Antes das seis XXVIII

Um conto erótico de Carpenter
Categoria: Homossexual
Contém 896 palavras
Data: 29/09/2014 17:41:24

O envelope grosso continha varios carimbos e selos do estrangeiro, e nao fora ainda aberto.

- Chegou às duas horas da tarde - disse Fernando, sentando-se comigo no sofa - Vamos ler a resposta juntos, seja o que for.

Percebi um brilho de esperança nos olhos dele e aquilo me motivou de repente. Rasguei o envelope e retirei de dentro uma folha grande, recheada dos dois lados com a caligrafia forte de Carlos, um cartao-postal que entreguei a Fernando e uma especie de requerimento em cujo cabeçalho li "Banco S.Paulo", com o coraçao batendo disparado de alegria.

Na carta ele começava censurando a demora em nosso pedido de ajuda: "Estou para o que precisarem", dizia ."Essa doença nao espera, nao recua aguardando ajuda. Progride como erva daninha, como a neve numa tempestade de inverno". Em outro trecho ele parecia consternado: "Nao sabia que ele tambem estava doente. Sei que passei essa praga a ele e me sinto culpado por isso. Ainda aquela vez voce me escondeu o estado de saude dele, Reinaldo? Para que? Fiquei duplamente triste por saber disso estando tao longe, agora ".

Contava um pouco de sua vida no sanatorio :dieta rigida, horario para tudo como num quartel, o ar gelado e rarefeito das montanhas lhe limpando os pulmoes. Jurava que se sentia melhor, disposto como nunca :"Nao fico mais de um ano aqui, pelo visto. Meu medico esta bem otimista. De todo modo, se nao me deixarem sair eu fujo. Isso aqui se assemelha muito a um hotel de doentes, onde reina o tedio, as tosses, os escarros, a neve e uma infinidade de gente feia e esquisita vinda de todas as partes do mundo. Que pasmaceira eu vivo, amigos! ".

Ri dessa parte da carta, imaginando -o entediado no sanatorio, ele que era tao agitado, sedento de novidades, de diversao. Virei o outro lado da carta e nesse sim, recomendaçoes quanto ao modo como procederiamos no Banco :"Tire o que ele precisar, Reinaldo, nao se constranja com isso. Quero esse garoto saudavel quando eu voltar. Nunca me perdoarei se o pior acontecer. Por voce e por ele, nao deixe faltar nada, certo? ".

O dinheiro no banco era de uma conta dele, apenas. Uma volumosa fortuna que os avos paternos lhe deixaram, sendo ele neto unico. Dividiram entre Carlos e o pai dele, mas ainda assim era dinheiro pra jogar fora. Fernando disse depois que parte da herança consistia em um quarteirao inteiro de casas e empresas para os lados da Avenida.

O gerente do Banco estava ja avisado por carta e nos aguardava, segundo Carlos. Senti um alivio tao grande assim que fechei a carta que sorri, olhando para Fernando a me observar, compreendendo tudo. Ele segurava o cartao -postal no qual se estampava a figura branca de uma especie de hotel rodeado de pinheiros e montanhas gigantes e nevadas ao fundo."Sanatorio Internacional de Berghof, Davos, Suiça ", dizia Carlos no verso do postal. "A meus amigos Reinaldo e Fernando : saude, paz e alegria. Sempre. -Carlos Francisco Sampaio, 12 de agosto de 1957".

-Veja que ele tem o coraçao generoso, Rei -disse Fernando assim que leu a carta, me fazendo concordar com ele.

Tendo retirado o dinheiro no Banco com tranquilidade, passamos por dias mais sossegados. Era meio de setembro e, numa sexta -feira, decidi conversar um pouco com Lucas, po -lo a par das novidades, enfim. Encontrei -o de saida da Faculdade do Largo, sobraçando livros e cadernos, todo concentrado lendo um papel timbrado. Sorriu ao me perceber, recebendo um abraço desajeitado meu por conta dos livros. Viemos andando pela rua ao sol alaranjado da tarde que descia em meio à nebulosidade.

- Fico contente que agora ele esteja melhorando - falou ele apos ouvir meu longo relato.

- Sim, agora estou um pouco mais tranquilo com tudo, sabe? - eu disse, olhando para frente.

- E Carlos? - perguntou ele cauteloso - Como Fernando reagiu à carta dele?

- Ele nao larga aquela carta, principalmente o postal - respondi serio e desanimado - Faz de tudo para que eu nao perceba, mas claro que noto. Chega a cheirar o cartao, acredita?

- Caramba. Ate quando isso?

- Nao sei -suspirei - Talvez isso se cure com a doença. Nao falam que tuberculose seria doença de amor?

- Serio que voce acredita nisso? - Lucas deu uma risada -Andou lendo A Dama das Camelias?

Nunca tinha ouvido falar em tal livro e ele, escutando sobre minha ignorancia literaria comentou que seria melhor mesmo que eu nao lesse aquilo.

- Uma bobagem sem graça - disse, rindo um pouco.

Chamei -o para chegar um instante em casa : queria que Fernando o conhecesse. Lucas concordou, desde que nao se demorasse muito. Tinha um bocado de materias pra estudar.

- Voces ainda moram na mesma casa? - perguntou de repente, com cuidado.

- Sim, na mesma. Porque?

- Olha Reinaldo, nao quero soar atrevido ou ofensivo, mas... Estive na sua casa aquela vez. Ali nao me parece ser um bom lugar para os pulmoes de Fernando se refazerem.

"Uma toca de rato ", dissera Ivan.

- Bem...apesar da ajuda de Carlos, nao quero abusar - falei, refletindo comigo - Nao temos como alugar algo melhor por enquanto, nem temos recursos para uma temporada nas montanhas como ele.

- Sabe, talvez eu conheça um lugar para voces.

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Obrigada, gente. Desculpe ai o erro que vai :(

Adoroooo voces, seeus fofos! Continuem comentando!

- Veja que ele tem um coraçao generoso, Rei -disse Fernando assim que leu a carta.

Concordei com ele, beijando -o no ros

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Comentários

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kkkkkkk Eu tomo susto toda vez q eu apareço(nossa ficou estranho isso, pareceu q tenho dupla personalidade o.O), ainda to me acostumando, mas to gostando. rsrsrs Poxa q bom q o Carlos ajudou, juro q por um segundo imaginei q ele fosse virar as costas. Não gostava dele, mas to começando a gostar. rsrsrs Poxa to de cara com o Fernando, ele nem se importa mais em se conter na frente do Reinaldo. O.o Pelo menos é honesto, temos q ver sempre o melhor das coisas né? ;D rsrsrs Sua linda ta perfeito como sempre, e mt obrigado por td. Aah! Vc tb vai fazer parte da minha próxima historia ok?? Posso retribuir o meu personagem aqui?? Bjão, te adoro :************

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