“O tempo é muito lento para os que esperam
Muito rápido para os que têm medo
Muito longo para os que lamentam
Muito curto para os que festejam
Mas, para os que amam, o tempo é eterno.”
Se tem uma coisa que eu não gosto, é de ser encarado. Posso encarar? Posso, é o meu direito. Mas ele não podia, por que ele? Sentei-me ao lado da Letícia e começamos a conversar.
- Onde você mora? – pergunta, sempre com um sorriso no rosto.
- No centro, e você? – seu perfume era forte, chegava a arder o nariz. As vezes eu acabava soltando umas expressões faciais um tanto estranhas.
- No centro também, por que você não fala nada?
- Porque eu não tenho com quem conversar aqui nessa sala, não conheço ninguém.
- É novato? – pergunta, seus olhos estavam ligados nos meus.
- Sim, era de outra cidade. Tá aqui faz quanto tempo?
- Entrei no outro ano, estudei com todos dessa turma, ela olhou para cada um, e parou em William, eu segui seu olhar, hu3.
- Quem é ele? – perguntou, olhando-o. Ele estava em dupla com uma garota alta, que falava em tom alto e ria toda hora, era boa de humor, falava zoeiras e ele se acabava de rir. Fiquei olhando nos seus olhos, que olhavam para ela, a Lívia. Depois admirei seu corpo, que era atlético, não muito forte, mas bonito. Ao certo ele praticava muito esporte ou fazia academia. Não sei por que estava o olhando, eu gosto de mulher, poxa.
- É o William, ele tem 18 anos, ou melhor, vai fazer. Aquela ali é a amiga dele, a Lívia. Ela rodou umas 4 vezes já. Tem 21 anos e é a mais brincalhona da sala, mas não estuda. Rodou ano passado.
- O William? – pergunto, me confundi com o final da resposta.
- A Lívia. – ela me olha estranho – Por que quer saber? – eu continuava olhando-o.
- Porque sei lá, ele parecer ser legal, não falei com ele ainda. Na verdade não falei com ninguém, só to querendo conhecer as pessoas aqui, nada de mais... - tentei me explicar.
- Ei, tudo bem. – ela ri – Eu já entendi, não precisa se encabular.
- Obrigado.
- Mas ele é legal sim, e é um gato, né?
- É. – soltei sem perceber, logo tentei reverter à situação. – Não, quero dizer, am...
- Você é engraçado. – ela dá uma risada.
- Não é isso que você tá pensando não.
- Tá. – ela faz sinal de “não” com a cabeça, e começa a preencher a folha de exercícios que o professor acabara de entregar. Ao olhar para William, percebo que ele já estava me olhando, sério. Virei rapidamente para frente e fechei os olhos com as duas mãos na cabeça.
- Quer ajuda? – perguntei a Letícia.
- Claro, acha que vou fazer isso aqui sozinha? – ela fala rispidamente. Eu me sinto culpado por uns segundos e logo ela começa a rir. – Não achou que era verdade né?
- Am, achei. – eu sorrio sem graça e ela dá uma risada alta e todos olham para nós.
- Que foi? Vão fazer o trabalho de vocês o bando de curiosos. – ela fica séria, e todos voltam aos exercícios.
- Autoritária.
- Tenho que ser. – ela sorri, e me entrega a folha de exercícios e uma caneta – Faz essa pra mim?
- Sim. – pego a caneta e respondo umas perguntas e a devolvo.
- Nossa, você fez quase todas, eu pedi só uma.
- Ah, é que, eu queria ajudar.
- Tudo bem, é melhor, assim acabamos mais rápido.
Era sobre física, eu sou bom em física e química, já em matemática não tanto. Isso eu não entendo, não entendo também aquele negócio que dizem de que pra saber física tem que saber bem matemática, tem coisa errada aí. Terminamos o trabalho e entregamos ao professor.
- Podem ir pra rua. – ele sorri e aponta a porta – Quem terminou também.
Caminhamos até a porta e eu encaro William, que também me encara, QUE RAIVA! Minha vontade era dar um soco na cara daquele guri só pra parar de me encarar, eu odeio isso. Mas ao mesmo tempo eu sentia outra coisa, e na rua enquanto eu e Letícia conversávamos, comecei a pensar nele e não tirava os olhos da porta esperando-o sair.
- Ei, tá me escutando? – Letícia me cutuca.
- Am, oi. – eu olho para ela e ela cai na risada.
- Onde você tava?
- Aqui, oras.
- Tá, ouviu o que eu falei?
- Não, o quê?
- Eu to afim do William, você podia virar amigo dele e ajudar eu a ficar com ele. – ela soltou aquilo do nada, e eu me
senti com raiva por dentro sei lá por quê. Não devia estar sentindo isso, não devia estar sentindo nada, nem devia encarar ele, eu devo ser louco ou ter problemas.
