Continuaçao....
NARRADO POR NÍCOLAS.
Olhei a hora, faltava cinco minutos para tocar o despertador. Levantei mesmo assim, claro que nao tinha dormido nada a noite toda, nao conseguiria simplesmente fingir que a noite de ontem nao aconteceu. Peguei uma toalha e fui para o banheiro tomar banho, estava uma manha realmente muito fria. Foi muito bom sentir aquela água bem quente cair sobre meu corpo. Fiquei viajando nessa sensação e foi inevitável nao pensar na noite passada. Droga! Por que eu sempre tinha que estragar tudo. Agora alem de tudo com certeza tinha perdido sua amizade, sim, porque Raul nao ia nem querer olhar pra minha cara depois de eu ter me declarado pra ele que nem um otário.
Acho que desde as primeiras semanas que Raul se mudou aqui pro prédio que sou apaixonado por ele. Lembro-me da primeira vez que conversei com ele, eu estava chegando da faculdade, curso o primeiro ano de letras, e por coincidência entramos no elevador juntos. Ele estava distraído lendo o horóscopo do jornal, fui o observando pelo espelho do elevador, ele nao devia ter mais que 25 anos, a pele branca e o cabelo escuro, um sorriso natural no rosto. Só quando as portas do elevado abriram e ele fechou o jornal, foi que percebeu minha presença ali.
- Olá.
Disse ele saindo no mesmo andar que eu.
- Oi..... Eu disse meio sem graça.
- me chamo Raul. E vc?
Eu: Nícolas.
Raul: pelo jeito somos vizinhos de porta .
A porta de seu ap ficava exatamente de frente para a minha.
Eu: que bom.
Raul: por que?
Fiquei mega sem jeito, nao sabia oq dizer, muito menos porque tinha dito aquilo. Ele vendo meu nervosismo falou:
Raul: bom, eu vou indo, ainda tenho muito oq arrumar em casa. Mas gostei de ter conhecido vc, Nícolas. Haa a propósitos, vc é muito bonito, nao se vê muitos ruivos naturais por ai. A gente se vê, té mais.
Falando isso ele entrou em casa, caramba, fiquei parado que nem um bobo na porta. Ele tinha dito que me achava bonito? E ele falou isso como se fosse a coisa mais natural do mundo, com um sorriso amigável no rosto.
Nao tinha como nao o notar, ele era lindo, simpático, educado. Por muito tempo fiquei só o observando, pois sou tímido de mais para puxar conversa. No maximo nos cumprimentávamos por ser vizinho de porta. Raul era uma pessoa bem rodeada de amigos, mas ele tinha tbm um melhor amigo, que inclusive eu ja o tinha visto pela universidade, ele usava um uniforme todo branco, provavelmente fazia algum curso relacionado a saúde. Enfim, esse seu amigo era bem íntimo, vivia em sua casa, notei que em muitas noites ele até dormia ali.
Nao se passou muito tempo e Raul tbm entrou para a mesma faculdade que frequento. Ele estudava pela manha, anoite sempre saía, mas as tardes fica em casa; eu nao trabalhava, entao tbm ficava em casa.
Num dia de chuva encontrei Raul sentado na escada do prédio, ele nao estava com uma cara muito boa.
Depois de cumprimenta-lo perguntei se estava tudo bem. Ele disse que nao muito, que estava intediado e sozinho, pois seu amigo nao poderia vim hj.
Eu: eu sinto muito, queria poder ajudar.
Raul: vc pode. Nao gosto de ficar sozinho.Ta ocupado? Quer assistir filme comigo?
Meu coração bateu tao forte nessa hora que pensei q ia sair pela boca. Ele estava me convidando para ir a sua casa. Aceitei na hora. Passamos aquela tarde toda assistindo filme, eu nao estava prestando atenção em tv nenhuma, apenas nele, em tudo na sua casa. Ele era uma pessoa muito divertida, mas ja o vi brigar com seu amigo, sei que ele consegue ser bem bravo e agressivo tbm. Mas comigo ele era um palhaço, eu ria muito com ele.
Apartir desse dia ficamos amigos, passei a conhece-lo melhor, e me apaixonar cada vez mais, mas claro que nunca falaria isso pra ele. Ele tinha algo contra ficar sozinho, entao tive muitas oportunidades de ficar em sua companhia. Era notório que ele gostava muito de seu amigo, abandonava qualquer coisa para ir atrás dele. Inúmeras vezes Raul me deixou para sair atrás do tal do iago, claro q eu ficava chateado, mas nunca demonstrei nada. Percebi tbm que Raul era muito impulsivo, e quase sempre se arrependia depois. Tanto seu bom humor quanto seu mal humor eram contagiantes.
Mas eu o adorava acima de tudo, as vezes ficava espiando pelo olho magico da porta para ver a hora q ele chegava , e ir falar com ele. Comigo ele era sempre querido, as vezes percebia que ele estava com os pensamentos longe, e quando isso acontecia ele nao me tratava mal, mas agia com indiferença em relaçao ao que eu dizia.
