6h depois o despertador tocava. Eu estava morta de sono, mas precisava levantar. Meu cérebro mal funcionava, eu estava ali apenas de corpo presente, minha mente desligada geral. Assim que acabou o culto matutino, peguei minhas coisas e fui pra casa. Estava faminta, mas entre dormir e comer, prontamente respondo: dormir *-*
Quando acordei meu estômago estava doendo - quem tem gastrite mande um salve \o/ -, então fui direto a geladeira e peguei uma jarra de suco de goiaba e um copo, enchi o copo até a metade, pinguei umas gotas de adoçante, mexi e tomei. Não havia ninguém em casa. Voltei para o quarto e quando peguei o celular. Havia uma mensagem e uma chamada perdida. A mensagem era dela, e dizia:
Conseguiu descansar? Tô no grampo desde cedo. Bom domingo.
E a ligação era de Maurício.
Pra ela eu respondi:
Mais ou menos. Quase perdi a hora pela manhã. Mas na volta, dormi até agora. Bom domingo pra ti tbm.
Liguei para Maurício e ele também rejeitou a chamada e retornou. (Gente, só pra constar de novo: EU TINHA CRÉDITO, mas não sei que loucura era essa de todo mundo nunca querer atender ligações minhas. Acho que era minha cara de universitária pobre, só pode. Ele retornou e eu atendi:
Eu: Oi Ma, me ligou?
Ele: Oi Mah, liguei sim. Está tudo bem?
Eu: Tá sim. E com vc?
Ele: Tudo na paz, graças a Deus. Já falou com seu pastor?
Ele perguntou isso porque sabia que era habitual de qualquer um que quisesse namorar, falar antes com o pastor.
Eu: Então... Ainda não! Mas como iremos nos encontrar na próxima sexta, eu não irei vê-lo mais depois de hoje. Então a noite, depois do culto eu converso com ele.
Ele: Certo. Mah, agora eu vou precisar desligar para ajeitar uma coisas aqui? Mais tarde te ligo.
Eu: Tá bom.
Ele: Bjoo
Eu: Bjoo
Respirei fundo, e cai de bruços na cama. Ele não me obrigava a namorar com ele, mas ele era um cara legal, e eu poderia estar perdendo a chance de ser feliz por dar voz ao que eu sentia, e não ao que devia fazer. Estava resolvido: Eu diria sim!
A noite após o culto eu pedi para conversar com o pastor, e ele prontamente disse sim. Sentamos e ele falou:
Pastor: E aí menina, como estão as coisas?
Eu: Estão bem, pastor. Vim aqui porque como o senhor deve saber, Maurício e eu ficamos muito próximos.
Ele: Hummm.
Eu: Vamos começar um relacionamento. Queria sua opinião.
Ele: Você está em paz?
Eu: Acho que sim.
Ele: Acha ou tem certeza?
Eu: Acho.
Ele: O que te impede de ter certeza?
Eu: Não sinto borboletas.
Ele: Ham? Como assim? Borboletas?
Eu: É. Borboletas no estômago. Não tenho aquele friozinho quando o vejo, entende?
Ele: Isso é muito perigoso, sabia?
Eu: Por que?
Ele: Porque mesmo quando você ama, as borboletas tbm passam. Isso se chama paixão. Ela não dura para sempre, é só uma fase. Você pode até sentir suas borboletas por alguém, mas não vai durar muito. E quando elas forem embora, o que você vai fazer? Se for casada, vai se separar do seu marido?
Silêncio!
Ele: Amor é diferente. No amor você decide de maneira racional ficar com alguém. É uma escolha, uma segurança, pois independente da sua oscilação de sentimentos, vc continuará ali honrando o seu compromisso.
Silêncio!
Ele: Pense bem. Se vc se levar pelo que sente, pode perder uma boa chance de ser feliz e ter uma família abençoada com um homem de Deus, como Maurício. Pense no que eu lhe disse.
Eu: Tá certo então. Obrigada, pastor.
Ele: De nada, minha filha. Que Deus te abençoe.
Eu: Amém!
Sai de lá pensativa. Talvez ele tivesse razão mesmo. Todas as vezes que agi com o coração eu sempre me dei mal. Então era uma boa oportunidade para tentar uma abordagem diferente na minha vida. Assim que cheguei em casa, Maurício me ligou:
Ele: Oi Mah, e aí? Falou com ele?
Eu: Falei. Falei sim.
Ele: E ele disse o que?
Eu: Disse que por ele sem problemas, desde que eu estivesse em paz.
Ele: E vc está?
Eu: Estou, ma. Estou sim!
Ele estava vibrando, podia perceber pela sua voz. Conversamos um pouco mais e ele disse:
Ele: Mah, amanhã vou olhar um apartamento num condomínio aqui perto de casa.
Eu: Hummm... Legal.
Ele: Esperamos vc terminar sua faculdade e casamos. Só falta 2 anos, não é?
Eu: Sim, isso mesmo.
Ele continuava a falar e eu estava tentando imaginar nosso futuro juntos. Me imaginava com um avental preso ao corpo, um único filho que já aos 3 anos parecia um nerdzinho, de óculos. E eu ouvia os tilintados das chaves girando na porta. Mas a minha imaginação só conseguia ir até aí. Eu não o via entrando dentro de casa, eu não me via ao lado dele envelhecendo juntos, eu não via um futuro ao lado dele. Até que despertei do meu devaneio com ele dizendo:
Ele: Mah? Vc tá me ouvindo?
Eu: Oi. Oi ma, me desculpa. Acho que cochilei.
Ele: Então descansa, mah. Que Deus te abençoe. Boa noite. Bjoo
Eu: Boa, ma. Bjoo
Desligamos e eu fiquei ali pensando. Mas tinha aula no dia seguinte, então achei melhor ir dormir.
Beijos e queijos =P