Preparados né? Hoje tá grande. Maior que todos os outros pra ninguém reclamar! Ainda bati um bom papo com vocês no fim. Vamo lá?
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- E aí cara? Eu vim saber como você tá. – ele disse sério.
- Lucas, isso é uma brincadeira de mal gosto né?
- Não. Não é! – Natan falou mais alto. – O Lucas contou tudo o que aconteceu. Eu sinto muito pelo o que falei. Eu vim pedir desculpas, dizer que fui um idiota. Foi mal mesmo.
- Lucas, tira esse cara daqui!
- Não vai acontecer de novo. Eu prometo.
- Cala a boca! – Bernardo gritou e aquilo deve ter doido porque ele fez uma cara de dor terrível e caiu nos travesseiros gemendo.
- Ei... calma... – eu fui pra perto dele.
- Calma nada! Tira esse cara da nossa casa.
- Bernardo eu vim na paz. – Natan tentou argumentar.
- Você é um idiota, sem noção, isso sim. Pega tuas desculpas e enfia no olho do seu cu seu filho da puta! Lucas, tira ele daqui!
- Vamo embora Natan... – Rony chamou.
- Eu já disse. Eu sinto muito... Lucas eu vou indo.
- Vai tarde! Aparece de novo aqui em casa comigo bom que eu te transformo num quebra cabeça, otário! – ele gemeu de dor no abdome e abraçou um travesseiro.
Os meninos saíram do quarto.
- Bernardo, já chega... Ele já vai. Ele só veio pedir desculpas. Pronto.
- Lucas, nunca mais esse cara pisa os pés aqui.
- Tudo bem. Eu só vou leva-lo até a porta, ok? Eu volto já. Não faz esforço.
Ele rolou pro lado e jogou um travesseiro pra fora da cama.
Eu fui até a sala e me despedi dos meninos.
- Eu fiz o que tinha que fazer... – Natan disse.
- Eu entendo.
- Você nem me defendeu Lucas...
- Você foi um otário. Foi tratado como um. Eu já fiz muito em te deixar vir aqui. Aceitar ou não as suas desculpas é com o Bernardo, não comigo.
- Verdade. – Júlia riu.
- A gente se vê depois? – Natan perguntou.
- Claro, né?
Ele me abraçou. O pessoal foi embora, eu tranquei a casa e voltei pro quarto.
- Eu achei que fosse uma boa ideia, desculpa... – eu disse subindo na cama.
- Não foi.
- Eu percebi.
A gente riu.
- Não quero você perto dele.
- Ele é meu amigo.
- Amigo...
- Ele foi errado contigo. Só contigo. Ele tava certo em vir pedir desculpas.
- Deixa ele me aparecer aqui que eu já sei o que eu vou fazer com as desculpas dele...
- Emburrado... Como tá sua barriga?
- Tá doendo... Mas eu fiz esforço. Passa já.
- Você tomou banho?
- Não.
- Então vai que eu vou preparar algo pra comer.
Nosso dia a dia estava assim. Eu cuidando do Bernardo. Ele melhorou com o passar da semana. As dores no abdome sumiram por volta da sexta feira. Reapareciam de vez em quando durante o fim daquele mês, mas no geral sumiram. Ele tinha intervalos de 5 dias sem dores. Isso era bom. Mas voltando à aquela semana, no sábado pela manhã eu estava no sofá com o Bernardo enquanto o almoço ficava pronto. Fiz o que a enfermeira me disse:
- Aqui.
- Não.
- Aqui...
- Também não. Nada.
- Aqui.
- Também não. Mas se você descer mais um pouco... – Bernardo disse enquanto eu pressionava a barriga dele perto da virilha.
- Seu safado. Você já tá bem... – eu dei um tapinha na perna dele.
Ele me puxou pelo pulso e me beijou.
- Segunda a gente volta pro estágio, né? – ele perguntou.
- Claro. Já foi bondade demais do Igor liberar a gente esse tempo todo.
Meu celular tocou.
- Ah... por falar nele... Alô?
- Oi Lucas! Como tá tudo aí? – ele falava com esforço. Escutei o som de água caindo.
- Tá tudo bem. Ele não sente mais nenhuma dor e já engole sem dificuldade.
- Vocês podem sair agora? – ele quase gritava. Escutei risos e “Espera... tô no telefone...”.
