- Me desculpa... Por favor, me desculpa Lucas.
Não. Não podia ser, cara... Isso não.
- Eu juro por qualquer coisa que não é o que você tá pensando.
- Bernardo só faziam dois dias, cara.
- Não! Pelo amor de Deus me escuta! – ele correu e segurou meus ombros. – Não é nada do que parece. Ela veio aqui me procurar. Não faziam nem 10 minutos que ela chegou. Ela veio com um papo de saudade, que não encontrou ninguém que desse o que ela queria nesses meses todos então veio me procurar. Se jogou encima de mim, eu juro! Eu estava pondo ela pra fora Lucas.
Eu olhei pra marca do batom.
- Tô vendo como tava.
- Ela se jogou! Lucas acredita em mim! – ele rancou a camiseta fora.
- Difícil com tudo isso coincidindo e você colocando uma mulher nua pra fora de casa. Fora o fato de você também estar quase nu. – eu falei apontando pra calça.
- Lucas, você sabe que horas são? Acorda, eu tava me arrumando pra sair! Você chega e eu saio. Não é sempre assim? São mais de 6 da tarde! Eu já tô atrasado! Ela chegou quando eu estava terminando de me vestir, eu vim abrir rápido porque pensei que fosse você quando me deparei com ela. Lucas, não pensa besteira...
- Me solta. Vai pra aula.
- Não. Eu vou ficar com você agora.
- Não. Você está atrasado. Vai pra aula.
- Não!
- Você não entendeu. Eu quero que você me deixe sozinho.
- Puta que pariu... Lucas... – ele respirou fundo – Por favor, vamo conversar.
- Você já explicou. Vai embora, por favor.
- Não!
- Então se não sai você saio eu.
Eu abri a minha mochila e peguei minha carteira. Fui saindo.
- Espera, pra onde você vai? – ele entrou na minha frente.
- Não importa.
- Lucas!
- Não me grita!
Ele recuou me olhando magoado com a minha reação. Deu pra ver os ombros abaixando. Era a primeira vez que eu gritava com ele.
- Sai da frente Bernardo.
- Lucas o que eu te disse mais cedo. Eu te amo. Não foi a toa. Lucas me escuta. – ele veio de novo pra cima de mim querendo segurar nos meus ombros. Eu desviei.
- Agora não vale de muita coisa.
- Como é que é?
- Não vale. Bernardo eu te esperei. Eu te desejei mais que tudo. Eu aguentei firme até o último segundo. Você me deu a sua certeza de que queria ficar comigo e agora faz isso? Cara, pra quê? Você pega quem você quiser. Da porta pra fora tem dezenas de meninas e meninos loucos pra dar pra ti. Mas eu queria você. Só você. Pra você tanto faz, mas pra mim? Dois dias foram muita coisa! Dois dias que só vieram depois de meses por um fio pra me declarar pra ti antes da hora e estragar tudo.
- Eu não tô acreditando que você não vai acreditar em mim...
- Eu tô confuso. Eu preciso de um tempo.
- Tempo? Tempo pra quê? Não tem o que pensar Lucas! Eu tava pondo ela pra fora antes que você chegasse. É tudo um mal entendido!
- Bernardo não é só isso. É um conjunto de coisas. Antes de qualquer coisa a gente era amigo. Amigo mesmo. “Seu único amigo”.
Agora sim ele chorou de verdade. Eu o fiz lembrar o porquê que eu estava na vida dele.
- Lucas, o que você quer que eu faça? Diz e eu faço. Eu juro que não é nada do que você tá pensando. Só não sai por essa porta, por favor!
Eu não dei atenção.
- Só um tempo. Me deixa.
Eu saí e ele ficou me olhando com a pior cara de choro que eu já vi em toda a minha vida. Ele salivava pelo canto da boca sem perceber. Eu bati a porta, fui descendo a rua e liguei pro Natan.
- Mais rápido do que eu imaginava. – Ele atendeu.
- Você não tem ideia. Guardou o carro? Me pega aqui perto de casa.
- Tô indo.
Meia hora depois ele chegou.
- O que era aquilo? – ele perguntou puxando uma cadeira. Estávamos em um hamburger qualquer.
- Eu sinceramente não sei. Ele diz que ela chegou quando ele tava terminando de se vestir, se atirou encima dele e estava colocando ela pra fora. Ela... não conseguiu ninguém que desse o que ela queria nesses meses.
- Sexo? Um mulherão daquele tá procurando por sexo?
- Sexo com o meu namorado. Ou, eu nem sei mais se ele continua sendo.
- Você está estranhamente calmo.
- Eu não sei. É a reação que eu estou tendo. Não quero chorar, ainda não. É como se fosse coisa demais pra processar.
- Você acredita nele?
- Acredito. Mas ao mesmo tempo um monte de imagens me veem à cabeça. A camisa manchada, a calça aberta...
- Se quiser dormir lá em casa não tem problema. Eu posso ir pro sofá.
- Obrigado.
- Você precisa esfriar a cabeça pra pensar direito no que vai fazer.
- Eu sei...
- Eu tô pedindo a Deus pra ele estar falando a verdade. Seria sacanagem demais se ele fizesse isso contigo com dois dias de namoro.
Comemos e voltamos pro carro.
Eu fiquei em silêncio.
- Lucas, você sabe que comigo não tem disso. Você pode ficar o tempo que quiser, mas uma hora você tem que voltar pra casa e encarar ele.
- Eu só vou ficar hoje.
- Você que sabe.
Fomos pra casa e ao chegar lá Rony estava.
- Ei, eu não esperava você aqui.
- Ele vai dormir aqui hoje maluco. Saí do sofá que vai ser minha cama.
- Opa, sessão cinema então? Ação, comédia, putaria...
