— Felipe — disse olhando estupefato para meu primo. Felipe o cara que tanto me ajudou e quem eu tanto amei, agora estava na minha frente. Olhando para mim assustado. Seu rosto estava exatamente como me lembrava, a única diferença era um pequeno cavanhaque que lhe cobria o rosto.
A urgência poderia esperar um pouco.
— Enzo… — disse Felipe depois que fiquei abraçado a ele por um longo tempo. Seu cheiro era como eu me lembrava. — Tudo bem?
— Não... Ah, sim. Estou bem — me afastei dele. Ele me deu um abraço e um beijo no rosto.
— Precisamos esperar o Breno chegar, ele não vai demorar, só foi ali no mercado buscar um negocio que eu pedi.
— Enquanto isso arrume suas coisas e as dele se ele for. Precisamos ir agora! — exclamou Felipe entrando na casa de Breno para me ajudar a pegar algumas coisas que eu iria precisar como roupas, escova de dente e outras coisas. Ele pegou as roupas e eu fui pegando tudo.
A fixa em relação a minha mãe ainda estava caindo ou tudo que eu passei — passei por causa dela, senão tivesse me mandado embora de casa, eu não teria chupado um velho desconhecido, não teria encontrado Renato, e não teria sido drogado e esquecido completamente o que se passava. Mas seu lado negro me trouxe coisas boas, como Bernardo, Felipe e Breno. Senão fossem esses, eu teria ficado louco — me fazia sentir raiva dela, raiva deles e não me importava muito com o que aconteceu depois que sai.
Não tinha mais pais e sinceramente voltar a ter e passar por tudo aquilo de novo, não era meu sonho.
— Estamos prontos — disse depois de pegar meu celular.
Ficamos na rua esperando Breno, se ele não fosse comigo, pelo menos queria me despedir dele. Não demorou muito e ele apareceu ao longe. Sua imagem logo foi ficando mais nítida.
— Aquele é seu namorado? — indagou Felipe me observando atento.
— Parece que Kátia não deixa nada passa — disse eu sorrindo tenso. Felipe também sorriso para mim.
— Fico feliz por você, não de verdade mesmo cara. Depois de tudo que passou olha onde está hoje. Trabalhando, fazendo uma faculdade e com um namorado, que dizem ser um dos melhores do mundo. Muita gente, Enzo, muita gente teria caído antes da segunda noite. Você merece tudo que conseguiu — Felipe me abraçou como nunca antes, senti que seu corpo estava agitado, acho que ele estava muito feliz por mim. O abracei com a mesma força.
Quando olhei, Breno nos encarava de cara feia. Seu bico chegou à frente dele. Não deixei que dissesse nada, expliquei logo o que se passava e quem era o cara que ele me viu abraçar.
— Sou Breno, namorado do Enzo — disse meu príncipe pegando na mão de Felipe.
— Prazer. Felipe. Ouvi muito bem de você, e espero que esteja cuidando certinho do meu priminho — como sempre, Felipe estava com o melhor humor possível.
Os dois já estavam quase falando de coisas que não deveriam — sobre mim e minha anatomia, quando os lembrei do que realmente era importante, ou que um dia foi.
— Precisamos ir, ele vem? — Felipe me encarou por uns instantes, depois olhou rapidamente para Breno e entrou em seu carro.
— Amor — disse pegando a mão de Breno. — Eu não peço que venha comigo, mas se quiser eu não o impediria — sem querer fiz um bico. Breno pegou minha outra mão e puxou meu corpo para perto do seu. Meu bico entrou no meio dos seus dentes, ele o mordeu com carinho. Depois me deu um selinho.
— Enzinho, eu iria com você até no inferno. Então, é claro, que eu vou — Breno pegou a sacola e entramos no carro. Felipe saiu logo depois.
No caminho Felipe nos contou o que houve depois que sai.
