Um estranho 20

Um conto erótico de Igor Alcântara
Categoria: Homossexual
Contém 2362 palavras
Data: 30/09/2014 13:40:22
Última revisão: 30/09/2014 13:47:18

- Igor... eu acho que tô passando mal.

Meu coração começou a acelerar.

- Como passando mal menino? – Igor veio logo pro meu lado e pôs a mão no meu ombro me observando.

- Minha pressão... – eu sentia uma palpitação no peito como se tivesse em queda livre de algum lugar. Como se tivesse em uma montanha russa que só descia.

- Respira fundo. Bebeu alguma coisa?

- Só um drink aguado no bar. Era fraco...

- O que tinha nele?

- Sei lá... Chama o Lucas pra mim. Eu tô ficando tonto.

- Não posso te deixar só agora.

- Vai... só tô meio tonto. Eu não vou sair daqui. Vai chamar ele.

Senti meu suor descer pelo rosto, meu pescoço, até minhas axilas transpiraram de imediato.

- Bernardo não sai daqui. Sério, não sai!

Ele saiu apressado descendo pra pista e eu fiquei alí derretendo sem explicação. Tentava controlar minha respiração mas não dava. Uma sede sem precedentes me veio. Queria água mais que qualquer coisa.

- Bernardo, você tá passando mal? Vem beber uma água.

Água! Espera, era a Amanda?

- Não... Eu não quero...

- Anda Bernardo, é só uma água. Você tá sem cor nos lábios, tá todo suado, vai te fazer bem.

- Mas eu não quero... – falei com esforço pra Amanda.

Meu Deus, o que tava acontecendo? Eu estava tonto, muito tonto, parecia que iria vomitar a qualquer momento. As luzes piscando da balada me deixavam ainda mais enjoado, abrir os olhos era m sofrimento. A música parecia duas vezes mais alta e o grave do som explodia dentro da minha cabeça. Eu levei as mãos aos ouvidos mas era inútil. Queria gritar, sair dalí, ir pra um lugar que não tivesse som algum. A voz das pessoas estava alta, o som alto, os passos dados, tudo era alto demais. Achava que meus ouvidos iam explodir!

- Bernardo! Para de birra, vem comigo!

Eu não aguentava mais. Aquilo foi crescendo dentro da minha cabeça. Crescendo, crescendo... Logo eu já tava quase chorando de dor.

- Me tira daqui... Me tira daqui, rápido. Pra longe do som... Longe... Me dá água!

- Vem, eu te ajudo.

Procurei segurar na mão dela mas na verdade dois caras me pegaram pelos braços.

- Quem são... – não consegui terminar a frase.

- São uns amigos meus. Relaxa. A gente vai te ajudar. Vamo beber água.

- Água...

Eles foram me arrastando porque eu não conseguia caminhar direito e vez ou outra tropeçava nos meus próprios pés.

- Amanda... Água!

- Calma. Eu vou te dar água. Espera só mais um pouco.

A boate foi ficando escura, as luzes eram borrões, o som agora era um barulho qualquer que eu não entendia música nenhuma. Logo fui cegado por outras luzes, não tão fortes mas bem brancas.

Eu ia reclamar a água de novo mas não consegui mais falar. Nada me respondia no meu corpo. A única coisa que eu conseguia pensar direito era em saber o que tava acontecendo comigo. As luzes brancas mais uma vez sumiram e agora sim eu estava num ambiente totalmente escuro e sem som. Escutei 4 batidas fortes que pareciam portas de carro, duas de cada lado meu. As batidas estrondaram dentro da minha cabeça e eu finalmente chorei. Levei as mãos aos ouvidos tentando parar a dor mas era inútil. Ainda consegui escutar vozes. Não sabia de quem eram mais.

- Você me disse que era seguro!

- Mas é seguro! Quanto você deu pra ele?

- Um comprimido!

- Eu mandei você dar meio!

- Não consegui cortar o comprimido, diluí em água!

- Você ficou doida? Ele vai morrer!

- Não, não vai! Ele só precisa vomitar.

- Vomitar como? Ele tá fraco! Eu não quero confusão pro meu lado. Vou deixar vocês na próxima esquina.

- Não! Me leva pra casa!

- Olha, se mais tarde alguém vir atrás de mim pode ter certeza que você tá ferrada!

- Cala a boca! Me leva pra casa seu idiota!

Eu chorei mais. Os gritos ecoavam na minha cabeça de modo prolongado. Eu encolhi as pernas como se aquilo fosse ajudar.

- Calma... Bernardo, calma. A gente vai te ajudar. Eu vou te ajudar.

