O amor vai nos separar XVI

Um conto erótico de Irish
Categoria: Homossexual
Contém 1045 palavras
Data: 30/10/2014 17:07:08

Na segunda-feira eu mal tinha chegado à faculdade quando Vitor veio raivoso, me abordando ainda na entrada, como se me esperasse.

- Voce mandou aquele gorila bater no Rafa, nao foi?_ esbravejou na minha cara.

- Nao sei do que voce esta falando_ tentei me esquivar, porem ele segurou meu braço com força.

- Foi sim! Vi voce no carro com aquele cara!

- Ficou louco, Vitor? Me larga, caramba!_ dei um empurrao nele.

- Ele esta com o maxilar quebrado, sabia?_ falou ele, vermelho de raiva, me encarando_ Vai ficar afastado do curso e perderá dias no trabalho. Ele ajudava no sustento dos irmaos pequenos, Marcos.

Aquilo me atingiu igual à um soco no estomago, e eu devo ter empalidecido, mas me mantive firme.

- Sinto muito. Mas nao fui eu, Vitor...

- Voce nao presta!_ gritou ele, me empurrando, quase me derrubando _ Tenho nojo de um dia ter te amado.

Saiu furioso, me deixando ali parado, constrangido e perplexo, ouvindo os risinhos das pessoas em volta de nós que ouviram a briga e faziam uma cara debochada nos fitando. Passei por eles simulando frieza e pouco caso, mas durante o resto da aula aquele assunto nao me saiu da cabeça e custei a dormir à noite.

Nossa vida seguia, boa, satisfatoria, com obrigaçoes diarias e prazeres indispensaveis. Em meados de outubro, passamos um final de semana em Ilhabela, na casa do pai de Tony, e foi incrivel rever o balneario naqueles dias quentes e pegajosos que atravessavamos.

Fomos só nós quatro, com a casa apenas para a gente. Andamos de lancha, nadamos, comemos e bebemos muito. Tony tinha trazido bastante cocaína, de modo que começamos a cheirar ao cair da noite e seguimos madrugada adentro naquela loucura, naquela gigantesca sede da euforia química.

Creio que para competir com ele, Bruno tambem trouxe um punhado da droga, o que era raro, já que Tony era quem bancava aquele caro prazer de final de semana para todos nós. Levou tambem maconha, mas nao gostei do cigarro e me recusei a fumar, seguido por Alex. Os outros embarcaram sem hesitar, falando que era "um barato".

Bruno era tão ridiculo! Estava com cada vez mais raiva do Tony por este quase nunca dar uma brecha para transarmos. Foram raras vezes desde que o Tony voltou da Argentina, e ainda era coisa rápida, e só ele gozava. Era chato. Ele era chato. Invejou o Jaguar que Tony comprou recentemente, e por isso andava falando em comprar um igual, claro que só para rivalizar com o outro. Mas até agora, estava apenas na promessa.

- Qual é seu maior sonho?_ brincamos uma noite, meio bebados, enquanto uma chuva grossa de primavera banhava Ilhabela lá fora.

- Cinquenta putos por noite, para mim, durante um mês_ respondeu o Tony, dando uma gargalhada.

- Quero ver você dar conta de todos_ falou Bruno com um risinho ironico.

- Aposto seu saco que dou conta de cem, Bruninho_ disse Tony, encarando-o, e vi brilhar uma fagulha de ódio no olhar que trocaram.

O sonho do Zeca era viver em Las Vegas, sem estudo ou trabalho, sem pais, com muita bebida, droga, jogos, putas e putos. Um paraiso, segundo a visao dele. Bruno queria ser campeao mundial de boxe, uma utopia babaca dele, é claro. O Alex hesitou para responder, mas como estava um pouco bebado, acabou confessando:

- Sonho em ter quem eu amo só pra mim, me amando como espero e imagino.

Todos riram dele, chamando-o de "pateta apaixonado", querendo saber quem era o cara por quem ele estava de quatro. Ele teimou e nao respondeu, e eu o fitava com aquele nojo, com aquele.desprezo desde que soube que ele me via como mais do que um amigo.

