O Amor Vai Nos Separar XXXV

Um conto erótico de Irish
Categoria: Homossexual
Contém 1245 palavras
Data: 18/11/2014 17:58:42

Boate cheia, e ainda eram dez horas da noite. Som fervendo num Baltimora, a pista ja agitada. Puxei Alex pelo braço.

- Vem! Vamos dançar!

Dancei muito, me esbaldando mesmo naquelas musicas um pouco cafonas, mas tao boas de dançar! Era o som do The Human League, Oingo Boingo, Laura Branigan, tudo o que marcava nossa decada gloriosa, que infelizmente acabava. Achei que exagerei na empolgaçao ali na pista, pois logo percebi que meu pique nao era o mesmo de antes: senti um pouco de tontura e cansaço.

- Chega. Nao me sinto muito bem - falei à Alex, suando em bicas.

- Estou vendo! - disse ele contrariado - Nao era pra abusar. Logo agora que esta melhorando...

No bar da boate ele pediu refrigerante de limao com gelo e me fez beber. Ficamos olhando o movimento da pista de dança ,toda aquela juventude saudavel que eu ,como um velho, agora invejava. Pensava nisso, quando senti uma mao em meu ombro.

- Mas vejam se nao e' o meu Marquinhos! - disse Bruno, se sentando ao meu lado - Que fim levou, rapaz?

- Estou na mesma - respondi de mau modo, vendo Alex visivelmente descontente com a chegada do outro.

Bruno sorria de um jeito cinico. Pediu uma vodca ao atendente e ficou me olhando.

- Quase acontece uma desgraça entre o Tony e eu por sua causa, moleque - disse ele - Juro que estive para dar um tiro naquele maldito... Mas agora soube que ele foi embora. Porque sera? Voce sabia?

- Nao. Faz tempo que nao vejo o Tony.

- O Marquinhos agora esta comigo, Bruno - disse Alex fitando -o nos olhos.

Bruno pareceu espantado.

- Com voce? Mas como assim? - ele nos olhou, incredulo - E o que fazem juntos? Brincam de Autorama?

- Deixe de ser ridiculo! - exclamei, irritado, me erguendo - Vamos embora, Alex.

Ele pagou rapidamente a conta e saimos. Na rua, porem, Bruno nos alcançou.

- Espera! Que historia e' essa, Marquinhos? - disse ele parando na nossa frente - Nunca que voce iria deixar de querer um homem de verdade para se amarrar nesse rato de biblioteca...

- E se eu te disser que encontrei esse tal "homem de verdade " nele? - falei, irritado - Um homem como voce e Tony jamais seriam!

- Deixe esse idiota, Marquinhos, vamos embora - disse Alex.

- Que palhaçada! - riu Bruno, nos encarando - E como ele te conquistou? Com coleçoes de insetos? Com poemas em frances? Olha, estou surpreso! Virando um careta, Marquinhos? Daqui a pouco estao morando juntinhos, com cachorrinho, papagaio, jardim... Patetico!

- Cala a boca, cara! - replicou Alex, irritado - Vai la dentro com a sua turma, cheirar sua droga, encontrar um trouxa que te queira...

- Voce me manda calar a boca, moleque? - gritou Bruno,furioso - Ficou valente agora com o namoradinho á tiracolo? Seu corno! Isso ai e' a maior vadia, cansei de encher a boca dele de porra...

Por essa creio que ele nao esperava, e por ser pego de surpresa cambaleou com o soco que Alex lhe deu com toda a força. Logo, porem, revidou com um murro certeiro no garoto, fazendo -o cair na calçada suja, com a boca sangrando.

- Vou quebrar voce todo, imbecil! - vociferou o Bruno, avançando outra vez e eu tentando dete -lo com esforço, mas para nossa sorte os seguranças da boate viram tudo e correram acudir, dando uma chave de braço em Bruno.

- Voce esta bem? - perguntou um deles a Alex.