- Lucas... Chama o Lucas.

- Quem é Lucas?

- Chama ele... – eu chorei mais. Era muita dor dentro da cabeça.

- Toma sua água. – ela encostou a garrafa plástica na minha boca, mas eu não consegui beber. Me molhei todo.

- O banco do carro, porra! – alguém gritou. Mas dor veio.

- Cala a boca! Me leva pra casa logo! – Amanda respondeu.

Eu gritei de dor. Por que eles não paravam de gritar? Aquilo doía tanto.

Alguns minutos depois a dor diminuiu um pouco.

- Anda. Vem, Bernardo. Desce do carro comigo.

Eu tinha as mãos ainda nos ouvidos, tinha medo de tirar e a dor voltar. Abri os olhos de leve e vi alguém do lado de fora do carro com os braços estendidos pra mim.

Tentei sair do carro e caí na calçada. O carro arrancou e eu fiquei alí no chão sem reflexo algum. Não conseguia me mexer de jeito nenhum.

- Bernardo, vem! – Amanda tentou me levantar e não conseguiu. – Ai meu Deus... Seu João! Me ajuda aqui por favor!

Ouvi passos e o chão tremeu, minha cabeça começou a doer de novo.

- Oq eu foi que aconteceu dona Amanda?

- Meu namorado, bebeu demais. Ele não tá bem. Me ajuda a levar ele lá pra dentro.

Mãos me levantaram e foram me arrastando pra algum lugar. Onde eu estava, só Deus sabia.

- Pode pôr ele na cama. Alí.

Deitei na cama e me virei de bruços pra não encarar a luz que doía meus olhos mesmo com eles fechados.

- Obrigada seu João.

- Qualquer coisa chame.

- Tudo bem.

Eu me arrastei e pus um travesseiro encima da cabeça e pressionei pra baixo. A dor ainda era forte. Mas de repente passou. Do nada passou. Sabe quando você não está nem dormindo nem acordado, você fica naquele transe e não tem real noção dos seus sentidos? Foi assim. Nesse estado eu não senti mais dor.

- Bernardo você precisa vomitar. Eu vou pôr o dedo na sua garganta. – foi a última coisa que escutei. – Bernardo? Bernardo? – o travesseiro foi retirado de mim. Até que a dor sumiu de vez, assim como todo o som e luz ao meu redor.

___________________________________________

- Eu deixei ele aqui! Ele disse que não ia sair enquanto você não voltasse! – Igor exclamou.

- E pra onde ele teria ido?

- Não sei! Ele tava mal, soando muito e disse que tava tonto. Disse que tinha bebido alguma coisa no bar mais cedo.

- Mas o drink era fraco, não pode ter sido aquilo!

- Ele bebe com frequência? Toma algum remédio controlado?

Ai meu Deus! E isso tem alguma coisa a ver?

- Toma. Ele toma sim...

- Então talvez tenha sido isso. Ele não pode beber. Vamo no banheiro!

Entramos no banheiro e só haviam alguns caras, checamos as cabines mas nada.

Igor foi ao bar da área vip.

- Moço, aquele rapaz que tava aqui do lado comigo, ele foi embora?

- Sim. Foi há pouco. Ele bebeu demais. Tava chapadão! – Ele riu. Igor fez uma cara estranha pro cara e ele voltou a falar. – Ele foi embora com uma mulher e dois caras carregando ele.

- O que??? – eu perguntei. O Igor me olhou assustado.

- Pra onde eles foram?

- E eu sei lá...

- Vem... Vamos nos seguranças. – ele me puxou.

Ao chegar nos seguranças na saída o Igor foi falar com eles sozinho. Eu não sei o que ele falou.

- Olha, só saíram com ele sendo carregado, entraram em um carro e partiram.

- Meu Deus...

- Quem é essa mulher e esses caras?

- Eu não sei!

- Como não sabe? Nenhum amigo do Bernardo, alguém próximo, alguém que tivesse tentando ajudar?

- Não! Bernardo não tem amigos.

- Vamo na polícia então.

- NÃO! Polícia não.

- Porque?

- Bernardo não gosta dos caras... – foram os caras da polícia que o seguraram anos trás para que ele fosse sedado. Ele não gostava de cruzar com os caras nem na rua.

- Qual o problema? Eles que tem que cuidar disso.

- Igor! Polícia não.

Isso tudo eu tentando fazer mil ligações pro celular do Bernardo, mensagem, Whatsapp e nada. O celular chamava mas não era atendido.

- Não há nenhum lugar que você acha que ele pode ter ido?

