Cap.7
NARRADO POR CÉSAR FIGUEIREDO
Ouvir aquilo me fez repensar no que diria. Por algum motivo fiquei nervoso. Engoli saliva.
- Como assim... ciúme ?- perguntei, olhando para seus lindos olhos verdes, levemente mais claros que os meus. De repente ele me solta, e vira de costas.
- Eu não sei. Eu não entendo direito isso !- falou, sentando na minha cama, e olhando pro chão.
- Isso o que ?- perguntei sentando ao seu lado. De repente, Mariano colocou a cabeça em meu ombro. Ouvi sua respiração profunda.
- Isso que eu sinto por você- falou, acelerando meu coração. Ele me abraçou, e eu retribui, fortemente. Ouvi ele chorar.
- Não precisa chorar- falei, passando as mãos em seus cabelos.
- Eu queria saber o que é isso. Gosto tanto de te abraçar, de sentir seu cheiro, eu não sei o que é isso. Ou melhor, acho que eu finjo que não sei- eu não conseguia falar nada, só ele se expressava- eu gosto muito de você.
- Eu sei, eu também- ele se separou de mim e me olhou. Seus olhos estavam cheios de lágrimas. Limpei eles com meus dedos.
- Eu te acho tão bonito- falou, passando as mãos em meu rosto
- Você é igual a mim- ele sorriu.
- É mesmo- como seu sorriso era bonito.
- Você não precisa chorar.
- Eu sinto que você talvez nunca me retribua- falou, olhando pro chão.
- Quem sabe- ele sorriu.
- Você promete nunca me deixar ???? Promete que sempre estaremos juntos, que nunca nada nem ninguém vai te tirar de mim ?- novamente ele começou a lagrimar.
- Claro que sim. Sempre estarei junto de você- falei, o abraçando novamente.
- Sabe, eu daria minha vida pela sua. Faria de tudo pra te ver feliz. Acho que te amo- falou, acelerando ainda mais o meu coração. Beijei o seu rosto, e deitamos. Ficamos abraçados, um olhando pro outro. Ele olhava todo o meu corpo. Acabamos dormindo.
TEMPO DEPOIS
Acordei com barulho de alguém gritando.
- Como assim você não lavou a louça Mariano ?- era minha mãe.
- Ai, eu estava tão cansado, quando vi já tinha dormido.
- Aff, então vai lavar agora- olhei, e ele não estava mais no meu quarto. Imediatamente veio tudo aquilo que ele tinha dito em minha mente. Me peguei sorrindo involuntariamente. Queria entender porque meu irmão tinha tanto poder sobre mim. Isso era inegável. Será se, eu tinha sentimentos que não eram comuns para irmãos. Não consigo entender. Isso parece ser errado, mas ao mesmo tempo eu gosto tanto. Me sinto tão bem com ele. Seu cheiro, seu contato, seu abraço, seu corpo. Eu o amo ?
NARRADO POR ANDRÉ NASCIMENTO
Nem percebi quando peguei no sono. Só me lembro de estar conversando com aquele homem. Olhei ao redor, e vi que não estava na mesma sala que estava. Estava em um quarto, bem espaçoso por sinal. Olhei ao redor, tudo parecia bem luxuoso. E estava embrulhado, será se ele tinha me trazido até aqui ? Ai meu deus do céu, o que aconteceu. Ainda não estava acreditando que aquilo tinha acontecido. Gente, eu tô na casa do Felipe Cavalcante, aaaaaaa. Mas o melhor, acabei descobrindo que ainda existem pessoas boas no mundo. Ele poderia me deixar lá na praça, pegando chuva, é o que qualquer pessoa normalmente faria. Mas por algum motivo ele não fez. Ele me trouxe pra casa dele, eu, que sou um garoto que ele mal conhece. Era inacreditável. Me levantei, olhei ao redor, estava tudo bem organizado. A minha mala estava lá, jogada no chão. Ele tinha a trazido até aqui. Minha mochila, sobre uma mesa. Decidi sair dali. Abri a porta, olhei ao redor, estava na parte de cima do apartamento. Eu não estava me sentindo muito bem. Sentia uma dor de cabeça, devo ter ficado resfriado. Lentamente desci as escadas, e o vi sentado numa mesa, mexendo em um notebook, com um óculos. Quase tive um treco, até porque ele era bem bonito, não tem como não notar.
