Nosso Universo - Ato XVI
Foi o que nós sentimos naquele momento, estávamos tão felizes com aquilo que de fato ali era o Céu, com o próprio Deus celebrando nosso casamento, que dava sua benção e nos confortava como se dissesse que aquele tipo de amor era certo sim. Como um sopro divino ecoando dentro da nossa alma com os dizeres “Sem Culpa” nos sentimos normais, e sem culpa nos beijamos em publico pela primeira vez.
Por alguns segundos consegui abstrair o fato de estar beijando o Felipe em um local público, era como se tudo que eu estava sentindo tirasse de mim a percepção a minha volta. Aos poucos fui recobrando a consciência e o bom senso me fazendo sentir vergonha, eu não conseguia sequer olhar para os lados para averiguar se alguém tinha visto.
- Calma Lucas, não tem quase ninguém na praia, mesmo se alguém tiver visto ninguém aqui conhece agente mesmo – Felipe disse me acalmando – Me da sua mão – ele disse pegando minha mão esquerda.
Bem lentamente Felipe segurava minha mão enquanto sorria de forma inocente, foi colocando aos poucos a aliança no meu dedo que coube quase perfeitamente, naquela época eu não entendia nada de anéis e alianças, não fazia ideia de que tinham medidas diferentes para isso mas nossos dedos eram quase do mesmo tamanho e largura, isso devia ter facilitado as coisas para ele na hora de comprar. Como imitando filmes, eu peguei a outra aliança e coloquei em seu dedo.
- Com essa aliança eu te esposo – eu disse rindo citando uma das falas do filme Romeu + Julieta(o titulo é esse mesmo).
Ver o Felipe sorrindo, demonstrando segurança e felicidade sobre o que nós estávamos fazendo me deu força. Ainda quando adolescente eu experimentei a sensação de me casar, sei que parece exagero mas coisas desse tipo realmente exercem grande força sobre nós, lembro-me bem de que a sensação que tive ali era diferente de tudo já tinha experimentado, na realidade eu podia sentir que aquilo era mesmo eterno, como algo definitivo, o fim de uma historia em separado e o inicio de uma historia que seria escrita por dois. Sinceramente não consigo explicar o que senti ali com simples palavras, talvez seja mais fácil para mim de outra forma:
Naquela praia, de reluzente areia branca que parecia milhões de pequenas pérolas que escorriam de encontro a um mar calmo e tão brilhante que me fazia pensar se não era feito de cristal, no nosso Éden particular juramos amor eterno. Mas algo além disso ainda era necessário, como se precisássemos de algo que marcasse no nosso corpo o poder que um exerceria no outro dali em diante. Felipe estendeu sua mão direita ao céu com se fosse pegar algo no profundo universo e alcançou duas pequeninas estrelas, com a mão fechada estendeu para mim como se quisesse mostrar algo mágico. Abrindo a mão fez relevar um brilho intenso que fazia difícil enxergar pelo excesso de claridade, duas estrelinhas giravam entorno uma da outra, uma com o tom azul turquesa e a outra verde claro cintilavam em sincronia representando eu e Felipe, pude perceber que aquela era nossa essência, aquilo era quem nós éramos de verdade, duas pequenas e tímidas estrelas que lutavam para continuar brilhando em um céu escuro e opressor. A pequena esfera de luz verde como por vontade própria saia da palma da mão do Felipe, flutuando com leveza em direção a minha mão esquerda enquanto a azul lentamente ia em direção a outra mão do Felipe. Aos poucos as estrelas tomavam uma forma diferente, se tornando círculos com um furo no meio que aos poucos se encaixavam em nossos dedos, assim transferindo todo aquele excesso de claridade para nossa mão, como se estivesse tatuando nossa pele com luz. Lufadas fortes de ventos giravam a nossa volta, logo estávamos no centro de um tornado que fazia aqueles milhões de pérolas flutuar a nossa volta, que recobriam completamente eu e Felipe dentro de algo como um túnel vertical perolado que lembrava uma capela. O Sol que se punha no horizonte já coberto ate a metade pelo mar canalizou toda sua luz como um farol que vinha em nossa direção a uma grande velocidade, fazendo uma rajada de luz dourada cortar o oceano que fervia e evaporava formando névoa sobre o chão cobrindo toda a praia, dando a sensação de que pisávamos sobre nuvens. Aos poucos a lei da gravidade já não existia mais para nós que flutuávamos dentro daquela capela de vento ornamentada, a luz concentrada do Sol nos acertava com intensidade como se fizesse revelar o que estava debaixo da nossa pele, nossas almas aos poucos saiam de dentro de nós trocando de lugar. Naquele momento a alma do Felipe preencheria meu corpo e a minha o corpo dele, ali eu pude sentir absolutamente todos os sentimentos dele ao mesmo tempo que ainda conseguia sentir minha alma e minhas memorias que agora estavam dentro do Felipe. Juntos em fusão éramos a unicidade, um paradoxo, a teoria do impossível, todos os elementos fundamentais da vida estavam presentes naquilo que parecia uma cerimonia de casamento.
