(...) Porra, meu cu ainda nem tinha se fechado de novo e eu já precisaria voltar a ativa para conseguir dinheiro para o meu homem... Fiquei agoniado e sem saber o que fazer. Já estava de noite, eu estudava de manhã e precisava do dinheiro logo para depois da aula... Como eu ia conseguir?
Eu podia pedir para minha mãe adiantar minha mesada e com certeza ela iria negar... Sempre negava... Nem valia a pena insistir... Eu podia roubar alguma coisa de casa e tentar vender, mas, fala sério, seria uma puta sacanagem fazer isso! Minha mãe se matava para me dar uma boa vida e não seria justo ou correto eu catar alguma joia dela ou algum bem da casa para fazer um ganho na rua. Olhei para o meu quarto: vi meu cel, meu not, vi várias coisas sem as quais não poderia viver... Não, vender algo meu também não seria a solução.
Tive um sono ruim a noite toda. Acordava, mexia, revirava e custava para pegar no sono de novo. Gente, quando eu digo que eu amo o Luís é porque eu, realmente, AMO ele! Eu não sei viver sem ele! Eu não consigo nem imaginar como seria minha vida sem ele! Eu faço qualquer coisa por ele... vocês já perceberam! Eu não podia deixar ele na mão! Se eu furar com ele, com certeza, ele arruma outra viado e põe no meu lugar! Homem age assim! O Luís não seria diferente!
Na manhã seguinte, fui para a aula com a cara mais emburrada do mundo. Eu catei uns trocados pelos bolsos das minhas calças e casacos, mas juntando tudo não deu nem R$ 20,00. Olhei esperançoso para diversos homens na rua, mas, naquela hora da “madrugada” (eu detesto acordar cedo!) não havia ninguém que topasse curtir com um viado e ainda meter a mão no bolso. Só haviam garis, crianças e mães pela rua... Nem no campinho eu conseguiria achar alguém nesse horário. E o pior: meu cu doía ainda. Muito! Besuntei-o com pomada cicatrizante e tomei alguns analgésicos, mas estava tenso...
Minha escola era relativamente perto de casa e em poucos minutos eu cheguei. Damião me olhou com um cara de safado, passou a língua pelos lábios e me soprou um beijo. Mandei ele se fuder com o olhar. Estava pobre, cheio de problemas e tinha chegado no horário, logo eu não tinha motivos para ser gentil com aquele empregadinho escroto. De cara eu vi o Enrico. Fui até ele com cara de suplica.
- E aí, belezinha? – Enrico me olhou espantado. Normalmente, era ele que sempre chegava na minha. Nunca fui um viado oferecido. Nunca fui atrás dos homens. Eles vinham até mim.
- Tudo bem cara e contigo?
- Tô com um problema cara... de grana... – Enrico, deu um sorrisinho de canto de boca e coçou o pau de leve, enquanto olhava para os lados para se certificar que ninguém nos ouvia.
- Cara – ele continuou segurando o pau – tô meio liso hoje. Só vim com a grana do lanche – era perceptível a ansiedade em sua voz, ele estava querendo, dava para notar.
- Tem quanto aí?- perguntei direto.
- Vixi... não dá nem trinta contos... – ele começou a mexer nos bolsos – 26 paus...
- Serve, mas vai ter que ser rápido.
Fomos para o banheiro do terceiro andar e mandei ver. Chupei e punhetei ao mesmo tempo, com movimentos rápidos para ele gozar logo. Enrico gozou rapidinho. Engoli a porra, peguei a grana quando ia sair ele me puxou:
- Cara, tô viciado nesse teu boquete. É bom demais vei!
- Qualquer dia experimenta meu cu... garanto que vai gostar – disse rindo.
A aula ainda não tinha começado e eu já tinha quase cinquenta reais, considerando os trocados que eu havia achado no meu quarto. Ainda faltava muito. Minha cabeça começou a doer. Eu tinha que achar um jeito!
As primeiras aulas foram a merda de sempre. Eu não conseguia concentrar em nada. Olhava para o Luís o tempo todo pensando na tarde gostosa de amor e sexo que poderíamos ter e me desesperava tentando encontrar uma solução para o meu problema. Luís percebeu que eu estava olhando para ele mais do que de costume e começou a me zoar na frente da galera.
- Hoje esse baitola tá me filmando direto! Que foi viado? Quer rola?
Boa parte da classe riu, eu fiquei com raiva e vergonha, a Professora parou de passar a matéria no quadro, xingou todos nós, mas, por fim, o sinal tocou e fui para o intervalo.
Eu não tinha muitos amigos na escola. Minha fama não era boa. Eu não tinha um gênio fácil. E para ser sincero não sentia falta de ninguém. Tudo que eu queria na vida eu já tinha: o Luís. Por isso, precisava mantê-lo. E para tanto eu faria tudo que fosse preciso.
Voltei discretamente para a sala de aula e comecei a vasculhas as mochilas de alguns colegas de classe, procurando algum dinheiro. É claro que não peguei tudo. Pegava apenas uns trocados para eles não perceberem. A gente nunca sabe exatamente quanto tem na mochila quando se é adolescente, não é mesmo!?
Já ia para terceira mochila – e já tinha conseguido cerca de R$ 40,00 – quando a puta da Bruna entrou. Ela era a mais nerd, a mais chata e a mais filha da puta da minha sala. Corri a tempo para a minha própria carteira, peguei um espelho que havia largado em cima da minha mesa e comecei a olhar meu rosto enquanto dizia em voz alta:
- Essas espinhas só podem ser coisa do demônio! Olha só gata, meu rosto parece uma lixa.