- Sim. Nos ja vamos embora - disse ele apos se levantar devagar, tocando a boca ferida - Obrigado.

O outro segurança tinha se afastado levando Bruno meio arrastado consigo. Olhei Alex com preocupaçao, porem ele me fez um gesto como quem diz: "nao foi nada". Assim, fomos embora, em total silencio ,procurando um taxi. Começava a garoar quando chegamos em casa. Tomei banho e voltei à sala, onde o namorado me aguardava, vendo televisao, com uma bandejinha de aluminio na mesa de centro.

- Hora do seu remedio - disse Alex com meus comprimidos e um copo de leite - Depois descanse, viu? Esta tarde.

Deitamos em silencio. Alex tinha colocado um pedaço de bandagem no canto ferido da boca e agora olhava quieto para o teto, pensativo.

- Ele ia te moer inteiro, Alex. Provocar aquele louco... Olha o tamanho dele - falei, afinal.

- Ouviu o que ele falou de voce? Nao podia deixar barato - disse ele, indignado - Que canalha! Como considerei caras feito ele e Tony como amigos? Nao prestam! Sabe, acho que o que me seduzia neles era aquela aura de onipotencia, a extroversao deles, tao diferentes de mim... Por muito tempo eu os admirei, Marquinhos.

- Sei. Sao sedutores, mesmo. Mas nao valem nada - disse e fiquei pensativo - Acha que o Bruno possa estar infectado?

- Talvez. Nao apenas por ter... transado com voce. Mas por sempre ter sido promiscuo - disse ele e suspirou - Quem sabe isso nao o torne mas humano, mais humilde?

Fiquei pensando se isso era possivel. Alguem muda o carater em funçao de uma doença? Mudei o meu? Meu genio ruim ainda era o mesmo, Alex via isso todo dia, nas minhas impaciencas com ele, nas minhas chatices de mimado. Varias vezes ocorria de eu brigar com ele por ser forçado a comer quando estava nauseado, chegando ao ponto de xinga-lo, de gritar e manda -lo para os piores lugares, furioso, ao passo que ele apenas ficava me olhando, inabalavel, comentando as vezes que eu nao era mais criança e que estava apenas tornando as coisas mais dificeis para mim mesmo. Entao eu me sentia culpado, relutava em dar o braço a torcer, mas afinal ia procura -lo là na cozinha onde ele ja fazia uma limonada ,outra das especialidades dele. " Desculpa, amor", eu dizia, abraçando -o por tras. " Eu sei que sou insuportavel algumas vezes... Mas voce me ama assim mesmo, Alex! ". Eu via que ele sorria consigo, encostava o rosto no meu e fechava os olhos. " Estou com voce para tudo o que vier. Tudo", ele sussurrava. "Agora beba essa limonada aqui. Vai, cara. Faça uma forcinha, por favor ", ele completava e eu bebia, fazendo careta de enjoo. Se meu carater havia melhorado? Nao sei. Mas meu genio dificil ainda era o mesmo. De todo jeito, era uma teoria de Alex. Devia ser verdade, senao ele nao teria levantado essa questao.

Minha dura rotina seguiu, trabalhando e estudando com esforço, aguentando bravamente o AZT, indo ao medico a cada dois meses, contando os linfocitos que nao aumentavam e nem diminuiam, medindo minha carga viral ainda estavel... Nao era uma vida plena, eu deixava de fazer muita coisa, mas era a minha vida e eu a levava com muito amor á ela e muito cuidado.

No inverno, porem, comecei a tossir seco e a ter uma dorzinha chata nas costas. Isso nao durou mais do que dois dias e Alex, aflito, começou a falar em procurar um medico, para meu terror e negaçao. "E se for apenas uma tosse alergica? O clima anda muito seco, sem chuva...", era o que eu pensava. Mas em uma tarde a febre alta me tirou do trabalho mais cedo, e telefonei para Alex que veio muito preocupado me buscar de taxi.