- Sair? Sair pra onde?
- É que o Kaio e eu viemos pra um clube. Daí a gente é sócio e tem como colocar vocês pra dentro sem ninguém saber. Vem?
- Você quer ir pra um clube com o Igor e o Kaio? – eu falei tapando o microfone.
- Se você for...
- A gente vai. Onde fica?
Ele me explicou e a gente saiu sem nem almoçar. Ao chegar lá eu liguei pro Igor.
- A gente tá na porta.
- Ih... espera.
Ele veio até a entrada e mandou a gente entrar. O clube era lindo. O Igor era mais magro do que aparentava, não sabia disso.
- Já vim aqui uma vez. – Bernardo disse.
- Já?
- Sim. Com minha mãe... faz tempo. Acho que ela é sócia.
- Então não conhece a área nova? – Igor perguntou.
- Não.
- Vem gente. Podem ir no vestiário trocar de roupa se quiserem. O difícil é só entrar, depois de tá aqui dentro ninguém mexe não. – Igor apontou pro vestiário.
- Eu não vou entrar na água agora... – eu falei.
- Não vai? Claro que vai! Eu já vou cair direto e vou te carregar comigo. – Bernardo passou o braço no meu pescoço.
Fomos caminhando até a área da mesa dos meninos.
- E aí galera! – O Kaio falou da mesa. Ele usava um óculos escuro lindo, estava sem camisa, apenas de short e com uma garrafinha de Ice na mão.
- Oi! – eu disse. Ele era tão fofo.
- E aí! – Bernardo apertou a mão dele.
- Senta gente. Ou não, não sentem. Vão pra água. Relaxar. – Igor disse sentando próximo do Kaio.
Bernardo tirou a camisa e chutou os chinelos.
- Bora Lucas.
- Agora não. Vamo conversar com os meninos aqui.
- Ou você vem, ou eu ranco tua roupa.
Eu olhei com vergonha pros meninos. Eles riram.
- Vocês não vem?
- A gente via já. – vi que ele beliscou o ombro do Kaio. – Passem protetor aí... – Igor disse e jogou o protetor pra gente. Bernardo me puxou pelo braço. A gente passou o protetor morrendo de vergonha porque era deles e ninguém aqui se preocupa com protetor solar, mesmo sabendo que é necessário. São os primeiros que vejo.
A água estava ótima! Ótima mesmo. A gente ficou curtindo um tempo até que os meninos vieram pra perto da gente. Bernardo não nadava. Só entrou na água e encostou na piscina porque não podia fazer esforço ainda. Ele começou a procurar um jeito de mexer comigo. Me irritar.
- Aqui não tem muita gente né? – eu disse segurando as mãos do Bernardo que queria mexer no meu cabelo.
- Tem sim. Mas não hoje. Daí a gente prefere mesmo vir nesses dias que não tem muita gente, pela privacidade. Se bem que por ser um clube de associados não é comum ter muita gente ao mesmo tempo. – Igor disse entrando na piscina. O Kaio pôs as mãos nos ombros dele e entrou o agarrando por trás. Colocou o queixo no ombro dele. Bernardo arregalou os olhos. Kaio passou as pernas em volta do Igor.
- Vocês sabem jogar vôlei? O Igor arrebenta. – O Kaio perguntou.
- Eu sei. – Bernardo disse.
- Eu posso aprender! – Eu disse. Todos eles seguraram o riso até soltarem de vez. – O que foi? Estão rindo de quê?
- Quer jogar? – Igor perguntou segurando as pernas do Kaio.
- Quero. Claro!
- Então fica o Kaio e o Bernardo num time. Lucas e eu no outro. Dentro da piscina e sem rede. Só não pode deixar a bola cair. Você aguenta Bernardo?
- Tudo bem.
Organizamos os times e começamos. Chegaram algumas pessoas mas como a gente havia tomado de conta da piscina elas nem entraram. Logo saíram. Eu nunca havia pensado em sair de casa e passar o dia num clube. É muito bom. Eu nunca havia feito aquilo.
Na verdade, parando pra analisar, eu nunca havia feito muita coisa. Nunca tive um relacionamento sério, nunca tive que lidar com um conflito de namorado e amigo, nunca lidei com alguém bipolar, nunca havia ido numa balada, nunca havia passado o dia num clube. Eu não vivi nada, meu Deus!
