No dia seguinte acordei por volta das 9h da manhã, com o celular tocando. Minha cabeça parecia que ia explodir, mas quando olhei no visor era ela. Rapidamente atendi:
Eu: Ci?
Ela: Sim, sou eu.
Eu: Putz... Eu... Eu... Eu pensei que talvez... Você... É... Tipo... Nem fosse mais me ligar.
Minha voz já estava falhando, sentia meus olhos umedecerem, e ela respondeu:
Ela: Eu pensei a noite inteira no que faria. Não vou deixar de falar contigo. Te amo demais, menina. Mesmo que eu não tenha você do jeito que gostaria, só sua companhia já me faz muitíssimo bem.
As lágrimas que antes preenchiam meus olhos, já haviam rolado a muito tempo.
Eu: Muito obrigada! Sério, vc é incrivel.
Ela: Tá. Agora para de chorar, vai. Me fala teu endereço. Tenho uma surpresa pra vc.
Eu: O que? 0.o
Ela: Dá pra vc parar de ser curiosa e me dizer?
Eu: Mas eu queria saber o que é =(
Ela: Relaxa que não vou mandar sequestrar vc, nem mandar uma coisa louca que qualquer pessoa pode abrir e saber do que rolou entre nós. Não faria isso com vc. Jamais.
Eu: Nem pensei nisso, sua cara de fuinha.
Ela: Então para de me enrolar e me passa logo seu endereço, cabeção.
Eu: Tá. Anota ai.
Quando acabei, ela falou:
- Agora eu preciso desligar. Bjoo
Eu: Calma, vc não vai nem...
Ela já havia desligado.
Fiquei deitada e voltei a chorar. Gente como eu chorava nessa fase, ponte que caiu, viu? Acabei adormecendo novamente. Esqueci de avisar, mas como havia falado em um dos contos anteriores, os centros acadêmicos estavam se reunindo para decretar greve. E não deu outra. Nesses dias a greve tava rolando, e eu fiquei com dias muito ociosos. Aproveitei pra deixar o sono em dia.
Acordei com o celular tocando novamente. Olhei para o relógio da escrivaninha e eram 14:17. Olhei a tela e era Ci novamente.
Eu: Oi.
Ela: Meu, tu ainda tava dormindo? Carambaaa 0.o
Eu: Rs... Precisava descansar. Passei a noite quase toda chorando. Pensei que vc não iria querer saber mais de mim.
Ela: Tá. Agora esquece isso e me repete teu endereço pra que eu possa conferir aqui na caixa.
Falei tudo e ela disse:
- Agora espera aí.
Fiquei na linha e ouvi uma movimentação, barulhos de carimbos batendo, vozes, zíper abrindo e fechando, e por fim, ela agradecendo.
Ela: Pronto. Voltei.
Eu: Agora me fala, o que vc aprontou?
Ela: Não dormi essa noite pensando em tudo o que conversamos ontem. Sabe Mah, eu já sabia, mas agora tenho mais certeza do quanto amo você, pois se você fosse uma qualquer, eu não te ligaria nunca mais. Quando entendi isso, mesmo sem dormir, peguei o primeiro ônibus pra capital - Ela morava no litoral de São Paulo -, resolvi as coisas do restaurante e fui à Liberdade comprar algo oriental pra vc. Não é nada super super, mas são coisas que eu sei que você gosta bastante. São de coração, espero que vc goste.
Eu: Eu vou adorar, não importa o que seja.
Ela: Agora chuta!
Eu: Não faço idéia.
Ela: São chaveiros.
Eu: Sério? Putz Ci, muito obrigada. Vc sabe que eu amoooo chaveiros e que...
Ela:... e que na Argentina você perdeu o seu e voltou lá só pra comprar outro igual.
Eu: Isso isso isso, rs...
Eu estava vibrando de felicidade. Primeiro por ela ter continuado ao meu lado, segundo pelos chaveiros.
Ela: O que pretende fazer durante a greve?
Eu: Acho que vou visitar minha vó materna.
Ela: Lá na minha cidade?
Eu: Sim. Lá mesmo.
Ela: Pois vai ver minha vó também. Queria mesmo alguém de confiança pra me dizer como ela realmente está.
Eu: Pode deixar. Então vou fazer uma malinha e vou hoje mesmo.
Ela: Quando chegar lá, me liga pra eu te falar qual a casa e pra vc me ligar e eu falar com a vó também. Afinal, quero saber se vc vai ter coragem de ir lá mesmo.
Eu: Claro que eu vou, besta.
Nos despedimos e lá fui eu.
Assim que cheguei na cidade, liguei pra ela e a disse para deixar a vó de prévio aviso sobre minha visita. Por volta das 17:30 me dirigi à casa que ela me informou. Chegando lá, bati palmas e uma senhorinha muito simpática saiu na porta.
Eu: Boa noite, é a senhora que é a vó de Ci?
Ela sorriu simpaticamente e disse: Oow filha, sou eu sim. Ela avisou que uma amiga viria aqui me visitar. Venha, entre.
Entrei e ela me abraçou forte, dizendo:
- Se é amiga da minha menina, já sei que é gente boa.
Nos soltamos e ela disse: Você tem falado com ela?
Eu: Sempre nos falamos. Por sinal, me dê licença um instante. Preciso ligar para dizer que estou aqui. Ela não acreditava que eu viria, rs..
Ela sorriu e eu liguei.
Ela: Fala, cara pálida.
Eu: Tô aqui com sua vó. Num falou que eu não vinha? Hahaha. Provo que vim.
Passei o telefone pra vó e ela disse:
- Filha, a moça veio, viu?
Deu uma risada, ficou em silêncio e disse:
- Ela é bem altaE bonita, viu?
Eu estava corando.
- Humrum. É. Acho que pouca coisa mais alta que você.
Deu uma gargalhada e me passou o telefone.
Ela: Quando sair daí me liga, tah?
Eu: Pode deixar.
Eu e a vó ficamos conversando um pouco mais. A vó me mostrou fotos dela na infância, contou histórias, etc. Eu ri bastante e por fim me despedi. Ela me deixou na porta, disse que sempre que eu quisesse voltar, as portas estariam abertas. Me abraçou e fui embora.
No caminho, liguei pra Ci.
Ela: Oi.
Eu: Falei que viria. Tenho palavra.
Ela: A vó tá bem?
Eu: Parece estar bem. Não a conhecia antes para saber se melhorou ou piorou.
Conversamos mais um pouco e ela voltou a trabalhar. Os dias na casa da minha vó seriam necessários para que eu pudesse avaliar tudo como coadjuvante, ao invés de atriz principal.
Bjoos
P.s.: Depois respondo aos comentários individualmente.