Quando cheguei à janela vi que meu irmão já estava longe de casa, se eu pulasse e corresse dele a pé, nunca o pegaria. Não que ele fosse o corredor mais rápido do mundo, mas o tempo e distância estavam a favor dele. Então comecei a pensar em uma solução. A ideia me veio quando coloquei a mão na testa. – É claro — disse correndo para fora do quarto.
Meus pais ainda discutiam na sala, ou no quarto, não parei para olhar esse detalhe. Passei como um pássaro e fui para a garagem. E lá estavam: duas bicicletas, consequentemente uma minha e outra de Anderson. Peguei a minha e sai correndo na mesma direção que vi And correr.
Enquanto o seguia, algumas cenas começaram a passar na minha cabeça, como se vê nos filmes quando uma pessoa está em uma situação complicada. E eu estava em uma situação assim agora. Vi meus pais felizes antes de tudo começar e depois veio à briga. Longe de tudo isso estava meu querido irmão, tão belo sem suas roupas, uma imagem que qualquer um pagaria para ver. Estava exibindo tudo o que tinha de melhor. Uma bela bunda durinha, braços largos que sabia como me abraçar, um cabeço cor de terra molhada pela chuva, e por fim, o melhor: um grande sorriso. As imagens logo se foram quando cheguei ao local que Anderson estava.
Era a casa da sua amiga. E quando digo “sua amiga”, quero dizer que literalmente a guria era amiga dele, não minha. Eu não era de sentir esse tipo de coisa, geralmente sempre queria ser amigo de todos, mas aquela guria era uma coisa de outro mundo. Há um tempo, eu senti cheiro de cigarro vindo do hálito fresco de And. Não perguntei se ele estava fumando, isso eu tinha certeza, ao invés disso passei a segui-lo, e em um dia de minhas espionagens, eu o encontrei na casa dessa amiga, e vi-a dando um cigarro a ele. Aquilo fez meus olhos queimarem.
E agora, lá estava ele, na casa da cobra. Que eu não chamaria de amiga, pois se fosse não dariam cigarros ao meu gêmeo.
− Oi, Fer – disse a tal guria com um sorriso debochado, já sabendo que não suporto sua voz.
− Para você meu nome é Fernando – rebati seco. – Cadê ele? – indaguei olhando por cima dos ombros dela.
− Olha, quantas vezes vamos ter que passar por isso? – não respondi a sua pergunta, então ela continuou. – 1- Anderson é meu amigo, 2- ele está aqui por livre e espontânea vontade, e 3- se não fosse lindo como ele, eu mesma já teria te dado uns tapas no traseiro até aprender essas duas coisas – dito isso ela caiu em uma gargalhada e de trás dela surgiu meu irmão. Ele segurava o que eu temia. Um cigarro, um cigarro aceso na boca.
Quando ele chegou perto de mim, minha mão teve vontade própria, ou minha coragem havia crescido, e sem pensar duas vezes dei um tapa na direção do cigarro. Minha mão atingiu o rosto de Anderson e a parte acesa daquela coisa, mas a queimadura teve um bom consolo: a coisa havia caído de seus lábios.
− Ai! – gemeu a amiga de Anderson colocando a mão no rosto, cobrindo sua boca.
Tinha certeza que agora And iria fazer o mesmo comigo, mas não o fez. Apenas ficou olhando para o chão.
Naquele momento comecei meu discurso que sempre usava com ele, mas em particular. Pensei que: dizendo isso perto da “amiga” dele, ela não daria mais o que ele veio buscar.
− Você melhor do que qualquer um sabe muito bem como perdemos a vovó. Foi câncer nos pulmões. Câncer que essas coisas causaram a ela, e senão fosse apenas à perda dela, lembra como mamãe ficou? Dias chorando, tomando remédios para não entrar em depressão, tudo aquilo afetou todos nós. E como acha que vamos ficar se daqui a 30 anos você, Deus me livre, pegar a mesma doença da vovó por ser um cabeça dura e colocar esses malditos! cigarros na boca?
And e sua amiga ficaram em silêncio, só então percebi que estava a ponto de chorar. Meu peito pulava para frente, minha respiração estava mais que agitada e minhas mãos tremiam. Por fim a amiga de Anderson, finalmente, falou algo sensato. – Melhor ir com ele And, nos vemos segunda-feira na escola – dizendo isso ela o abraçou por trás e entrou em sua casa.
− Vamos – disse recuperando o controle da minha voz e pegando nas mãos de And.
Minutos depois, lá estávamos nós descendo a rua para casa. Eu pedalando e Anderson segurando em meus ombros com os pés firmes nos pinos dos eixos. Que ele mesmo colocou quando ganhamos as bicicletas no nosso aniversário.
− Obrigado – disse-me ele no pé do meu ouvido. Nossa casa já estava logo à frente. Sua respiração quente me causou um leve arrepio. Sorri e continuei a pedalar.