Eu não lembro do placar do jogo, mas acabou que eu cansei primeiro, depois o Kaio e ficaram Bernardo e Igor incansáveis brincado daquilo.
Eu fiquei conversando com o Kaio enquanto os nossos namorados se degladiavam com a bola na água. Muit legal falar “Nossos namorado!” Ele era muito simpático e educado. Ele pagou tudo o que consumimos na mesa, me fazendo passar mais vergonha ainda porque dinheiro pra o Bernardo não era mais um problema, mas mesmo assim ele fez questão. Como de costume, eu fiquei falando dos gostos do Bernardo e ele sobre o Igor. Eles tinham algumas coisas em comum, tipo esportes como o vôlei, gosto musical pro lado do rock, não gostar de lugares muito cheios, os dois adoravam motos e etc.
- Ele é uma espécie de príncipe pra mim. – Kaio disse em um momento que eu não lembro o que havia perguntado.
- Como assim?
- Ele não é tão fresco mas os pais dele o tem como porcelana.
- Que pressão...
- Ele lida bem com isso. Os pais dele confiam nele de olhos fechados. Meu pai se afeiçoou a ele muito fácil também. Meu pai, meu irmão, minha cunhada, minha mãe, minhas primas... todo mundo.
- Ele é simpático.
- A gente tá aqui desde cedo aí ele pediu pra ligar e chamar vocês. Ele ainda tava preocupado sobre o lance da semana passada.
- Está tudo bem. Só o Bernardo que ainda tá em recuperação. A droga fez um estrago e tanto dentro dele, deve demorar mais um pouquinho pra ele ficar cem por cento. Escuta... toda a sua família sabe de vocês dois?
- Não. Só meu pai, minha mãe, meu irmão e minha cunhada. É, todo mundo. – ele riu.
- Eu nem sonho em contar... Nem o Bernardo.
- Isso você pensa depois... Ainda tá cedo pra isso.
- Seria problema demais de uma só vez.
Ele riu. Eu vi de longe o Igor e o Bernardo conversando. O jogo havia acabado.
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- Olha, na próxima tem que ser na quadra! – Bernardo disse cansado e mergulhou.
- Sem problema.
- Eu tava precisando disso, sabia? Valeu por chamar.
- Nada... Foi mal ter deixado você só naquela noite.
- Tudo bem. Agora é só tomar remédio e esperar o estômago sarar. Ainda não posso comer de tudo.
- Isso é um porre.
- Você havia me dito que era primo do Kaio.
Eu ri.
- Pra uns eu digo isso. Pra outros somos amigos. Pra outros meus pais são padrinhos dele... Por aí vai.
- Vocês... se dão bem.
- Sim. Tem umas horas que eu quero rancar a cabeça dele fora e jogar do segundo andar do meu prédio, mas passa antes de eu cometer o crime.
Ele riu.
- Lucas tem coisas que precisam mudar, coisas que eu não gosto.
- Todo mundo tem. Aprender a lidar com isso é o que chamamos de “vida de casal”. Não é só morar junto como muitos acham.
- Lucas é muito fresco em alguns momentos.
- É normal... já conversaram?
- Ele diz que é machismo meu.
- Vocês deram um passo muito grande indo morar juntos.
- Mas eu não me imagino morando sem o Lucas. Eu fiz foi agradecer a Deus, quando eu comecei a gostar dele, por ele morar comigo. Melhor que tá longe.
- É... Mas uma coisa é morar junto no meio do relacionamento, quando você tá certo de tudo. Outra coisa é logo no início. Quando vocês ainda estão se descobrindo. Ainda bem que de certo.
- Vai dizer que você não pensa em morar com o Kaio?
- Penso. Daqui há muito tempo. Agora, eu gosto do meu espaço. – eu encostei na piscina ao lado dele. – Ele que quer morar junto. Ainda não é a hora.
- Não largo o Lucas pra ele ficar longe de mim. Não dá. Só ele me entende, só ele. Só ele tem paciência pra tá comigo, pra me aguentar, pra me ouvir... Não dá de eu morar num lugar e ele em outro. Fora meu ciúme que não tá escrito nesse mundo. – ele molhou o rosto.
- Isso é bom. Mas uma hora sufoca Bernardo.