- Não... Não sei. Pra casa talvez?

- Então vamo lá. – ele saiu pra pista.

________________________________________

- Igor... Amor, foi mal... Roberto é daquele jeito mesmo... Toda vez que bebe incute logo com o primeiro que vê. – Kaio falou rindo vindo em minha direção na mesa da empresa.

- Esquece isso... Eu preciso do seu carro. – estendi a mão.

- Meu carro, Igor? – ele pôs a mão no bolso encima da chave. – Pra quê?

- Porque eu preciso procurar alguém que sumiu.

- Quem?

- O Bernardo, ele tava passando mal e sumiu de repente. Depois eu te explico, me dá!

- Eu vou com você.

- Então vem. Rápido.

_________________________________________

Igor logo voltou com o Kaio.

- Vem. – ele disse ao passar por mim.

Meu pensamento naquele momento era onde o Bernardo poderia estar e o que eu ia explicar caso a mãe dele soubesse de algo e resolvesse ligar. Chegou uma mensagem da Júlia no meu celular me perguntando se tava tudo bem. Eu só respondi que depois explicava.

- Lucas, ensina onde é tua casa pro Kaio.

Eu fui guiando até chegar lá em casa. Abri o portão e vi a moto na garagem. Abri a casa mas tudo estava silencioso a não ser pelos latidos do Brutus no quintal. Ele não tava lá. Agora eu caí na real. Aconteceu algo com o Bernardo. Alguém levou o Bernardo da balada. Não controlei e comecei a chorar na hora. Eu pensei as piores coisas possíveis. Chorei em frente a mesa da cozinha por um tempo.

- Lucas e aí? Ele tá aqui? – Igor chamou da porta.

Eu até esqueci que ele tava lá fora com o Kaio.

- Não, não tá. – eu falei limpando os olhos.

- Tem certeza que não te vem ninguém à cabeça de quem podem ser esses caras e essa mulher?

Uma mulher... Amanda? Ela não mexia com o Bernardo há algum tempo porque ia fazer uma coisa dessas agora?

- Eu não sei... Não sei de nada. – era coisa demais pra pensar.

- Eu não vou embora enquanto a gente não resolver isso. A gente pode passar no hospital e ver se deram entrada.

- Sério?

- Vamo Lucas!

Voltamos pro carro e fomos pro hospital. Chegamos lá eu dei todos os dados do Bernardo e não havia entrada nenhuma lá. Fomos a mais um hospital e nada. No percurso eu não parava de ligar pra ele, mas não atendia.

- Vamos na polícia, Lucas. – Kaio falou por fim.

Não tinha mais escolha. Tinha que ir mesmo. Mas eu sabia que o Bernardo ia ficar puto depois.

- Tá... Vamo sim. - Eu já tava em prantos no banco de trás do carro. Não conseguia mais disfarçar minha preocupação com o Bernardo pros meninos.

Meu celular tocou. Eu olhei rápido pra ver se era o Bernardo retornando. Era ele! Era ele! Finalmente!

- Alô! Bernardo! Onde você tá?? Onde você tá? – eu atendi desesperado gaguejando as palavras. Kaio parou o carro no acostamento. Ouvi choro do outro lado.

- Lucas... Esse celular é do Lucas?

- Quem tá falando? Por que você tá com o celular dele?

- Lucas... Aqui é a Amanda. Pelo amor de Deus me ajuda. O Bernardo... ele... – ela soluçou – ele não tá bem. Por favor, vem na minha casa. Ele tá aqui. Me ajuda, por favor. Por favor Lucas... – ela desabou no choro.

- O que o Bernardo tá fazendo aí? – eu quase gritei e o Igor me observava pelo retrovisor.

- Eu trouxe ele pra cá porque ele tava passando mal... Lucas, vem! Vem logo. Ele não tá bem Lucas... – eu não entendia direito porque o choro dela não a deixava falar.

- Eu tô chegando!

- Você sabe onde fica minha casa?

Eu desliguei. Respirei fundo.

- E aí? – Igor perguntou.

- Ele tá na casa da ex dele... Só me deixa lá. Eu resolvo daqui pra frente.

- Na casa da ex? Ela era a mulher então?

- É, era ela. Ela disse que ele tava passando mal e ela o levou pra lá.

- Então vamo.

Partimos rumo a casa da Amanda que eu ensinei onde ficava. Eu lembrava do Natan falando que o prédio da Amanda fica do lado do dele.

Chegamos e enquanto eu e Igor descíamos do carro, o Kaio foi procurar algum lugar pra estacionar.