— Quando se passou uma primeira semana, que o expulsaram. Seu pai foi a minha casa. Perguntou-me se eu sabia para onde você iria, ele estava nervoso e me pareceu que havia chorado a noite toda. Eu contei a verdade, porque depois que meu pai me levou da sua casa no dia que nos pegaram juntos, você não conversou mais comigo. Se eu soubesse onde estava eu tinha ido atrás de você há tempos, nem que não fosse para leva-lo de volta, mas iria com você. Enfim, ele saiu quando eu disse que não sabia, mas tinha alguma coisa a mais nele. Não perguntei nada, porque ainda tinha medo dele querer me matar. Bom, no meio da segunda semana minha mãe me contou que a sua estava doente. Pelo que sei, ela já estava doente fazia mais de seis meses, e só foi descobrir a um mês.
Felipe parou, engolindo em seco. Acho que estava ponderando uma fala.
— Enzo, a doença já está no estagio final. Dizem que: nem os médicos sabem como ela ainda está respirando. Mas eu tenho um palpite. Você. Sua mãe é osso duro de roer, e ela não vai simplesmente partir sem conversa com você uma ultima vez.
— Seu pai voltou a me procurar a três dias. Levou seu computador, seu caderno e outras coisas para minha casa. Tudo que era seu para eu tentar descobrir se teria um lugar que você poderia ter ido. Ele estava completamente em choque. Nunca tinha o visto assim. Por sorte, você tinha anotado a senha do seu Facebook em um antigo caderno, depois fui olhar suas conversas, uma por uma. Achei a conversa com Kátia. E lá estava tudo que precisava, ela o chamando para ir morar com ela.
— Nem disse a seu pai que tinha achado uma pista. Sai correndo de casa e com o carro do meu pai e fui até Kátia. De lá passei na sua casa e aqui estamos.
— E minha irmãzinha? — perguntei ainda digerindo os fatos.
— Eliana está com meus pais e nossas avós. Seu pai dedica 24 horas do dia dele atrás de você e cuidando da sua mãe. E ela sendo uma criança não pode se virar sozinha.
Fiquei em silencio em saber que a pessoa que eu mais amava no mundo estava bem. Isso já me dava forças para enfrentar o que viesse. Breno ficou em silencio o tempo todo, segurando minha mão. O sol já estava quase se pondo quando chegamos. Ventava um pouco, fazendo as folhas voarem de um lado para o outro na minha antiga rua. Logo vi o ponto de ônibus que eu fiquei na noite em que vi o carro de Renato me cercando. Um arrepio caiu da minha nuca até o pé da espinha, meu corpo estremeceu.
Felipe estacionou na frente de casa. Não éramos os únicos! havia vários e vários carros pela rua. Quando descemos, ouvi vozes vindo da minha antiga e esquecida casa, e um som de choro também vinha de dentro dela. Meu coração ficou pesado e engoli em seco.
— Estou com você — disse Breno apertando sua mão a minha. Ambos estávamos suando.
Felipe não disse nada ao passar por nós, foi à frente como um raio assim que viu seu pai na porta. Quando estava quase chegando meu coração parou, o mundo parecia ser outro e eu não sabia como se respirava nesse novo mundo.
Meu pai saia a meu encontro. Olhando para Breno ao meu lado. Senti que Breno ficou rígido e sua mão se fincou na minha. Meu pai continua a caminhar a nosso encontro. Em momento nenhum Felipe disse que ele queria me pedir desculpas, em momento algum ele me pareceu se arrepender do que fez, e agora, poderia muito bem me mandar voltar de onde vim.
Depois de alguns passos não tinha mais para onde caminhar. Meu coração martelava desesperadamente.
— Enzo — disse meu pai olhando em meus olhos.
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Vi(c)tor, depois dessa história aqui, eu vou me dedicar a "Segredos", que nada mais é do que quarto projeto de "Em Busca do Amor", vai demorar para mim criar outra história aqui.
Vou sentir falta de vocês Agatha1986, kaduNascimento, LaaLah, fabi26, geomateus, CrisAC, Junynho Play, B Vic Victorini.
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Quase ia esquecendo. Vi(c)tor, na verdade o Felipe amigo do Renato morreu junto com o Renato na fazenda, esse Felpe é o do começo da história.