- Como?
- Sufoca. Ciúme é muito bom. É cuidado, é precaução, é zelo. Só que tem um limite. Lucas ainda é uma pessoa, ele precisa da vida dele. Como você.
- Eu sei, eu sei... Só que é fácil falar. Você não é assim como o Kaio?
- Morro de ciúme. Como ele eu não arranjo ninguém nunca mais. Não posso dar mole. Mas se eu sufocar o Kaio com ciúme ele irá me largar porque me enjoou. Porque não tem mais saco. Criar uma repulsa por mim, isso é muito pior.
- Eu entendi. Eu tenho que trabalhar isso. Ele tem um amigo com quem eu não me dou, eu fico preocupado quando eles ficam a sós.
- Eu aposto que ele também sente ciúme de você na universidade também a sós com sua ex.
- Ele nunca exagerou...
- Tá vendo.
- Eu vou cuidar nisso. Não conta pra ele dessa conversa não... – ele ofereceu a mão.
- Tá. Vamo almoçar? – eu apertei.
- Bora.
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Eu e Kaio voltamos pra piscina.
- Cansaram? – Kaio perguntou.
- Sim. Eu ganhei! – Igor deu um selinho rápido nele olhando pros lados.
- Por pouco. Muito pouco. – Bernardo disse e se encostou na lateral da piscina. Eu tentei fazer como o Igor e tentei dar um beijo rápido no Bernardo. Ele retribuiu um selinho mais que rápido e falou baixinho “Tá louco!”. A gente riu e ele ficou vermelho com vergonha dos meninos.
- Minha gente não precisa ter vergonha do Kaio e eu não hein! A gente é gente que nem vocês. Não vão se pegar pras outras bandas do clube que aí complica. Aqui só tem a gente. Acho que devem fechar mais cedo pelo movimento pouco. – Igor falou subindo nos ombros do Kaio.
- É que o Bernardo tem vergonha.
- Perde com o tempo. Começo é assim mesmo. Eu sei bem como é isso. Daqui um tempo tá chamando de “amor” no meio do povo sem perceber. Já aconteceu com a gente. – Kaio falou fazendo esforço pra segurar o Igor.
- Eu retribuí o “meu amor” como se fosse uma brincadeira. Todo mundo riu e levou numa boa.
- Vocês são sempre assim? – Bernardo perguntou.
- Assim como? – ele olhou pra cima. O Igor estava em pé nos seus ombros. – Cuidado criatura! Se impulsiona com os pés Igor! Que nem eu te ensinei. Vai! – ele dizia. O Igor pulou e não fez o mortal completo. – Não liguem... É que ele quer aprender a dar pulo mortal... Pra quê diabos eu não sei. Mas voltando, assim como?
- Assim... Tipo... Assim... Juntos!
- Não entendi... – Kaio falou confuso.
- Ele fala sobre vocês parecerem um casal, casaaaal sabe? Vocês se dão muito bem juntos. Mesmo sem morarem juntos. – Eu expliquei.
- Não sei. – Kaio ficou com vergonha, eu percebi. – A gente só se gosta.
- Eu desisto! Não sei pular desse jeito... Do que vocês estão falando? – Igor voltou.
- Do quanto vocês dois são lindos juntos. – eu disse sem perceber.
Todo mundo me olhou e eu definitivamente era a pessoa mais gay desse mundo! Bernardo, Kaio e Igor caíram na risada.
Fomos almoçar. Um pouco mais de espera e o almoço foi servido.
- Vocês comem peixe? É que o Igor disse que tava há muito tempo sem comer e queria hoje. – Kaio disse.
- Tanto faz... – Bernardo disse com a super delicadeza dele enquanto o garçom servia a mesa.
- Se sirvam. Não tenham vergonha não.
Eu coloquei uma quantia tímida de comida no meu prato.
- Você só come isso? – Kaio disse admirado do meu prato. Eu tava com vergonha, não podia fazer um prato grande.
- Envergonhado. A alma dele é obesa que eu sei. – Bernardo disse.
Os meninos fizeram seus pratos, todos maiores que o meu, é claro. Bernardo gostou do preparo do peixe. Igor dava algumas coisas na boca do Kaio sussurrando palavras que eu não entendia.
