À sombra da lua - P.4

Um conto erótico de Konan_B
Categoria: Homossexual
Contém 1927 palavras
Data: 09/09/2014 19:03:29

Capítulo 4: A besta da lua cheia.

Daniel me olhou de um jeito que nunca havia feito antes. Em seus olhos, seja lá o que estivesse acontecendo, ele me passava a certeza de que faria tudo para me manter seguro.

- Mino!- Chamou minha tia pelo cão da família. O animal quase que em disparada atravessou o corredor a nossa procura.- Chegou a hora de fazer o que foi criado para fazer. Precisamos da sua ajuda, eles o acharam.- O cachorro enorme nos olhava atentamente sobre os dedos de minha tia, que o acariciava.

- Vamos lá, amigão. Precisamos manter aquelas coisas bem longe dele.- Disse Daniel finalmente afastando-se da imensa porta de vidro.

- Contamos com você, filho.- Arthur tentava passar força ao filho, pondo suas mãos fortes em seu ombro e dando-lhe um abraço apertado.- Se conseguirem, e deus queira que vão, não voltem para casa até o amanhecer.

- Tudo bem, pai.- Respondeu indo em direção a mãe.

- Filho... Você sabe que hoje é...

- Sim, eu sei.- Os dois falavam baixo, quase sussurrando.- Vai dar tudo certo se o Mino conseguir mantê-lo longe de mim também.

- Promete que eu vou te ver pela manhã?

- Claro que sim, mãe. Eu te amo.

- Eu também te amo.- Os dois se abraçaram entre lágrimas. Era comovente ver uma mãe e um filho daquela forma. Eu desconhecia aquele tipo de amor. Nunca tive a oportunidade de dizer a minha mãe que a amava. Nunca pude a abraçar, por que, a matei quando sai de seu ventre. Aquela era uma cena que jamais aconteceria comigo... Era a mais dolorosa lembrança que nunca tive e que nunca terei.- Vamos lá, garoto. Você sabe o que fazer.

Mino saiu correndo pelo corredor e Daniel me arrastou logo atrás. Passamos pela cozinha e chegamos ao quintal. Mino se posicionou ao centro do gramado e ficou naquela posição que todo animal predador fica quando avista algo que lhes chama a atenção.

Foi aí então que a coisa mais extraordinária e assustadora da minha vida aconteceu. Mino começou a respirar fundo e do nada seus músculos começaram a tufar. Em menos de 10 segundos, Mino já havia criado uma aparência grotesca.

Seus dentes cresceram consideravelmente e suas patas ganharam o triplo do tamanho. Ele estava bem maior e mais forte que um cavalo.

Como tudo aconteceu em segundos, com o susto, me desequilíbrei e tombei para trás, fazendo com que Daniel me segurasse.

- Vamos.- Disse ele me puxando ao encontro daquela coisa.

- Não! Faz isso ficar longe de mim!!!- Gritei tentando me soltar de seus braços.

- Fica quieto, eles vão ouvir!!! Anda, sobe logo!

- O quê?! Eu não vou subir nisso nem morto!- Mino me olhou e rosnou em forma de protesto.

- Sobe logo! Ele é só um cachorrinho, o que pode acontecer?- Seu sorriso era de deboche. Ele me olhava irônico, como se me desafiasse. Então criei coragem e me dirigi até aquela coisa que só deus sabe o que era. Foi aí então que ouvi aquele som pela primeira vez. Era um misto de rouco com agudo, que criava a mistura perfeita para por desespero em qualquer um. Um uivo.

Senti todos os pelos do meu corpo subirem instantâneamente.- Droga! Viu só o que você fez com esse seu escândalo?! Agora eles sabem que estamos fugindo.

No mesmo instante, Daniel me jogou em cima de Mino, como se eu não pesasse absolutamente nada e logo depois subiu atrás.

- Daniel, o que é isso?- Perguntei quase chorando de medo.

