Estela recebeu um telefonema logo cedo da sua amiga Fernanda, convidando-a para ir visitar a creche comunitária que ela gerenciava em um dos morros da cidade. As duas foram colegas de faculdade e, após a formatura, seguiram caminhos diferentes. Fernanda se envolveu em trabalhos com comunidades pobres e acabou conseguindo um convênio federal para abrir sua creche. Já Estela continuou estudando para pós-graduação e colocou sua carreira em estado de espera em virtude do noivado com David. Fernanda não disse exatamente o motivo do convite, mas acertaram para aquela tarde. Após o almoço, Estela partiu para seu compromisso, tomando dois ônibus, pois a distância era grande. Chegando lá, ficou encantada com o local: era uma pequena casa que abrigava cerca de dez crianças de dois a cinco anos. Fernanda dirigia o lugar com a ajuda de mais duas funcionárias da comunidade. As amigas se abraçaram na entrada e Fernanda levou Estela para conhecer sua casa. Muitos brinquedos, bagunça e silêncio, as crianças dormiam no momento. Ao entrar no escritório de Fernanda, Estela viu um lindo bebezinho de uns quatro meses sentado numa cadeirinha. Foi até ele, o pegou no colo e o encheu de beijos.
- Que fofurinha é essa? Não me diga que você teve filho e não me contou.
- Não, ele é daqui da comunidade. Na verdade, ele é filho do chefe aqui do morro.
- Chefe? Como assim?
- Chefe do tráfico. Se bem que ele prefere ser chamado de prefeito da comunidade. Poderia ser líder, mas prefeito dá uma dimensão maior. E, na prática, é o que ele é. Toma as decisões, bota ordem no pedaço, cuida da segurança e ajuda as pessoas. Faz coisas que o poder público não faz. Então, ele é super respeitado pela maioria e também temido. Quando o bebê nasceu, ele pediu para colocar aqui e pedido dele não se nega. Além disso, ele me ajuda também com recursos, equipamentos, proteção.
- Caramba, então você é refém dele? Achei que a creche fosse mantida pelo Governo. E que história de proteção é essa?
- E é. Agora, funcionar nessa comunidade sem o apoio do chefe é impossível. Uma palavra dele e todas as crianças vão embora. A proteção é coisa que a polícia não faz, já que mal sobe aqui no morro. Se não fosse ele, nós seríamos roubados toda semana e ameaçados por grupos rivais. Como eles sabem que nós estamos sob a proteção dele, não nos incomodam. Não se trata de ser refém, é uma troca. Eu cuido do bebê dele, especialmente depois que a mãe foi embora, e ele cuida de mim e da casa.
- Como assim, a mãe foi embora? Como é que uma mãe pode abandonar uma delicinha dessas?
- Na verdade, ela não o abandonou. Ele descobriu que ela tava dando para um delegado e passando informações da organização dele. Traição é uma coisa que eles aqui não perdoam. Então, ele deu uma escolha: ou ela ia embora e não voltava mais ou morria. Adivinha o que ela escolheu - Estela estava horrorizada com aquela história. Nisso, batem na porta, era uma das funcionárias, dizendo que Fernanda tinha uma visita na casa dela. Sua casa era conjugada com a creche. Então, ela pediu licença a Estela e saiu do escritório, deixando a amiga brincando com o bebê. Estela era apaixonada por criança, especialmente bebês. Seu grande sonho era ser mãe. Aquele, então, era lindo, branquinho, fofinho, cheiroso e tinha um sorrisinho muito sapeca. Estela o enchia de beijos e carinhos na barriga, pescoço, provocando muitas risadas. Uns vinte minutos depois, ela saiu da sala com o bebê e foi passear pela creche. As crianças estavam acordando e ela foi passando pelos cômodos até chegar na casa de Fernanda. Entrou pela cozinha e, na porta da sala, ouviu uns gemidos estranhos. Pôs a cabeça na porta e viu a amiga sentada na mesa abraçando pelo pescoço um homem em pé entre as pernas delas, que a comia com força e a beijava com volúpia. O homem não era dos mais bonitos, mas levava Fernanda a loucura, que entrelaçava as pernas na cintura dele, jogava a cabeça pra trás e não parava de gemer até que gozaram. O homem tirou seu pau de dentro de Fernanda, ainda pingando esperma, e Estela ficou boquiaberta do tamanho daquela rola. Fernanda desceu da mesa, ajoelhou-se e chupou o cacete do homem, sugando o restinho de porra e passando a língua pelos lábios, saboreando. Estela voltou para a creche, com a calcinha úmida e o corpo tremendo de tesão. Já no escritório outra vez, sentou-se no sofá com o bebê no colo. Alguns minutos depois, Fernanda entra.
