Bem, respondendo a uma dúvida do leitor KB, qualquer semelhança do meu texto com outro é mera coincidência, até porque eu já tinha essa história pronta desde outubro do ano passado, só que havia perdido o cartão de memória aonde estava salvo, e recuperei agora. Vamos agora ao texto.
Cap.5
Olhei pra ele, Marcos, agora era ele que estava ali, naquele mesmo lugar aonde eu tinha ouvido diversas ofensas anos atrás.
- Do que você está falando ?- me fingi de desentendido, enquanto lavava as minhas mãos.
- Ora não se faça de besta ! Você sabe do que eu tô falando ! Eu vi seu nome na chamada. Você é aquele garoto que...- o interrompi
- Que você deu um fora sem a menor consideração. Sim, sou eu mesmo, Lucas, bem diferente é claro. Não só na aparência, mas por dentro também- olhei pra ele, que estava de boca aberta e não parecia acreditar. Vi ele tirar os óculos e esfregar os olhos, pra ver se era verdade. Cheguei próximo a ele, e fechei sua boca.
- Como ? Porque voltou ?
- Porque meu tempo lá em São Paulo já tinha terminado- senti aquele perfume que ele usava, sempre me lembrei daquele cheiro. Me escorei na parede e ele se virou- eu apenas esperei completar 18 anos, pra voltar pra cá, já que fui deportado depois que você espalhou aquela história.
- Mas não fui eu que fiz aquilo, eu juro !- ele parecia nervoso.
- Eu sinceramente não consigo acreditar mais em você. Antes, qualquer coisa que você dissesse eu acreditaria, hoje não. Eu passei 3 anos da minha vida me recuperando daquele golpe que você me deu. Passei a malhar, cortei besteiras do meu cardápio, passei por psicólogos, tudo pra me tornar um ser mais forte, que não deixaria ser pisado nunca mais. Eu consegui. Hoje, tenho muito mais força de vontade do que antes, não sou mais um garoto tímido e medroso- já ia sair, mas antes parei- e se você quer saber, eu não voltei por sua causa. Voltei porque amo este lugar, e as pessoas que aqui estão- sai andando, de modo bossal, confesso. Despejei na cara dele aquilo que sentia naquele momento. Nunca esperei consolo, e já não sentia mais nada por ele. Agora, eu não me deixaria mais enganar. Só não entendi porquê ele ficou tão curioso, e porque parecia tão abalado. Será se, ele não estava bem ?
DOMINGO
Acordei com meu celular tocando. Aquela música, Californication insistia em tocar em altas doses. Olhei para a tela, era um número novo, que eu não conhecia. Atendi.
- Alô ?- me espreguiçava enquanto ouvia uma voz gaguejando no telefone.
- Eh... uhh, Lucas, sou, sou eu- aquele sotaque... claro, era Ryu.
- Ah, bom dia Ryu- limpei meu olhos e fui em direção ao banheiro.
- Bem, desculpa ter te acordado, eu só queria saber se você ainda quer que eu vá... ai- ouvi um suspiro no telefone e sorri.
- Claro que sim. Venha depois do almoço. Estarei te esperando com muita pipoca, muito chocolate, e muitos filmes pra gente ver- pude ouvir seu coração bater pelo telefone.
- Ok, estarei ai. Até mais !
- Até- fiquei super feliz de saber que ele viria. Fui tomar um café e arrumar o apartamento, que estava uma bagunça completa.
NARRADO POR RYU
Nunca tinha sentido meu coração bater tão forte assim, aquele garoto estava fazendo eu perder as estribeiras. Fiquei imaginando seu sorriso perfeito em minha mente, o mesmo que várias vezes ele pra mim, na aula. Não tinha como não sentir nada ! Ele é tão bonito, tão encantador, porque meu coração está fazendo isso comigo.
- Não Ryu- meu pai dizia
- Mas pai, eu sei dirigir muito bem e você sabe disso.
- Sim filho, mas o meu medo é que se perca por ai.
- Pai, eu vou para o centro, lá sei onde me encontrar, deixa vai- ele suspirou, e me entregou a chave.
- Vai, mas qualquer coisa você liga.
