O caminho das borboletas. 21

Um conto erótico de MMah
Categoria: Homossexual
Contém 990 palavras
Data: 04/11/2014 16:07:39
Última revisão: 04/11/2014 16:16:52

Sem delongas, vamos ao conto?

Os dias na casa de vó seriam uma espécie de reclusão. Lá era tranqüilo, ninguém me importunava, e eu poderia ficar no quintal sozinha pra chorar, escrever e tentar pensar numa solução pra tudo aquilo. Não que em casa não fosse tranqüilo, mas é quase impossível eu ir a cozinha e minha mãe não notar que chorei. Fico logo vermelha e com a voz fanha. Enfim... Lá eu teria um tempo bom. Antes de ir, falei com Maurício. Disse a ele que eu estava confusa quanto a nós e que precisava de um tempo pra pensar. Ele não entendeu bem, mas respeitou e disse que assim que eu pudesse, enviasse notícias. Com Ci eu já havia terminado tudo. E agora restava apenas o Vini.

Eu havia guardado tudo que ganhei do Vini numa pasta. Com tudo, eu me refiro às cartas, cartões, folhas secas de algum lugar que fomos, guardanapos que escrevíamos em algum restaurante, etc. Os presentes maiores ficavam numa caixa, em casa.

Na tarde do dia seguinte eu peguei meu celular e fiz uma playlist com todas as músicas que foram tema da nossa história. Peguei também a pasta com as coisas, os fones e fui para o quintal. Sentei numa muretinha, respirei fundo. Eu sabia que aquilo seria dolorido, mas eu deveria fazer. Senti uma brisa que bagunçou meu cabelos. Havia chegado a hora! A pasta estava fechada com uma espécie de zíper. Abri, e quase que instantaneamente senti o perfume dele, que era borrifado nas cartas. Sempre fui muito grata aos meus sentidos, porque eles me trazem as coisas mais prazerosas da vida. O paladar me trouxe o sabor da comida da minha vó, que era a melhor do mundo - irei contar um pouco mais pra frente como foi perdê-la -. Meu tato me ajuda a sentir as cordas do violão e a fazê-las produzir um som agradável. Para saber onde pressionar e produzir o som certo, eu preciso da visão. Sem contar o prazer que sinto quando olho o mar, o céu azul e o pôr-do-sol. A audição é minha companheira íntima. Sem a audição eu acredito que enlouqueceria. Amo ouvir as vozes das pessoas, seus tons e risadas. E a música? Aaaaaah, a música! Digo tranquilamente que a porta do meu coração é nos ouvidos. Música me encanta, me deixa viva, tranqüila, elétrica, renovada. Mas naquele momento, era meu olfato que estava em destaque. Aquele perfume foi liberado da pasta e chegou a mim mediante à brisa que outrora bagunçou meus cabelos. Eram muitas lembranças que me vinham a cabeça: abraços, planos, sorrisos, lágrimas, o dia em que nos beijamos na chuva, a vez que trocamos confidências e promessas na frente do mar... Quando voltei dessa viagem de lembranças, dei play no celular e li carta por carta ao som das nossas músicas. Chorei muito. Talvez alguém ache meu comportamento masoquista. Mas é meu jeito de resolver as coisas. Quando acabei, eu sabia exatamente o que fazer.

Nossa história poderia ter sido linda. Mas ele não quis e abriu mão de mim e da nossa felicidade, por motivos que eu não conhecia. O rio havia passado e se até na natureza nós não podemos mudar o curso das coisas, por que eu deveria fazer isso na minha vida? A vida segue e é sempre pra frente. Ele teve sua chance e a desperdiçou. Se fosse 2 ou 3 dias após o nosso término. Até 1 mês. 6, no máximo. Mas já haviam se passado 1 ano e 3 meses. Meus sentimentos já não eram apenas de amor, mas estavam contaminados com a raiva, a frustração e a sensação do engano. Definitivamente, nossa história havia acabado e eu não voltaria atrás.

Respirei fundo e terminei aquele momento me sentindo aliviada e livre.

Nos dias que se seguiram, eu refleti muito sobre Maurício também. De todos, ele era a pessoa mais "passiva". Como costumamos dizer aqui: Ele era Café com leite. Parecia que estava na minha vida apenas por uma decisão técnica e formal. Não digo precipitada, pois eu tive muito tempo para decidir, e ainda decidi de maneira errônea. Ele merecia alguém que o amasse por completo. Eu não era essa pessoa. Então desse dia em diante, eu passei a me considerar solteira, pois o fim do nosso relacionamento era certo. Bastava eu sair da minha reclusão para deixar tudo em pratos limpos. A semana acabou e decidi voltar para casa. Me despedi de vó e em menos de 1h, estava na minha cidade.

Durante esses dias, Ci me ligava todas as noites. Conversavamos sobre o dia, a vida, os sonhos. Eu havia finalmente enterrado meu passado, estava prestes a mudar meu presente e estava certa de que queria um futuro diferente do qual eu me destinava a ter.

Agradecimentos

- Lara Mallone, be da letty, anacris2915, jak7, #Mari#: Agradeço a força e entendo sim que brigas fazem parte de todo e qualquer relacionamento. Mas infelizmente esta acabou tomando proporções maiores do que as esperadas. Estamos num processo difícil. É a primeira vez, desde que começamos a namorar que chegamos a esse ponto. Espero que logo tudo se resolva. Bjoo pra vcs

- JuuhMarcelino^^, comodizlarissa, thawy, Duda e Bia, Bia :3, Nanda M, Al_: Obrigada por estarem acompanhando. Os comentários de vocês me estimulam a continuar. Bjoo

- Jaiy: Sempre adorei seu contos e agora fico feliz que esteja acompanhando os meus tbm. Bjoo

- Sizinha: Nessa época ela morava no litoral de São Paulo e eu no nordeste. Bote aí 3.000km de distância. Sobre ela dizer que eu não fazia seu tipo, segundo ela foi para eu não assustar com a aproximação e pensar que ela só chegou perto por interesse em algo mais. Respondido agora? =) Bjoooo

- luci123: Minha igreja não era em células, mas esses estudos eram comuns por lá. Bjoo

Gente, só pra esclarecer novamente: minha história e verídica e aconteceu 1 ano e 5 meses atrás.

Bjoos e queijos

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Comentários

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Primeiro, adorei a escrita... É impossível mais estou ansiosa pra mais, puts li tudinho agora mais que historia em muito complicada... Mais eu entendo o que é se sentir hipócrita em relação a igreja... Mais o grande desafio sempre será manter a fé em Deus... Adorando muito sua história volta logo bj bj

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