- Ah, sei lá. Não quero nada. – levantei-me e fui até o bebedouro, vi Jade ir para lá.
Caminhei pelo corredor até o bebedouro, ao olhar pra trás vi Letícia sentada com os braços cruzados olhando pro nada. O que ela falou realmente tinha me deixado coisado. Cheguei por trás de Jade e me aproximei do seu ouvido.
- Oi, Jade! – ela se assustou, e se virou rapidamente.
- Ei, Thom! – ela me abraçou, abraçou forte! E eu retribui.
Desde que nos conhecemos, estávamos conversando muito e realmente eu estava criando algo por ela.
- O que você tá fazendo na rua? – ela perguntara, com um sorriso nos lábios e os olhos acompanhando os meus.
- Eu, eu to na rua por causa de um trabalho.
- Ah, é o Lázaro?
- Sim, ele é legal. Tem aula com ele?
- Não. Mas eu tinha ano passado, é o único que deixa sair na rua.
- Bah, que droga. – faço uma cara de decepção e ela começa a rir.
- Eu... vou tomar água, vem comigo.
Eu a sigo, enquanto caminhávamos íamos conversando e rindo o tempo todo, eu ficava muito feliz quando conversava com ela, e em um momento me lembrei do William. Minha felicidade sumiu, e eu olhei pelos cantos para ver se o encontrava, mas nada.
- Então, hoje sairemos mais cedo porque vai ter reunião com os professores, quer me convidar pra ir em algum lugar? – perguntou, esperançosa, com um sorriso largo.
- Não! – respondi, frio. Seu sorriso foi se desfazendo – É brincadeira, quer sair comigo hoje depois da aula?
- Quero. – ela sorri e me abraça – Obrigada pelo convite Thom, vai ser muito bom. Eu decido o lugar.
- Sim, senhora. – ambos sorriem. Eu a levo até a sua sala, e olho para os cantos e depois olho nos seus olhos.
- Queria ficar mais aqui fora, mas a minha professora é muito chata, daqui a pouco vem aqui me buscar.
- Que pena, é muito bom falar com você, eu gosto. – eu sorri e ela ficou corada. Eu a abracei e ela retribuiu, trocamos
beijo no rosto e eu a soltei. – Vai ter que ir mesmo?
- Ah... – fiz uma cara meio que pedindo-a para ficar – Faz essa cara não.
- É sério. – eu sorrio, e me aproximo dela. Ela era mais baixa que eu e então levanta a cabeça.
- Eu tenho mesmo que ir, a gente se vê no final da aula. – ela se aproxima mais e ficamos muito próximos um do outro. Sinto seu perfume adocicado e pego em sua mão.
- A gente se vê depois então. – nos abraçamos e ela entra na sala.
- Hum, vocês dois hein. – Juliane aparece do meu lado.
- Ah, oi, rs. – eu dou um toque na sua mão, como cumprimento.
- Sou a Juliane. – “eu sei”, penso.
- Thomaz, prazer em conhecer. – sorrio.
- Isso, finalmente um sorriso. Cara, você é muito sério!
- Cê que pensa.
Conversamos ainda na frente da sala de Jade, e aos poucos fui me descontraindo. William passou por mim algumas vezes, e sempre me encarava, eu também.
- Você ouve que estilo de música? – pergunta.
- Sou meio eclético, e você?
- Rap na veia. – pensei em revirar os olhos, mas eu também curto rap e aliás é um dos estilos que mais ouço.
- Legal. – sorrio.
- Eu sei. – ela sorri, ela era engraçada, irônica. Mas parecia ser séria quando tinha que ser, e aparentava ser sensível. Conversamos sobre sentimentos e confirmei isso.
Voltamos a sala e as aulas seguiram normal. Ao fim da aula, fui até a sala de Jade e a encontrei, foi à última a sair. Nos abraçamos e fomos até a saída da escola. Olhei para o portão e vi William sentado ao lado de Lívia, e Letícia estava perto dele. Diminuí a velocidade dos meus passos e fiquei o encarando enquanto Jade falava, mas prestei atenção em cada palavra. Ele conversava com as duas, mas sou péssimo em leitura labial, o que prejudicou minha situação.
- Onde vamos? – perguntei, sem tirar os olhos dele. Ele começou a me encarar também. Agora tudo estava em câmera lenta, só eu e ele.
- Numa loja de doces aqui perto. – tudo voltou ao normal e eu olhei para ela e coloquei meu braço em volta de seu pescoço.
- Tudo bem. – sorri e ela envolveu o seu na minha cintura. William continuava a nos encarar, eu percebi isso.
