Vestindo apressadamente a bermuda, depois a camiseta, observei disfarçadamente. Mesmo mole, seu pau apresentava um tamanho respeitável, para não dizer assustador.
Deitei-me. O coração acelerava. E acelerou mais quando, alguns minutos após o apagar das luzes, Betão desceu de seu beliche. Sob a fraca luminosidade que vinha do corredor através das grades, eu vi que ele estava peladão.
— Chega pra lá, amiguinho — disse ele.
O que dizer? O que fazer?
Nada. Essa era a lei da prisão.
Para dar lugar a Betão, no colchão estreito, tive de mudar minha posição, colocando-me de lado, com o rosto voltado para a parede. Era uma espécie de fuga da realidade. “Quem não vê, não sente.” Mas senti. Senti sua presença no colchão, que cedeu um pouco, depois seu corpo movendo-se, ajeitando-se, encoxando-me.
Eu nem respirava, ele respirava muito.
— Se você for legal comigo — disse ele —, eu vou ser legal com você. Daqui a dois meses eu vou sair. Você vai ficar sozinho. Mas lá de fora, eu ainda mando aqui. Você vai querer que eu continue te protegendo?
— Claro que sim, Betão — murmurei num fio de voz.
O contato do corpo daquele macho, grande, quente e delinquente me causava sensações estranhas. Muitas sensações, mas nenhuma que eu pudesse classificar como desagradável. Sua ereção era perfeitamente perceptível, mesmo através do tecido jeans da minha bermuda.
— Então tira a bermuda — disse ele num tom que não admitia recusa.
Nem eu iria recusar. Eu entrara no jogo, deveria prosseguir. E minha bermuda foi baixando, lentamente, como se minhas mãos estivessem enfraquecidas por resquícios de pudor e temor. Eu estava tirando a roupa para um macho, pondo à sua disposição a bunda que eu tinha vergonha de mostrar até para as mulheres.
À altura dos joelhos, a única barreira entre minha indecisão e seu tesão recebeu a ajuda de suas mão. Ele segurou minha bermuda, retirou-a completamente, virou meu corpo e veio por cima de mim.
Então minhas pernas se abriram, eu afundei a cabeça no travesseiro e deixei que ele fizesse o que quisesse. E o que ele queria estava claro. Com a pica alojada entre as minhas nádegas, ele disse:
— Pega o meu pau e coloca na entradinha.
Sua voz me causava arrepios. A primeira pica que eu segurei me causou angústia. Era muito dura e grossa. Recordei: só dói na primeira vez. Mas era justamente a primeira vez!
Quando a cabeçorra começou a pressionar, pensei “se o estupro é inevitável, relaxa e goza”. Relaxei. Então senti meu cu se abrindo e uma dor insuportável me fez abafar um grito no travesseiro. Eu queria pedir que parasse. Mas eu sabia ser inútil. Nada deteria o avanço da pica implacável, que foi dilacerando minhas carnes em busca de prazer.
— Entrou tudo — disse ele.
Eu sentia seu púbis e pentelhos colados à minha bunda, e o longo e grosso apêndice rígido pulsar dentro de mim. Senti vergonha. Eu estava dando o cu. E sabia que não seria a única vez.
— Vou querer sempre esse cuzinho gostoso — confirmou Betão.
Dilatado ao máximo, meu ânus latejava, acomodando-se ao calibre avantajado que o inaugurava. Então Betão se estendeu sobre meu corpo, sufocando-me com seu peso e, abraçando-me à altura dos ombros, começou a movimentar a pica num vaivém lento e angustiante. Eu só desejava que aquele suplício acabasse. Mas aquilo parecia não ter fim.
Resfolegando, emitindo gemidos de um prazer que eu conhecia bem, Betão metia sem piedade, preocupado apenas em satisfazer sua necessidade de sexo.
— Que cuzinho gostoso... — repetia.
A dor tem limites que, uma vez ultrapassados, passam a funcionar como um anestésico. Foi o que aconteceu. Dominado pelos braços fortes, penetrado pela pica vigorosa, percebi a dor ser aos poucos substituída por uma sensação de desconforto. Algo fácil de suportar. Na verdade, um alívio, visto que eu teria de me submeter mais vezes àquele ato que, até dias atrás, nunca tinha me passado pela mente.
Mas gostar, não gostei.
Apenas aguardei docilmente que Betão gozasse e se retirasse. O que demorou mais do que eu previa. Quando, enfim, ele gozou, com um longo suspiro, a pica ainda permaneceu algum tempo enfiada no meu cu. Depois saiu, dando-me a impressão de estar defecando. Mas eu sabia que não era isso.
Antes de subir para o seu beliche, Betão deu um tapinha na minha bunda e eu permaneci como estava, refletindo sobre os acontecimentos.
“Não foi assim tão difícil”, concluíConheça a Coletânea “Ele & Ele”:
http://www.bookess.com/read/15804-coletanea-ele-ele-primeiras-vezes/