Capítulo 10
Eliane
Eu já estava de saco cheio de tudo, eu não precisava de muito, então fiz uma "loucura", dado ao meu ato impensado de vender o meu carro. O dono da loja pagou muito menos do que valia, eu poderia ganhar bem mais levando para um amigo da família dono de concessionária comprar, mas eu precisava de sigilo, acabei aceitando aquele valor reduzido.
Se voltasse para casa com certeza o Fausto estaria lá lindo e perfumado à minha espera, mas eu já deixei bem claro que eu não gosto de meninos. (indicação de música = clarisse falcão-eu não gosto de meninos) Se meus irmãos estivrssem lá, definitivamente eu cortaria meus pulsos.
A rodoviária funciona 24 horas, a primeira coisa que fiz foi tomar um banho. Dez reais por 10 minutos de água no chuveiro, toalha e um pedaço de sabonete. Caramba estava me sentindo uma sem teto que juntou moedinhas no sinal de trânsito para poder tomar um banho de verdade, pois o que eles mais fazem é o "chuveirinho" com um balde de água e um pedaço de pano. (fonte: moradores de rua do meu bairro)
Café da manhã prático, pão de queijo e um copinho de leite com café, ainda tive que sair correndo, pois o ônibus tinha chegado e estava atrasado, teria pouco tempo para embarque.
- " Vou te fazer uma surpresa, meu amor. " - Sorri e fechei os olhos sentada na confortável poltrona do ônibusEdy mal se recuperou da bebedeira, viu onde estavam, o caixão com o corpo do pai no meio da sala da casa dele e de Eliane.
- Droga! O quê estamos fazendo aqui?
- Lih sumiu, alguém precisa enterrá-lo.
- Porquê nós, Ane? Eu vou embora.
- Você não vai a lugar nenhum Edy, seja como for esse traste é nosso pai. Vamos acabar com isso de uma vez por todas.
- Como você pode perdoá-lo?
- Não perdoei. Uma coisa dessas não tem perdão, ele preferiu o dinheiro do amigo no negócio que faziam, ao invés de proteger a honra da filha.
- Estão os dois mortos agora.
Edy procurou por bebida e trouxe dois copos. Se sentaram longe do caixão.
- Foi você, Edy?
- Não sei do que você está falando...
- Você matou o homem que me estuprou?
- Eu não podia deixar ele voltar pra família dele e fingir que nada aconteceu. Não sei porque a Lih não fez nada quando te encontrou sangrando no seu quarto e aquele nojento fechando as calças no corredor.
- Nós éramos só crianças, 12 anos.
- A vingança é um prato que se come frio. Ele teve o que mereceu.
- Me sinto mal aceitando o dinheiro da herança, mas foi esse maldito dinheiro que fez nosso pai esquecer esse crime comigo.
- Não chora, Ane. Vai ficar tudo bem agora, você vai poder viver sua vida sem os fantasmas por pertoFelicia chegou em um barracão com um carro antigo, parou em uma espécie de oficina e começaram a desmanchar. Dentro do estofamento e no motor tinha pacotes de drogas. "Batizaram", destribuiram entre os fornecedores, cada um indo vender em seu posto.
Felicia contou nota por nota as guardando no bolso da mochila, sorriu, tentou beijar Natália, mas ela desviou o rosto.
- Quê foi, Nat
?- Tô gostando da menina da sorveteria.
- Ah, fala sério! Você não pode namorar ela...
- Porquê?
- Sei lá, não serve pra você.
- Quem serve pra mim? Você? - Sorriu com deboche. - Você não passa de uma transa boa, mas pra chamar de minha mulher coitada, nem nascendo de novo.
- Isso magoa, sabia?
- Vai pra casa, Felicia.
- Fica esperta com essa garota, senão ela vai fuder com sua vida, de uma forma nada prazerosa.
Natália não se importou, pegou a moto e foi esperar Victoria chegar na sorveteria. Tinha uma moça com uma mochila nas costas esperando também, encostada na parede da sorveteria.
"Que ansiedade por um sorvete!" (pensou natália e eliane ao mesmo tempo)