O relógio apontava 13:43 quando eu fechava o portão de casa. Arrastava o corpo rua a fora como quem está indo para uma sessão de tortura. Definitivamente aquilo não seria meu programa preferido da semana. 2min depois eu havia chegado. Meus passos ecoavam pelo corredor pouco iluminado, e logo eu estava no salão principal. Peguei uma mesa, duas cadeiras. A mesa estava empoeirada e com a mão mesmo eu limpei. Conferi o material, chequei a hora, faltavam 10min para o horário combinado. Sentei lá fora para esperar e fazer minhas lamentações internas. Até que ouço as correntes tilintarem ni portão. Pronto, ela havia chegado e eu não tinha escapatória. Ela vestia uma bermuda jeans azul, um top lilás, uma blusa folgada preta que tinha os lados abertos e calçava havaianas. O cabelo estava preso num rabo de cavalo. Não tinha má aparência, mas eu simplesmente não suportava dividia o mesmo ambiente que ela. Ela se aproximou e eu levantei dando um riso forçado.
Eu: Oi. E aí, tudo bem?
Ela: Tudo.
Logo o silêncio voltou a reinar. Falei que a mesa estava no salão principal e seguimos. Eu puxei minha cadeira e ela sentou-se na minha frente. Lhe dei uma bíblia, um livro de estudos e falei:
Eu: Bom, aqui está seu material. Nós vamos nos reunir as quartas nesse mesmo horário, mas se você quiser mudar... Sem problemas. E se tiver alguma dúvida, pode perguntar. Foi quando ela disse:
Ela: Por que vocês não me deixam fazer sexo com meu namorado?Eu não acreditava que ela estava me perguntando aquilo. Desde os 10 anos de idade eu fazia parte de uma igreja evangélica tradicional que abriu próximo a minha casa. Sempre tive uma sexualidade confusa e precoce e não foram poucas as vezes que eu me trancava com os meninos no banheiro para dar uns amassos. As vezes também me pegava contemplando uma ou outra professora da escola. Mas sobre isso eu nada comentava com ninguém. Eu havia terminado um namoro fazia 11 meses. Eu amava o carinha, mas não era recíproco. Nesse período meus hormônios estavam controlados e eu não ficava mais com ninguém. Tentava levar uma vida certinha e regrada. Pensava muito que desse jeito eu seria feliz. Mas sempre faltava algo. Apesar da minha ligação intensa com Deus, faltava alguém que completasse um lado que até então eu não sabia muita coisa. Queria um amor como dos filmes. Sim, mesmo com 18 anos feitos dias antes do evento que narro acima, eu era muito boba e imatura. Vivia no mundo como um bebê preso numa adorna de vidro. Meus maiores pecados eram uma desobediência ou uma murmuração sobre algo que eu não concordava. Em meio a tudo isso eu despertei do meu devaneio com ela falando:
Ela: ... e eu só estou aqui porque ele me obrigou a fazer isso.
Eu estava sem chão e sem saber o que dizer. Mas retomando meu fôlego falei:
Eu: Olha, nós pensamos que o sexo antes.do casamento pode ser prejudicial para o casal, pois por mais que você namore, os namoros não dão garantia nenhuma que terminarão em casamento. Então você pode se envolver com ele, e acabar. E o correto é que os noivos cheguem puros no casamento. É uma garantia que você vai ser só dele e ele só seu.
Ela olhava com cara de desprezo. E eu ainda estava assustada. O resto da tarde seguiu mais tranqüila, ela não falou mais sobre o assunto e quando encerramos lhe dei meu número e falei que se ela precisasse de algo poderia me ligar. Ela agradeceu e se foi. Eu cai direto num banco com a certeza que os próximos 3 meses não seriam nada fáceis.
Esse é meu primeiro conto de vários que pretendo escrever. É verídico e decidi contar minha história pra tentar ajudar alguém que vive ou viveu algo parecido e ainda não superou. Nesse período eu tinha 18 anos, hoje tenho 23. Minha noiva tá se roendo porque vou falar se muita gente que ela não gostaria, rs.. Mas faz parte e não posso ser infiel a minha história. Vida, amoooo você.
Dedico a Lara Mallone, a Thamires (Bê da Letty), a Jaiy e a Ma.lu. Sempre acompanhei os contos de vocês e foram inspiração para que eu começasse a escrever. Espero conquistar leitoras também, rs...