- Rony. O Lucas brigou com o namorado lá dele. Ele vai dormir aqui. Só dormir, nada de filme dessa vez.
- Puxa, foi mal. Eu não sabia.
- Tudo bem. – eu disse já querendo fugir olhando pro Natan.
- Vem. – ele disse. Fomos pro quarto. – Olha, tudo é pequeno, mas a gente se ajeita.
- Desculpa te fazer ir dormir na sala.
- Não... De boa. Vou trocar os lençóis pra você.
Ele arrumou tudo enquanto eu fiquei sentado na cama checando uma quantidade infinita de ligações perdidas do Bernardo. Não vi nenhuma porque o celular estava no silencioso desde a aula à tarde.
- Relaxa... Para de pensar nisso. Vai dormir. Amanhã você liga pra ele. Eu tô indo, qualquer coisa a gente tá na sala.
- Obrigado.
Ele saiu do quarto me fazendo sinal de legal com o polegar.
Eu entrei no banheiro e fui tomar um banho pra dormir. Droga, eu não tinha levado roupa. Fui ao guarda roupas e peguei a maior e mais velha camisa do Natan que eu achei. Tomei um banho e fui tentar dormir.
Surpresas despertam as reações mais estranhas possíveis nas pessoas. Eu quase não chorei, não gritei, não briguei com o Bernardo. Muito diferente do que eu achava que iria ser. O baque foi forte. Muito forte. Mas não me fez ter as reações que a maioria das pessoas tem. Não me perguntem o por que.
Dormi muito aquela noite. Eu apaguei total. Sabe quando você acorda e sabe, mesmo sem olhar no relógio, que dormiu muito mais que oito horas, que já são bem mais de meio dia? Pois é. Era como eu me sentia.
Me vesti e fui procurar pelos meninos. Não havia ninguém em casa. Um bilhete na geladeira.
“Aqui dentro jaz o bem mais precioso da vida de alguém. A comida. Quando você a tem, você tem de tudo.
P.S.: Estamos na universidade. Olhe para cima.”
Quando olhei eu vi um relógio de parede que marcava 15h.
Peguei meu celular e estava abarrotado com ligações perdidas do Bernardo. A dor veio. Agora eu ia sofrer. Eu estava anestesiado pelo baque, agora ia doer. Mandei uma mensagem pro Natan.
“OMG”
“hahahaha eu sabia! Cara você dorme feito pedra! Tá maluco! Ajeitou algo pra comer aí?”
“Sim... minha casa fica muito longe. Assim que a aula terminar você vem e me leva pra casa, por favor? Não quero incomodar...”
“Relaxa. Assim que der eu vou. Mas antes eu tenho que conversar algo contigo.”
“O que?”
“Aí eu falo.”
Comi uma besteira qualquer e pra disfarçar o mal hálito eu peguei um antisséptico do Rony.
18:30 o Rony entrou.
- Botei fé no sono viu...
- Foi mal. Nem eu percebi.
- Natan tá lá embaixo te esperando.
- Rony obrigado. Você são ótimos.
- Quando quiser né... Só espero que da próxima vez você venha por um motivo melhor. – ele disse rindo e indo pro quarto.
Desci o prédio e entrei no carro.
- Poxa Natan brigadão cara... Eu nem sei como agradecer.
- Lucas, antes eu tenho que te falar uma coisa.
- O que foi?
- Lembra que eu te disse que a Amanda mora no prédio ao lado? Eu vi o Bernardo ontem a noite entrando no prédio dela. Demorou um tempão pra sair...
Não acreditava no que eu tinha ouvido.
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Olá pessoal! Super às pressas tô trazendo esse capítulo que pela hora eu quase deixo pra publicar amanhã mas aí decidi lançar hoje mesmo por conta do número de comentários que já estava grande e isso é ótimo! Esperam que tenham curtido.
Irish: Mais ou menos. Se eu for te contar tudo perde a "magia" mas aconteceu esse cena da saída sim, só que eu dei meu toque.
marcelo8486: Não fui eu que pus não! kkk Aconteceu.
#Léo: 100% real é a minha história como meu namorado. Eu vou repostar daqui um tempo. Essa eu dou uns toques a mais.
For Fun: Cara, o Bernardo me mostrou a mulher. Ela é realmente muito bonita. Eu tenho que admitir que é difícil sim se segurar. Uma mulher de 30 gostosa como eu não via há muito, muito tempo.
Fernando_Mocelim: Dê a cara a tapa. Ele vai atrapalhar. Se não gosta de você, vai atrapalhar com certeza. Tanto porque sabe que o outro cara gosta dele como porque não quer te ver bem e pronto. A satisfação dele vai ser ver você sem aquilo que você quer. Entao só resta dar a cara a tapa e mostrar pro cara que você sim é a melhor escolha. Querendo ou não, nesses assuntos, somos produtos ao agrado do outro alguém. :/
Drica Telles(ametista): Ou eu sou previsível na escrita ou você realmente adivinhou tudo sobre a versão do Bernardo. hahaha
Um abraço para thevinny, DAVID, Dhcs, Monster, Drica (Drikita), mille***, esperança, Lost boy, Higor Melo, Junynho Play, Ghiar, alvorada, geomateus, Puckett150, Puckett150, Wyllia Paes, Joshh, juniormoreno, love31.
Fico completamente abobalhado quando vejo o número de comentários que só sobe a cada conto. Muito obrigado mesmo. É um prazer ler cada um deles, eu adoro tanto! Ver as reações, as opiniões, as sugestões, tudo! Não deixem de comentar, é o meu salário digamos assim rs. Adoro muito todos vocês. Obrigado.
Hoje eu vou escrever pouco porque já tô bêbado de sono aqui. Até depois. Abraços.