Gotas de Júpiter - DECISÕES MALDITAS - 01x7

Um conto erótico de Escritor Sincero
Categoria: Homossexual
Contém 1575 palavras
Data: 01/10/2014 02:06:15

Thiago: - Porra... E agora? (olhando para todos os cantos do banheiro)

Cintia continuava o show em frente ao quarto. Vitor respirou fundo e abriu a porta. Sua ex-mulher começou a lhe bater.

Vitor: - Para... sua louca!!! (se defendendo dos tapas)

Cintia: - Porque?!! Precisa viajar tão longe para me trair. Quem é a vagabunda?! Quem??

Vitor: - Eu não tenho que te dar satisfação.

Cintia: - Temos um filho caralho. Quer que ele saiba o mostro que é você?!

Vitor: - Eu não sou um mostro. Eu faço minha parte... educo, pego nos finais de semana e ele sabe que é amado...

Cintia: - Cadê ela?! (passando rapidamente pelo Vitor)

Vitor: - Cintia não tem ninguém.

Cintia: - E essa pizza? Dois copos? (apontando para a mesa)

Vitor: - Um de suco e outro de cerveja. (pegando na cabeça) – Peraí não preciso te dar satisfação de...

Cintia: - No banheiro!!! (atravessando a sala correndo)

Vitor: - Nãoooo!!!!

Cintia não encontrou nada no banheiro, pois, eu havia pulado a janela e estava pendurado no ar condicionado. Foi a única opção. Juntei muita coragem e pulei para o próximo aparelho de ar-condicionado. Fiz isso mais três vezes até que cheguei a uma varanda. O quarto estava vazio, então aproveitei para sair pela porta.

Meu coração estava a mil. Não sabia o que pensar. Quer dizer, todos os meus pensamentos gritavam juntos. Comecei a chorar no meio da rua, chorar forte. Até que o Gustavo apareceu.

Gustavo: - Ei cara! O que aconteceu? (pegando nos ombros de Thiago)

Thiago: (enxugando as lágrimas) – Nada... bobagem.

Gustavo: - Chorar agora no meio da rua é bobagem?

Thiago: - Quando se vem de mim é... deixa pra lá.

Gustavo: - Quer um café?

Thiago: - Com bastante açúcar.

No hotel, Cintia pediu desculpas de Vitor que tentou aconselhar a ex-mulher para que algo nessa situação servisse para alguma coisa.

Vitor: - Sei que não te fiz feliz e...

Cintia: - Você fez... você fez... lembra daquela vez que fomos para Aruba? Estávamos tão apaixonados... calientes... o que aconteceu?

Vitor: - Não sei... eu te amo, mas...

Cintia: - Pensa bem. Podemos dar certo. Temos um filho, somos um tesão na cama e nos gostamos...

Vitor: - Eu não sei Cintia. Preciso de um tempo...

Cintia: - Vou amanhã de manhã. Se quiser me procurar já sabe onde... e desculpa mais uma vez pelo escândalo.

Vitor: - Estou acostumado.

Chegamos no café e uma figura nos atendeu. O nome dele era Silva. Era um homem gordinho, baixinho e cabeludo, mas totalmente do bem. Soube que ele deu oportunidade do Gustavo trabalhar lá. Ao entrar uma placa me chamou a atenção. “PROCURA-SE FUNCIONÁRIO”.

Thiago: - Vocês estão contratando gente aqui?

Gustavo: - Sim.

Thiago: - Será que posso trazer o meu currículo?

Gustavo: - Vou perguntar do Silva.

Thiago: - Ei... e sobre hoje... só queria... te agradecer.

Gustavo: - Somos amigos... e amigos são para essas coisas.

Thiago: - Sempre me achei tão diferente das outras pessoas... que acabei esquecendo da amizade. E mudar muito também não ajudou.

Gustavo: - Você está aqui agora... aproveita... se diverte... erra.

Thiago: - Muito obrigado Gustavo. Você é um ótimo amigo.

É estranho. Acho que existe mesmo essa questão de afinidade. Por exemplo, nunca ninguém me chamou tanto atenção como o Gustavo. Ele era um cara do ensino médio, 16 anos e trabalhava num café, mas suas palavras me afetam de uma forma diferente.

Thiago: - E sobre o emprego?

Gustavo: - Pera aí. (indo até Silva)

Eles conversaram por mais ou menos um minuto. Silva era um homem muito baixo e o meu amigo precisava ficar olhando para baixo todo o tempo. Depois os dois vieram até a minha direção, o chefe de Gustavo me olhou dos pés a cabeça e simplesmente deu um abraço em mim.

Thiago: - Gus...

Silva: - Tá contrato meu chapa.

Thiago: - Mas...

Gustavo: (me puxando pelo braço) – E fique feliz, pois, ele não te ergueu.

Agora eu tinha um emprego. Começaria uma nova etapa na minha vida. Um rapaz responsável. Recebo uma mensagem do Vitor.

“ESSA FOI POR POUCO. A LOUCA QUASE CONSEGUIU. DESCULPA TER QUE FAZER VOCÊ PASSAR POR ISSO. DESCULPA MESMO.”

Cheguei em casa e deitei na cama. Pensei em toda a desventura que vivi naquela tarde. E adormeci. Pela manhã estava congelado, esqueci de usar o edredon.

Thiago: - Minha nossa... que frio... que frio... (levantando e aquecendo as mãos)

Tomei banho e desci para tonar café. Era um sábado de manhã. Decidi conhecer mais a cidade. Peguei minha bicicleta e comecei a desbravar. Apesar de pequena, a cidade era bonita. Algo no estilo europeu. As pessoas também pareciam muito sorridentes. Ouvi algumas músicas conhecidas no meu MP3. Até que encontrei a Kim.

