Cap.3
Fomos obrigados a esperar completar 16 anos, para então ser considerado maior de idade pela lei, que havia sido mudada a pouco tempo, e poder nos casar. Durante esse tempo, planejamos muitas coisas.
- Onde viveremos ?- perguntava pra ele, numa praça. Ele estava deitado, eu acariciava seus cabelos. Até então não havia descrito Cadu. Ele não havia mudado muito desde a infância. Apenas estava mais encorpado. Continuava loiro, de cabelos lisos, olhos verdes, bem branquinho, alto. Não tinha como negar. Meu amigo e noivo era lindo !
- A gente pode comprar um apartamento, e decorar ele com a nossa cara, já pensou- sorri
- 2 adolescentes no mesmo lugar não vai dar certo- ele sorriu também.
- É verdade- ficou olhando pra mim por alguns segundos- e quando for pra beijar ?
- Como assim ?
- Quando o juiz disser " Eu os declaro casados. Podem se beijar " como vai ser ?
- Ainda não tinha pensado nisso. A gente pode dar um beijo no rosto, ou um selinho, não tem problema nenhum.
- A gente vai dormir em quartos separados ?
- Talvez. Você ronca muito- ele fechou o rosto, emburrecido.
- Ronco nada, você é que fica falando enquanto dorme. Acha que eu não ouço você falar quando dorme-sorriamos. Estava começando a achar uma boa ideia esse casamento. Ia ser muito divertido viver com Cadu. Quem sabe não rolasse alguma coisa depois. Uma amizade íntima, por exemplo kkkkk. Mas já eramos amigos íntimos. Conhecíamos as intimidades um do outro, literalmente.
TEMPO DEPOIS
- Mãe, eu estou horroroso com esse terno- dizia eu, vendo a costureira ajustar com o alfinete.
- Ficou nada, você tá bonitinho. Só não pode deixar o Cadu te ver assim antes do casamento- revirei os olhos.
- Ai que besteira mãe. Nem somos amantes de verdade, não se esqueça que se trata de um casamento arranjado- ela abaixou a cabeça, como se sentisse culpada.
- Me desculpe estar te fazendo passar por filho, eu não queria te obrigar a se casar, mas não tive escolha- sorri
- Tudo bem mãe. Primeiro eu aceitei me casar. Segundo, não acho que vai ser de todo ruim. Só não precisava ter feito uma festa tão ostensiva. Só faltou convidar o presidente pra vir nos ver.
- Ué, mas convidamos- fiquei com cara de tacho- mas ele não aceitou. Quem vem é o vice- eu estava perdido.
- Só faltava agora ser televisionado- ela sorriu.
- Vai ser. Filho, você está se casando com o filho do dono das Batista, o herdeiro, filho do segundo homem mais respeitado do mundo. Os holofotes estão apontados pra você- fechei a cara.
- Eu preferia mil vezes um casamento comum. Só com a família. Mania essa do Marco de querer mostrar pro mundo isso. Ai Dayse, cuidado com esse alfinete- sim. Me casaria forçadamente, pra mais de 150 países, é mole ?
TEMPO DEPOIS
Estávamos procurando apartamentos. Havíamos visto vários, mas nos encantamos com um lindo, com ótima vista, amplo e arejado.
- É esse- falei, olhando pra ele
- É lindo né. Imagino uma TV ali- falou, apontando pra um canto.
- Não, fica melhor ali- ele olhou os dois lados, e concordou.
- É verdade. Então a gente põe um papel de parede branco ?
- Humrum. Branco, com alguns desenhos, vai ficar lindo- ele se aproximou e ficou do meu lado, encarando aquele lugar que seria nossa nova morada.
DIAS DEPOIS
Lá estava eu, sendo maquiado. Sim, estava nervoso, afinal era o meu casamento, mesmo que obrigado.
- Filho, não vai chorar- dizia minha mãe, vendo a mulher passar pó no meu rosto.
- Pode ter certeza que não mãe.
- O outro noivo chegou- uma mulher apareceu, gritando de uma vez.
- Já tenho que ir ?
- Sim. Agora é ele que vem pra cá, ficar bonito pra você.
- Bonito ele já é mãe - porque falei isso ? . Enfim, desci as escadas pelo outro lado, por insistência da minha mãe. Estava cheio de gente e câmeras. Eu quase não enxergava de tantos flashs. Cumprimentei quem veio me cumprimentar, e fiquei esperando ele chegar. Minhas mãos suavam frio. Nunca tinha sido o centro das atenções assim. Estava nervoso
TEMPO DEPOIS
Logo aquelas trombetas infernais tocaram, e vi ele bem no início do local. Uau, nunca tinha visto Cadu tão bonito. Usava um terno um pouco diferente do meu, um outro negocio azul em cima. Ele estava realmente lindo. Veio andando lentamente, na companhia dos pais. Subiu no palco. Percebi que ele estava bem vermelho. Eu também devia estar. Segurou minhas mãos, e ficamos, um olhando pro outro, ouvindo o juiz. Ele mexeu os lábios, pude entender.
- Quase morro ao ver tanta gente- sorri
- Eu também- logo o juiz começou.
- Estamos todos hoje aqui reunidos, para celebrar o casamento entre Carlos Eduardo Batista e Gabriel Martínez, que decidiram selar seu amor oficialmente, através do casamento civil...- a conversa que se seguiu pode ser descartada- agora é hora de colocar as alianças- ele pegou uma das alianças que estava ali ao lado, e sorriu- repita o que direi- Eu, dou a você, esta aliança, como símbolo do meu amor e da minha fidelidade.
- Eu, Carlos Batista, dou a você, Gabriel Martinez, ela aliança, como prova do meu amor e da minha fidelidade- ele colocou lentamente e beijou minha mão. Que momento cute. Peguei a aliança que restou, e falei.
- Eu, Gabriel Martinez, dou a você, Carlos Eduardo Batista, esta aliança, como prova do meu amor e da minha fidelidade- coloquei lentamente e beijei a mão dele. Ele sorriu. Olhei para as pessoas, todas sorrindo. Queria ver se elas soubessem que era tudo teatro.
- Eu os declaro, casados. Podem beijar-se- olhei pra ele, e me aproximei. Não demorou muito pra seus lábios encostarem ao meus. Rápido, mas significativo.
Continua
Gostaram ????