- Não come isso não paizinho. – Igor apontou pro prato do Kaio. – Tem gosto de camarão, tu é alérgico...
Eles se conheciam de todas as formas.
Era invejável. Eu queria ter essa relação com o Bernardo, mas ele sentia vergonha de tudo fora de casa. Era complicado... Eu espero que um dia eu possa dar uma garfada de algo na boca do meu namorado, espero poder abraça-lo numa piscina, sei lá... Os meninos era super reservados, mas mesmo assim tiram carícias de um casal que eu também queria ter com meu namorado, ora! Pensar nisso me irritava.
Almoçamos e decidimos ir embora porque o sol tava de matar.
- Mentira que você tem essa moto? – Igor disse ao ver a CB300R do Bernardo.
- Sim. ModeloMeu Deus! É um sonho! Posso?
- Claro.
Igor subiu na moro e olhou de boca aberta pro Kaio. Ele sorriu.
- Deixa, por favor!
- E eu lá posso negar alguma coisa pra ti? Você me deu setenta mil semana passada!
Igor ligou a moto e deu uma volta por alí por perto.
- Ele é doido por motos, não liga não. – Kaio disse.
- Tudo bem. Eu sei que minha moto é demais. Lucas é doido pra andar e eu não deixo. – Bernardo riu de mim.
- Porque? – Kaio quis saber.
- Não confio na direção dele mas vamo mudar de assunto que ele chateia.
- há há há. Graçonas!
Igor voltou com a moto. Desceu tremendo.
- É a melhor moto que eu já andei. – ele entregou a chave pro Bernardo.
- Vamo marcar de novo. – Kaio disse.
- Sim, vamos sim! – eu disse.
- Eu topo, mas Bernardo tem que me emprestar a moto de novo.
- Fechado.
Os meninos deram as mãos e nos despedimos.
Tudo estava bem.
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TRÊS MESES DEPOIS
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- Aqui Bernardo?
- Não doutor.
- Deite e levante a camisa.
Ele espremeu um tubo de um gel transparente da ultrassonografia e começou o exame. Ele olhava atentamente pra tela e apenas dizia “uhum!” enquanto mexia aquele pequeno aparelho na minha barriga. Ele desenrolou um monte de papel toalha de um rolo gigante e me deu.
- Se limpe. Está tudo bem. Seu estômago ficou machucado pelo ocorrido mas você está completamente bem. Todas as feridas curaram e não viraram gastrite ou úlcera.
- Ainda bem... – eu disse passando o papel na barriga achando um nojo aquilo tudo. Haja papel pra limpar aquilo.
- Não precisa mais de dieta. Pode voltar a se alimentar direito, voltar pra academia, voltar a fazer tudo que eu te proibi.
- Voltar a ter vida. – eu levantei terminando de me limpar.
- Pode ir pra recepção que a enfermeira lhe leva já os exames impressos.
- Obrigado doutor.
Eu saí da sala dele suspirando. Graças a Deus minha vida ia voltar ao normal. Tudo ia voltar ao normal. Dalí eu fui pra o consultório da minha psiquiatra. Conversamos um pouco e eu mostrei as ultras pra ela, disse que estava bem. Ela me deu a notícia de que minha medicação iria diminuir. Agora eu passaria a tomar apenas dois medicamentos. Um diariamente outro uma vez por semana. Eu gosto da minha psiquiatra porque sinto que somos amigos, nossas consultas são leves e espontâneas. Isso é bom.
Nos últimos meses minha mãe veio me visitar, cuidou de mim por uns dias mas teve que voltar logo. Não teve jeito, eu tive que abrir o jogo do que realmente aconteceu pra ela. Isso só serviu pra ela reforçar que o certo seria eu ir embora morar com ela e terminar o curso em alguma particular lá na cidade dela. Eu não iria nem com o Lucas, quanto mais sem ele!
Voltei pra casa no fim daquela tarde super bem. Eu iria voltar a malhar, voltar a comer, voltar a fazer tudo. Na verdade eu já havia voltado a malhar, eu usava minha estação a tarde escondido quando o Lucas saia porque ele seguia tudo o que o médico dizia. Haviam dias que ele seguia tanto o que o médico dizia que eu sentia vontade de sair de casa. Um chato! Meu chato! Meu chato, meu CDF, meu metido, meu falastrão, meu as vezes fresco, meu emburrado, meu sensível, meu lindo. Tudo meu.
