Cap.19
Sim, era ele, era o Edward, meu primo, ali, preso...
- F-foi ele mesmo ?- minha voz saiu falhada.
- Tudo indica que sim- disse o delegado, me olhando.
- Eu não acredito !!!!- falei, com a mão na boca- Não acredito que foi ele que fez isso !
- Você o conhece ?
- Ele é meu primo !
DIAS DEPOIS
Tinha sido colocado ali, frente a frente, com ele.
- Como você foi capaz de fazer isso ?- perguntei, olhando nos olhos dele. Ele estava de cabeça baixa, não tinha coragem de olhar no meu rosto- fala !!!- ele se assustou com o tapa que eu dei na mesa.
- Eu não sei, eu não sei, eu não sei ! Eu estava fora de mim ! Eu apenas fiz !- ele lagrimou. Mas eu estava com tanta raiva dele que não acreditei naquelas lágrimas.
- Para de chorar ! Para de chorar porque essas lágrimas não vão me comover ! Você vai viver aqui pra sempre ! Você merece isso, você torturou crianças, você é um monstro !- falei, deixando as lágrimas saírem. Peguei minhas coisas e sai da sala. Ao sair, apenas abracei Cadu com a maior força possível- foi ele ! Ele é um monstro!
MINUTOS DEPOIS
- Como é que é ?- eu não acreditei no que tinha ouvido.
- Infelizmente a lei funciona assim. Você precisa entregar ele pro conselho tutelar, mas se quiser adota-lo, vai ficar mais fácil por vocês já terem contato- olhei pra Cadu, ele estava tão aflito quanto eu- Não posso fazer nada, é a lei- pra terminar, vi o garotinho vir correndo e abraçar minhas pernas.
- Eu não quero ir pra lugar nenhum, eu quero ficar com você !
TEMPO DEPOIS
Mas não teve jeito, ele acabou sendo levado pelo conselho tutelar. Acabamos estendendo os dias em Cabo Frio. Ficou tão vazio nossa vida sem ele, parecia que faltava algo. Já estava acostumado a fazer coisas sempre a três.
- Você colocou três xícaras na mesa amor- disse ele, chamando minha atenção.
- Ah, é verdade, desculpa- falei, tirando uma.
- Você já estava acostumado com ele aqui né ?- disse ele, me seguindo até a cozinha.
- Eh- baixei a cabeça, e senti quando ele lentamente levantou.
- Porque a gente não adota ele então ?- olhei firmemente pra Cadu, que parecia falar sério
- Você tem absoluta certeza ?
- Claro que sim amor, você mesmo disse que a gente já tava acostumado a ter ele aqui, ele só iria acrescentar a nossa vida
- Você tem certeza que nós conseguiremos criar ele bem ? Mesmo tão novos ?
- Tenho certeza que sim- senti seus lábios se juntarem aos meus, formando um momento mágico.
TEMPO DEPOIS
Lutamos muito, principalmente por sermos tão novos, mas acabamos conseguindo. Ele passou a ser nosso filho, de papel passado. Agora eu tinha mais alguém pra cuidar, dar amor e muito carinho.
- Tioooo- vi ele vir correndo em minha direção e dar um abraço apertado- eu tava com tanta saudade !
- Eu também tava, com muita saudade- peguei ele no colo e senti Cadu nos abraçar. Ficamos diversos minutos assimzp- mas agora, você vai morar com a gente, vamos ser seus pais, de verdade- ele olhou pra mim.
- Pais ? Mas quem vai ser minha mãe ?- olhei pra Cadu, e procurei uma resposta
- Digamos que você é privilegiado por ter dois pais. E eu tenho certeza que vai ser bem melhor assim- em seguida vi um sorriso ser estampado em seu rosto.
- Tudo bem
TEMPO DEPOIS
Arrumamos todas as nossas malas, era hora de voltar. Minha mãe quase pira ao saber que voltaríamos com uma criança.
- Tem certeza que ele não é nenhum trombadinha ?- ela perguntava pelo telefone, enquanto voltavamos de carro pra cidade.
- Obvio que não mãe, ele é um garoto muito lindinho isso sim- falei, dando um beijo em seu rosto.
- Tudo bem filho, cuidado e venha logo que eu quero conhecer meu neto- sorri
- Tudo bem- desliguei o telefone e continuei olhando a paisagem. Fechei os olhos por alguns minutos. Só lembro de ter visto o carro capotar. De repente tudo ficou escuro. O que houve ?
Continua
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