O amor vai nos separar XXV

Um conto erótico de Irish
Categoria: Homossexual
Contém 1238 palavras
Data: 08/11/2014 17:57:05

Um dia de passeio pela cidade, já que Tony ficaria com a familia naquele dia. Sorveterias, cinemas, museus, praças, lojas... Havia um bom tempo que eu nao fazia nada disso, e Alex foi uma excelente companhia.

Andamos, comemos e tomamos sorvete pra caramba. Descobri alguns gostos dele: chiclete de menta, sorvete de morango sem calda, hot dog, bolo com muito chantilly. Era fã do filme Casablanca. Será por isso que gostava de cantar pra mim como se me "cortejasse"?. Odiava filmes sobre extraterrestres, mas via dramas numa boa.

A meteorologia tinha previsto pancadas de chuva naquela tarde quente de verão, e foi o que aconteceu: um toró que nos pegou numa pracinha, enquanto tomavamos sorvete. Corremos pela rua e nos abrigamos num ponto de ônibus meio decadente ali perto. Alex era louco ou sem juízo, nao sei direito, porem enquanto esperavamos a chuva passar, ou um taxi surgir, ele me pegou pela cintura e beijou minha boca rápido, rindo, todo molhado. Olhei para ele num susto, reparando que do outro lado da rua algumas pessoas viram, abrigadas sob a marquise de uma loja.

- Ficou maluco, cara?_ falei, espantado, mas rindo, a minha cara queimando de vergonha.

- Te amo, Marquinhos!_ ele quase, gritou, dando risada, me beijando outra vez_ Te amo!

Fiquei tao sem graça que nem ousei olhar para o outro lado da rua, de novo. Felizmente ,logo passou por nós um táxi, um Fusca, e entramos nele molhados, rindo feito dois moleques. Alex falou que logo iria tirar sua carteira de motorista, que estava atrasada levando em conta a idade dele, vinte e um anos. Perguntou se eu andaria com ele caso adquirisse um Fusquinha.

- Porque nao?_ dei risada_ Mas eu bem sei que seria só por brincadeira sua. Tem grana para comprar um Porsche, que eu sei.

Ele riu, constrangido. Embora nao gostasse de comentar, sua familia era tao ou mais rica do que a de Tony. A diferença era que ele quase nunca ostentava ,e parecia pouco se importar com isso.

Em casa nos secamos, e emprestei uma roupa minha para ele, já que nossos corpos eram parecidos. A chuva passava, mas o calor nao dava trégua. Liguei o ventilador, e ficamos ouvindo um pouco dos Smiths ali na sala, em silencio.

- Sabado eu venho_ disse Alex, se levantando para ir embora.

- Certo_ respirei fundo e, quando ele fez um movimento para se ir , segurei seu braço- Espera. Vem cá.

Levantei, segurei na nuca dele e o beijei, sem pensar, sentindo seu cheiro que misturava perfume, chuva, chiclete de menta. Ele me enlaçou pela cintura, com vontade, pondo a lingua na minha, e meu coraçao parecia uma bateria enlouquecida num show do Zeppelin. Me afastei sem fôlego, com a cara queimando, sem coragem de olhar no rosto dele. Ganhei um afago nos cabelos, e só ouvi a porta batendo. Entao olhei em volta, meio confuso, meio sorrindo. " Moleque chato. Chato e teimoso", pensei, rindo sozinho.

No inicio de março ,Tony quis comemorar meu aniversario na boate. Para mim foi uma comemoraçao sóbria, quase sem alcool, mas dancei pra valer com os meninos. Tony veio para minha casa chapado, e foi incrivel, transamos feito loucos, o fôlego dele tocado à cocaína batia recordes.

Após a morte de Mauro por Aids, notei que alguns dos meus "paqueras" ali na faculdade passaram a me evitar, na certeza ridicula de que se eu fui amigo do "veado aidético", como falavam, eu só poderia estar tambem infectado. Fiquei furioso, com vontade de gritar para todos que eu nao tinha nada, que nem gripe eu pegava, a última vez foi a um ano, logo que saí da casa de Vitor. Tinha cada vez mais a convicçao de que estava limpo.

Vitor e Rafa ainda namoravam, pelo visto, já que estavam sempre juntos. Algumas pessoas viravam a cara e faziam piada com eles, mas nem tanto como comigo, o "bandejão comunitário". Eu já nao me importava com os dois, dizia a mim mesmo que nao tinha nada com o romance deles.