Assim nos casamos, e por livre e espontânea vontade deixávamos para trás o individual, de uma vez por todas me libertei do Meu Mundo, pelo proposito maior de viver definitivamente em Nosso Universo.
Amar Felipe me fez aprender muito sobre mim mesmo, meus aparentes problemas pessoais sempre diminuíam quando ele estava perto, coisas como timidez e orgulho era praticamente inexistente ao seu lado, eu me preocupava mais em protege-lo já que ele era mais sensível e demonstrava mais suas emoções, ele parecia não se envergonhar disso, já eu lutava ate o ultimo segundo para não demonstrar, mas quando ele estava perto eu era transparente, não me importava que ele percebesse quem eu era de verdade. Assim o tempo continuava passando.
Após algum tempo, por vontade própria acabei passando o reinado do colégio para Victor, que na realidade não tinha talento nenhum para aquilo, sempre fazia tudo errado e não impunha respeito. Era muito divertido vê-lo se atrapalhando com tanto poder, Victor não era uma má pessoa, só um pouco desorganizado, no fundo ele não tinha o principal para comandar as pessoas, não tinha o inverno, ele não possuía muralhas de gelo fortes o suficiente para fazer os outros sentirem medo, eu sabia que ele não conseguiria impor respeito, mas eu também não mais conseguiria, o inverno já não residia em mim.
A cada novo mês de namoro que conquistávamos trocávamos presentes, com o passar do tempo ficava cada vez mais difícil surpreender, com 9 meses de namoro já havíamos nos presenteado com praticamente tudo que gostaríamos de ganhar, sobrando só possibilidades como um carro, casa ou avião que obviamente era impossível para dois adolescentes.
Vez ou outra meus pais pareciam desconfiar da constante presença de Felipe, por isso sempre aparecíamos com alguma “namorada” para sanar e sepultar possíveis dúvidas, na realidade era muito fácil engana-los, eu só precisava falar o que eles gostariam de ouvir e mostrar o que eles queriam ver e pronto, mais alguns meses de tranquilidade. Nessa época meus pais começaram a se envolver cada vez mais em seus trabalhos, restando para eles pouco tempo para controlarem minha vida, facilitando muito para mim e Felipe.
Ainda tinha em mente meus planos de vingança contra meus pais, contei para o Felipe mas ele não gostava da ideia, achava desnecessário e com o tempo ele me convenceu que se meus problemas do passado(Matheus) não tivesse acontecido provavelmente nós não teríamos namorado, dessa forma algo ruim que meus pais fizeram acabou se tornando uma coisa boa para mim, no final das contas eles sozinho se prejudicaram enquanto eu era feliz. Não tinha como ir contra os argumentos do Felipe, ele estava certo.
Algumas poucas brigas aconteciam vez ou outra, geralmente por influencia externa ao nosso relacionamento. Felipe não era muito de esconder seus sentimentos, e assim demonstrava ciúme sempre que sentia e na maioria das vezes no momento que sentia, já eu sempre fui mais analítico, nunca gostei de exagero ou expor sentimentos que demonstravam fragilidade, então eu guardava e analisava até o ultimo momento para dar um tiro certeiro sem margem de erro, mas isso poucas vezes aconteceu. E no fundo eu gostava um pouco de toda a preocupação do Felipe comigo. No final das contas realmente éramos o yin-yang, um equilibrava o outro afinal “casamento” é isso.
