Dentro de Nós - Capítulo 3

Um conto erótico de Thomaz
Categoria: Homossexual
Contém 2260 palavras
Data: 29/11/2014 00:17:47
Última revisão: 29/11/2014 00:22:00

“Quantos vivem toda a vida sem descobrir o que sabem e amam?

Tantos.

Não ser um desses, é essa a tua missão.”

- Desculpa, eu não queria fazer isso. – eu me afasto de Jade – Quero dizer, eu queria mas, am, você entendeu.

- Sim, eu que peço desculpas. – ela olha para mim, e me abraça.

- É muito bom estar contigo, mas...

- Tudo bem, eu também não sei se eu quero, não sei se eu estou preparada. Eu gosto de você, mas não quero perder a tua amizade por causa disso.

- Eu também não. – nos abraçamos novamente, só que mais forte. Conversamos um pouco e nos despedimos, vou para casa.

Converso com minha mãe, meu padrasto não havia chegado ainda, graças a Deus. Ela estava conversando sobre uma casa que iriamos construir em outro bairro, nos mudar novamente. Minha irmã, Lilly, de 22 anos estava com ela, mostrando algo sobre casamento. É, ela iria se casar ano que vem mas desde já estava arrumando as coisas.

- Como foi na aula? – pergunta minha mãe, me dando um beijo na testa, que retribuo.

- Foi bem, bem demais. – Eu subo até meu quarto, e me jogo na cama. Fico olhando para o teto e lembrando de tudo, do beijo com a Jade, da pequena conversa animada com o William, do William, da Juliane, do William.

Mesmo com tudo isso, eu ainda pensava no William. Comecei a lembrar de cada traço daquele corpo, dos olhos, da boca, dos músculos e daquela bunda que TODO MUNDO fala. Aí comecei a pensar do porquê de eu estar pensando naquilo. Já falei mil vezes e vou continuar a falar que eu gosto de mulher, até consegui algo com a Jade, eu poderia continuar, a gente podia namorar, mas algo me impedia. Algo que eu não conseguia saber o que era, só vinha William na minha cabeça, mas eu descartava todas as hipóteses de ser por causa dele. Peguei meu notebook e abri o facebook e procurei por seu nome e encontrei um perfil abandonado, sem informações e fotos. Resolvi mandar solicitação, sem nem saber se era ele ou não. E não tentei em outro perfil. A solicitação não foi aceita rapidamente como a da Jade.

Então peguei uma bermuda e uma cueca e fui tomar um banho. Eu estava com ereção, e resolvi acalmar o júnior, toquei uma no banho, mas no meu pensamento quem vinha era Jade e William nus. Tentei tirar o William da minha cabeça, mas era impossível, gozei na parede do banheiro, e muito. Terminei de me lavar, me sequei e em seguida peguei um pano para limpar a parede. O gozo estava escorrendo. Joguei o pano no cesto, por debaixo das roupas para não correr o risco de alguém ir ali e encontrar o pano lambuzado.

Voltei pro quarto e nada dele aceitar a solicitação. Jade não estava online, mas havia mandado uma mensagem há alguns minutos. “Desculpa mesmo pelo o que fizemos hoje, foi o momento, você é meigo, lindo, fofo, e eu estava tão feliz ali contigo que não consegui resistir.” Eu também não. Mandei uma mensagem respondendo as desculpas, e desliguei o computador. Não era nem nove horas e eu peguei no sono.

No dia seguinte, logo ao acordar já tive uma discussão com meu padrasto porque não sei o que fez esse pilantra a revirar o cesto e encontrar o pano gozado. Ele havia contado pra mãe e gerado uma briga como sempre fez. Mas minha mãe não quis brigar, apenas mandava Heitor parar, mas ele continuava. Eu me segurei pra não quebrar aquela cara dele. Me chamou de nojento várias vezes. Fui para o trabalho com raiva, e acabei chorando no caminho. Fiz meu trabalho direito no mercado, e logo voltei para ir à escola. Nesse dia eu conversei normal com a Jade, sem muitas intimidades, e conversei umas palavras com o William e mais alguém da sala. Os dias seguintes foram, assim, as semanas passavam e o sentimento de amor e desejo que eu sentia pela Jade foram virando amizade. Eu comecei a pensar muito mais no William e por ironia do destino, nosso professor regente me colocou pra sentar bem, bem, bem perto dele.

Não conversávamos muito, mas quase sempre trocávamos olhares, eu sempre acabava sorrindo e ele sorria também. Cumprimentava, pedia ajuda em alguns exercícios de física e respondia a algumas perguntas minhas. Começamos a virar amigos, mas não creio que ele desconfiasse de algum sentimento por ele, até porque eu acreditava não sentir nada por ele, e também pensava que ele era hétero. Comecei a ficar íntimo da Juliane também, e a esnobar a Letícia, que por si só já havia me deixado de lado.