O Lucas me fez ver tudo de uma forma diferente. O Lucas me impulsionava, sempre foi assim. Não consigo me lembrar quando foi a última vez que minha autoestima ficou baixa junto dele. O Lucas me entendia como ninguém. Ele simplesmente sabia lidar comigo. Ele nunca demonstrou preconceito, nunca me isolou, nunca me tratou diferente. O que eu precisava era isso. Esquecer que eu tenho alguma coisa. Porque ele faz parecer que eu não tenho nada de errado na cabeça. Quando eu digo isso pra ele, ele repete de imediato “Mas não tem mesmo!”. Como não me apaixonar por alguém assim? Já chega, é melhor parar de falar. Comprei uma pizza e levei pra casa pra jantar com ele. Meu Lucas... O que eu ainda vou passar eu não sei, mas se vai ser do lado dele então já me basta.
FIM
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ATUALMENTE, AGRADECIMENTOS, REPOSTAGEM DE CONTO, NOVO CONTO, JOGANDO CONVERSA FORA E TUDO MAIS...
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Lucas e Bernardo ainda estudam Administração, moram juntos ainda de aluguel, o dinheiro ganho Bernardo deu metade pro Lucas e eu não sei como usaram. Mas os problemas de dinheiro acabaram na casa, apesar deles continuarem pessoas super simples.
Bernardo não tem como explicar pra mãe sobre o dinheiro então simplesmente não pede nenhum tostão a ela com a desculpa de que consegue se manter com o salário do estágio. Os dois viraram sócios do mesmo clube que eu e Kaio somos. Gostamos de ir aos fins de semana de vez em quando.
Eles hoje se preocupam exclusivamente com o estágio e com a produção dos seus TCCs da universidade. São ótimos estagiários na empresa e ótimos amigos também.
O drama todo do Lucas se passou. Hoje ele e Bernardo são um casal com mais meses de namoro, discutiram os pontos que vocês viram que ainda estavam abertos e em conflito no conto e se acertaram. Eles se ajudam em casa no que podem e vivem bem juntos.
Bernardo amadureceu e não cobra mais o Lucas como antes. Ele é consciente que o Lucas o ama e liberou bem mais no ciúme. O Lucas ficou menos ingênuo, eu diria. Ele cresceu como pessoa e sabe pesar amigos e namoro na medida certa, sem desapontar nenhum dos lados.
Bernardo não se dá com Natan até hoje. Os dois não se falam, não ficam juntos no mesmo ambiente e o Lucas ainda sofre por isso, mas eu acho que não há mais o que mudar. Bernardo tem muita mágoa do ocorrido, não só das palavras dele mas pelo desenrolar da noite que poderia ter sido diferente se ele não começasse.
Amanda foi presa mês passado numa capital de um estado próximo. Porte de drogas e estelionato. Ela aplicava golpes por aí se dizendo ser uma advogada. Enganou 3 homens e já havia ganhado uma boa grana. Depois de uma investigação, a polícia a encontrou e não deu em outra.
A mãe do Bernardo, segundo ele, está namorando com um outro advogado na cidade em que mora. Veio aqui na casa dele e contou tudo. Possivelmente comecem a morar juntos até o fim do ano. Bernardo agradeceu a Deus por isso, já que sempre se achou um atraso na vida da mãe.
Bernardo malha comigo há um tempinho e a gente se ajuda bastante na academia. Tá dando resultado. Ele é bem legal quando gosta de alguém. Só é caladão mesmo.
Eu realmente espero que vocês tenham curtido tanto quanto eu curti durante todo esse tempo redigir a história dos dois pra vocês. A experiência é demais! Eu agora vou terminar de revisar o meu conto “A primeira vista”, que conta a minha história com o Kaio e não deve demorar a sair.
Pra quem não sabe, o conto foi retirado do ar para que passasse por revisão, então agora vocês – que não me conhecem – vão saber quem eu sou, de onde eu vim, o que eu faço da vida, quem esse tal de Kaio é, como a gente acabou ficando junto e que história chata do carnaval citada é essa.
Após – ou durante, ainda não decidi – a postagem do conto eu libero o conto inédito que citei há uns capítulos atrás.
