O FRUTO Cap. 25 (PS: leia o aviso no final da história)
Eu ainda pensava com meus pensamentos no que ele me dissera ontem. Na verdade nas duas coisas. O “eu te amo” Ecoava na minha mente como um disco arranhado e eu tentava a todo custo não suspirar como uma donzela virgem. Mas o “os outros também virão para você” me preocupava. Eu não queria isso, não queria ser disputado e ter de escolher um deles “Eles são irmãos! E se eu acabar com a relação deles?” “Ainda tem o Igor, ou mesmo o Daniel”.
- Mais que merda! Por que logo eu?!- Falei pra mim mesmo.
Foquei na musica que tocava no volume máximo do meu celular; “Fluorescent Adolescent” do Artic Monkeys. Cantava o refrão baixinho...
Quando ele chegou.
- Bem. você demorou. – Falei firme.
- Confesso que estava reunindo coragem para termos essa conversa. – Falou – Ela não vai ser fácil e sinto que preciso esclarecer algumas coisas. – Deu a mão para que eu me levantasse.
- Claro. – Sorri – Mas em todo caso, precisamos conversar, não? - Tentei fazer uma piada.
Ele continuou sério.
Eu estava sentado na sala de aula, era intervalo e poucas pessoas estavam na sala. Marcus estava a minha frente. Ele estava lindo, até mesmo com o blusão do uniforme que marcava seus músculos, ele usava uma calça preta colada e seus cabelos pretos refletiam as luzes da sala. Mas seu rosto era uma mascara de seriedade, mas mesmo assim era impossível não reparar em sua beleza, e em como ele destacava entre os outros garotos da sala.
...
Marcos ia ao meu lado, enquanto íamos para a mansão. Ele não comentou nada comigo e eu não iria tocar no assunto. Ele suspirou e eu resolvi acabar com isso.
- Marcus, sobre esse papo de ser cortejado... – Falei tenso e fui interrompido.
- Eu sei! – Ele falou – E queria te dizer que se você me escolher, eu farei o meu melhor para protegê-lo. Ninguém jamais o machucará.
Eu confesso que me senti triste pelo que ele me disse. Que para ele eu era apenas isso. Um trabalho. Foi impossível não pensar no “Eu te amo” do outro gêmeo.
- Então, você não me ama? – Perguntei e não me dei ao trabalho de não esconder o tom de traição em minha voz.
- Sentimentos são coisas complicadas, David. – Ele falou ficando de frente para mim. – Eu não sei oque sinto por ti. E para ser sincero isso me preocupa. Eu sou logico! – Buscou ar. - Eu não sei agir pondo meus sentimentos na frente do meu dever. Eu queria muito não ser assim... Não colocar a razão na frente de tudo, mas eu sou assim. E eu não tive tempo para conhecer você. – Falou firme.
Claro que eu sendo eu já estava em lagrimas.
Eu não o entendia, e perguntei:
- Quer dizer que se eu o escolher. – Engoli em seco. - Você vai aceitar casar, e viver comigo até que eu morra? - Perguntei limpando as lagrimas com minhas mãos. – E seus sentimentos, Marcus? – Minha voz subiu alguns tons – É a porra da minha vida! Não quero que você fique comigo por caridade, porque é sua obrigação ou porque você sente que deve! Quero alguém que me ame! Droga. – Gritei.
A esta altura já estávamos na frente da mansão. Passei por ele limpando as lagrimas e segui para meu quarto, batendo a porta suficientemente forte para que fosse escutado do outro lado da cidade.
...
O sol estava se pondo e eu ainda não havia saído do meu quarto. Minha barriga doía de fome, mas só em pensar em ter que sair e correr o risco de encontrar com os gêmeos me causava um embrulho maior que a minha fome. Olhei para meu celular e me senti mais depressivo ainda.
“17 ligações perdidas, 9 SMS´s e 7 conversas no WhattsApp.”
Estou ferrado.
Antes que pudesse começar a responder a todos houve uma batida na porta. Eu estava de pijama; uma camisa duas vezes maior que eu e uma calça folgada de moletom. Arrastei-me até ela e a abri de supetão.
- Mas que droga – Lamentei.
Marcus estava a minha frente e ainda por cima com uma bandeja de comida em suas mãos.
- Você precisa comer. – Falou entrando e sentando-se na MINHA cama.