- E seu sonho, Marquinhos?_ Alex perguntou, desconversando.

Refleti por um momento. Qual sonho? Trabalhava e estudava, claro, mas para quê? Era tudo tao mecânico, e eu nao aspirava a nada, nao era como antes em que, na casa de meus pais, sonhava com independencia financeira. Esse ideal parecia tao inutil agora, eu olhava para o amanhã e via o corpo nu de Tony me fodendo, os copos de uisque, as musicas da boate, as carreiras de cocaína. Mas o amanhã acabava ali, e nao havia depois de amanhã, nao parecia haver. Nao sentia necessidade de pensar nisso.

- Sonho em ter vinte anos para sempre. E que nossos momentos, nossa alegria, durem para sempre!_ falei como numa comemoraçao, e eles assobiaram e bateram palmas, efusivos.

A tarde de domingo, apesar de bonita e quente, nao terminou bem. Bebiamos cerveja na sala, vendo televisao, quando começamos a ouvir uns estrondos vindos do andar superior. O Alex veio todo assustado de lá, onde tirava um cochilo, e gritou que o Zeca estava quebrando o quarto inteiro. Tony e Bruno subiram correndo a escada.

O desgraçado do Zeca tinha cheirado o dia todo. Nadavamos no mar e ele ficava no quarto, cheirando. Almoçavamos enquanto ele nao descia, cheirando, acabando com a droga que Tony trouxera. O resultado só poderia ser aquele que vi, quando lá cheguei, que era o Zeca transbordando de suor, vermelho, só de calçao, fazendo o quarto de visitas em pedaços enquanto urrava, enlouquecido.

Os rapazes tiveram trabalho para conte-lo, já que ele era forte, e a droga deixava-o com uma força fisica redobrada. Acabaram por amarra-lo numa cadeira, usando um cinto e o fio do abajur que eu vi ele quebrando contra a parede. Depois Alex voltou com um pedaço de corda que encontrou na garagem e puderam entao prende-lo melhor.

- Que filho da puta!_ disse Tony, exausto_ Porque fica cheirando o dia inteiro, seu burro? Quer morrer?

Zeca nem nos olhava, tentava se soltar, agitado, resmungando consigo feito um esquizofrenico.

- E agora?_ perguntei, assustado com aquilo tudo.

- Tem que esperar o efeito passar_ falou Bruno, olhando a bagunça do quarto_ Que merda!

Apenas no comecinho da noite Zeca foi se acalmar, ficando num estado de quase adormecimento, sem falar nada, olhando o vazio. Os rapazes deram banho nele e afinal partimos, chegando à capital bem tarde da noite, num silencio estranho entre nós, quase como uma nuvem escura que toldava parte de nossa permanente alegria.

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Obrigada a todos, como sempre!

Que legal que estao gostando dese conto estranho :)

Ate a proxima, amores!*_*

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Comentários

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Kkkkk Gente eu desejei para o personagem da ultima vez, até por que ele ta pedindo isso tendo relações sem caminha e com vários outros caras, poxa...

o Marcos merece tudo de ruim..

1000000 ta perfeito como sempre Irish

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Poxa, fiquei com pena do Rafa... Ainda to curioso onde tanta "festa" vai acabar, to viciado na historia. ate amanha sua linda :*****

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Oi Irish mais uma vez parabéns!! Que agonia eu to lendo como a estória como se eu fosse o próprio Marcos, estou me pondo no lugar dele. Óbvio que eu não sou nem um pouco parecido com ele, mas você escreve tão bem que eu me sinto presente ali vendo tudo que está acontecendo pelos olhos do Marcos, medo rsrsrs

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Hum, esse sonho do Marcos é o sonho da maioria das pessoas, mas sabemos que isso é impossível, continua.

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Planejei que esse conto nao durasse muito, lembram? Mas ainda falta tanto a acontecer que certamente ele sera longo como o outro. Gente, concordo com o Quin, nao desejem Aids a ninguem. Eh uma doença muito triste, com um estigma ainda hoje terrivel.

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