Ele me deixou na porta de casa e desligou o carro, ainda comigo dentro. Nós passamos alguns minutos em silêncio, ninguém achava as palavras certas pra dizer. Até que ele quebrou o gelo.
- Eu só queria saber, por que...
- Por que o que?
- O porque de tudo isso. Por quês rondam minha cabeça. Sabe, há dois anos atrás, provavelmente se eu e você estivéssemos dentro desse carro, seria pra eu te matar ou vice-versa. Mas há um ano, você vem bagunçando a minha vida. Bagunçou minha cabeça e até meu coração. Tu chegou com esse teu jeitinho de quem não quer nada e me conquistou. Primeiro como amigo, depois como namorado. Eu juro que eu nunca, nunca tinha pensado em um dia encostar minha boca na boca de outro homem, muito menos transar com um, mas contigo foi diferente. Eu não sinto atração por outros homens, sintro atração por ti e só por ti. Não tenho olhos pra mulheres, homens, pra ninguém. Só pra ti.
- Marcelo... - eu tentei falar, mas as palavras não saiam.
- Eu ainda não acabei. Cara, eu tentei, tentei mesmo, de tudo pra tu ser feliz ao meu lado. Eu sei que não fui o cara mais calmo, mais paciente, mais cuidadoso, mas eu tentei. Muitas vezes eu perdi o sono pensando no que seria da gente, se um dia a gente teria filhos, se meus pais te aceitariam, sei lá... eu tinha nossa vida toda planejada. Até que tu resolve ir embora, de um dia pro outro. Eu sei porque tu foi embora, só não entendo o por que. Tudo poderia ser diferente, se tu não tivesse me deixado pra ficar com outro.
Nesse momento eu fiquei com raiva.
- Olha, com qual moral tu acha que pode me dizer isso tudo? Eu fui embora por amor, caralho. Eu sei que eu deveria ter te contado de primeira, mas eu queria que tu ficasse com aquele emprego. Tu acha que eu queria ter passado esse tempo todo longe dos meus amigos, da minha família, da faculdade e de ti simplesmente pra dar uma de adolescente rebelde? Mas tu simplesmente não enxergou isso. Não esperou nem um mês e já tava com outra. E o Neto não é meu namorado, amante, ficante... é só meu AMIGO! Pra mim chega. Acho que o máximo que a gente pode fazer é sermos colegas pra que nossos amigos não sejam afetados pelos nossos problemas. Você pra um lado com a sua namorada e eu pro outro. Vai ser melhor assim, pra mim e pra você.
- Alexandre... - ele suspirou e passou a mão na cabeça.
- Não discute - respondi.
- Esse é o seu problema. Você acha que pode resolver o seu problema e o dos outros, mas tu não pode. Cara, será que a gente pode pelo menos recomeçar? Tentar de novo? Não voltarmos a sermos namorados, mas colegas, depois amigos, e quem sabe algo mais.... - ele abaixou a cabeça e eu sei que ele ficou com vergonha.
Eu fiquei um tempo calado.
- Oi, prazer. Meu nome é Alexandre - estendi minha mão pra ele.
- Marcelo - ele apertou minha mão e me deu um sorriso. E que sorriso.
Galera, eu sei que o capítulo ficou pequeno, mas esse foi só um update mesmo pra não deixar vocês na mão. Pretendo escrever um capítulo novo na sexta a tarde. Obrigado pelos votos, comentários e tal, vocês são demais.