O caminho das borboletas. 16

Um conto erótico de MMah
Categoria: Homossexual
Contém 1167 palavras
Data: 03/11/2014 01:06:51

No dia seguinte eu acordei querendo jogar o despertador pela janela. Só pra variar! Eu andava dormindo mal nos últimos dias, chorava bastante, olheiras enormes pesavam sobre minha face. Me olhei no espelho enquanto escovava os dentes. Estou um caco, pensei. Entrei no chuveiro e tomei um bom banho. Dormir e tomar banho são dois santos remédios para mim. Ainda de roupão tomei uns goles de café. Descasquei duas bananas, coloquei um pouco de mel por cima. O café havia cortado o doce da banana e do mel. Caramba, até na comida minha vida estava sem sabor. Fui para o quarto, coloquei um short jeans azul, uma blusinha de alças lilás, calcei minhas havaianas, coloquei um pouco de corretivo para tentar amenizar os efeitos das olheiras, os óculos e deixei os cabelos soltos. Nunca me descrevi com detalhes, até aqui. Eu tenho 1,68, sou branquela. Meus amigos me chamam de albina, mas é exagero. Nessa época, eu tinha os cabelos curtos. Não curtos curtos, mas um poquitinho acima dos ombros e todo desfiado. Uma franja caia de leve sobre o meu rosto. Pesava 63kg. Não era a beleza do mundo, mas tbm não era um horror. Se eu pudesse, me dava uns pegas, rs... Estava sempre bem perfumada e com cremes nas mãos. Sou fascinada por música. Estudei música clássica alguns anos, e paralelamente estudava viola, que é um irmão do violino, para não confundir com viola de música popular. Tocava violão desde os 11 e adorava descarregar as energias na bateria tbm. Quando tinha paciência, gostava de fazer alguns acordes no piano, mas nunca levri jeito, assim como não levei com a viola. Por isso larguei. Adoro Machado de Assis, mas meu livro preferido é Os miseráveis, de Victor Hugo. Estou sempre ouvindo música. Se um carro precisa de combustível para se locomover, eu preciso de música.

Olhei a hora e eu precisava ir para a aula. A manhã passou devagar, como todas as outras. Assim que a aula acabou, lembrei de entrar no meu blog e para minha surpresa havia mais coisas lá. O Vini continuava a me escrever e a me tratar como se todo aquele tempo entre nós nunca houvesse existido. Eu olhava para a tela do PC com olhos aflitos e caídos. Ele falava do nome dos nossos filhos, da planta baixa da nossa casa, até do cachorro que nós havíamos previamente batizado. E eu continuava a chorar. Quando a sessão tortura acabou, entrei um banheiro da universidade, lavei o rosto e ne recompus. Logo a aula da tarde iniciou, mas eu me perdia em pensamentos sobre o que eu deveria fazer.

O dia foi chegando ao fim. Peguei meu ônibus e cheguei em casa no inicio da noite. Tomei um banho, jantei e me tranquei no quarto. Como de costume, Maurício ligou. Falou por minutos, e eu calada.

Ele: Mah, está tudo bem com vc?

Eu: Está sim, Ma.

Ele: Faz dias que te sinto longe. Vc está na TPM?

Eu: Não. Está tudo bem. Sério!

Ele: Minha mãe está doida para te conhecer.

Eu: Ela vive curtindo minhas fotos no Face.

Ele: Ela te acha linda e eu tbm, meu amor.

Eu: Obrigada, ma.

Apareceu um bip no celular e quando olhei, era Ci me ligando. Bocejei e ele entendeu que eu estava com sono. Nos despedimos e retornei a ligação dela.

Ela: Tava dormindo?

Eu: Não, ainda não.

Ela: Tá tudo bem?

Eu: Está sim. E contigo?

Ela: Tô suave tbm.

Eu: Ci, me conta da sua vida. Como foi sua descoberta como lésbica?

Ela: Ih Mah, eu sempre soube, desde criança. Vivia brincando de beijar minhas amigas. Na adolescência tive um namorico com uma moça da minha rua, mas nada sério. Minha família enchia meu saco, então tive que namorar uns caras pra fazer imagem. Com um deles até fiquei noiva. Era meu aniversário, ele chegou lá em casa com um par de alianças. Durante a festa, ele me deu. Fiquei sem reação. Então entrei no quarto e chorei muito. Eu não queria aquilo pra mim. No dia seguinte o chamei até minha casa e devolvi a aliança. Disse que não podia fazer aquilo com ele. Hoje somos até amigos. Ele casou e a esposa dele está grávida. Teve tbm o pai do meu filho, que eu já te falei. Depois veio a Suzana. Ela era uma senhora de uns 40 anos. Ficamos juntas alguns meses. Eu não a amava, mas ela me fazia bem e se preocupava comigo. Até que numa tarde eu passei lá, tomamos sorvete juntas e eu fui para casa. Assim que cheguei, o telefone tocou. Ela havia tido um ataque do coração e estava indo para a capital, em busca de um hospital maior. Porém não deu tempo, ela morreu no caminho. Quase enlouqueci. Então fiz minhas malas e viajei para São Paulo de férias. Arrumei um emprego e fiquei até hoje. Depois da Suzana, teve a Rejane. Sempre fomos vizinhas, mas só começamos a namorar quando eu já estava aqui. Acontece que tínhamos um relacionamento péssimo. Terminavamos e voltavamos, como quem troca de roupa. Ela mentia, eu tbm não ficava atrás. A mulher de um amigo meu começou a me dar liberdade, então não deu outra: Traí a Rejane com a Kátia. A Rejane ficou pra trás, e o lance com a Kátia foi rolando. Uma noite estávamos na casa dela e decidimos descer a serra. Eu havia bebido um pouco, perdi o controle do carro e capotamos algumas vezes. Eu sai sem nenhum arranhão, ela ficou dias em coma. Eu ia no hospital sempre, até que a polícia entregou o celular que foi achado no bolso dela ao marido, e ele viu nossas conversas. Perdi o contato com eles. O que sei é que continuam juntos, mas a Kátia ficou com seqüelas. A voz é enrolada, anda com dificuldade, essas coisas. Num desses meios aí, teve a Maria, que ainda mora comigo, mas hoje somos apenas amigas mesmo.

Eu estava estática do outro lado da linha. Caramba, aquela menina havia vivido muuuitas coisas.

Eu: Mas vc não acha que continuar morando com ela não deixa espaço pra rolar coisas?

Ela: Não. Te garanto! Eu não a amo, Mah. Na verdade, eu nunca amei uma mulher assim, ao ponto de querer virar gente por ela. Amei todas como amigas, não como mulheres.

Eu: Entendi! Caramba, Ci... são 3h da manhã, tenho aula daqui a pouco. Preciso ir. Boa noite, Ci. Bjoo

Ela: Boa noite, Bebê. Não esquece que eu amooo vc. Bjoo

- Thawy: Obrigada pelas leituras. Fique a vontade por aqui.

- Sizinha: Esses dia ci me disse algo, que talvez responda a sua pergunta. Ela falou: "Mah, antes de vc me amar, eu já te amava. Te amei quando lhe vi a primeira vez tocando violão na igreja. Eu te vi e já te quis pra mim. Mas vc parecia um sonho impossível. Fato é: Apesar dos anos, da distância e do abismo que existia entre nós, eu nunca esqueci vc".

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Comentários

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a que lindo! to louca pra saber como vcs ficaram juntas. rs

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RSRSSRRS resp simmm mas queria saber o pq dela ter tido q vc nao era o tipo dela era so zuaçao? Ta perfeito cont....

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