O semestre virou, o inverno foi forte, e nossa vida seguiu. Minha amizade com Alex continuava uma coisa de louco, nem eu entendia. Durante um mês inteiro, aos sábados, eramos como garotos normais se divertindo, com musica, cinema, conversas. Mas lá vinha um dia, apos longas semanas, em que ele me beijava de surpresa ou eu beijava-o quando o acompanhava até a porta. Era a melhor parte da semana estar com ele só pra mim ali em casa, ouvir aquelas cançoes melosas deitado no colo dele, ou ele apoiando a cabeça em meu ombro, segurando minha mão, em silêncio. Ele irradiava uma alegria indisfarçavel estando comigo, mas nao mais insistiu em sexo, embora eu quisesse.

- Voce nao sente mais vontade de transar comigo?_ perguntei uma tarde.

- Claro que sinto. E muita_ ele me olhou_ Mas te respeito. Nao sou como os outros caras que só querem gozar e cair fora. Com voce eu quero fazer amor, Marquinhos.

- Que antiquado! _ dei risada dele_ Vai me pedir em noivado tambem?

- Voce é o homem da minha vida_ disse ele, sério, acariciando meu rosto.

- Voce, Alex, calharia bem em namorar com mulher, caso gostasse da coisa. Elas ficam doidas com esse tipo de declaraçao, nao vê nas novelas? Mas voce fala isso para um cara...

- Sao as palavras do meu coraçao_ disse ele, baixinho, me beijando de leve.

Nao insisti em transar com ele. Tony apagava meu fogo todo dia, e as vezes Bruno vinha, quando sabia que haveria uma brecha para isso, ou eu ligava pra ele avisando.

Férias em agosto e os meninos viajaram, todos. Fiquei sozinho, irritado, fodendo com um cara ou outro que topava me encarar mesmo com minha má fama na faculdade. Me distraia com eles, era bom.

Alex e Bruno voltaram primeiro de viagem. Eu tinha pedido a Alex os discos do The Clash, vindos diretos de Londres, para onde ele foi passar as ferias, e ele trouxe. Fiquei doido de alegria e ele encantado , só me observando na minha alegria de moleque. Logo Tony voltou e seguimos nossa vida de antes.

Em novembro passamos um feriado prolongado em Ilhabela, e fomos em cinco, já que Bruno levou um carinha que ele andava comendo, lá da sala dele. Um magrelo riquinho, insuportavel, lingua afiada, que devorava Tony com os olhos descaradamente, para a total indiferença do Bruno. Se chamava Pedro, mas seu apelido era Boy, sei lá porque. Tinha umas espinhas nojentas na cara, avermelhadas e grandes, mas gostava, talvez por isso, de apontar defeitos nos outros.

- Nao sou só eu. Olha o Tony, tambem tem espinhas_ disse ele enquanto brincavamos na piscina_ Parecem bem infeccionadas, vermelhas como sangue.

Se referia àquelas manchinhas que percebi no tórax de Tony na noite passada, enquanto transavamos. Pareciam micro ilhas de sangue coagulado, meio rugosas, salientes, mas nao muitas. Tambem achei que fosse um tipo grave de espinhas.

- Isso? _ falou Tony, se tocando dentro da agua_ Deve ser uma alergia. Apareceu de repente.

Vi Alex observa-lo, serio, calado, sem tomar parte na alegria dos outros ou nas insolencias do Boy. Quis conversar um pouco com ele, mas nao havia brecha, e aquele magrelo ficava me provocando toda hora, fazendo piadas e ironias, e logo, logo eu iria mostrar pra ele quem mandava ali.

#

#

#

Se puderem, pesquisem imagens sobre o Sarcoma de Kaposi, e visualizarao bem as "manchas" de Tony.

Valeu, gente!:)

Voces sao 1000!

Beijao!

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive Irish a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Nossa... o capítulo tava tão doce com o Marcos e o Alex, mas quando chegou no final fiquei me sentindo meio mal pelo Tony. Você é mestra em provocar diversas emoções na gente viu dona Irish!!! Aff não suporto essas bichas que nem esse tal de Boy ai. Eu também o colocaria no lugar, quero só ver o papoco rsrsrs

0 0
Foto de perfil genérica

Hum, pelo jeito so o Alex sacou o que pode ser, os outros estão tão confiantes que nem repararam, continua.

0 0