Eu não sei ao certo o que eu sinto, por quem eu sinto e por que eu sinto. Não sei controlar meus sentimentos, não sei me apaixonar por mais de uma pessoa, sei amar apenas uma. Não sou de criar amores falsos, então se eu estou com alguém e acabo me apaixonando por outro alguém, mesmo que eu acabe não conseguindo ter nada com esse outro alguém, eu termino a minha relação com quem eu estava por não sentir mais o mesmo amor que eu sentia quando começamos, eu não alimento um amor que já não me satisfaz. Não insisto em querer quem não me quer, tento conquistar apenas, do meu jeito. Se quer, quer, se não quer, vá em frente. O amor que eu quero pra minha vida, é aquele que a pessoa sinta por mim o mesmo que eu sinto por ela, e que esse sentimento ao invés de ser retraído por um ou por ambos, seja fortalecido cada vez mais. Uma pessoa me disse uma vez, que eu não sei o que eu quero, e isso acaba prejudicando meus relacionamentos tanto pessoais, como profissionais. Na verdade eu sei o que eu quero, mas não sei onde encontrar, ou com quem encontrar. Talvez um dia eu descubra, espero. Em apenas um ano, todos passamos por muitas coisas, muitos problemas, muitos sorrisos, olhares, lágrimas. Todos nós conhecemos pessoas novas, no trabalho, na rua ou mesmo na escola. E criamos sentimentos por essas pessoas, às vezes amizade, outras um sentimento mais forte que ora pode ser atração ou paixão, aquele que faz você pensar nessa pessoa dia e noite, em todos os momentos, e qualquer livro que você leia, uma música que ouça ou um filme que assista você irá se lembrar dela. O porquê de conhecermos alguém e se apaixonar por essa pessoa, mesmo que seja alguém por quem você tenha passado na rua, aquela troca de olhares instantânea e momentânea, mas que faz você pensar: “eu quero essa pessoa pra mim”, ou que te deixa na dúvida se no dia seguinte ela passará novamente pelo local, o que às vezes leva você a passar na mesma hora por ali só para ver o seu “amor à primeira vista” novamente. Não sou nenhum escritor, poeta, ou algo do tipo que produz textos sobre um determinado tema. Isso pode ser definido como um desabafo, pois aqui citei alguns dos momentos pelos quais passei esse ano, e há muitos outros, que talvez eu cite no conto, ou não. Meu nome é Thomaz, tenho 17 anos. É, pois é. Tenho 1,82m de altura e um corpo, posso dizer que é “admirável”. Não sou nenhum galã, e nem me banco a pegador. Sou do tipo tímido que muitas vezes não consigo me declarar, pelo menos não conseguia até um tempo atrás. Fico mais na minha, e não costumo ir muito a baladas, só de vez em quando. Meus sentimentos e desejos sempre foram por mulheres. Claro que, quando eu era menor eu brincava com meus primos, mas tipo, como posso dizer, era apenas brincadeira, rs. Até hoje não namorei muitas garotas, ao contrário dos meus amigos que a cada semana estão com uma diferente. Sempre quis coisa séria, mas não era isso que elas queriam. Muitas vezes era um beijo, dois e “tchau”. Eu não curto isso. Essa introdução está longa demais, vou tentar apressar as coisas para poder ir ao conto. Ainda não estou na faculdade, ainda não tenho carteira de motorista, nem sequer tenho carro. Tenho um emprego em um supermercado e o salário e sustentável. Estudo, esse ano termino o ensino médio para a glória de Deus, e aí sim me decidirei do que cursar. Ok, vamos lá.
As aulas haviam começado mais tarde esse ano por conta da obra da escola que havia atrasado. Eu havia mudado de cidade, e ido para um colégio novo, no caso, esse. Era público, sempre estudei em colégio público e nunca tive preocupação em estudar em um colégio particular. Não veria mais meus amigos do outro colégio durante o período de aula, pois esse ano eu faria de tudo para ser aprovado e ir sempre com notas boas! Ao pisar no colégio, vi vários desconhecidos, rostos que me encaravam do tipo: “quem é essa criatura?”. O uniforme do colégio não havia ficado bem em mim, eu parecia um maconheiro retardado que havia acabado de fugir do hospício. Caminhei até a ala do ensino médio e procurei pela minha turma, a 3004 e logo a encontro. Era a última sala, ao final do corredor.
Praticamente percorri a escola inteira atrás dessa sala. Para a minha surpresa, eu encontro a Jéssica, uma amiga que estudou comigo na 6ª série e depois veio para cá.
- Jéssica? – eu a chamo, e caminho até ela que estava sentada em um banco ao lado da porta da turmaThomaz? Você se mudou pra cá? – pergunta, ela para na minha frente e me abraça.
- Sim, não sabia que tinha vindo pra cá. Nunca mais te vi, guria.