- E aí. – o sinal havia tocado, e entramos na sala. Sentei-me e o William passou pela minha frente. Estiquei minha perna propositalmente fazendo-o tropeçar e o cumprimentei.

- Isso foi jogo sujo. – ele respondeu e começou a rir, sentando-se em sua cadeira. Eu ri também – Tem alguma coisa pra hoje?

- Prova, de biologia.

- Af, sério? – ele revira os olhos e retira o livro de geografia – Ops, trouxe o livro errado.

- Vish, se ferrou hein? – sorri debochadamente e ele também.- Eu te empresto o meu, tô com dois aqui. – retiro um livro da mochila e o entrego que no caso era o dele mesmo.

- Por que meu livro estava contigo? – ele riu, esperando a resposta.

- Porque você esqueceu, trouxa.

- Vai ver o trouxa.

A professora fez uma revisão pra prova, e mandou arrumarmos as filas. Eu tive que sentar na frente do William, e falei que iriamos colar um do outro.

A prova foi entregue, e logo começamos os sussurros, um sussurrando resposta pro outro, e era apenas nós dois. Os que estavam pertos se aproveitavam e copiam o que falávamos. Praticamente todos copiaram as nossas respostas. De qualquer forma, terminamos primeiro. Apertei a mão de William e ele piscou pra mim, meio que sei lá, rs, me derreti por dentro. Juliane me olhava, assim como Letícia e Laís, e os outros também. Voltei pro meu lugar e ficamos esperando os outros terminarem. No final da aula fiquei na escola conversando com a Juliane.

- Você e o William estão bem amigos né? Foi lá pra trás, não vem mais ali na frente falar comigo, hum. – diz Juliane.

- Oi ciúmes. – eu começo a rir dela. Juliane tinha virado a minha melhor amiga, conversávamos sempre. A Jade, ah, ela era mais que isso.

- É ciúmes mesmo, agora me conta logo. O que tá dando?

- Tá dando nada, ué. – digo, tentando acabar o assunto.

- Cala a boca e fala logo. – isso me fez rir mais ainda.

- Não vou falar nada porque não é nada, poh eu to conhecendo as pessoas daqui e virando amigo delas, não posso?

- Pode, é. – ela se calou, melhor assim.

Realmente não era nada, pelo menos pra mim não era nada ainda. Talvez pudesse se tornar algo um dia, mas continuo gostando de mulher. Sinto atração pelo William, confesso, e comecei a criar um sentimento que ainda não sei o nome, indescritível, é como se eu não sentisse nada, mas que eu sentisse alguma coisa. Nós estávamos nos dando bem, como amigos e eu esperava continuar assim. Eu só não quero que esse sentimento vire amor, porque realmente eu não estaria me reconhecendo. Um guri sentindo amor por outro guri? Isso é completamente errado, minha mãe me criou assim, dizendo pra eu me casar com uma guria e não ser “viado”. Mas como se isso fosse escolha, eu estava sentindo sim alguma coisa pelo William e hora ou outra eu iria descobrir o que era.

Como um apaixonado desiludido que nessa época era um viciado em facebook, eu postava frases românticas e às vezes indiretas. Ah, e deixa eu contar pra vocês que aquele perfil abandonado era mesmo do Will, nossa eu sou um bom rastreador. Voltando ao assunto, as indiretas estavam boas demais, filosofei legal, e esperava que ninguém se atingisse, ou que atingisse a pessoa certa. E claro, hoje eu postei umas bem indiretas mesmo, quase diretas, rs. Não havia falado com a Jéssica há vários dias, e há dois não conversava com a Jade, a saudade era tanta, e eu resolvi chama-la no fb. Conversamos por alguns minutos e ela disse que precisava sair, ela estava se afastando de mim. Foi fria comigo.

Eu comecei novamente a pensar sobre meus sentimentos em relação ao William, e percebi sentir desejo, na verdade eu já sabia que sentia isso, pois desde então já havia dedicado umas a ele, mas olha, eu ainda não sei o que eu sou, não consigo me identificar como alguma coisa. Já sabem o que eu vou dizer, que eu gosto de mulher e blá, blá. Mas comecei a sentir algo mais forte pelo William, apenas por ele.

No dia seguinte, cheguei na aula mais cedo e fui conversar com a Jade e a Jéssica.

- Oi vocês. – abracei ambas juntas.

- Oi. – diz Jéssica, olhando para Jade.

- Oi Thomaz. – Jade continuava fria.

- Vai me dizer o que aconteceu?