Com o passar dos meses fui começando a fazer amizade com a “Velha do Tempo” ela ainda sorria para mim com aquele sorriso masoquista, mas com menos deboche e às vezes ela até parecia lançar sobre mim um olhar de respeito, quem poderia saber o que se passa na cabeça do Tempo né? O tempo já não me incomodava mais, cada dia que passava mais próximos eu e Felipe estávamos de ter nossa vida juntos e sozinhos, ter nossa casa como em nossos planos.
Nesse ínterim nosso primeiro ano de namoro se aproximava, dessa vez eu queria fazer a surpresa, apesar de um ano ter passado rápido parecia muita coisa em comparação aos namoros das outras pessoas a nossa volta. Nesse nosso aniversário comprei novas alianças, cordões iguais e brincos também iguais, sim furaríamos a orelha, eu sabia que ele tinha vontade mas tinha medo, já eu não tinha medo mas não tinha muita vontade(yin-yang).
- Felipe, você quer continuar namorando comigo de verdade? – eu perguntei entregando para ele a caixa com as 3 “alianças”.
- Se eu quero ser seu noivo né Lucas? - ele perguntou como uma forma de me corrigir.
- Verdade, é que você esqueceu isso um ano atrás, mas agora você lembra né? – respondi rindo fazendo cara de malvado.
- Nossa você ainda lembra disso? – Felipe perguntou envergonhado
- Felipe, quer se casar comigo outra vez, de verdade e pra sempre, pra sempre, pra sempre? – completei agora fazendo a pergunta que eu realmente tinha planejado.
- É claro que quero me casar com você, pra sempre e pra sempre – ele completou me dando um beijo enquanto abria a caixa com os presentes.
- Um cordão e um... brinco? Sério Lucas, você vai furar comigo? – ele perguntou demonstrando o quanto estava feliz.
Enquanto eu respondia que iriamos furar a orelha juntos retirei o cordão da caixa colocando em seu pescoço ao mesmo tempo que ele colocava o outro cordão em mim, ficamos assim com os braços cruzados envolta um do pescoço do outro, como dois elos de uma corrente unidos. Era incrível que mesmo passado um ano nada do que sentíamos um pelo outro havia diminuído, só crescia mais e mais.
A troca de alianças dessa vez aconteceu na sacada do apartamento do Felipe, para mim um dos melhores lugares do mundo, seu apartamento ficava no penúltimo andar do prédio, eu sempre gostei de altura e ali parecia que tudo ficava calmo, o vento trazia toda a tranquilidade e proteção que eu precisava para ser quem eu era de verdade. Um ano já havia se passado e nós ainda tínhamos que nos preocupar com tudo a nossa volta, como duas estrelas que são obrigadas a apagar sua luz para não chamar atenção, dois garotos que deviam esconder seu amor, dois sois que sentiam medo de fazer oque melhor sabiam, acender. Mas naquela noite seria diferente, ali romperíamos os selos que lacravam e reprimiam tudo que nós sentíamos, a noite viraria dia, queimaríamos o céu.
Em meio a tantos beijos o toque da mão dele sobre meu rosto exercia um poder estranho sobre mim, como se me tornasse invulnerável, me fazendo sentir como se fosse o primeiro beijo. Naquele dia enquanto nossas bocas se tocavam entendi nós podíamos controlar o tempo. Mesmo após um ano juntos eu conseguia voltar ao passado e sentir exatamente o que senti em nosso primeiro beijo, com isso notei que minha maior arma naquela guerra contra o mundo opressor seria conseguir regressar ao passado e me apaixonar novamente pelo Felipe através do seu beijo, como em um ciclo infinito, juntos seríamos imortais.
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Espero que tenham gostado dessa parte, são memorias importantes para mim. Ultimamente eu tenho postado sempre às segundas por falta de tempo mesmo, mas eu vou tentar postar mais de uma vez por semana. Obrigado a todos que leem, como sempre digo isso é importante de verdade para mim.
