Quero pedir mil desculpas por ter demorado tanto em postar. Na verdade, eu fiquei sem PC e estou sem ele. Além de outros problemas pessoais que me impediram de escrever periodicamente. Peço desculpas mais uma vez. Nunca demorei em postar um conto e se o fiz, foi porque tive sérios motivos. Obrigado pela compreensão de todos. Boa leitura e obrigado pelo carinho...
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- E quem disse que a gente quer o carro, hein seu babaca? – os dois estavam encapuzados para não serem reconhecidos. O Arthur ficou apreensivo e assustado.
Muitas coisas irão acontecer daqui pra frente.
No desespero para conseguir uma grana e pagar a cirurgia do filho, Enzo foi capaz de armar um sequestro e tentar o dinheiro. Ele sabia que se tudo acabasse mal, ao menos salvaria seu filho. Na verdade, ele não queria estar fazendo aquilo... Desde o momento em que resolveu sair do crime para se tornar um homem mais digno e honesto, ele não pretendia voltar a um mundo tão assustador e muitas vezes sem volta. Mas aquela seria uma causa, que segundo ele, não teve escolhas.
O que ele não sabia e que o destino com certeza armaria uma cilada para ambos, era de que o Arthur fosse o irmão do Guilherme.
Ele levou o Arthur para um local distante, e o pôs num galpão abandonado. Ele combinou com o amigo, que não o machucaria, e assim que conseguisse a grana, soltaria ele.
Enquanto isso...
- Querido, você já ligou para o Arthur? Estou ficando preocupada. – disse a mãe do Gui.
- Só dá caixa postal. Mas fica tranquila. Nosso filho é cauteloso na estrada, e além do mais, esta não é a primeira vez que ele viaja a noite.
- Nossa, a Michelle foi se deitar? Não vai esperar o maridinho? – eu disse, olhando para o meu pai.
- Fico preocupada. Ele já devia ter chegado. – ela andava pela casa do irmão, de um lado para o outro.
- Eu pensei que o meu sobrinho querido, havia se esquecido de mim.
- Ah, tio! O senhor sabe que nunca faria isso. É que estudo muito... E o senhor hein? Soube que tá pegando uma gatinha...
- Guilherme! Respeite o seu tio!
- Ai mãe, é modo de falar. – eu gostava muito dele. Quando resolvi revelar a minha orientação sexual, eu o escolhi para desabafar. Eu e o meu tio, éramos mais próximos, do que eu com o meu pai. Pra ser sincero, nunca houve proximidade entre nós dois.
- E você? Muitos namorados? – quando ele disse aquilo, meu pai nos olhou, mostrando total incômodo com o assunto, mas eu resolvi provocar.
- Digamos que eu esteja curtindo a vida, tio. Os homens de hoje, são muito... Enfim, dá muito trabalho.
- E são safados também.
- Isso! Safados.
- Vocês dois vão ficar conversando sobre este assunto indigesto na minha frente? – meu pai tava puto.
- Antônio, meu cunhado. Até quando vai esconder pra si mesmo, que o Guilherme é gay e que nada vai mudar isso. Ser gay não é estar doente. Eu por exemplo, vejo as coisas da forma mais natural possível, porque é algo natural! Devia conversar mais com o seu filho e tentar compreender a situação.
- Nossa tio! Por isso que eu te amo. Acho que é o único da família que me ama de verdade!
- Acho melhor a gente comer. O Arthur não vai chegar agora, e o jantar vai esfriar. – eu senti que a minha mãe tentou apressar o jantar, para que não houvesse uma discussão entre mim e o meu pai.
Nós jantamos e eu ria muito com as histórias do tio Hélio. Ele era muito divertido.
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- O que vocês querem? Quanto? Me fala o valor que eu pago. Não me matem. – ele estava amarrado numa cadeira, e com um capuz preto na cabeça.
- E aí, brother? Não acha que tá na hora de ligar pra família desse mané?
- Calma, Beto. Deixa eles sentirem um pouco a falta do cara. E quando eu ligar, quero ir direto ao ponto. Já decidi o valor... 30 mil reais.
-Só isso? Pow cara! O mané é rico. Tu viu o carrão dele?
- Beto, eu só estou fazendo isso pra salvar o João. E claro, pedi um pouco a mais, pra te retribuir o favor. Eu não quero extorquir ninguém.