- Oi, desculpe ter te abandonado. Fui resolver um assunto urgente.
- Sei, um assunto moreno, de 1,80m e um tronco de árvore no meio das pernas, né? - disse Estela com tom irônico e rindo da cara de vergonha de Fernanda.
- Você nos viu?
- Vi sim. Fui dar uma volta pela creche, entrei na tua casa e ouvi teus gemidos. Quem é o garotão? Como você aguenta aquilo tudo dentro de você, menina?
- É o irmão do chefão que te falei, tio dessa coisinha gostosa no teu colo.
- Você tá namorando um traficante, Nanda?
- Estela, cuidado com as coisas que você diz. Não fala essa palavra aqui com esse tom de desprezo, menina. Além disso, os irmãos não são o tipo de traficante que você pensa, drogados e tudo mais. Eles são ótimos rapazes, inteligentes, sensíveis e mais: o Leo, meu namorado, tem uma pegada, garota, que você não imagina. Diferente dos rapazes da faculdade, todos muito limpinhos, educados, hesitando em como chegar na gente. Aqui não tem essa de romantismo, cineminha, flores. Eles têm uma aura diferente, um cheiro que eles exalam, cheiro de caçador. Eles hipnotizam a gente com o olhar e a pegada firme, sem medo, faz o resto. Quando a gente percebe, está nos braços deles e, depois, na cama, tendo orgasmos destruidores. E vicia, não consigo mais ficar sem ele, sem aquele pau maravilhoso dentro de mim -. O relato só fez aumentar o tesão de Estela, pois lembrava de como seu noivo era normal na cama. Não deixava a desejar, mas não inovava, não ousava e o cheiro era sempre o mesmo, de sabonete. Ele só transava depois de tomar banho, escovar os dentes e se perfumar e exigia o mesmo dela.
- Bom, menina, vamos deixar esse papo erótico pra lá porque já tá me dando tremores e só vou ver o David daqui a dois dias. Por que você me chamou aqui?
- Ok, vamos aos negócios. Eu quero contratar você. O Luís, o chefe, quer que eu coloque uma menina exclusiva para cuidar do filho dele e também acho que seja o mais correto. Mamadeira, fraldas, banho, essas coisas exigem um cuidado mais próximo. Quem tem cuidado dele por enquanto sou eu e preciso cuidar da creche inteira. As outras meninas tomam conta das crianças. Aí, fiz uma proposta pro Luís: eu aceitava o filho dele aqui, mas ele me daria uma verba extra para eu contratar outra pessoa. E, no caso, seria você. Eu sei que você adora criança, adora bebês, acho que você seria ideal. Que tal?
- Ai, Nanda, nem sei. Verdade que adoro mesmo, mas você me pegou de surpresa. Além disso, é tão longe, peguei dois ônibus pra chegar aqui hoje.
- Quanto a isso, posso falar com o Leo e ele providencia carona pra você e também você pode dormir aqui algumas noites se quiser. O Leo não dorme comigo todos os dias, garanto. E vou adorar a companhia. O Julinho, pelo que eu vejo, também já aprovou você - disse, beijando a mãozinha do bebê. Estela beijou a cabecinha dele, suspirou, estava com muita vontade de aceitar a oferta. Mas, sabia que o noivo não iria gostar muito que ela trabalhasse tão longe e naquele lugar. As duas continuaram conversando quando ouviram barulho na creche. Não eram sons apenas de crianças, mas de adultos também. Saíram do escritório e viram um grupo de uns quatro homens que haviam chegado. Eram Luís e três seguranças. Ele se aproximou, abraçou Fernanda e parou em frente a Estela que segurava seu filho. O homem a olhou de cima a baixo e depois fixou o olhar nos olhos de Estela, que sentiu um tremor nas pernas na frente daquele gigante. Se o irmão era alto, Luis era maior ainda, forte, com os braços e peito cabeludos. A blusa com alguns botões abertos deixam a mostra não só os pelos, mas um cordão de ouro. A barba levemente por fazer, o cabelo bem aparado e um rosto muito bonito atraíam Estela de um modo que ela não esperava. Ele estendeu os braços para pegar seu filho e roçou a mão nos grandes seios de Estela, que a fizeram soltar um leve suspiro. Fernanda a apresentou a Luis e ele perguntou se era aquela garota que iria cuidar do filho dele. Sua voz forte e firme ecoou dentro de Estela, que respondeu de súbito:
- Sou eu sim, meu nome é Estela.