Fui até ele tomando a bandeja de seus braços e sentei-me na minha cadeira de leitura. “Quanto mais distancia dele melhor” Pensei amargamente.
Comi como um pedreiro e após terminar a minha refeição ele falou;
- Nós não terminamos a mossa conversa. – Ele começou.
- Ah, por favor! – Gemi – Você já falou o suficiente, já esclareceu que sou apenas um trabalho para você. Oque mais você quer de mim? – Quase gritei.
- Cala a boca! – Falou com a voz firme.
“Uau! Tá ai um lado ele que eu não conhecia.” Pensei.
-Cala a boca e me escuta. – Falou mais baixo – Eu não terminei de falar naquela hora. Você é bem estressadinho, sabia? – Exibiu um sorriso.
“Deus como ele é lindo!” Pensei.
- Então fale. – Desafiei
- Bem... – Ele começou. – Eu falei que sou logico, sempre fui assim, razão na frente da emoção. Mas isso foi até te conhecer, eu realmente não sei oque pensar quando estou contigo. A parte logica do meu cérebro repete sempre que eu tenho que te proteger. Que é minha obrigação como sobrenatural. Mas meu coração, que eu sempre ignorei bate mais forte toda vez que eu te vejo. Algo aqui – Bateu em seu peito. – Berra que eu o pegue em meus braços e te aperte até que você não tenha que carregar um fardo tão pesado... E isso me assusta. – A ultima parte veio como um sussurro.
Eu admito que fiquei balançado. “Quem não ficaria?” Mas era minha vida de que se tratava isso tudo, eu não podia e nem ia aceitar menos do que a certeza do meu “companheiro”.
- E eu faço oque nesse meio tempo? – Perguntei. – Não posso simplesmente esperar que um belo dia você perceba que sua razão e seu coração falam a mesma língua. - Falei e me dirigi até a porta. – Saia, por favor. E só volta quando você realmente souber oque você quer.
Porra! Era minha vida, e eu não podia esperar menos do que a certeza de que ele estava junto de mim por amor. Caius já tinha me alertado sobre a minha escolha. Uma vez feita, seria eterna e não teria volta. E eu não queria arrastar alguém para isso, não sem ao menos dar a ele a chance de poder escolher outra vida.
Marcus levantou-se e só neste momento eu percebi que ele apertava meu travesseiro. Ele ficou na minha frente e eu não pude me conter. Quando dei por mim nossos lábios estavam juntos em um beijo. Os seus lábios eram macios, doces e estranhamente refrescantes, mas o beijo era diferente de qualquer outro que eu já tivesse beijado; era calmo, sem urgência de provar algo, ou a luta pelo domínio. Era um beijo simples, calmo e castro. Mas nem por isso sem paixão. Até o corpo dele comportava-se da mesma maneira, suas mãos moviam-se com calma, mas com firmeza. O calor do seu corpo era inebriante e me fazia querer mais e mais...
Nossos lábios se afastaram e meu rosco corou.
- Desculpe. – Falei tímido.
- Pelo quê? Não peça desculpas por algo que foi incrível. – Um sorriso maroto brotou em seus lábios.
...
Peguei meu celular e comecei a minha peregrinação. Primeiro as ligações; Marcelle cinco chamadas. Liguei e inventei uma dor de cabeça. Math; A mesma desculpa. Matheo; Não retornei por falta de coragem. Minha tia; perguntando se eu queria uma festa de aniversario. Marcus; ignorei por motivos óbvios... Os sms´s Marcelle, Math, e Matheo. Droga coração! Pare de bater mais forte!. Fui para o whats e li a mensagem de Matheo me enviara;
“Não esqueça de que você é meu! Eu realmente quero que você me escolha, mas se você cometer o ERRO de escolher o meu maninho, eu vou entender. Amar é querer a pessoa amada feliz.”
“Cada vez eu me ferro mais!” Grunhi.
....
Era noite e estávamos na grande sala de jantar. A decoração era linda; peças de cristal reluziam a luzes do lustre e a mesa posta abrigava um enorme banquete. Comidas de todos os tipos e cores estavam sobre bandeja, recipientes e pratos de prata. Uma musica suave terminava de enfeitar o jantar. Caius estava na posição de anfitrião da mesa, eu estava no meio da mesa. Do meu lado esquerdo estava Matheo e do meu direito Marcus. “Preciso abraçar quem escolheu os lugares” Pensei. Todos os sobrenaturais que eu conhecia também estavam à mesa. O senhor Alan e sua esposa, uma mulher linda e bastante simpática, Igor e Irina, e até mesmo Klaus (Após um embaraçoso pedido de desculpas feito na frente de todos) e sua esposa, uma mulher com cara de quem comeu e não gostou “Quem a culparia?” Daniel parecia estar ali obrigado. Eu não queria aquilo, mas Caius insistira para que esse jantar formal fosse realizado.