- Tchau Thomaz. – Juliane acena para mim, e eu retribuo. Ela estava saindo do colégio, assim como eu e Jade. Jéssica nos olhou com malícia.
- Casem. – diz Jéssica, sorrindo.
- Te mandamos o convite. – respondi à sugestão e Jade olhou pra mim sorrindo.
Fomos até a loja de doces e compramos uma caixa com cerca de 20 doces, e nos sentamos em uma mesa.
- Tudo isso pra nós? – perguntou Jade, eu que havia escolhido e pago os docinhos.
- É pouco? Se quiser eu peço mais? – digo, retirando a carteira da mochila novamente, mas de brincadeira.
- Não, é muito! – ela sorri e aponta a caixa.
- Eu sei. – sorrio de volta – Precisamos de alguém pra comer com a gente.
- Não, a gente come e o que sobrar a gente leva pros outros.
Assim estávamos combinados. Ficamos conversando e comendo os docinhos enquanto isso, ríamos, nos afogávamos e falávamos de tudo. Olhávamos um nos olhos do outro, e eu senti uma vontade enorme de beija-la naquele momento, mas me segurei.
- Eu já enjoei. – ela repousou-se na cadeira.
- Eu também. – fiz o mesmo.
O problema era que tínhamos comido apenas sete docinhos no total. Havia sobrado muitos, eu olhei para os cantos, mas por incrível que pareça só tinha nós ali.
- Vamos levar pra eles? – perguntei, levantando-me da cadeira.
- Sim. – ela faz o mesmo e tampa a caixa.
Fomos até a escola oferecendo os docinhos, paramos em frente a William.
- E aí, pega um. – falei, olhando-o nos olhos. Ele olhou para os docinhos, depois para Jade por alguns segundos e depois me fuzilou com o olhar. Fez uma cara de desconfiança, que sei lá, estava lindo, e levantou a sobrancelha.
- Quem garante? – pergunta. Eu não entendo.
- Que? – Olho para Jade, ela havia entendido.
- Quem garante que vocês não envenenaram esses docinhos aí e querem me matar? – ele sorri com o canto da boca.
- Cara – eu comecei a rir, achei graça – E quem disse que não estão?
Ele sorriu, e pegou um docinho e o mordeu me encarando, mastigou-o e engoliu.
- Ah, meu Deus. – ele revirou os olhos – Me ajudem, eu tô morrendo!
Olhei para Jade e ela estava rindo, era zoeira.
- Você envenenou mesmo seu desgraçado! Ah! – ele começa a rir.
- Você é bom.
- É. – Letícia concorda e eu a ignoro.
- Não acho, mas obrigado. – ele responde, e pega mais um docinho.
- Ah, peguem todos. – Jade entrega a caixa nas mãos dele e ele entrega a Lívia.
- Obrigada. – Lívia responde, e se delicia com um brigadeiro.
- Vamos? – Jade olha nos meus olhos. Eu a olho e depois desvio a William, que me encarava, agora sério.
- Vamos. – eu pego sua mão, e caminhamos novamente para fora da escola.
Eu a levo até sua casa, que não era muito longe da minha, mas não era no centro. Fomos conversando e rindo no meio da estrada, as pessoas em volta riam também, às vezes sem nem saber do que estávamos rindo. Paramos em frente ao portão e ela olha pro nada, e depois para mim.
- Foi muito bom hoje. – ela diz – Na verdade...
- É sempre bom quando to contigo. – falamos juntos.
Eu estava parado em sua frente, nos olhávamos e nossos rostos foram se aproximando. Nos beijamos, calmamente.
=
Epa, o conto é gay, mas a história está se focando mais em Jade e Thomaz no que deveria ser o foco real. Tem algo errado? Tem, talvez eu esteja postando na categoria errada, não. É a partir daí que o William começa a se encaixar na história. Sei que exagero nos detalhes, coloco muita coisa que podia deixar de lado, mas vou tentar melhorar isso. Espero não estar atrasando vocês, não consegui resumir exatamente, mas no próximo vou tentar! Vou seguir fielmente a temática no próximo, assim torço. Ah, ontem eu postei o capítulo 1, e hoje o 2, postarei o 3 na sexta-feira. Então vou deixar assim, capítulos novos nas segundas e sextas ok? Espero que estejam gostando,tô sujeito a críticas. Até mais, beijo!
*KayoB, *geomateus: obrigado :)
*Kevina: Oi, obrigado! Que bom que se identificou, eu pareci mais velho? Kkk. Pra você também ;)
*Lu Hof: Cara, muito obrigado. Comecei a ler seu conto, é simplesmente muito bom! Bom saber que se identificou! Obrigado pela dica, e por acompanhar também ;D