- Porra, Enzo! Tu já foi mais malandro. Bandido...
- A gente precisa agir com cuidado, para que a policia não seja envolvida na história.
- Socorro! Socorro! Alguém me ajuda! – ele gritava, até que levou um soco do Beto.
- Cala a boca seu viadinho! Tá parecendo uma mulherzinha gritando.
- Sem violência Betão. Escuta aqui Zé ruela... Se tu ficar gritando, eu vou arrancar teus dedos com um alicate. Ouviu bem? – o Enzo ameaçou, só para dar um susto nele.
- Deixa eu sair daqui. Eu posso fazer uma transferência de dinheiro pra vocês, e prometo não dar queixa na delegacia.
- Cala a boca porra! – Beto gritou. – Tu fala demais caralho. Quem dá ordens nessa porra é a gente mané.
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Meia hora depois, quando todos terminavam de jantar e apenas conversavam, o telefone do pai do Gui, toca.
- Deve ser o Arthur. Não falei, é ele. – Alô! Meu filho, onde está você? Estamos te esperando.
- Não é o Arthur que tá falando não. Vou ser bem claro, pra não ter que repetir de novo. 30 mil reais amanhã, ou a cabeça do seu filho estourada dentro de um saco de lixo. – Enzo foi firme e grosso.
Ele tomou um choque com a notícia. Enzo não havia passado mais nenhuma informação, e apenas desligou o telefone.
- Que cara é essa, Antônio? Aconteceu alguma coisa com o meu filho? Cadê o Arthur?
- Ele foi sequestrado. Pediram 30 mil para amanhã. – ele dizia ainda em choque.
- Ai meu Deus, meu Arthur! –ela passou mal, e o Guilherme a ajudou.
- Calma mãe. Pelo amor de Deus, respira. – eu não sabia o que fazer com aquela notícia. Até eu fiquei abalado. Apesar de não suportar o meu irmão, eu o amava e não queria que nada de ruim acontecesse com ele. A minha mãe desmaiou e o tio Hélio tentou reanimá-la.
- O que mais eles disseram Pai?
- Que não era pra envolver policia e que o dinheiro teria de ser entregue amanhã. Não falaram o local.
- Vamos chamar a policia agora! Eu quero o meu filho. – ela acordou gritando descontrolada. – Vão matar o Arthur! Ai meu Deus.
- Calma mãe. A senhora quer por a vida do Arthur em risco. Muitos bandidos matam, por serem contrariados. Se eles falaram para não chamar a polícia, nós não vamos chamar. Não chora, por favor. O seu neto pode acordar e chamar pelo pai. E a Michele é hipertensa... Não vamos perder o controle. Ok? - Quanto eles pediram pai? – eu tentei manter a minha calma, mais no fundo, eu também estava preocupado.
- 30 mil reais.
- Nós temos esse dinheiro. Vamos acabar logo com isso. – ela esbravejou.
- Minha irmã, fica calma. Não é bem assim. Precisamos saber primeiro, se o Arthur está bem.
- Graças a Deus, a mulher dele está dormindo. A Michelle tem pressão alta, e poderia ter um treco se soubesse antes de nós.
- Precisamos manter a calma e aguardar eles ligarem. Se ficarmos agitados, aí sim,a vida do Arthur corre riscos. – eu disse.
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Enzo tirou o capuz do rosto, para dar uma aliviada, mas este descuido poderia ser fatal, pois mesmo com a visão turva, o Arthur observava uma conversa dos dois.
- Dá um pouco de água pra ele, enquanto eu retorno a ligação. Já se passaram duas horas. Acho que já podemos ligar.
Ele pegou o celular e ligou novamente. Mas desta vez, uma surpresa!
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- Deixa que eu atendo pai. Eu estou mais calmo pra falar com eles. – Alô!
- E aí? Já separou nossa grana? Amanhã é o dia de a gente matar seu filho se o dinheiro não aparecer. E se envolver policia, ele morre na hora.
Eu fiquei em coma! Meu Deus! Não podia ser. Não era verdade... Aquela voz era do Enzo! Eu tinha certeza disso. Eu é que acabei entrando em estado de choque. Como ele?... Não consegui falar uma palavra. Ele me disse que havia saído desta vida. Ele me prometeu.