Mas de uns tempos pra cá Raul tem andado cada vez mais estranho, ja tinha o visto triste bastantes vezes. Acho que tem alguma coisa a ver com seu amigo, pois agora os dois ja nao andam grudados como antigamente. Se por um lado isso era ruim por ele estar triste, por outro foi bom pois tive uma brecha ainda maior para me aproximar dele. Tinha dias que passávamos a tarde toda conversando, ou as vezes só eu falava e acho q ele nem sequer me ouvia, mas eu ja estava feliz por estar na sua presença. Claro que eu sabia que eu nao era um alguem especial pra ele, ele me tratava bem, mas ele tratava todos os seus amigos assim, eu era mais uma voz q servia para ele nao se sentir totalmente sozinho.
Uma noite dessas, era madrugada, eu estava sem sono e levantei para beber agua. Ouvi um barulho no corredor, fui espiar pelo olho magico da porta, a cena que vi me deixou desnorteado. Raul se despedia de seu amigo na porta do ap, mas o impressionante era a forma com que fazia isso, eles se beijavam loucamete, beijo de língua. Agora tudo fazia sentido, o sentimento de Raul por esse cara nao era só amizade. Confesso que a ideia de saber q raul tbm gostava de homens me excitou muito, mas tbm me entristeceu saber que seu coração ja tinha dono, pois era visível que ele era louco por aquele cara.
Acho até que eles namoravam, e agora com certeza terminaram o relacionamento. Raul ultimamente andava muito explosivo, acho q o término da tal relação mexeu de verdade com ele. Ele era musico, passava a noite nos bares, entao ve-lo bebado as vezes ja era algo comum, um dia até o ajudei, fiz café forte pra ele e tudo. Mas ultimamente ele andava pior, acho q tava até usando droga, e isso me preocupava bastante, pois eu gostava muito, muito dele.
Na noite passada, quando o vi entrando em casa, devia ser umas sete da noite, fui falar com ele. Eu estava muito preocupado , acho q a dois dias q ele nem sequer abria a porta de casa.
Eu: Raul... vc ta bem?
Ele: oi cara, e ai, to de boa.
Eu: ha , fiquei preocupado contigo, faz quase três dias q nao te vejo.
Ele deu um sorrisinho de leve, bagunçou meu cabelo com as mãos e fez sinal para q eu entrasse com ele em casa. Entrei. Ele sempre foi bagunceiro, mas aquilo tava uma completa zona.
Eu: que furacao passo por aqui?
Ele: um furacao chamado raiva, conhece?
Falando isso ele deu risada , foi até o armario e pegou uma garrafa de vinho, se sentou na janela como de costume. Servil vinho em um copo, tomou um gole e me ofereceu.
Ele: quer?
Ele me ofereceu para beber no mesmo copo que ele, isso me fez querer aquilo, nunca bebi na minha vida, no maximo espumante em festa de final de ano, mesmo assim aceitei.
Me sentei no chao, de frente para ele, tentei puxar varios assuntos, ele mais uma vez parecia em outra orbita, respondia apenas com " humm...ou... é mesmo". Mas nao liguei, continuei ali; uma hora ele acendeu um cigarro de maconha, isso eu ja sabia q ele fumava, e ficou fumando na janela. Fiquei o olhando, e o copo de vinho ficou na minha mao, por ser vinho doce fui bebendo sem perceber. Eu achava Raul tao lindo, seu jeito, seu cheiro, tudo fazia com q eu me apaixonasse cada vez mais por ele. Que droga, o pior é que eu sabia que nao tinha a mínima chance com ele.
Me olhei no vidro da janela, eu era só um garoto, Raul ja era um homem. Eu tinha 17 anos, a pele extremamente branca, e os cabelos ruivos, de um vermelho bem vivo, com um comprimento um pouco pra cima dos ombros e lisos, um pouco de sardas, mas nao muitas, e os olhos azuis, um azul bem clarinho, eu até tinha um copo legal, apesar de magro, tinha uma bunda empinadinha, mas ainda sim eu era só um menino. Sem chance de eu querer competir com o seu " amigo" o dotorzinho.
Levantei-me para ir ao banheiro e quase cai, notei q tinha bebido de mais para quem nunca bebeu.
Raul: opa! rsrsrs..quer ajuda nick?
Falei meio envergonhado:
-nao , pode deixar , me viro.
E fui, quando voltei ele tava arrumando alguma coisa na mesa, nem prestei atenção, eu estava meio tonto por causa do vinho. Apenas quando o vi enrrolando uma nota de dois reais e abaixando a cabeça perto da mesa me toquei oq ele ia fazer.
Eu: Raul? Oq é isso cara? Deu pra cheirar coca agora tbm?
Ele fingiu q nem me ouviu, mando aquela carrerinha inteira. Balaçou a cabeça e voltou a se sentar, dessa vez no chao, de frente para mim.
Eu: Raul oq significa isso cara?
Raul: vc é esperto, nao preciso te explicar.
Ele falou até meio grosso. Nao respondi , era notório q estava preocupado, talvez até chateado.
Eu: Raul ta tudo bem mesmo?
