Eu baixei a cabeça.
- Você quer mesmo ir pra casa? Você sabe que pode ficar.
- Não posso ficar pra sempre. Além do mais eu não tenho nada aqui, eu preciso ir pra casa, já perdi aula hoje.
- Ok então.
Ao chegar em casa ele estacionou.
- Eu vou comer algo. Tô aqui por perto. Qualquer coisa me liga aí...
- Tá bom. Obrigado por tudo.
- Amigos são pra isso.
Eu fui em direção a casa. O portão estava aberto. Brutus veio me receber. Entrei na sala e vi Bernardo sentado à mesa da cozinha tomando café. Meus olhos marejaram um pouco assim que o vi. Eu tentei disfarçar.
- Lucas... – ele suspirou aliviado.
Ficamos em silêncio. A minha mochila ainda estava encima do sofá como havia deixado. Ele puxava o ar como se fosse dizer algo, mas não saia.
- Por favor, não faz mais isso comigo. Não faz...
- Eu disse que precisava de um tempo. Precisava pensar...
- Pensa aqui. Perto de mim. Não me deixa assim não. – ele chorou.
- Para de chorar. – ele fez uma cara de estranheza e engoliu o choro. - Bernardo o que aconteceu ontem...
- Foi um mal entendido. Eu já expliquei! Você tem que acreditar Lucas!
- Tudo bem. Você tem mais algo a explicar? Algo que eu não saiba? – eu peguei minha mochila e fui até a mesa.
Ele passou a língua nos lábios e ajeitou o cabelo.
- Entra aqui. – ele foi pro quarto. – Tá vendo essa estação de academia? Tá vendo... – ele abriu duas portas do guarda roupas e mostrou as melhores camisas e camisetas. Abaixo delas alguns bonés, inclusive o da foto do perfil no WhatsApp. – essas roupas? As rodas personalizadas da moto? Tudo isso foi ela quem me deu.
Ele pôs as mãos na cintura esperando minha resposta.
- Então você era... um garoto de programa dela? Ela te pagava e você...
- Ela me dava presentes! Muitos presentes. Constantemente! Ela não podia exibir pras pessoas um cara que anda de regata e jeans. Presente compatíveis com a condição financeira dela. Ela é rica Lucas. Queria um cara mais jovem que ela pra ostentar.
- Sua mãe nunca falou nada?
- Minha mãe nunca falou nada. Sabe por quê? Porque melhor isso tudo tá saindo do bolso de outra pessoa que do dela.
- Eu não quero ouvir mais nada... – me virei pra sair do quarto quando ele me segurou.
- Dessa casa você não sai!
- A casa também é minha. – ele me soltou.
- Lucas, por favor, vamo ficar junto. Eu tô pagando por algo que eu não fiz!
- Eu não vou sair.
- Graças a Deus! – ele me abraçou. O cheiro era tão bom. O perfume. Eu senti um arrepio.
- Bernardo tem mais alguma coisa?
- Não, não. Nada! – ele disse sem me soltar. Eu me afastei e agi por instinto.
Deu um tapa na cara dele.
- Então porque não fala que foi na casa dela ontem?
O tapa fez ele jogar o rosto pro lado. Ele ficou olhando fixo pro chão. Endureceu todos os músculos.
- Eu não sabia onde te procurar. Não tinha o contato de nenhum amigo seu. Anoiteceu e você não voltou. – ele levou a mão ao lugar do tapa. Estava vermelho. - Eu fiquei com tanta raiva que eu fui à casa dela depois do horário da aula e disse algumas coisas. Ela tentou me subornar. Disse que não importa com quem eu estivesse eu nunca ia encontrar uma mulher com o porte dela, que me desse tudo o que eu queria, que fizesse minhas vontades. Eu não ligo. Disse umas loucuras lá pra ela e saí.
- Muito provavelmente não vai mesmo.
- Lucas, eu vive o pior dia da minha vida. Por favor, não inventa de me deixar de novo daquele jeito, eu não sabia pra onde você havia ido, onde você havia dormido nem nada... Por falar nisso, onde foi? E como você sabia que eu fui na casa da Amanda?
- Eu dormi na casa de um amigo.
- Que amigo?
- O Natan. – ele respirou fundo. – O prédio dele fica do lado do dela e ele viu você entrando.
- Aposto que ele deu um discurso de amigo acolhedor te aconselhando a não voltar!
- Se tivesse dado não estaria errado. Ele não fez isso. Só me ofereceu a casa pra passar a noite.
- Você briga com seu namorado por uma coisa que você nem sabe se ele fez e o cara já vem oferecendo casa pra você dormir e blá blá blá... Sinceramente!
- Não tente inverter as coisas. Você tinha uma mulher de lingerie em casa.
- Desculpa. Desculpa. Desculpa. – ele me abraçou de novo. – Ela é louca! Não vamo brigar de novo.
- Eu preciso de um banho. Vou pro meu quarto.
- Eu não vou ganhar um beijo?
Eu dei um selinho sem graça. Eu tenho que admitir, parte de mim ainda não acreditava no Bernardo. Ele me deu mais um. Mais um. Me deu um beijo na bochecha. Desceu pro meu pescoço e cheirou forte. Falou baixinho: “Senti tanto sua falta. 24 horas terríveis sem tua companhia.” Minhas mãos repousaram em seus ombros e ele me apertou mais forte me fazendo soltar um gemido baixo. A boca dele agora chupava meu pescoço e a barba ralava a lateral do meu rosto. As ereções apareceram.
- Bernardo, eu preciso banhar. Você tem que ir pra universidade.
- Eu não quero.
Ele me deu mais um beijo.
- Vai. Você já perdeu aula ontem.
- Não quero dar de cara com a Amanda. E já são mais de sete.