O conto inédito irá abordar relacionamentos que acontecem à distância. Ele não está finalizado mas eu estou tentando escrever sempre que dá. Está bem diferente do que e costumo escrever, bem diferente mesmo e só por isso eu já adorei! O conto não é totalmente real, há elementos fictícios nele, mas acredito que nem todos que já leem meus contos irão gostar justamente por ser diferente. Então se reservem no direito de experimentar ao menos. Se não gostarem vocês só comentam que tá uma merda e deixam de ler, ok? Rs Torço pra que isso não aconteça.
Quem leu "A primeira vista" deve lembrar que o conto acaba sempre num clube ou parque aquático. Não me perguntem que tendência é essa. Eu só gosto de piscina mesmo, mas juro que foi coincidência!
Espero pelo comentário de todos vocês tanto no conto de hoje como nos que ainda irão vir. Eles são a resposta que todo autor quer ter. Abraço a todos. Até mais. Prometo não sumir.
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Fernando_Mocelim: Huuum... Vamos ver né? Eu consegui fazer uma segunda temporada do "A Primeira vista", não sei se vai haver tempo pra uma desse já que tô focado no conto novo. Quem sabe lá pra frente? rs
Leo.Ribas: Quando a gente tem um conto favorito é tão bom! Você acompanha de um jeito diferente, eu sei como é. Pena ter que acabar aqui com teu barato :( Mas você vai gostar dos próximos, eu espero.
mille***: Aproveita enquanto eu ainda não cobro honorários!
Higor Melo:Sim, vou ler sim. Na época que postar é só me mandar um email que eu coloco teu perfil nos favoritos aqui. Espero que fique bom.
May Lee: Obrigado pelo carinho. Vocês são demais.
Wyllia Paes: hahaha Não dá. Aqui estão 12 folhas no Word. Nunca postei um conto desse tamanho. Tô morrendo de medo dos comentários sumirem porque o povo dormiu antes de terminar de ler!
Aos demais Agatha1986,Junynho Play, Irish, DavidH, Drica (Drikita), niel1525, esperança, geomateus, Drica Telles(ametista), love31, snoob, May Lee, SafadinhoGostosoo o meu abraço e muito obrigado de sempre. As sugestões de nomes para os protagonistas dos outros contos estão todas anotadas e serão analisadas. Eu tenho um problema sério em escrever finais, então não vou me despedir. Vou contar algo que aconteceu essa semana. Se cansaram de ler podem parar que agora é só bater papo a toa...
Seguinte... Foram duas situações chatas nos últimos dias. Primeira, eu sei que meu conto está hospedado em um site de contos eróticos. Vejo os banners com pornografia pra todo lado da tela. Mas não é por isso que eu preciso faltar com respeito com alguém. Só que essas semanas eu recebi emails no mínimos vulgares insinuando coisas e requisitando fotos e vídeos completamente diferentes do comum. Isso fez o Kaio ficar chateado, falar sobre fechar o email e não publicar mais nada... Eu queria aqui deixar claro que independente de onde o conto está hospedado, somos um casal e somos exclusivos. Não compartilhamos putaria por aí. Você pode curtir isso. Nós não. Não sou um santo intocável, mas amo meu namorado e jamais atenderia algo do tipo. Se você quer putaria há salas de bato papo espalhadas por aí a toa... Não precisamos disso. Há um limite. Só quero respeito. Se leu algum dos meus contos não entendo como achou que talvez eu ou o meu namorado pudéssemos topar algo assim.
Segunda, eu não sei quem foi mas tentaram hackear o email que o Kaio fez pra que eu mantivesse contato com os leitores. Talvez a mesma pessoa que acabei de contar. Eu sei disso porque eu já hackeei emails, orkuts, facebooks de algumas pessoas no passado e conheço dos mais diversos métodos. Essa semana quando chequei o email eu logo notei que aparentemente foram 3 tentativas. Não acho que tenha sido alguém que queria responder os emails de forma ofensiva. Acho que talvez alguém que queira o meu celular, meu email principal, sei lá... Tentou mas não conseguiu. Eu só gostaria de dizer pra quem tentou que não vai adiantar, é perda de tempo fazer isso.
Depois desse furacão todos e esse conto que já deve estar maior que a Bíblia eu fico por aqui. Abraço a todos. Eu não vou sumir.