- Fica calmo... Te explico depois que estivermos fora de perigo. Agora, segura firme e confia em mim.- Ele passou pe braços em minha cintura e sorriu gentilmente. Seu sorriso me passou calma, no entanto, eu sabia que aquilo era só para amenizar o meu pânico, por que no fundo, ele estava do mesmo jeito.- Vai garoto. Vamos fazer essas coisas comerem poeira!

Com apenas um empurrão, Mino saltou sobre o muro enorme que se posicionara nos fundos do quintal.

Ao chegar na rua, Daniel se certificou de que aquelas coisas não estavam por perto e então ordenou que o animal continuasse.

Mino disparou abaixo das luzes dos postes que prosseguiam por toda a lateral daquela extensa rodovia.

Ficamos seguindo aquele caminho por alguns minutos, o animal ao qual estávamos montados parecia nunca perder o fôlego, era como um cavalo de corrida com estoque de energia inacabável. Sentia meus cabelos castanhos-claro se alvoroçarem no vento gelado daquela noite aterrorisante. A única coisa que me dava segurança, era que todas as vezes que Mino dava um solavanco, podia sentir Daniel colado em minhas costas. Ele me apertava firme, sentia seus braços fortes irrigecerem para que eu não virasse para o lado e caísse. Apesar de tudo que estava acontecendo, por um segundo eu passei a curtir aquele notório passeio sobre o sereno da noite.

Foi só por um segundo mesmo, pois, ao passar por um cruzamento, de uma rua, do lado esquerdo, surge algo e pula sobre a gente, fazendo com que Mino rolasse e caísse sobre o meio fio. Por pouco não voei para longe. Minha única salvação foi que Daniel agarrou-se nos pelos do animal e jogou seu corpo contra o meu, criando assim um cinto de segurança humano.

Olhei para trás e vi uma coisa negra e peluda jogada ao pés de um poste de luz. Parecia com um cachorro muito grande. Logo após, outra surgiu e pregou solidariedade à que havia caído pelo impacto da batida. Foi aí que minhas tolas esperanças de serem realmente apenas "cachorros grandes" se desfizeram. As criaturas ficaram de pé sobre as quatro patas, e logo em seguida sobre duas. Era aterrorizante olhar para aquilo. Ambos tinham por volta de dois metros e meio, suas orelhas tomavam o topo da cabeça e desciam levemente para o lado. Suas presas eram gigantescas e estavam banhadas de um líquido avermelhado,- provavelmente sangue - seus corpos eram extremamente fortes e mesmo assim, ainda era possível ver seus músculos tufando ao respirarem.

Não sei explicar ao certo, uma coisa daquelas é algo tão sureal que é praticamente impossível de se descrever. Basicamente eram como homens gigantes, cobertos por um couro de lobo.

- Anda, garoto. Precisamos ir!- Disse Daniel estimulando Mino a levantar-se mais rapidamente, más a queda havia sido forte, e era visível a dificuldade do animal de se por de pé.

- Daniel, o que são aquelas coisas?- Perguntei sem tirar os olhos delas.

- Para de olhar. Vamos, Mino! - Mino pôs-se a correr novamente e quando virei a cabeça para olha-los, aquelas bestas estavam de quatro, correndo tão rápido quanto o cachorro de Daniel.

- Daniel, eles estão vindo!- Disse com o coração quase saindo pela boca.- Eles estão se aproximando muito rápido!!!

- Eu sei, e para de gritar! Você só está me deixando mais nervoso...- Ele fez silêncio por alguns segundos e então apertou forte meu corpo contra o seu.- Chegou a hora, eu preciso detê-los... Más antes...- De repente, ele virou meu rosto e me beijou. Foi um beijo rápido, más tão forte que valeria por mil.- Me desculpa. Se não nos vermos mais, quero que saiba que eu só te tratei mal todos esses dias... Porque eu acho que te amo, más não queria aceitar... Eu sinto muito.- Dito isso ele soltou minha cintura e deixou o vento joga-lo para trás.

- Nãaaaao!!!- Enquanto gritava, vi meu primo se transformar em uma daquelas coisas monstruosas. Antes de chegar ao chão, Daniel já estava coberto por pelos, e suas roupas simplesmente foram rasgadas no ar.