- Obrigado pai- sai andando animado. Vestia uma camisa de botão, verde, que eu considerava linda e que se modelava ao meu corpo. Uma calça jeans e um tênis. Estava confiante que aquela tarde seria ótima, o que seria atípico, pois desde que sai do Japão, não tive tardes boas. Na verdade minha vida deu uma virada nesse último ano. De garoto feliz com muitos amigos no Japão, passei a garoto triste, zoado, e apaixonado no Brasil. Qual o melhor ? Peguei o carro e parti. Andei algumas ruas, observando as placas, e enfim cheguei a tal rua. Avistei o único prédio alto, e presumi que fosse lá. Estacionei na garagem pra visitantes e subi. Perguntei ao porteiro, e ele me informou que o apartamento era no décimo andar. Peguei o elevador e subi.
- 300, 300, 300, ah, é aqui- respirei fundo, e bati na porta. Em poucos segundos ela foi aberta. Ele lançou aquele sorriso que quase me derrete. Ele vestia um short jeans, e uma camiseta que marcava o seu corpo. Seu perfume era forte, ao mesmo tempo suave.
- Achei que você não viria mais. Nossa, você está bonito- Porque ele tinha que dizer isso ?
NARRADO POR LUCAS
E realmente ele estava bonito. Aquela camisa verde era linda, e combinava com seus olhos, que brilhavam. Ao ouvir o que falei, ele ficou bem vermelho, me causando risadas.
- Entra, tava arrumando aqui, pois estava uma bagunça- ele entrou, e olhou ao redor.
- Então você fez um ótimo trabalho, pois está bem arrumado- sorri.
- Valeu. E então, quero saber mais sobre a cultura do Japão, na verdade eu sempre quis saber mais sobre aquele país- ele olhou pra minha mesa, e viu diversos livros- essa é a minha coleção de mangá.
- Você lê Bleach- ele sorriu de canto- eu também, amo esse mangá.
- Não é só esse, também amo mangás yaoi- foi só pra fazer ele ficar nervoso.
- Eu leio alguns também- ele estava bastante tímido, queria fazer ele se soltar. Abri a porta do meu quarto.
- Esse é o meu ninho- ele entrou, e novamente sorriu.
- Achei que um quarto de adolescente era bagunçado.
- Geralmente é, mas eu arrumei pra te receber- coloquei diversos filmes na mesa ao lado da cama- Você pode escolher. O que você mais gostar nós podemos assistir primeiro. Agora deixa eu fazer a nossa pipoca, e pegar o chocolate- fui até o armário, peguei os sacos de pipoca e coloquei no microondas. Eu parecia solto, mas estava muito nervoso. Como nunca tinha ficado antes !
TEMPO DEPOIS
- Hahaha, essa foi muito engraçada !!!- ele ria como uma criança, assistindo As Branquelas. Ele tinha se soltado mais. Podia admirar bastante seu sorriso.
- Eu estou adorando esse domingo- ele olhou pra mim, sorriu
- Eu também. É a primeira desde o ano passado que alguém me dá atenção- aos poucos fomos nos aproximando, quando vi já estávamos colados, lado a lado. Eu continuava comendo pipoca.
- Você já namorou alguém ?- olhei pra ele, e vi ele balançar a cabeça, negando- eu também não- ele olhou pra mim, surpreso.
- Mas você e tão bonito, como pode nunca ter namorado ?
- Então você me acha bonito ?- ele ficou bem vermelho, enquanto gaguejava.
- É... hum, sim. Não tem como dizer que não- ri
- Você não precisa ficar nervoso Ryu, também te acho muito bonito- dei um beijo em seu rosto, e vi até os seus fios de cabelo ficarem vermelhos. Logo vimos o sol dar lugar a lua.
- Eu preciso ir embora, já está tarde- ele se levantou, pegou suas coisas e foi saindo lentamente. Virou-se, e olhou pra mim- adorei passar o domingo com você.
- Eu também- o abracei fortemente, ele lentamente envolveu seus braços em meu corpo. Pude sentir seu coração forte bater- tchau, até amanhã- o soltei, e deixei ele sair. Lentamente ele saiu, e vi ele desaparecer no corredor. Fechei a porta e me escorei na mesma. Esse garoto atacava os meus hormônios intensamente. Esse japa lindo vai acabar me enlouquecendo.
TEMPO DEPOIS
Decidi sair, a procura de pizza pra jantar. O centro de Macapá, a noite geralmente é desértico. Apenas trafegam os carros, as pessoas não. Estava indo em direção a Casa da Pizza, quando senti cheiro de droga. Isso é bem comum no centro, eu não me incomodei. Mas tive um choque. Logo depois de passar num beco, vi Marcos jogado no chão, ferido.
Continua
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