Muitas vezes eu brigava com Bruno. Ele tinha uns assuntos tolos, umas manias bizarras que chamava de "fetiches".
-Deixa eu mijar em cima de voce?_ ele perguntou um dia ,enquanto transavamos.
-Claro que nao, seu nojento!
- Engraçadi que o nojento aqui faz voce gozar duas vezes por noite, nao?
Ele me irritava na maior parte do tempo, mesmo sendo bom de cama. Era grande contador de vantagens sobre tudo: esportes, carros, conquistas sexuais, dinheiro. Em tudo se achava o melhor, o imbativel, e eu o ouvia num tedio mortal, enjoado daquele cheiro de cigarro, contando os minutos para ele ir embora logo.
Transei com Samuel mais duas vezes no banheiro desativado da faculdade, e num dia com um colega dele de outro curso que soube de mim. Um loiro alto com uma tatuagem de dragão chinês nas costas, bem vestido, mas fedendo a maconha. Eta bruto, chegou a me machucar, e me deixou com o couro cabeludo todo dolorido, de tanto que puxou meus cabelos enquanto fodia. E ainda gozou em minha boca uma quantidade grande de esporro grosso, forte.
Alex quase nao falava comigo, apenas o essencial na frente dos outros. Parecia bem magoado, embora às vezes ficasse me olhando com aqueles olhos compridos, como um cachorrinho na chuva. No começo me deu pena dele, mas depois passei a achar divertido.
Na faculdade, costumavamos chamar os alunos bolsistas de "mortadelas", devido à sua posiçao social inferior. Era, claro, um apelido preconceituoso, mas engraçado, e passei a me referir ao "amigo" de Vitor daquela forma.
Soube que se chamava Rafael, ou Rafa, contudo eu sempre pensava nele como o "mortadela", imaginando ele e Vitor juntos, se beijando, transando. Me dava raiva, nao por ainda gostar do Vitor, é claro, mas por ver nessa conquista dele um tipo de insulto a mim, como se com aquilo ele procurasse me atingir diretamente, atingir meu ego, minha vaidade.
- Tudo bem com você?_ abordei meu ex certo dia, no pátio da universidade.
Ele ficou muito pálido me olhando, confuso, abalado. Percebi o "mortadela" me fitando com hostilidade, decerto conhecedor de minha historia com o ruivo.
- Claro_ respondeu Vitor, altivo de repente _Vou muito bem. Estou feliz, Marcos.
- Que bom. Eu tambem_ respondi, sem deixar de olha-lo _E Mauro?
- Nao sei de Mauro, ainda.
Rafa me encara fixamente.
- O que foi ,moleque?_ perguntei, irritado.
-Você! Veio aqui para tirar sarro da cara dele, nao é?_ disse, insolente_ Nao basta tudo o que fez?
- Acho bom voce calar a sua boca _falei com raiva_ Nao sabe de nada e fica aí querendo se meter. Fica calado, garoto!
- Cala a boca voce, seu prostituto, drogado de merda!_ exclamou o Rafa me empurrando.
Nao pensei mais nada e quando vi já golpeava a cara do "mortadela" com um soco que o tonteou, mas sem derrubar. Vitor me segurou, enfurecido.
- Saia daqui, Marcos!Cadê sua turma, hein? Vai lá com eles!
- Esse favelado imbecil me provocou!_ gritei, espumando de ódio_ Eu pego você, moleque!
- Nao tenho medo de voce! Vem! Pode vir!_ disse ele, me desafiando.
- Cai fora daqui, Marcos!_ Vitor praticamente me empurrou dali.
Muita gente viu a confusao, porem nao me importei, sai de lá pisando duro, fervendo de raiva daquele garoto. Lamentei que ele nao tivesse de óculos no momento em que o soquei, queria causar esse prejuizo ao seu bolso de pobre.
Mais tarde, Bruno me encontrou enfurecido em casa, atiçado para a briga como um gali preso. Abordei-o com a pergunta à queima-roupa:
- Escute, voce bateria em alguem pra mim?
- Mas em quem?_ perguntou ele, surpreso.
- Num moleque que me insultou hoje lá na faculdade. Quero deixar a cara dele quebrada, Bruno. Voce faz isso por mim?
- Bem, nao será dificil_ ele pareceu concordar_ E quando voce quer?
- Amanhã. Venha me buscar na faculdade e entao voce faz o serviço, certo?
Talvez eu me arrependesse daquilo, mas no momento queria aquela desforra. Arrependimento poderia vir, e que viesse, desde que o "mortadela" tambem se arrependesse de me provocar e ofender.
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Obrigada, gente! Gosto quando comentam, tá?
Ate o proximo! :D