Raul: pq?
Eu: sei lá, vc parece tao longe, mais que de costume, vc esta chateado com algo?
Ele suspirou e pensou um pouco para responder.
Raul: nada nao cara, deixa pra lá.... é só que as vezes a saudade machuca sabe.
Eu: vc ta falando do iago, seu amigo?
Ele me olhou estranho, com cara de " como vc sabe?" , mas nada respondeu. Eu ficava triste em ve-lo sofrendo por amor sendo q eu o amava tanto em segredo.
Eu ja nao tava mais aguentando segurar tudo q sentia dentro de mim. Raul uma vez me disse que estar bebado e ter coragem eram sinônimos, e acho q agora entendia isso. Eu estava com uma vontade loca de consola-lo, de... de dizer tido que sentia, quem sabe....
Eu: Raul?
Ele: fala.
Eu: vc é um cara muito especial sabia?
Ele nada respondeu, continuo me olhando. Eu continuei a falar.
Eu: desde o primeiro dia q te vi soube disso. Vc é uma pessoa tao boa, me faz sentir bem só de estar perto de ti. Vc é o homem mais lindo que ja vi (eu devia estar muito vermelho falando isso), a pessoa q tem seu coração deve ser a pessoa mais feliz do mundo. Eu gosto muito de vc cara!
Olhei pra ele esperando uma resposta. Ele me olhou um pouco ai disse.
Raul: como?
Eu: eu gosto muito de vc cara.
Ele me olhou com cara de espanto, percebi entao que ele nao tinha prestado atenção em nenhuma palavra que eu disse.
Raul: eu tbm gosto de vc cara, vc é um ótimo amigo.
Eu fiquei sem saber oq dizer, raul percebeu.
Ele: pera ai , vc ta querendo dizer em outro sentido?
Ele me olhou com cara de estranheza. Eu nao sabia oq dizer , só queria sumir dali. Fui levantando pra sair, estava meio tonto; Raul se levantou tbm e segurou em meu braço.
Ele: eu te fiz uma pergunta!
Eu: Raul eu preciso ir, por favor! Falei tentando segurar o choro.
Ele: acho q ja respondeu.
Raul estava sendo tao grosso, quase nao o reconhecia. Fui saindo, ele me segurou mais uma vez.
Raul: nícolas, pelo bem da nossa amizade, esquece essa historia de gostar. Nao vai dar certo, eu ja vivo uma relaçao bem difícil, entao esquece isso.
Nao respondi nada , fui correndo pra casa pois nao ia conseguir segurar o choro por muito tempo.
Me joguei na cama, meu pai é policial e trabalha em turnos variados, ainda bem nao estava em casa pois nao me contive e acho que chorei de soluçar. Por que eu tinha q ter dito aquilo? Eu estraguei tudo, droga! droga!
Acho q fiquei nisso um bom tempo, depois de tanto chorar acabei adormecendo. Acordei eram duas horas da manha. Fiquei rolando na cama pois estava muito frio para levantar, mas as palavras de Raul nao me saíam da cabeça. Com que cara eu ia olhar pra ele agora. E além de tudo tinha perdido sua amizade.
Desliguei o chuveiro. Peguei a toalha e me sequei. Fui para o quarto e coloquei uma rolpa qualquer, em geral so bem vaidoso mas nao estava com cabeça para isso hj.
Nao quis comer nada, fui direto para a faculdade, cheguei bem cedo e fui direto pra aula. Tentei ao maximo nao me distrair, prestar atençao na aula, mas estava realmente difícil. Na hora do intervalo fui até o banheiro para lavar o rosto, pois esta com cara de morto .
Lavei meu rosto com bastante agua, estava bem frio entao aquilo dispertou como nunca. Me sequei, respirei fundo. É isso ai, eu nao podia perder o foco, com o Raul outra hora eu me explicava.
Fui voltar pra sala , quando estava saindo do banheiro, na porta, dei de cara com Raul. Fiquei completamente assustado , nao esperava q isso fosse acontecer tao cedo.
Ele me olhou firme, parecia tenso. Me empurrou para dentro do banheiro novamente.
Raul: andei pensando no que vc me falou.
Eu: como assim Raul?
Raul: nisso!
Ele passou um braço por trás das minhas costas, me puxando pra si, e me beijou.
Eu nem podia acreditar no que estava acontecendo, eu esperei tanto por isso . Ele enfiou sua língua dentro da minha boca e seu beijo era quente, seu gosto era delicioso. Tentei aproveitar ao maximo daquele momento; nosso beijo foi acabando em selinhos. Ele me olhou e sorrio.
Eu: porque vc fez isso ?
ContinuaOlá pessoal, obrigado por que esta acompanhado minha historia, é muito importante saber q vcs estao gostando, para eu continuar escrevendo.
As vezes me pego numa dificuldade danada de escrever, pois é muito difícil ver as coisas de um ponto de vista que nao é o teu.
Mas enfim, to tentando ser claro. Acho q vcs ja tem um palpite de qual deles eu sou né? Críticas sao muito bem vindas, comentem e digam oq acham. Obrigado .