- Pois é, como estavam as coisas lá antes de você se mudar?
- Ah, professores chatos, notas baixas... – fiz uma pausa – espero que esse ano seja diferente.
- Tomara. É da 3003? – pergunta, apontando à porta– respondi. Ela fez uma cara de desânimo.
- Que ruim. E esse uniforme aí, tudo desarrumado, parece um maconheiro. – não falei? – Vem, vou te mostrar a escola.
- Ok. – eu solto uma risada após o comentário e a sigo.
Jéssica me mostra a escola toda, conheço cada pedaço e tento guardar na minha cabeça cada rosto por qual passava. Ela me apresentou a suas amigas, e confesso que fiquei fissurado em uma delas.
- Meninas, esse é o Thomaz, meu amigo. – ela fala alegremente.
- Oi Thomaz. – as três respondem em coro.
- Meu nome é Jade. – diz uma delas. Eu dou um sorriso, a abraço e beijo sua bochecha.
- Sarah.
- Karen.
Faço o mesmo com as outras duas. Jade, a primeira a se apresentar, era a mais meiga. Seu olhar era encantador e eu fiquei hipnotizado por ela. Fiquei olhando-a nos olhos por alguns segundos, entrei em transe literalmente, até que sou sacudido pelos ombros.
- Ei, Thomaz, volta pra terra! – Jéssica grita no meu ouvido. Eu retorno a consciência meio que como um susto e as garotas dão risada. – Thomaz, vem, tem mais coisa pra mim te mostrar até o sinal tocar.
Jéssica me apresentou a escola toda, e eu ficava envergonhado a cada vez que ela falava de mim pra alguém. Minha vontade era sim sair dali, mas tinha que ficar eu ouvir calado. Eu conheci várias garotas e a maioria me encantou, mas Jade sem dúvidas me tocou profundamente. O sinal tocou, e cada um para a sua sala. Definitivamente eu não conhecia ninguém da minha turma e todos me encararam quando eu entrei, até o professor. Não fui com a cara dele, e com a cara de quase ninguém da turma. Sentei-me na primeira carteira da segunda fila da janela e ali fiquei sem virar para trás o resto da aula. Quem me vê assim, pode dizer que eu sou o garoto exemplar e atencioso da sala. As primeiras aulas passaram rápido e eu não abri a boca pra falar com ninguém, e ninguém veio falar comigo. O sinal para o intervalo tocou, e todos levantamos para sair da sala. Eu caminhei até a última carteira perto da porta olhando para baixo, até que ergo a cabeça e me deparo com um garoto, devia ter a minha idade ou um ano a mais. Não sabia o nome dele, era um pouco mais baixo que eu e muito bonito, eu achei, não sei lá o porquê de ter achado ele bonito. Mas achei. O encarei até chegar à porta e depois desviei os olhos para a rua. Fiquei esse tempo junto com Jéssica e com uns amigos dela, não vi a Jade. Novamente o sinal toca e todos retornam a sala, eu e o garoto ficamos por último. Aproximávamos da porta da sala na mesma distância, ele vindo de um lado da porta e eu do outro, com as mesmas velocidades dos passos. Ao chegarmos à porta, ele fez sinal cedendo a entrada para mim, o que achei estranho, mas concordei. O restante da aula foi silêncio, de todos. O sinal de saída havia tocado e todos nos esbarramos para deixar a sala, me esbarrei no garoto, que segundo a chamada feita pelo professor se chamava William. Também esbarrei em Juliane, reparei e guardei todos os nomes.
Vim para casa com a Jéssica e perguntei da Jade, ela me contou que estava solteira e que era muito tímida, que era a mais quieta das amigas dela. Isso dava de perceber. Perguntei mais coisas e a Jéssica começou a desconfiar de mim.
- Você tá gostando da Jade? – pergunta, com um sorriso malicioso no rosto.
- Ah, sei lá. Parece? – me encabulo. Caso parecesse, faria algo para disfarçar.
- Sim. – ela solta uma risada – E aquele garoto da sua turma, o gatinho?
- O William? – solto.
- Sim. – sua feição muda – Como sabia que era dele que eu estava falando?
- Sei lá, ah, sei lá. – fiquei confuso comigo mesmo. Mudei de assunto e seguimos cada um para sua casa.
Cheguei em casa, e cumprimentei minha mãe e meu padrasto. Segui para meu quarto e fiquei pensando em tudo que havia acontecido. Lembrei-me das informações que a Jéssica havia falado sobre a Jade e fui procurar nas redes sociais. Encontrei o facebook dela e enviei uma solicitação, que minutos depois foi aceita, muito rapidamente. Pensei um pouco sobre chama-la ou não no chat, mas decidi que sim.
- Oi Jade. – enviei. Logo ela respondeu.
- Oi... Thom, tudo bem?
- Tô ótimo, e você?