- Porque você me deixou dormir ?- perguntei, me aproximando.
- Você parecia cansado, então deixei você dormir- falou, olhando pra mim.
- Estava mesmo- falei, apertando os olhos- você tem algum remédio pra dor de cabeça ?
- Tenho, porque, você não está se sentindo bem ?
- Não, estou meio...- de repente, espirro.
- Resfriado né, eu falei que você ia pegar um. Ainda bem que eu não peguei- ele chegou mais perto, e colocou a mão na minha testa.
- O que está fazendo ?- falei, vendo aquela cena meio bizarra.
- Vendo se você não está com febre. Pelo jeito está, espere aqui que já trago o remédio- nem precisava dizer, eu não iria sair dali. Logo ouvi sua voz novamente.
- Você gosta de pizza de calabresa ?- perguntou, com um copo e um comprimido na mão.
- Gosto- falei, tomando- porque ?
- Pedi uma pra gente, não deve demorar a chegar- ele me olhava persistentemente.
- O que foi ?- perguntei, já ficando um pouco nervoso
- Você vai ficar aqui né ?- perguntou, olhando no fundo dos meus olhos
- Se não for te incomodar- ele olhava me de um modo que chegava a me dar vergonha.
- Não, claro que não. Estava precisando de uma companhia aqui, é sempre tão solitário. Olha, você não precisa se preocupar com limpeza, ou ajuda nas despesas, nada disso.
- Mas...- ele nem deixou eu terminar.
- Realmente não precisa. Tenho faxineiras e se você fizer algo aqui terei que demiti-las.
- Não, eu não quero tirar o emprego de ninguém.
- Foi o que eu pensei. E quanto a dinheiro, você realmente não precisa pagar nada. Você é meu hospede e ficará assim por quanto tempo precisar. Se você quiser dinheiro pra alguma coisa, pode pedir pra mim, eu não irei questionar.
- Mas. Sei lá, eu não me sinto bem assim.
- Porque não ?
- Porque, você já me ajudou tanto, se você não me deixar contribuir com nada fica parecendo que eu serei apenas um carrapato aqui. Deixa pelo menos eu cozinhar ?- ele suspirou e falou.
- Tudo bem, mas só se você souber fazer lasanha- sorri.
- Pode deixar, eu sei fazer muitas coisas. Tive que aprender pra não ficar comendo apenas ovo frito em casa enquanto mamãe trabalhava- baixei a cabeça quando ouvi o nome dela.
- Espera, tudo isso passa logo. Agora é levantar a cabeça e olhar pra frente. Dá tempo ao tempo, escuta o que estou te falando, ela vai te procurar- falou, me puxando pra um abraço.
- Assim espero- falava, sentindo seu belo corpo. Logo espirrei novamente.
- Você continua quente- falou, olhando pro meu rosto- se você quiser eu vou na farmácia comprar alguns remédios.
- Nao, não precisa. Eu já te dei trabalho demais. E tem mais, eu vou sim arrumar um emprego. Mesmo que você não queira que eu pague algo, mas não dá pra ficar pedindo dinheiro pra você, eu quero ter o meu próprio dinheiro.
- Tudo bem, se você prefere assim- logo o sino chegou- eeeee, a pizza chegou- falou levantando os braços, festejando. Felipe era o contrário do que eu tinha em mente. Pensava que ele era fechado, triste, totalmente mal humorado, é sempre essa a visão que a gente tem de um autor. Mas não. Ele era alegre, solidário, encantador, tinha um sorriso lindo e...porque eu notei o sorriso dele.
Continua
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