Ao chegarmos ainda era possível ouvir alguns gritos que viam do quarto de nossos pais. Estava cansado de tudo aquilo e queria dormir logo. Joguei-me na cama puxando o cobertor em cima de mim e virei para a parede. Ao fechar meus olhos senti o corpo de Anderson tocar o meu. Logo seu braço se fechou em volta do meu corpo, e assim passamos a noite.
No domingo de manhã fui acordado por And se mexendo. Era tarde, pois o sol entrava pela janela aberta e deixava todo o lugar muito claro. No segundo movimento de Anderson, eu percebi uma coisa estranha roçando minha perna, estava logo abaixo na minha bunda. Não levou muito temo e eu me dei conta do que se tratava. Eu estava sentindo o pênis do meu irmão na minha perna. Fingi estar adormecido para que ele não se afastasse. Não sei o que me deu naquele momento, mas eu gostei de senti-lo tocando em mim. A cabeça estava quase pulsando de tão duro que era, e tinha um tamanho igual ao meu. O corpo do pênis estava um pouco mais abaixo, tão gostoso de sentir. Logo meu próprio pênis começou a ficar duro.
— Fe? — And me chamou. Sua voz esquentou minha orelha, e imaginei que seus lábios seriam ainda mais quentes, isso me causou um grande arrepio. Se eu respondesse qualquer coisa teria que me virar e perderia o pênis que roçava minha perna. Fiquei em silêncio. — Dorme como uma pedra — o ouvi conversando consigo mesmo. Senti sua mão alisar minha nuca, os dedos grandes e meio gelados. Com os olhos fechado, aquele simples toque já estava me deixando excitado.
De repente Anderson pulou da cama e foi para o banheiro com passos pesados. Virei-me de barriga para cima, assim que ouvi a porta do banheiro se fechar. — And — disse olhando para nosso banheiro com a mão em cima do meu pênis. Ele estava realmente duro.
Comecei a imaginar como Anderson estaria lá dentro. Se estava se masturbando para que o pênis ficasse mole, ou se estava apenas tomando banho e alisando seu corpo de um bronzeado fraco. Independente do que estava fazendo, a simples menção dele estar sem sua cueca já me deixava mais do que excitado.
— Acordou — disse meu gêmeo quando saiu do banheiro. Trazia uma toalha sobre o ombro. Estava enxugando a boca. Seu sorriso estava branco e perfeito como sempre. And tinha, assim como eu, usado aparelho nos dentes desde os 10 anos de idade. Agora os tiramos por alguns meses e nossos dentes eram alinhados perfeitamente.
— Sim — disse com os olhos nele. Seu pênis não parecia mais duro.
— Que bom — ele jogou a toalha em cima do meu rosto, logo depois subiu em cima do meu corpo. Pegou nas minhas costelas, e também na barriga, fazendo cócegas em mim. — Vou ver o que tem para a gente comer — Anderson finalmente saiu de cima de mim, eu não queria que isso acontecesse. — Quero ver esse cabelo penteado e esses dentes escovados em cinco minutos — com essas palavras ele se foi.
Depois de olhar para o teto de novo, me levantei e fui rastejando até o banheiro.
Quando cheguei à cozinha, já tinha comida sobre a mesa. Frutas maduras e alguns verdes para Anderson, leite achocolatado gelado, um pouco de água, um suco natural de laranja e pães. — Estamos sozinhos de novo — avisou Anderson desanimado. Esse não era nosso primeiro domingo sozinhos e com certeza também não seria o último.
— Pelo menos tenho você e você me tem — disse sorrindo para ele e puxando uma cadeira para me sentar. Vi um sorriso crescer no rosto de And. Não conversamos enquanto comíamos apenas nos olhamos. Para mim era como me ver no espelho ou aos olhos de um estranho. And mais parecia um holograma a minha imagem. Acho que para ele era a mesma coisa, ou algo do tipo.
And fazia as refeições e eu limpava tudo. Agora eu estava limpando a mesa e me preparando para lavar a lousa. Anderson pegou seu skate e saiu. Não demorou e tudo já estava limpo e brilhando. Peguei meu celular e fui atrás do irmão.
Não precisei ir muito longe. Ele estava quase em frente de casa, conversando com um cara da altura dele. Os dois estavam rindo, mas eu nunca tinha visto aquele guri na minha vida e tinha certeza que Anderson também não o conhecia. De qualquer jeito, lá estavam eles. Conversando e sorrindo.
— Cuidado com isso, sim? Era da minha bisavó — disse uma mulher baixa de cabelos ruivos. Ela estava falando com dois homens que traziam, de um caminhão de mudanças, uma mesa de vidro, eu acho.
— Não sei por que não se desfazer essas tralhas — disse um homem também baixo de cabelos pretos. Ele estava sorrindo e pegou a mulher no colo e a beijou.
Fiquei olhando para a mudança dos novos vizinhos e para meu irmão, enquanto caminhava até ele e seu novo amigo.