- Melhor ainda, rs.
- Isso é bom. – começamos a conversar sobre vários assuntos, às vezes eu ficava alguns segundos pensando sobre o que mandar, e isso acontecia com ela também porque as vezes mandava alguma coisa sem nexo, pra manter o ritmo da conversa, é, sei lá.
Fiquei muito tempo conversando com ela, e a cada palavra eu ia me surpreendendo, essa garota era sem dúvida a melhor. Ela fazia humor das coisas ruins, agradecia as boas, e vez ou outra nós trocávamos elogios. Eu a perguntei se ela estava com alguém, ou afim. Ela demorou um pouco pra responder e mandou um “talvez, e você?”. “Sim, você”, pensei em mandar mas acabei mandando “É, estou afim”. Conversamos mais um pouco, sem entrar mais nesse assunto, quando vi já era tarde da noite. Nos despedimos, e fui até o quarto de minha mãe, mas ela já dormia, então tomei banho e fui dormir também.
Nessa noite eu tive um sonho. Sonhei que estava conversando com a Jade, e que nos beijamos, e que William nos flagrou, e que depois veio falar comigo a respeito dizendo que eu não podia fazer aqui pois eu era dele. Acordei com um sorriso pelo começo do sonho e um nojo pelo final. Levantei , me higienizei e fui até a cozinha, minha mãe preparava o café.
- Oi mãe. – caminho até ela e beijo sua bochecha, ela retribui-me com um beijo na testa.
- Oi filho, se trancou no quarto ontem, foi? – ela sorri.
- É, eu fiquei conversando com uns amigos da escola.
- E como foi seu primeiro dia?
- Foi legal. – só respondi isso, e sentei-me na mesa e comecei a comer um sanduíche que ela havia preparado.
Minha mãe tem 49 anos, e é bem baixinha em relação a mim. Meu relacionamento com ela é forte, mas às vezes alguém acaba nos atrapalhando. No caso, esse alguém é meu padrasto.
- Dona Beatriz, o Heitor já saiu?
- Não, ele ainda está dormindo. – Heitor é o meu padrasto.
- Ah, então eu vou sair antes que ele levante. – Saí da mesa e fui me arrumar para o serviço. Em menos de dez minutos eu estava pronto, me despedi da mãe e fui para o mercado.
Não me dou bem com meu padrasto, ou ele não se dá bem comigo, ou ambos não se dão bem. Ele sempre reclama das coisas que eu faço, seja certo ou errado, reclama de mim em si. Sempre brigamos e ele acaba colocando minha mãe contra mim. Vivo sendo chamado de covarde, preguiçoso e vadio, diz que eu não faço nada da vida. Simplesmente o odeio. Depois do serviço voltei pra casa e o vi sentado na mesa, o encarei até deixar a cozinha. Tomei meu banho, almocei e fui pra escola. Cumprimentei todos, e fui falar com a Jade.
- Oi, e aí. – cumprimentei, abraçando-a e beijando sua bochecha. Ela corou.
- Oi, Thomaz. – ela sorri, conversamos um pouco até que o sinal toca. Nos despedimos e ela vai para sala. Vejo William e nos encaramos por alguns segundos, ele vinha do bebedouro e eu estava entrando no corredor que ia até nossa sala.
Ao curvar o corredor, desviei também o olhar. Ouvi os passos dele um pouco atrás de mim, mas não conversamos. Entrei na sala e fui até minha carteira. Não virei para trás nem para os lados, apenas prestava atenção na aula. Não havia falado com a Jéssica nem com ninguém da minha sala ainda, era tímido demais para fazer isso, rs. Senti alguém me encarando, sempre sinto isso e geralmente sei de onde vem, e acabo descobrindo quem é. O professor sugere que façamos duplas, e os alunos começam a juntar as carteiras. Eu olho para trás e encontro o olhar de William, logo desvio o olhar aos outros e encontro os de Letícia, que acena para que eu me junte com ela. Novamente olho para William, e ele continuava a me encarar, com uma feição estranha.
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Pessoal, sou novo nisso aqui. Esse é o meu primeiro conto e estou formulando um jeito de resumir a história, pois esse contou ficou muito grande e a história em si é grande, por isso citei que acontece muita coisa em um ano. Enfim, o final ficou meio estranho, queria algo mais chocante, mas creio que nos próximos capítulos encerrarei com algum mistério ou coisa assim. Estou pensando em quais dias postar, talvez uma ou duas vezes por semana. A história é real, em vários e vários pontos, apenas algumas coisas eu irei acrescentar pra né, arrumar a história. Nos próximos capítulos também colocarei mais diálogo, é, vou pensar em tudo pra deixar a história do jeito certo. Meu português não é dos melhores, mas tento deixar tudo nos controles. Eu espero muito que gostem, mas se não gostarem, aceito as críticas com todo o prazer. Até a próxima!