- Ja arrumei suas coisas e falei com o medico. Vamos direto ao hospital - disse ele.

Eu nao queria ser internado. Tinha um medo terrivel de nao voltar de la, porem nao houve outro jeito. Naquela quarta - feira gelada dei entrada no hospital com uma pneumonia causada por um fungo que meu organismo nao conseguiu impedir de se instalar. Começava entao uma grande luta para mim, talvez a maior de todas.

*

*

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Valeu, galera! Estamos acabando. Comentem! :)

Beijao em todos!

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Comentários

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A nãããão :''( ele não pode morrer não Irish, escreve um final tipo ele acordando de ressaca no dia em que tava indo dormindo na casa de praia antes de ter ficado com o Tony a primeira vez!!(to brincando eu vi q vc ja escreveu :'(((() De verdade, ter assistido a culpa é das estrelas semana passada me fez ficar ainda mais emotivo lendo seu conto... Te adoro mt irmãzinha :***********

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Hey, Irish! Mas uma vez me desculpe por não está comentando. As coisas aqui ficaram apertadas desde sexta passada. Tô tentado falar contigo pelo e-mail, mas tá apenas difícil. Eu não estou conseguindo. Sei que nesse seu segundo conto, eu fiquei muito ausente e eu fico com o coração na mão por isso. Tô correndo contra o tempo e tentando solucionar as lacunas da minha vida. Mas é apenas complicado quando você não tem a resposta e nem um tipo de orientação. Até tem, mas o medo cega a gente. Enfim, me desculpe mais uma vez. Sobre a estória... Eu estou aqui lhe aplaudindo de pé. Sensacional! Você tem o verdeira dom da palavra, minha amiga. Eu chorei(novidade) muito já e estou apenas triste. Eu nem sei muito o que falar, pois os meus pensamentos estão envoltos pela camada da triste. Eu não estou pronta ainda pra dizer adeus ao Marcos. Eu sinto muito triste que o fim precoce já esteja pré destinado a ele. O Alex é um santo. Onde é que se acha um Alex assim, meu Deus?! Os seus personagens são impagáveis e inesquecíveis, Any. Sério, sinto que já chegamos no final aqui, mas, por favor, nos brinde com outras obras. Eu apenas preciso delas para ter uma inspiração maior para a vida ao acordar. E isso, o que você escreve, toca a gente lá na alma. É como se fossemos o próprio protagonista. Eu admiro muito você, Irish, tanto como escritora e como pessoa. Obrigada por tudo! E o Qhuinn tem toda razão; essa temática lembra mesmo Queer As Folk. Agora me passou um filme na cabeça sobre série... Tem algo que vocês têm verdadeiramente em comum; o fato de me fazerem chorar. rsrsrsrsrsrsrs Eu sou muito emotiva. Enfim, Parabéns, Any! Continue sempre trilhando esse caminho maravilhoso da escrita. Você tem um grande talento e não tenha medo de usá-lo. Parabéns! Um grande abraço de uma admiradora e amiga. Um beijo!

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To comparando seu conto com Queer As Folk! Olha a moral que eu te dou!!!! rsrsrsrs quando puder, assiste!!!!!!!!!!!!! <3

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Seu conto me lembra um pouco algumas partes de Queer As Folk. Tipo, as coisas que acontecem são bem diferentes, mas Queer As Folk também tratava de casais em que um era infectado e o outro era saudável. Esse assunto é bem polêmico, pois é difícil encontrar pessoas como o Alex.

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Nossa, agora vai ser uma batalha dura, continua.

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Ai que tenso!! Que raiva eu tô desse filhote de demônio, esse Bruno.. Affz..

odeio ele..

quanto ao Marcos.. Será? Será se ele morre?? Poxa ... Eu nao queria..

é mais a vida é assim, escolhas erradas nos ferram todo..

aiai..

beijooos minha princesa.. Seu conto ta 1000000 amando....

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