Bruna, me olhou com simpatia, não era muito querida na turma e ficava genuinamente feliz quando alguém lhe dirigia a palavra.
- Deixa de bobagem Diogo! Sua pele é linda! Eu queria ter uma pele assim!
- E eu gata queria ter esse corpinho de princesa que você tem!
Nós dois rimos e saímos juntos da sala. Ela se sentiu a vontade para ficar comigo durante o resto do intervalo e eu amaldiçoei em pensamento cada instante que passamos juntos.
No fim da aula eu pensei em ir para uma fábrica que havia no subúrbio da cidade, onde quem sabe eu poderia encontrar alguns operários lascivos e sedentos por sexo. Tive medo, porém. Eu não gostava de me aventurar em terrenos desconhecidos. E a experiência traumática do dia anterior tinha me deixado mais assustado.
Fui para casa puto da vida, com menos de cem reais no bolso e sem saber o que fazer. O jeito era admitir a minha própria incompetência. Mandei um whats para o Luís: “Amor, não consegui a grana toda”. A resposta veio quase cinco minutos depois, o que, para mim, pareceu uma eternidade: “Não tem problema, vem assim mesmo”.
Meu coração pulou de tanta felicidade. Luís permitiu que eu fosse até sua casa, mesmo sem ter o dinheiro que ele queria! Era muita alegria! Isso me dava certeza que ele realmente me amava! Eu comecei a rir sozinho e a cantar em voz alta. As dores no meu rabo já haviam cessado. A tarde seria maravilhosa.
Fiz o que toda bicha faz quando se prepara para encontrar seu homem: tomei um banho caprichado, fiz uma profunda higiene anal, passei cremes, perfumes e fiquei ainda mais lindo.
No horário marcado, pontualmente, porque viado obediente nunca deixa seu homem esperando, toquei a campainha da casa do Luís. E toquei de novo. E toquei uma terceira vez. E mandei uma mensagem dizendo que já estava ali na porta. E esperei mais um pouco. Cerca de dez minutos depois a porta foi aberta. Luis apareceu enrolando numa toalha apenas. Estava sem camisa e um pouco suado. Ele veio até minha direção e me deu um beijo rápido. Um beijo seco, sem língua.
- Trouxe quanto?
- Ué, você disse que eu podia vir sem a grana... – falei confuso.
- Você falou que não tinha conseguido tudo, ou seja, alguma coisa você conseguiu...
- Ah sim...- disse cabisbaixo, peguei minha carteira e entreguei para ele as notas que eu tinha.
- Pouco cara. Você vacilou feio.
- Desculpas... eu... eu.... – tive vontade de chorar diante da cara sisuda com que ele me olhava – eu fui assaltado...
- Cara, conta outra! Você deve ter arrumado outro macho para botar no seu cu!
- Não! – gritei firme – Eu nunca te trocaria por ninguém!
- Não dá uma de santo viado! Eu sei bem o que você faz pra ganhar a vida. Sua grana deve tá indo pro bolso de outro macho!
- Eu... eu.... juro que não.
Luís pegou o dinheiro e subiu as escadas socando o pé com força no assoalho. O chão rangia alto. Fui atrás. Antes de chegarmos em seu quarto ele tirou a toalha. Vi que seu pau brilhava e babava mesmo mole.
- Fica aqui na porta e me espera. Pode dá uma espiadinha eu deixo – ele entrou no quarto e eu tomei o maior susto da minha vida toda. Da soleira da porta eu vi Gilsinho, um viado mais velho, que já estava na faculdade e morava ali no bairro, de quatro na cama, com o cu aberto, só esperando a chegada do Luís. Ele me olhou com cara de deboche e piscou o olhou. Luís começou a se punhetar para deixar o cassete duro e se posicionou atrás daquele gay. Antes de encaixar ele olhou pra mim e disse:
- Isso é pra você aprender a não vacilar comigo!
Apesar da tristeza, da mágoa, da melancolia e da decepção eu fiquei ali e assisti tudo. Ouvi cada gemido, prestei atenção em cada detalhe. Fui humilhado totalmente. Minha alma doía. Mas, aguentei e fiquei olhando.
Quando acabaram, Gilsinho se levantou satisfeito e saciado e disse em tom de deboche.
- Agora ele é seu, novinho! Deve ter sobrado um pouco de leite nessa mangueira pra você.
Olhei para o Luís e vi que ele ria. Seu olhar era duro. Ele disse uma só palavra:
- Vem!
Fui até ele ainda petrificado de choque.
- Hoje você só vai chupar!
Ele empurrou minha cabeça e eu me abaixei. Chupei seu pau mole até endurecer. Tinha gosto de lubrificante, suor e cu. Nada mais humilhante para um gay que chupar o pau com o gosto do cu de outro viado. Ele demorou demais da conta para gozar. E quando gozou sua porra era rala e aguada. Senti-me frurstado.
- Bate a porta quando sair. Vou tirar um ronco agora.
Fui embora triste e arrasado. Minha vontade era acabar com a minha vida agora mesmo. Meu celular vibrou e eu o olhei correndo: “Lindinho, hoje a noite estarei disponível para nos encontrarmos. Aguarde-me no local de sempre. Saudades do seu cheiro e do seu corpo gostoso. Beijos. F.”.
A mensagem me arrancou um sorriso, mas eu continuava triste... enquanto eu caminhava pela rua, algum moleque maldito me atirou uma pedra que acertou minhas costas. Gritei de dor e me virei rápido tentando identificar quem havia feito isso. Não vi ninguém. Minha intuição me dizia para eu tomar cuidado. Coisas ruins vinham acontecendo comigo ultimamente... Não deviam ser coincidências...