Qualquer critica ou sugestão: luhofff@gmail.com
Geomateus
_hunter
Ru/Ruanito
LaaLah
Muito obrigado de verdade, e esse ato gostaram? :D Bjo grande para vocês. :***
Junynho Play – Cara, muito obrigado de verdade. Sabe, eu tento mesmo criar as metáforas diferentes das coisas que já li ou vi, não quero ser melhor só diferente mesmo. Tomara que continue gostando. :***
Natsu421 – Mas chora de felicidade? Espero que sim rsrsrsrs Cara muito obrigado mesmo, espero que continue gostando :***
guigo1 – Serio cara, muitos problemas? Se precisar de ajuda pode falar, sou bom em resolver problemas. Então, tenho postado toda segunda, vou tentar postar mais de um Ato essa semana, mas não sei mesmo se vou conseguir. Obrigado mesmo guigo1, e precisando, to aqui :D
prireis822 – Imaginei que fosse Priscila mesmo seu nome(adoro seu nome :DD). Nossa serio, você é uma fofa, fico ate sem palavras, mas muito obrigado de verdade, o que mais quero é que todos saibam o quanto é importante pra mim cada comentário aqui. Espero de verdade que tenha gostado desse ato, o que você achou? Bjão enorme :****
LiCem – Nossa cara você também me deixou sem graça>.< muito obrigado pelo que disse, espero que ainda esteja gostando, não sei muito bem pq mas te imagino como uma boa pessoa, não pelos elogios que vc fez, rsrsrs, mas acho que pela forma que vc fala mesmo. Mt, mt obrigado mesmo. :*****
Drago*-* - Parabéns outra vez Dragooo!!! ^.^ Espero que seu aniversario tenha sido ótimo, de verdade. Em, vou repetir o que falei encima do seu ultimo coment: Drago*-* - Que bonitinho Drago, você gosta do seu amigo rsrsrs eu queria poder ajudar, mas coisas assim de "amor platônico" como você disse eu não entendo nada, é uma situação estranha pq se você contar pode perder o amigo né? o Final não entendi muito bem "dependendo da sua resposta eu conto uma coisa importante que você deve saber já que muita gente já deve saber" Não sei o que é mas agora fiquei curioso, e muito, me diz!!!! :****
Alê8 – Sério, você acha mesmo que eu devia publicar? É que cara eu me sinto tão inseguro sobre isso, tipo não que eu não gostaria, mas é vergonha mesmo. Depois que li seu ultimo comentário fiquei pensando nisso tudo de publicar... mas acabei me sentido, sei lá, meio prepotente, é que tipo gosto de ler e me sinto muito distante de quem escreve de verdade, acho que no fundo tenho medo, sei lá. Mas sério, muito mas muito obrigado pelo que disse, você sem duvida plantou uma ideia em mim e vou te agradecer sempre por isso. :****
Quin – Nossa Quin, obrigado. Cara eu adoro os e-mails que você me manda, inclusive daqui a pouco vou responder o ultimo que você mandou, desculpa pela demora. Sobre o que você disse acho que tem muito de verdade ali, eu sou fechado mesmo, uso minha timidez meio que pra me disfarçar na multidão, mas eu só quero mesmo ser visto como eu me sinto, uma pessoa normal, acho q no fundo é isso. Obrigado mesmo seu lindo vc é especial :****
Irish – Caaaara como eu gosto de vc rsrsrs serio!!! Sei que não tenho sido um amigo muito presente ultimamente, e desculpa de verdade, sempre prometo melhorar isso mas dessa vez é verdade, eu juro rsrsrs E sobre meu conto, serio que você ta gostando mesmo? obvio que não chega nem perto do seu, vc é uma profissional. Toda vez que leio seu conto eu aprendendo mais como se faz. Obrigado eternamente por tudo, vc foi uma das maiores surpresas que achei aqui no site, e um dos melhores presentes foi ter me tornado seu amigo. Te adoro como irmão, pessoa, amigo, fã... pra sempre :*********
rewfew – Lulu Bravo(melhor assim, ou você não gostou mesmo do apelido? rsrs) o melhor escritor de comédia romântica da CDC e um ótimo “terapeuta”. Cara sério eu morro de rir com seus coments aqui e no seu conto Minha Cara Metade, wathsapp é pros fracos, agente faz terapia aqui nos coments da CDC... Mas sério gosto muito de vc, e vc não tem noção do quanto morro de rir com a sua franqueza sobre tudo, um dia quero ser assim tb :p. E me divirto de verdade com seu conto, e mais uns 3 ou 4 dias depois que vc posta falando pelos comentários. Tipo vc diz que tem medo de magoar as pessoas sem perceber mas é difícil imaginar isso, seus amigos reclamam ou te criticam?? Pq sério vc parece ser meigo, tipo bonzinho, “me fale mais sobre seus medos... 8-)” rsrsrs #teamsemciume \o/
