozinha.
-- Mãe,onde estão as coisas da Beatriz que estavam no meu quarto?
Minha mãe hesitou um pouco,e logo em seguida veio a segunda prova de que ela realmente não me queria,ela tinha ido buscar as coisas dela no horário que ela sabia que eu não estaria em casa,ela não queria me ver,a fila tinha andado,antes de subir até meu quarto ainda ouvi minha mãe dizer
-- Eu sinto muito minha filha! -- apenas respondi com a voz embargada.
-- Eu também mamãe,eu também!
É não tinha mais jeito,eu já não queria mais chorar por ela,quem sabe não seria melhor fazer o que eu estava pensando? eu tinha que aprender a viver sem Beatriz,como pode em tão pouco tempo alguém virar nossa vida assim de pernas pro ar? de uma coisa eu estava certa,eu nunca ia esquece-la.
Era hora de agir,de sufocar todos os meus sentimentos,Curitiba não me fez bem,e ficar aqui só ia me fazer lembrar dela e sofrer,minha decisão foi tomada eu iria com minha mãe pra Porto Alegre no sábado,ela ia visitar minha tia já eu ficaria por la!