Estando Mauro ainda um pouco chapado, Vitor nao quis passar o sermao naquele dia. Banhou e vestiu nosso amigo, ajudado por mim, e deixou -o descansando no nosso quarto.
- Amanha voce nao me escapa, ouviu? - falou, irritado - Seu moleque!
Mauro nao retrucou, olhava -o com uma expressao confusa, como se nao entendesse coisa nenhuma do que Vitor dizia. Deitou na cama, de lado, e ficou olhando para o vazio, em silencio.
A noite se arrastou, fresca e com vento litoraneo. Tony nao desceu para jantar, entao Vitor e eu preparamos qualquer coisa para nos e deitamos mais cedo. Mauro ja havia ido para junto do namorado, de modo que tivemos uma hora nossa, durante a qual nos esquecemos de tudo, amando devagar na penumbra do quarto, com o ar salino e frio chegando da janela aberta.
- Coisa mais linda esse meu namoradinho - disse Vitor logo que terminamos, me vendo passear nu pelo quarto, recolhendo nossas roupas pelo chao.
- Exagerado - ri, sem graça.
Nao achava que era isso tudo: mais baixo do que muitos, cerca de um metro e setenta, de corpo normal, magro, cabelos castanhos revoltos tapando a testa e as orelhas, olhos azuis pendendo para o cinza, sem barba, poucos pelos, vinte anos. Apenas um garoto, como tantos. E homossexual, como varios.
- Quero ficar com voce a vida inteira - disse Vitor baixinho, me abraçando na cama ainda quente.
- Eu tambem -falei sorrindo.
O sono nao vinha e devia ser mais de meia - noite. Vitor dormia profundamente, de bruços, apertando o travesseiro. Levantei com cuidado para nao acorda -lo e sai do quarto, descendo à cozinha para um copo de agua. Mas nem cheguei ate la pois parei na sala, surpreso em ver Tony sentado no chao, escorado no sofa, bebendo uisque e com a porta da sala aberta, deixando vir o fresco da noite. Ele me encarou, sorrindo e erguendo a bebida como num brinde.
- Servido? - perguntou.
- Nao. Obrigado.
Me aproximei, sentando no sofa perto dele. Ao contrario de mim, ele nao parecia constrangido e talvez ate tivesse se esquecido do beijo que trocamos. Alguns minutos de silencio depois eu o vi largando o uisque na mesa de centro e sentando -se ao meu lado, de frente pra mim, meio deitado de pernas abertas. Massageava o volume dentro do shorts, me olhando fixamente.
- Se eu nao tomar a iniciativa ficamos por isso mesmo, nao? - disse, me puxando contra si.
Foi outro beijo sofrego, agressivo, e eu nao resistia, doido de desejo, segurando por dentro do shorts seu membro duro. Coloquei para fora e me abaixei, sedento.
- Vai, Marquinhos - disse Tony em voz baixa, suspirando.
Devo ter feito muito bem, pois ele me segurava pelos cabelos, controlando o movimento, contendo os gemidos, enquanto eu me esbaldava numa fome louca, como se fosse aquele o primeiro cacete de minha vida.
- Que boca! Puta que pariu... -ele sussurrava, suado, de camisa aberta.
Podia aparecer alguem de repente, e do alto da escada a visao seria completa. Tony se levantou e me pegou pela mao, conduzindo -me ao escritorio da casa, um comodo pequeno e abafado ali ao lado. Trancou a porta, enquanto eu me livrava das roupas e deitava no sofazinho de dois lugares que havia ali. Mordi os labios, chamando -o com um olhar de devasso.
- Seu puto -ele riu, se despindo e avançando sobre mim - Esta usadinho? O cabeça de fogo fez o serviço hoje, nao?
- Nao interessa - beijei -o com gula - Fode, vai.
Doeu um pouco, pois ele era mais generoso do que Vitor, mas foi formidavel. Tony socava com vontade, sem pena, me mudando de posiçao diversas vezes, suando e resfolegando igual a um cavalo, me mordendo a nuca, falando palavrao. Eu revirava os olhos, entendendo entao porque Mauro se grudava igual chiclete àquele homem. Esporrei com furia, com fartura, sujando aquele sofazinho de couro fedido, recebendo depois o semem abundante daquele touro, daquela maravilha de homem dentro de mim.
- Sabia que voce nao iria me decepcionar - disse ele, rindo cansado, banhado em suor - Delicia de moleque.
Sorri, envaidecido. Ele limpou a sujeira no sofa com a propria camisa, nos vestimos, beijamos mais um pouco e entao subi. Tomei um banho rapido e me deitei exausto, ao lado de Vitor ainda adormecido. Nao quis olhar muito para ele e sentir remorso, assim, apos tanto prazer. Dormi satisfeito comigo mesmo.
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