Falamos com o porteiro que queríamos subir no apartamento de uma mulher chamada Amanda, que tinha chegado com um cara passando mal.

- Ah sim, ela chegou com ele faz um tempo mesmo. Ele tava muito mal. Ela já autorizou a subida, fica no terceiro andar, apartamento 32.

Subimos e eu bati na porta.

Era a primeira vez que iria rever a Amanda desde o ocorrido lá em casa. Ela abri a porta com os olhos vermelhos de tanto chorar, a maquiagem escorrendo e parecia ainda vestir a roupa da festa.

- Entra... – ela falou baixinho já tremendo os lábios para chorar de novo. – Ele tá no quarto.

Entramos.

Igor levou a mão à boca de tão chocado que ficou. Eu não acreditei na cena que vi, meus olhos encheram rapidamente.

_______________________________________________

Hoje eu decidi postar em plena uma da tarde pra compensar minha falta ontem. Os comentários chegaram rápido então pensei em liberar esse capítulo também rápido mas não deu fiquei sem internet ontem. Desculpem.

Drica (Drikita): O que ela pôs na bebida eu só posso falar no próximo capítulo.

Renan46a: Desculpe se acabei de te confundindo. Na verdade a citação é feita por vários personagens (Igor, Lucas e Bernardo). Olhe os diálogos que fica mais fácil. Eu sempre me preocupo de no fim da fala dizer com quem se está falando pra você saber que citação é aquela, quem a iniciou e com quem se está falando.

juniormoreno: Ah sim! Sim, todo casal precisa do seu espaço privado.

Fernando_Mocelim: Ainda vou ver sobre isso da prévia. Mas o conto já tá pertinho do fim, então talvez nem precise rs.

Obrigado a todos que comentaram, me divirto tanto lendo o que vocês escrevem rs. Acho que as respostas de muitos foram respondidas no conto de hoje. Agora eu tô sem tempo de falar muito, mas tá aí o capítulo pra ninguém pensar que eu tô preguiçoso.

Até o próximo o/

kazevedocdc@gmail.com

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 6 estrelas.
Incentive Igor Alcântara a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

tomara que Bernardo esteja bem... e essa Amanda tem que sofrer!! u.u

0 0
Foto de perfil genérica

Ai que dó do Bernardo. Fiquei emocionado aqui. Que pena que vai acabar :'(

Mas ansioso pelo próximo conto

0 0
Foto de perfil genérica

Vontade de torcer o pescoço dessa vagaba igual se faz com galinha. Esse final me deixou agoniado. Abraços!

0 0
Foto de perfil genérica

Ohh mulherzinha filha da p***. É muita irresponsabilidade oq ela fez,alem de não aceitar o fim,do relacionamento,quase matou o cara por causa da burrice,pensa na raiva dessa vaca. E esse suspense no final ta me deixando louco de curiosidade

0 0
Foto de perfil genérica

Não demora pra postar o próximo por favor ansiosa...

0 0
Foto de perfil genérica

Espero que a Amanda tenha aprendido a lição de que com essas coisas não se brinca;além dela ter errado a dose tem o fato da interação medicamentosa com os remédios controlados que ele faz uso.Que mulherzinha estúpida,pena ele não gostar de polícia,ela bem que merecia,no mínimo.

0 0
Foto de perfil genérica

Seu conto é um dos melhores que eu já li. Parabéns!!

0 0
Foto de perfil genérica

Que vadia essa Amanda, ela ta querendo matar o Bernardo. Agora eu acho que ela vai ver que o Bernardo esta em outra quer dizer outro e vai dechar ela em paz. Espero que nada aconteça com ele. Volta logo porque o conto ta otimo.. Abraçãoo

0 0
Foto de perfil genérica

Vc e seu suspense aff, mas to adorando a historia ( tirando uns fatos que nao queria pra ninguem) a louca pos bala na bebida do cara ow bicha sem noçao, poderia ter matado o menino aff... ansioso pelo desfecho blz

0 0
Foto de perfil genérica

Acho que o Bernardo teve uma crise, será convulsão? denuncia essa cretina

0 0
Foto de perfil genérica

Aff ttinha que ser essa maluca mesmo! é a unica coisa que falta é eu acertar na mega pq o resto é comigo mesmo rsrsrsrs

0 0
Foto de perfil genérica

meu Deus o que essa cretina fez com.o beh !!! sera que é tão dificil aceitar que acabou? pela descrição que voce fez dela ela é uma moça linda arruma outro facil facil quem sabe depois do susto ela não acorda e deixa o beh em paz beijo lindo

0 0