Cap.16
Voltei pra Macapá com o coração parcialmente partido. Doía no fundo do meu peito ter que deixar ele daquele jeito, mas era por uma boa causa. E o que mais me doía era saber que seria difícil tomar uma decisão, ficar com apenas um acabaria comigo. Eu tinha certeza de apenas uma coisa, eu gosto dos dois !
NARRADO POR MARCOS
AGORA ESTOU SOFRENDO-CALCINHA PRETA
Não há amor para mim não
Você estava mentindo
Diga logo que não me amou, que não gostou de mim
Não sente amor por mim
Quais as armas que encontra
Pra fazer seus encantos
Derramar seu amor em mim
Mas não gostou de mim, não sente amor
Me fere, me risca de amor, me foge, não me alimenta
Não sabe que já me conquistou
Agora estou sofrendo
Me fere, me risca de amor, me foge, não me alimenta
Não sabe que já me conquistou
Agora estou sofrendo
Sim, eu estava sofrendo. Sofrendo por ficar longe do meu amor, não poder dormir abraçado a ele ou rir e ouvir sua voz, dizer que gostava dele. Eu estava triste.
- Não fica assim cara, o tempo está passando rápido, logo a gente vai poder sair daqui- era meu amigo, André que falava. Ele era um bom amigo, o único a quem eu tinha revelado esse segredo, e além disso, era meu colega de quarto. Ele era alto, bem alto, comparado a mim, que sou baixinho, tinha quase uns 2 metros eu acho, moreno, tinha um cabelo preto meio ondulado, e o corpo trincado. No dia que eu vi ele pela primeira vez, me assustei. Ele estava cheio de marcas e cortes, mas hoje já está melhor. Sofreu muito. Assim como eu, descobriu esse mal através de amigos. Não conseguiu mais largar, sua família o abandonou, ele foi morar na rua, roubou pra ter dinheiro pra cheirar. E assim como eu, tinha apenas uma pessoa lá fora que o sustentava e não o deixava desabar e desistir da vida. Lucas era a minha razão, Karen a dele.
- Espero que passe mesmo, eu tô morrendo de saudade de lá de fora, e principalmente, dele.
DIAS DEPOIS
Era mais um dia qualquer dentro do nosso centro. Mas no dia seguinte, aconteceria uma coisa que já estávamos esperando a um bom tempo. O festival do amor e da amizade. Nós mesmos, os pacientes, faríamos apresentações, e diversas comidas, e as pessoas de fora poderiam vir e acompanhar. Tinha chamado Lucas e ele havia prometido que viria. Superando toda a minha timidez e o meu medo, cantaria uma música na frente de todos, no violão, para ele. Espero que ele goste.
NARRADO POR LUCAS
Estava hiper ansioso pra ver o festival que o Marcos iria participar. Ele havia me convidado com tanta felicidade, e disse que faria uma coisa incrível no festival. Não sabia o que era, mas eu iria estar presente, por ele.
NO DIA SEGUINTE
Me arrumei perfeitamente. Vesti uma camisa azul, de mangas longas, ligeiramente apertada, mas que ficava perfeita no meu corpo, uma calça jeans preta, e um tênis preto. Havia decidido levar um presente pra ele, um livro que eu havia adorado, romance, e dentro dele tinha um cartão, que eu havia escrito com o maior carinho do mundo.
" Pra um dos garotos mais perfeitos do mundo, que está dentro do meu coração. Lucas"
TEMPO DEPOIS
Logo havia chegado novamente naquele lugar, que estava com mais gente ainda, pois não eram só parentes dos internos, mas muitas outras pessoas que tinham vindo ver. Entrei lentamente, e logo de cara vi as barracas. Tudo estava muito bem decorado e perfeito. Estava lindo. Aqueles que iriam se apresentar estavam se preparando.
- Diretora- ela sorriu ao me ver, já me conhecia.
- Lucas, que bom que você veio.
- Estava ansioso pra vir, e está tudo muito lindo. Eu poderia falar com o Marcos, só um pouquinho ?- ela sorriu.
- Tudo bem, pega esse corredor a direita, é lá na última sala- sorri.
- Obrigado- fui andando lentamente, como queria vê-lo, meu coração estava acelerado, acho que eu tremia, estava morrendo de saudades deles. Bati na porta, e logo ela abriu. Era ele- oi- ele sorriu.
- Eu nem acredito que você veio- falou, me abraçando fortemente, retribui o abraço.
- Eu nunca quebro uma promessa- falei, minha voz estava embargada.
- Estou morrendo de saudades- sorri.
- Você sempre fala isso- agora ele riu.
- Só vai passar quando eu sair daqui.
- Tô louco pra te ver lá no palco.
- Vou fazer a abertura- ri.
- Você não vai dizer mesmo o que vai fazer ?
- Não.
TEMPO DEPOIS
Depois de ter experimentado algumas guloseimas, muito gostosas por sinal, lá estava eu, na primeira fila, esperando ele se apresentar. Ainda não sabia o que ele iria fazer, mas estava ansioso. Logo as luzes diminuíram. Vi a diretora no palco.
- Boa noite a todos. Iniciamos agora a nossa sequência de apresentações. Todas elas foram planejadas pelos nossos internos. Esperamos que gostem. Pra começar, vem aí, ele e seu violão, Marcos Davi- todos bateram palmas e eu fiquei ainda mais nervoso. Acho que eu estava ainda mais nervoso que ele. Logo ele apareceu, estava lindo. Usava uma camisa verde, uma calça branca e um tênis, além dos óculos que sempre usava. Olhou pra mim, sorriu. Se aproximou do microfone e começou.
- Bem, eu gostaria de dedicar essa música a uma pessoa, talvez a mais importante da minha vida hoje.
APENAS UMA CANÇÃO DE AMOR-ROSA DE SARON
Enquanto a chuva molha o meu rosto
Ela esconde a minha lágrima
Que insiste em encontrar o chão
Enquanto o frio toma o meu corpo
Eu aprendi sem a gramática
Que saudade não tem tradução
Eu preciso tanto de Você
O seu amor é o que me faz crescer
E conhece como a própria mão
Cada medo do meu coração
Hoje pensei tanto em nós dois
Que não podia deixar pra depois
E eu vim aqui só pra dizer
Que eu sou louco por Você
Enquanto a chuva molha o meu rosto
Ela esconde a minha lágrima
Que insiste em encontrar o chão
Enquanto o frio toma o meu corpo
Eu aprendi sem a gramática
Que saudade não tem tradução
Eu preciso tanto de Você
O seu amor é o que me faz crescer
E conhece como a própria mão
Cada medo do meu coração
Hoje pensei tanto em nós dois
Que não podia deixar pra depois
E eu vim aqui só pra dizer
Que eu sou louco por Você
Continua
Gostaram ?????