- Você tem que aprender. Pega as últimas aulas.
Ele fez uma cara de triste.
- Vai. Eu vou preparar algo pra comer e ficar te esperando.
Ele me deu mais um beijo que quase não termina e por fim decidiu.
- Eu não demoro.
- Ok. – eu saí pro quarto.
Ele tomou um banho rápido e saiu. Eu trouxe Brutus pra dentro de casa e fiquei com ele o resto da noite. Liguei pro Natan.
- Agora sim você demorou. Eu já voltei pra casa.
- Não... eu vou ficar em casa mesmo. A gente se acertou, eu acho.
- Acha?
- É muito recente, digamos.
- Saquei.
- Obrigado mais uma vez.
- De boa. Sabe que é só ligar.
- Tá certo. Boa noite.
- Valeu!
22:00 em ponto o Bernardo chegou. Imagino que saiu mais cedo. Ele entrou e puxou o caderno de baixo da camisa jogando no outro sofá. Já veio pra cima de mim no sofá com um beijo.
- Comeu alguma coisa? – ele perguntou.
- Comi sim.
- Então vamo dormir que eu não dormi ontem. – ele falou me abraçando e colocando a cabeça no meu peito. – Você vai dormir comigo né?
- [...] Vou...
Ele levantou e me ofereceu a mão. Quando levantei ele colou em mim passando os braços em minha volta. Me beijou e fomos caminhando assim – eu de costas – rindo até o quarto. Lá ele me soltou e tirou a roupa. Eu também. Fui pra cama enquanto ele ficou em pé pelado no meio do quarto regulando o ar condicionado.
- Vou te dizer que esse calor que você sente é só teu mesmo. Porque com o ar ligado eu não durmo nu. Nem pensar. Na verdade eu não durmo pelado nem no calor.
- Já acostumei...
Subiu na cama engatinhando como sempre e veio se cobrir. Eu deitei a cabeça em seu braço esquerdo.
- Como foi na universidade?
- Ela ficou no fundo. Não me olhou. Não falou nada. Não disse uma palavra sequer.
- Ainda bem.
- Ainda bem mesmo. Eu ia explodir com ela no meio da sala se ela me dirigisse a palavra.
- Hum...
- Deixa isso pra lá. – ele fechou o braço me apertando no peito dele.
Ficamos calados. Era estranho como eu me sentia. Era tudo “muito recente” era o que eu pensava pra me consolar na tentativa de justificar o que eu sentia. Senti vontade de chorar.
Pensei que ele já estivesse dormindo. A respiração estava serena. O braço imóvel comigo em seu peito. Eu sentia vontade de soltá-lo e ir pro meu quarto. De alguma forma sentia, mas eu sabia que isso vinha do que eu tinha visto na tarde anterior. Eu precisava lutar contra aquilo, se eu fosse acreditar no Bernardo tinha que ser por inteiro. Não podiam sobrar dúvidas.
Decidi não sair. Eu ia ficar. Ia lutar contra isso e continuar nossa relação. Eu esperei tanto por aquilo, ia desistir de mão beijada assim? Na primeira dificuldade? Se bem que... não era qualquer dificuldade. Uma suposta traição era muita coisa, ainda mais combinada com tanta coisa nova sobre ele. Mas eu ia ter que lutar contra isso.
Levantei o olhar e ele estava com os olhos fechados, respirando lentamente. O envolvi com o meu braço. Minha barriga encostou-se à lateral do seu abdome, senti a pele nua quente. Passei a perna esquerda sobre a dele e a deixei entre as suas duas. Meu pênis ficou pressionado em sua coxa.
- Finalmente. – ele sussurrou rindo baixinho. Me apertou mais forte e assim ficamos.
Eu ia dar um jeito nisso. Custe o que custasse.
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Vida corrida mas vamos lá! Eu estava terminando de responder os comentários quando de repente faltou energia, quase desisto de postar! Vou tentar lembrar de tudo que escrevi:
Monster: Eu não conheço o Natan e o ROny, mas segundo o Lucas eles são moleques assim mesmo rs.
Drica (Drikita): Ciúme demais é chato mesmo.
marcelo8488: Não! Não vai ter morte menino!
Fernando_Mocelim: kkkk o cara que tem que ser teu é o carinha aí que você falou!
Lost boy: Eu devo repostar assim que esse conto aqui acabar. COmo os capítulos já estão prontos, faltando só revisar, então sai com mais rapidez. Natan e ROny não se pegam, segundo o Lucas. Todo mundo quer o Bernardo, menos eu é claro... Kaio está lendo. s2
thevinny: É essa parte sim.
For Fun: Eu quero quebrar a cara do Kaio de murro quando a gente briga e eu falo algo que ele duvida. Imagina numa situação dessas? Coitado...
Irish: "tomara que ele acabe com ela", eu fico pensando como se o Lucas desse uma surra nela! kkk
vitinho: Tô vendo... Faz uns meses já. Acho que 3 eu sei lá. Vou saber disso. MAs pela cronologia do conto dá pra saber.
Drica Telles (Ametista): Bernardo é que nem o Kaio algumas horas... Eu já falei pro Lucas. Esses meninos não tem racioncínio rápido pra algumas coisas não. Bando de retardados.
EDITADO 17:09: Aos demais o meu super abraço. Desculpem, não vou citar o nome de todo mundo porque tô editando o conto da academia pelo celular e é muito complicado. Mas advinhem quem está malhando comigo desde ontem? Bernardo! hahaha!
Outra coisa que eu quero saber de vocês: Quem aí acredita em relacionamentos à distância? PRECISO DA OPINIÃO DE TODO MUNDO! Respondam por favor! É importante, depois eu explico.
kaioazevedocdc@gmail.com