Cap.20
NARRADO POR LEONEL
Nesses últimos dias, minha vida deu uma guinada. Consegui um novo amigo, meio improvável, mas amigo. Seu nome é Luciano. Porque improvável ? Porque ele é professor da minha faculdade. É difícil um aluno ser amigo de um professor. Geralmente vemos eles mal humorados, carrancudos, e não criamos amizade. Luciano, tem fama de ser um professor mal humorado. E isso torna tudo ainda mais improvável. Mas nos últimos dias ele tem se revelado uma pessoa muito legal. O conheci num dia improvável. Aquela maldita chuva, que me deixou encharcado, fez com que eu o conhecesse. Me impressionei com sua beleza. Apesar de ter 35 anos, ele parecia ser bem mais novo. É loiro, tem um cabelão liso, que apesar de não ser comum em homens, fica perfeito nele, tem olhos azuis, é branco, alto, e magro. E agora, mesmo ele sendo 16 anos mais velho que eu, tenho um encontro marcado com ele. Nem senti a diferença de idade. Mas e o Mariano ? Você deixou de sentir algo por ele ? Claro que não. Continuo apaixonado por ele. Mas decidi sim, sair com o Luciano. Quem sabe não acontece algo ?
NARRADO POR LUCIANO
Me olhava frente ao espelho, enquanto secava meus longos cabelos loiros. Sim, eu já não era tão galã quanto na minha juventude. Beirava os quarenta, mas estava afim de um garoto de 19 anos. Com certeza imaturo. Com certeza novato nessas coisas de amor, mas eu estava afim dele. Algo naquele moreninho me chamou atenção. Não algo corporal, e sim seu jeito estudioso, seu jeito fofo, seu jeito amável.
- Alberto, me perdoe, mas eu estou sentindo algo por ele.
NARRADO POR LEONEL
Estava comendo brigadeiro, quando recebi uma ligação.
- Alo ?- falei, dando mais uma colherada na panela
- Oi, Leo ?- tremi. Até então só Mariano me chamou assim. Mas aquela não era a voz dele.
- Luciano. Oi, tá tudo bem ?- ele suspirava ao telefone
- Sim. Queria saber se a gente vai mesmo hoje ?- ele se referia ao cinema.
- Se não for te atrapalhar, sim- ele riu.
- Claro que não. Passo na sua casa as 18h, ok ?- sorri.
- Tudo bem. Até lá- desliguei o telefone. Por algum motivo tinha ficado animado.
TEMPO DEPOIS
Tinha terminado de me vestir. Uma chuva forte tinha caído, deixando o clima frio. Decidi usar uma camisa branca, com um casaco por cima, e uma calça jeans ligeiramente apertada, e um tênis. Penteei meu cabelo e estava legalzinho. Coloquei meu relógio de pulso, e fiquei esperando ele chegar. Logo ouvi batidas na porta. Lentamente a abri, era ele. Sim, ele estava lindo, confesso. Vestia uma camisa de botão azul que favorecia seu corpo e lhe dava um certo aspecto jovem, uma calça jeans e um sapato adidas. Estava de cabelo solto, com algumas mechas jogadas sobre o rosto, ficando ainda mais lindo assim.
- O-oi- por algum motivo eu gaguejei.
- Oi- ele me olhou de cima a baixo- você está bonito- me deixou vermelho. Sorriu em seguida
- Obrigado, você também está. Podemos ir ?
- Claro- fechei a casa em seguida- que filme iremos ver ?
- O filme que você quiser- fiquei ainda mais nervoso. Tentava não transparecer, mas sabia que isso era evidente.
NARRADO POR LUCIANO
Nos encaminhávamos lentamente para o shopping. O tempo estava nublado, mas bonito. Uma música ligeiramente romântica tocava na rádio.