Thiago: - O que você está fazendo aqui?

Kim: - Lembra-se do Lúcio?

Thiago: - Sim

Kim: - De tempos em tempos vou até a casa de sua avó. Conversar, ver se ela precisa de algo, essas coisas. Só que a minha bicicleta quebrou...

Thiago: - Deixa eu ver (abaixando e olhando para as correntes da bicicleta)

Kim: - Acha que pode arrumar?

Thiago: - Preciso de ferramentas... a avó do Lúcio mora longe? Se quiser podemos prender a tua bicicleta e eu te levo.

Kim: - Não quero dar trabalho...

Thiago: - Deixa disso. Eu to de bobeira. (abaixado e prendendo a bicicleta de Kim ao poste)

Kim: - Obrigada.

Thiago: - Sobe aí.

Andar com a Kim é muito fácil. Ela é a pessoa mais leve que eu já levei. Chegamos ao endereço sem muitos problemas. Era uma casa bonita, mas escondida por causa do mato. A gente entrou pela lateral.

Kim: - Dona Maria? (abrindo um portãozinho) – Dona Maria... sou eu, a Kim.

Dona Maria: (na janela) – Kim minha filha. Pode entrar.

Entramos e fiquei surpreso com a decoração da casa. Muitas e muitas fotos de Lúcio. Desde bebê até com o coral. O cheio do café deixava o clima gostoso. Esperamos a dona Maria descer.

Dona Maria: - Minha filha. Tudo bem? (abraçando e beijando Kim)

Kim: - Tudo bem com a senhora?

Dona Maria: - Alguns dias sim... outros não. E quem é esse rapaz bonito? Seu namorado?

Kim: (vermelha e nervosa) – Não... não... não... amigo... amigo da escola.

Thiago: - Tudo bem? (esticando a mão)

Dona Maria: (abraçando o Thiago) – Quem é amigo da minha amiga é bem vindo ao meu humilde lar.

Thiago: - Me chamo Thiago.

Dona Maria: - Você parece muito com o meu anjo. (virando e se aproximando de uma fotografia)

Thiago: - Quem?

Kim: (sussurrando) – Do Lúcio.

Dona Maria: - Sabe. Meu neto não poderia ter tirado a própria vida. Era muito feliz para isso. (chorando)

Kim: - Calma. (pegando no ombro de Dona Maria e a levando para uma cadeira)

Dona Maria: - Ele era tão lindo... cheio de vida... como alguém assim poderia se suicidar?

Thiago: - Calma. A senhora precisa tomar um copo d’água.

Fui até a cozinha e adivinhei onde estavam os copos. No caminho vi uma fotografia do Lúcio, Kim, Bruno, Suzana e Ludmila. Eles realmente pareciam felizes. Conversamos mais um pouco e ela foi nos deixar até a saída.

Thiago: - Dona Maria. Sabe de uma coisa?

Dona Maria: - O que meu filho?

Thiago: - Acho que eu posso vir aqui nos finais de semana e ajudar com esse jardim. Ele é tão bonito.

Dona Maria: - Eu ficaria muito feliz. Eu não sou mais tão cheia de energia como antes.

Kim: - Bem. Temos que ir. Terça-feira a Ludmila vai trazer o tecido que a senhora queria. Tchau. (beijando Dona Maria)

Thiago: - Foi um grande prazer conhecer a senhora e sábado estarei aqui novamente.

A Dona Maria me passou tanta verdade em suas palavras. Ela amava o neto e não aceitou a forma como ele morreu. Durante o trajeto de volta para a casa conversei com Kim a respeito do assunto. Perguntei se a policia havia investigado o caso e ela disse que para eles as evidencias falavam por todos.

Suzana e Ludmila decidiram se encontrar naquela tarde e recordaram os tempos de infância.

Suzana: - Crescemos e seguimos caminhos tão diferentes.

Ludmila: - Verdade. Você se tornou uma pessoa venenosa e arrogante.

Suzana: - Você uma sem sal e baranga. (rindo junto com Ludmila)

Ludmila: - Hoje a Kim foi até a casa da avó do Lúcio e levou o Thiago.

Suzana: - Semana passada estive lá. Tantas lembranças naquela casa. Aperta o meu coração.

Ludmila: - Verdade. Ontem eu vi um vídeo nosso. Lembra do concurso de corais?

Suzana: - Putz. O Lúcio fez a gente usar aquela roupa verde ridícula.

Ludmila: - Lembra o que ele disse?

Suzana: (fecha os olhos e levanta a mão) – Não é a roupa que te define, mas sim o que você faz com ela.

Ludmila: - Até hoje não entendi direito.

Suzana: - Nem eu.

Estava deitado no meu quarto quando meu celular toca. É o Vitor.

Thiago: - Nossa amor que bom ouvir tua voz. Que susto hein?

Vitor: - Thiago. A gente... quer dizer... precisamos... sabe como é difícil e...

Thiago: - Como assim? Não to entendendo?

Vitor: - Decidi. Decidi dar mais uma oportunidade para a Cintia e...

Thiago: (com a voz embargada) – Dar mais uma chance... e eu? Como eu fico nessa história?!

Vitor: - Você é jovem... a gente viveu muita coisa bonita junto, mas ela é a mãe dos meus filhos e.... (ligação desligada)

Não consegui ouvir o resto, desliguei o telefone. Não atendi também as quatro ligações, nem as outras 38. Joguei o celular no chão. Chorei copiosamente a noite toda, não consegui dormir. O Vitor foi o primeiro homem da minha vida, ele me disse e prometeu coisas que eu sonhava todos os dias. Acabou. Da pior forma possível, o pior de tudo é não ter ninguém para compartilhar. O que eu vou fazer?!

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