— Fe — disse Anderson sorrindo. — Esse aqui é o Igor e aquela ali é a família dele. Vão ser nossos novos vizinhos.
— Gostei do seu irmão — Igor pegou na minha mão rapidamente. — E olha só para isso! — ele se afastou um pouco e ficou olhando do meu rosto para o de And. — São idênticos, são vejo diferença!
— Só que eu sou mais lindo — disse Anderson rindo. Igor se juntou a ele no riso. Quando viu que não sorri, Anderson parou de sorrir. — Aconteceu alguma coisa?
— Ah… não — disse tentando criar um sorriso no meu rosto, mas não dava. Algo dentro de mim não tinha gostado de ver como And pegou intimidade com aquele cara. E ele tinha um jeito estranho!
— Bom, vou dar uma volta no quarteirão. Até mais — disse Anderson colocando o skate na calçada. Logo depois subiu nele e começou a andar.
— Vou pegar algumas coisas. Combinei de encontrar seu irmão depois que termina de tirar minhas coisas do caminhão… — enquanto falava isso, Igor se dirigiu a sua casa. Quando passou por mim, ele deu um tapa na minha bunda. Fiquei olhando para ele sem entender aquilo. Não tive chance de pergunta por que ele havia batido na minha bunda. Quando vi, ele já estava correndo para o caminhão.
Voltei para a varanda de casa. E fiquei mexendo no celular, sentindo o vento bater no meu rosto. Quando se passaram 20 minutos, no meu celular, Anderson subiu a varanda e jogou o skate do lado. Depois entrou no meio das minhas pernas, o abracei e assim ficamos até a fome bater em nós outra vez. Estava na hora do almoço.
Segui And até a cozinha.
— Acho que aquele tal de Igor é gay — disse ele pegando uma panela do armário. — Viu como ele nos encarou? Não tenho nada contra os gays — nunca tinha conversado com Anderson sobre esse assunto, eu estava ficando nervoso e apreensivo com o que ele diria.
— Ficaria com um gay se ele quisesse ficar com você? — perguntei olhando para outro lado, tentando não colocar muita importância nas minhas palavras.
— Não sei — foi sua resposta. Meu coração estava acelerado.
— Já ouvi a mãe conversar com o pai. Ela acha que sou gay, porque nunca fiquei com nenhuma garota. Ele ta quase tento certeza disso também.
Anderson parou a panela debaixo da torneira e se virou para mim rapidamente. — Você é? — ele indagou.
— Não sei. Quer dizer, eu não tenho muitos desejos por meninas.
— Tem desejos por rapazes? — fiz que sim com a cabeça, lentamente. — Tem desejos por mim?
— Claro que não, idiota! Você é meu irmão! — disse em voz alta.
— Irmãos também sentem desejos uns pelos outros — ele voltou a encher a panela. — Eu mesmo já senti.
Meu coração bateu na garganta e desceu rasgando tudo que encontrou pelo caminho. Eu tinha ouvido direito? Anderson, filho do meu pai, tinha mesmo dito que já sentiu desejos por mim?
— Como é? — perguntei com a voz baixa, olhando para ele com a cabeça também baixa.
Anderson não teve tempo para responder. Alguém estava batendo na porta. Levantei-me e fui ver quem era. Não era ninguém mais que Igor em pessoa. O deixei entrar, depois o levei até a cozinha.
— Aqui está aquele negócio que eu te falei — disse ele mostrando uma coisa para Anderson, que eu não vi, pois ele estava de costas para mim. Nem tinha percebi que ele estava carregando algo.
— Massa! — disse Anderson se aproximando dele. Depois pegou o objeto na mão. Era um jogo do qual eu não ligava nem um pouco. — Posso ver como é?
— Claro.
Os dois correram para o quarto. Fiquei na sala ainda digerindo o que Anderson tinha me dito. Depois de alguns minutos senti um cheiro de queimado vindo da cozinha. Corri para ver, mas não sabia muito mais do que desligar o fogo, fui chamar Anderson para ver o que era. Quando entrei no quarto, encontrei uma TV e um jogo parados e dois corpos no tapete abraçados e se beijando.
Os lábios de Anderson estavam unidos aos de Igor. Vi a cabeça do meu gêmeo se movendo lentamente e engolindo a língua do outro. Igor segurava na cintura de Anderson, seus dedos estavam apertados contra os músculos do meu irmão.
Quando me viram ambos se afastaram rapidamente. — Realmente vocês são rápidos na coisa, mal se conhecem e já estão se agarrando — disse me virando para a porta. Sai do quarto sem dizer o que aconteceu na cozinha. Ouvi passos atrás de mim, era Anderson.
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Ola pessoas, gostei muito de ver os "rostinhos" novos, na minha humilde história. Lista de pessoas importantes para essa história: juh#juh, lucasbelmot, Fã de Fairy tail, Matt_18, Vi(c)tor (pode me chamar de Yuri, eu aceito), Lost boy, CrisAC e fabi26 (Madia u-u)
Abraços para vocês.