- E então Guilherme? O que ele falou?
- Hã?
- O bandido Guilherme! – só voltei à realidade, quando meu pai me gritou.
- Eles marcaram o local. Eu mesmo vou entregar o dinheiro amanhã. Pai, liga para o banco, e avisa que o senhor irá fazer um reserva de dinheiro para amanhã bem cedo.
- Nem pensar, que eu vou deixar você se envolver nisso.
- Mãe! É a vida do Arthur que está em jogo. – eu na verdade, só pensava numa coisa: Enzo!Como ele pôde mentir pra mim. Se fez de bonzinho, e agora é o responsável por sequestrar o meu irmão. A minha vontade era de chorar muito, mesmo sabendo que não existia nada entre nós dois.
No dia seguinte, eu estava pronto para encará-lo. Mal consegui dormir, aliás, ninguém da minha família dormiu. Minha mãe tomou calmante, mas nada adiantou. Eu já não tinha certeza, se ele era ou não capaz de machucar o meu irmão. Me preparei e assegurei o meu pai e o meu tio, de que não poderíamos botar a policia na jogada.Na verdade, dentro de mim, eu não estava querendo que Enzo fosse preso. Mas como não Guilherme? Ele é um bandido! Não presta!
- Toma cuidado filho. – eu fui até o lugar marcado, junto com o meu pai. Ficamos esperando por mais de uma hora, até que se aproximou um carro meio velho, e o celular tocou novamente.
- Tá vendo aquela árvore a tua esquerda? Coloca o dinheiro lá e se afasta. Faça isso agora!
Eu achei estranho... Então eram dois? Ele tinha um cúmplice. A voz que eu atendi era outra.
- Já fiz isso. Cadê o meu irmão?
- Se afasta da árvore e vire de costas. Se virar,vou matá-lo. – eu me virei, e foi exatamente o tempo do cara pegar o dinheiro e entrar no carro. Ele disparou com o veículo.
- Ai meu deus!Eles mentiram pra nós.
- Calma pai. Eles estão me ligando.
- Seu filho está amarrado, dentro do banheiro de um posto de gasolina. É só vocês seguirem em frente, e no terceiro posto, vão encontrá-lo. – eu partir feito um vulcão, e o Arthur estava mesmo no local.
- Meu filho! O que fizeram com você. – pai e filho se abraçaram e eu assistia toda a cena.
- Foi horrível pai! Eu fiquei com medo de perder o senhor, meu filho, minha família... Obrigado Guilherme.
Pela primeira vez na vida, eu sentir um abraço verdadeiro por parte dele. Bom, graças a Deus estava tudo resolvido, menos pra mim, pois eu irei até o fim, para descobrir o porquê do Enzo ter feito este seqüestro.
Passado o susto, e com a minha mãe mais calma. Inventamos uma mentira para a Michelle, dizendo que o Arthur resolveu vir no dia seguinte, e ela acreditou. No fim da tarde, voltamos para o Rio, e a minha cabeça fervia. Enzo, Enzo, só o nome dele pairava sobre a minha cabeça. Liguei para a Vivi e o Victor, precisava desabafar.
DUAS SEMANAS DEPOIS
- Eu já disse mãe, foi um empréstimo! Um amigo meu que é rico, me emprestou a grana para a cirurgia do João.
- Assim eu fico mais aliviada. Será que eles vão demorar muito? Esta cirurgia não acaba nunca.
Como o caso da criança era crítico, o quanto antes fosse a operação, mais chances de ele sobreviver.
Enzo estava nervoso e roendo as unhas, abraçado com a mãe, num hospital de alto nível! Apesar de a todo o momento,se sentir arrependido pelo que fez, por outro lado, a alegria em poder salvar o seu pequeno João, era inexplicável!
Passado a cirurgia e quando o médico disse que havia sido um sucesso, ambos ficaram mais calmos e emocionados. No decorrer da semana, ele revezou com a mãe no hospital, até finalmente seu filho ter alta.
- Bem vindo de volta filhão. Olha o que o papai comprou pra você? – Enzo deu a ele, um boneco do homem de ferro, e admirou o sorriso inocente do filho.
- Oi, a porta estava aberta. Posso falar com você Enzo? – isso mesmo. Eu decidi ir até a comunidade, encará-lo e tirar toda a história a limpo.
CONTINUA...
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