Não houve muito o que se ver depois daquilo, pois, Mino tratou logo de me tirar o mais rápido possível dali. Em meio ao choro incessante, rezava para que Daniel ficasse bem. Eu estava muito assustado, principalmente pelo fato de acabar de descobrir que ele também era um daqueles.

Mino entrou em um galpão abandonado bem afastado da área que deixamos as criaturas, e ao me por no chão, o dócil cão de antes voltou a sua forma natural. Era estranho pensar que aquele animal, tão lindo e tão amigável se transformava naquilo e voltava ao que era antes, como se nada houvesse acontecido.

Passei os olhos pelo local, e percebi que não havia absolutamente nada. Era apenas uma enorme cobertura de metal com uma fissura gigante no meio, que o separava em dois e deixava espaço para que a luz resplandecente da lua brilhasse por aquele chão de areia.

Era assustador estar ali. Qualquer som, qualquer movimento e meu coração disparava. Tinha esperanças de ser ele, más, também tinha medo de não ser.

"E se aquelas criaturas o..."- Não possuía nem coragem para terminar tal frase. Eu o queria vivo, o queria, ali, comigo, do meu lado dizendo que tudo ficaria bem e que eu não precisava sentir medo, pois, ele me protegeria...

Me sentei ao lado de Mino, naquele chão que parecia mais uma praia, e cruzei as pernas, as envolvendo com os braços.

Passaram-se vários minutos, até que estes viraram horas, e nenhum sinal de Daniel. O sono já me consumira, e estava à ponto de adormecer, foi quando ouvi um uivo no lado de fora.

O som vinha de muito perto, e apesar de parecido com o das criaturas, esse era mais grave e bem mais imponente.

Mino e eu nos levantamos e encaramos a entrada do galpão. Se algo fosse entrar, entraria por ali, pois não havia outra saída... Nem mesmo para mim. Minha única chance seria se Mino lutasse com as coisas e eu saísse escondido.

Mino se posicionou à minha frente, na mesma posição que ficara quando se transformou no quintal. Se alguma coisa entrasse ali, podia ter certeza que seria surpreendido bem antes de poder reagir.

Passou-se por volta de um minuto e meio, e minhas pernas não paravam de tremer. As mãos estavam tão geladas que chegavam a doer.

Ao lado esquerdo do galpão, de alguma porta ou abertura que eu não conhecia, surgiu uma pequena nuvem de poeira. Ali era fácil fazer com que a areia se alvoroçasse, pois, qualquer movimento causava vento o suficiente para isso.

Um cheiro forte de enxofre tomou conta do local. Era um cheiro que incomodava qualquer um, menos eu. De alguma forma eu já havia sentido aquilo antes, só não lembrava onde.

Foi aí então que vi aquilo. Uma coisa negra surgiu sobre a luz do luar que passava pela abertura no teto, e me encarou com olhos de um amarelo forte que chegava a brilhar. Era bem maior que as outras duas.

De repente, Mino começou a recuar rapidamente e logo em seguida saiu correndo dali como se fosse um cãozinho qualquer assustado.

Meu coração foi na boca e voltou quando aquilo mostrou as presas gigantescas e rosnou. Elas estavam lavadas em uma saliva densa misturada à sangue.

Dei um passo para trás e a criatura começou a andar sobre as quatro patas ao meu encontro.

"Acabou. É aqui que termina minha inútil jornada pelo mundo... Pai, mãe... Estou indo encontra-los."- Disse em pensamento vendo minha morte à menos de três metros de distância, se aproximar com sede nos olhos.

Fechei os olhos e esperei minha hora de partir. Foi então que pude sentir a respiração profunda daquela besta, fazendo meus cabelos bagunçarem. Ele estava à centímetros de mim, tão perto que conseguia sentir o calor de seu corpo peludo.

Continua....

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Comentários

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Excelente, maravilhoso, conto cheio de adrenalina, continua.

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