Após a refeição ser servida, conversamos amenidades e tive que me controlar para não derrubar minha taça, pois o tarado do Matheo “esbarrava” sua perna na minha a cada cinco minutos.
Marcus apenas sorria para mim. “Tão respeitador”.
Após receber os parabéns de todos me dirigi para meu quarto. Eu estava com a cabeça cheia de duvidas quando fui interceptado por um Daniel visivelmente nervoso.
- Calma aí, meu jovem – Falei tentando acalmá-lo.
- Desculpa- Ele respondeu – Posso te acompanhar até o seu quarto?- Seu olhar exibia uma clara expectativa.
“Vamos logo acabar com isso.” Pensei.
- Sim, vamos. – respondi educadamente.
Já estávamos em frente a minha porta quando ele resolveu quebrar o silencio;
- Bem... – Ele remendou – Eu quero me desculpar por minhas atitudes com você... – falou firme.
- Não precisa cara. – Falei tentando poupá-lo daquilo tudo. – Eu entendo esse lance de cortejo todo. – Falei.
-Não é isso, ou pelo menos só isso. Eu realmente não queria ter feito oque eu fiz. Só me escute até o fim. Promete? – Perguntou.
- Tudo bem então. – Assenti.
- Me desculpe por mexer com suas lembranças, por colocar medo em seu coração. Eu me sinto um monstro pelo que fiz você passar no baile. – Falou enrolando os dedos.
Eu não estava entendendo até que me lembrei da habilidade de Daniel. Criar falsas memorias. O baile... O estupro... As lembranças vieram com tudo e eu me escorei na parede para não cair.
- Co... Como você pode? – Perguntei ferido.
Minha vontade era de pular em cima dele e enquanto houvesse forças para socá-lo. Mas esperei ele continuar.
- Eu sei! Sei que fiz uma cosia monstruosa. Que foi imperdoável. Mas eu estava desesperado! Meu pai me obrigou a... A seduzi-lo, ele quer ter o poder de comandar a família e me obrigou a fazer oque eu pudesse para afastá-lo dos gêmeos. –A esta altura ele já chorava e soluçava. Era impossível não ver a culpa em seu tom de voz. – Eu só queria agradar meu pai. Eu só queria que ele tivesse orgulho de mim. E eu não poderia competir com os Marcus e o Matheo. Olhe pra mim, quem me escolheria? E olha que nem gay eu sou. – O seu choro aumentou. - Mas eu me senti mal por isso, e quando o tio Caius me explicou o quão difícil era pra você. Minha consciência pesou mais ainda. Desculpe mesmo. – Terminou soluçando.
Eu não resisti e o abracei. Meu coração se partiu ao escutá-lo
- Claro que te perdoo- Falei sincero. – E para com isso! Você não tem que agradar seu pai. A vida é sua! Faça suas escolhas e seja feliz. Prometa-me, prometa que você só vai fazer oque você quiser! – o encarei.
- Sim! Eu prometo! – Falou com um sorriso/choro. – E obrigado! – você realmente é um tesouro.
Foi impossível não rir.
...
Já estava deitado relembrando o jantar. Era uma comemoração para mim. Daqui a trinta dias, eu terei que fazer a grande escolha.
Continua...
Sei que está chato a demora gente. Peço UM MILHÃO DE DESCULPAS, mas quem escreve sabe quando eu falo que passei por um bloqueio enorme. Cheguei a passas horas pra escrever 100 palavras ): Estou me esforçando para fazer meu melhor e juro que ainda não me recuperei do ENEM kkkkk Outra coisa: Estou com ideias pra novos cinco contos, mas estes eu só postarei quanto estiverem terminados, fica mais fácil pra mim e pra vocês.
E outra, serão historias curtas, de no máximo sete capitulos cada. E estou vendo se vou continuar aqui ou se postarei pelo "Whattpad". Oque vocês acham?
Outra coisa. Só vou postar a continuação se eu receber no minimo 10 comentários u-u Pq sou desses que demora a aparecer e ainda coloca banca.