CENA DE NOVELA-CALCINHA PRETA
Cena de Novela
Calcinha Preta
O nosso amor é cena de novela
Fico parada com você na tela
O nosso amor é como estação
É tempestade, chuva de verão
Calor e frio
Alaga o meu coração
O nosso amor é cena de novela
Fico parado com você na tela
O nosso amor é como estação
É tempestade, chuva de verão
Calor e frio
Alaga o meu coração
Essa saudade um dia ainda me mata
Eu tou perdida sem você aqui
Passe a borracha no que já passou
Agora é hora de viver amor
Quero sentir o teu corpo quente todo em mim
Assim não dá
Vou mudar o meu rumo
Encontrar outro mundo que eu possa viver sem sofrer
Não vou chorar
Vem mostrar o que sinto
Mas juro eu não minto
Esse amor no meu peito ainda vai ficar
O nosso amor é cena de novela
Algumas vezes eu olhava pra ele, e ficava muito encantado. Sim, meu coração estava batendo mais forte aquele momento.
TEMPO DEPOIS
- Você prefere esse ou esse ?- dizia ele, me mostrando o folheto.
- Esse- era um filme de comédia romântica, combinando ainda mais com aquele momento- nossa, faz um bom tempo que eu não venho no shopping- dizia eu, olhando ao redor, e percebendo alguns olhares femininos e masculinos em minha direção.
- Porque ?
- Porque eu geralmente não tenho companhia pra vir. Mas hoje você aceitou vir, estou feliz. Deixa que eu pago- disse, assim que chegou a nossa vez.
- Não precisa.
- Eu insisto- paguei tudo o que compramos.
Logo chegamos na sala.
- Você não precisava ter feito isso !- ele disse, comendo a pipoca.
- Mas eu queria fazer- sorri. Minutos depois, o filme começou. Realmente, era bem interessante. Rimos a bessa. Fiquei encantado com seu sorriso. Deus, me ajude. Esse garoto tá mexendo com meus neurônios.
TEMPO DEPOIS
Já estávamos voltando pra casa dele.
- Você viu aquela parte que ela joga o bolo nele ?- ele perguntava, sorrindo.
- Vi. Foi bem engraçado kkkk- por uma fração de segundos, nossas mãos se tocaram. Estremeci. Logo chegamos na frente da casa dele- pronto, esta entregue- ele sorriu- muito obrigado por ter vindo comigo. Te convidarei mais vezes, você é uma companhia incrível- ele sorriu, timidamente. Mas ficou incrivelmente vermelho, quando eu beijei seu rosto- até amanhã na faculdade.
- Até- ele saiu rapidamente do carro. Logo parti, com um sorriso no rosto.
NARRADO POR LEONEL
Aquele beijo no rosto tinha me desestabilizado. Tocava meu rosto, enquanto sentia ele queimar lentamente. Não podia negar, esse encontro tinha mexido comigo.
DIAS DEPOIS
Eu não falava com Lu a dois dias. Estava preocupado, pois costumava falar sempre com ele. Decidi ir no apartamento dele.
TEMPO DEPOIS
Bati na porta duas vezes. Não demorou muito e a porta se abriu. Era uma mulher.
- Oi- ela disse
- Oi, o Luciano está ?- ela sorriu.
- Sim, mas ele não está muito bem- por alguns segundos eu queria saber nome, endereço, telefone e parentesco daquela mulher com ele.
- Quem é Ju ?- escutei a voz dele.
- É um garoto moreno mano- ah, ela era irmã dele. Parecia.
- Deixa ele entrar- novamente ouvi a voz dele. Entrei lentamente. A casa dele estava bagunçada. O gatinho perambulava com uma bola de croché. Me aproximei, e vi ele olhando a paisagem pela janela do apartamento.
- Oi Lu- ele não se mexeu- como você está ? Fiquei preocupado quando você não apareceu na faculdade esses dois dias- ele ainda não respondia. Até que, do nada ele vira pra mim. Seus olhos estavam vermelhos, com certeza ele havia chorado- tá tudo bem ?- então ele corre em minha direção, e me abraça.
- Você pode ir comigo a um lugar ?- disse, acariciando meus cabelos.
- Onde ?
Continua
Gostaram ???