- Eu te amo, Thom. Eu não consigo sentir só amizade por ti, ou é isso ou é nada. – diz, com os olhos entristecidos.

Eu estava sem palavras. Eu pensei que havia chegado cedo na aula, mas se cheguei, o destino apressou o relógio porque o sinal tocou naquele instante, e ela teve que entrar.

- Depois a gente conversa. – sussurrei para mim mesmo e fui para sala. Hoje teríamos educação física na primeira aula.

Subimos ao ginásio e formamos os times para o futsal, eu era do time do William. Nosso time era razoável, eu não jogo tão bem quanto os outros, e quanto o William nem se fala. O jogo começou e o primeiro passe veio para mim, e esse passe eu encaminhei ao William, um pouco a frente de mim. Na verdade, todos os passes que vinham pra mim eu mandava pra ele, oh que saco! De repente jogaram a bola pra mim, mas eu não o via, então segui com a bola até mais pra frente, correndo, mas alguém me empurrou, eu estava perto do gol e do William também. Vi tudo ficar preto.

Acordei sentindo alguém tocar meu rosto e peito. Percebi que estava deitado e ao abrir meus olhos levo um pequeno susto ao ver William sentado ao meu lado.

- Tá tudo bem, Thom? – pergunta, com uma feição preocupada. Seu rosto estava lindo, e seu corpo suado.

- E-eu to sim. – falei, gaguejando e tentando levantar. Ele me ajudou.

- Senta ali. – ele puxou uma cadeira pra eu sentar. A professora se aproximou e examinou minha cabeça novamente e me fez umas perguntas, respondi todas. William estava jogando novamente, vi ele jogar, vi todos os seus passes. Ele deveria ser um jogador de time profissional futuramente, ele é muito bom.

Ele percebeu que eu olhava para ele, apenas para ele e piscou pra mim. As meninas se olharam perguntando pra quem tinha sido, iludidas. Olhei para uma das meninas e vi a Emily, é, acho que é esse o nome dela, fazendo um formato de coração com as mãos e falando o nome dele várias vezes. Ordinária, quem ela pensa que é? Vadia, eu corto as tuas mãos. Espera! Eu tô com ciúmes do William, não! Não, não e não! Tudo menos isso, eu estava mesmo gostando do William? De repente, Juliane puxa uma cadeira e senta-se do meu lado.

- Vai me contar agora, já. – diz ela, com cara séria.

- Contar o quê? – pergunto, me fazendo de desentendido.

- Porra, olha lá. Olha o jeito que tu olha pro William! Me fala, tu é gay? – ela sussurrou aquilo pra mim, e eu não respondi nada por um instante.

- Eu... eu não sei, Juh. Eu não consigo parar de olhar pra ele, eu me sinto tão bem em falar com ele, eu penso nele toda hora. Realmente não sei o que eu sinto por ele, eu nunca gostei de alguém assim, eu nunca gostei de um guri. – falei aquilo com toda a sinceridade do meu coração.

- Tu tá gostando dele.

- Não. – rebati.

- Tá sim, acabou de falar isso. – nesse momento a professora apita o jogo, e a Emily corre para dentro da quadra e abraça William. Aquilo me deixou com tanta raiva, eu queria era ir lá e arrancar os cabelos daquela guria. Mudei completamente minha feição e a Juliane percebeu isso na hora.

- Vadia. – sussurrei.

- Ciúmes. – disse Juliane, realmente, eu estava com ciúmes do William – Ciúmes é um dos sintomas de quem está apaixonado.

- Quer calar essa boca? – Juliane, que estava sorrindo, ficou séria, assim como eu também estava.

William soltou Emily depois de alguns segundos e veio até nós. Sentou-se do meu lado e eu tive que respirar fundo. Senti o seu cheiro de suor, mas era misturado com o cheiro do perfume que ele estava usando e aquilo era bom de mais. Ele sorriu para nós dois e levantou a sobrancelha para mim.

- Tá apaixonado, é? – ele pergunta, sorrindo.

=

Olá pessoas. Hoje eu tentei resumir ao máximo, e dei um passo quase longo na história, mas foi curto porque nem cheguei à parte tensa, que pode ou não ajudar. O capítulo hoje foi bem focado no Thomaz e no William, como prometi, e foi um pouquinho longo, assim... E o final, gostaram? Acho que precisava disso, o que será que o Thomaz vai responder? Espero que estejam gostando e vem muito mais por aí, pessoal. Beijo, e até a próxima!

*Geomateus - Que bom, obrigado! :)

*Kayob - Obrigado :D

*Lu Holf - Obrigado cara, mesmo! Que bom que está gostando, e obrigado por acompanhar :D Até o próximo, abraço!

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