CAPITULO 3 – Casinha de Sapê
(Sábado, há 40 anos)
Não tinha sido nada difícil arregimentar a turma, antes das sete horas já estávamos a caminho da Praia da Pipoca. Mamãe dirigia calada sem querer perder as estribeiras com a mana que, naquele dia, estava mais acesa que nunca. O carro, que as vezes parecia grande demais para uma família de três pessoas, nos fazia sentir sardinhas enlatadas, o calor infernal nos empapava as roupas e gotas grossas de suor descia em meu rosto me fazendo ansiar por logo chegar, se bem que Tati dava outros ares sentada em minhas pernas quietinha como nunca.
- Tua mãe é uma besta... – mamãe acabou seu silêncio – Onde já viu trocar um final de semana na praia por um clube apinhado de gente?
- Né ela não tia, o papai é quem não quis vir – Tatiana defendeu a mãe – Ela tava doidinga pra vir, mas...
- Deix’ela mãe, ela é quem perde... – Maria Clara se aquietou – E vai ser melhor assim, o tio é um chato!
A casinha a praia foi, talvez, a única boa coisa que o papai deixou. Não era lá essas coisas, mas servia para a gente apesar de pequena demais quando ia toda a família. Dos dois quartos um era da mamãe e meu e da mana, quando ia muita gente. O outro era bem maior e duas beliches com armadores de rede bastava para um mundão de gente além da sala onde, muitas das vezes, servia de dormitório extra.
Depois de acomodados descemos todos para a praia deserta cheia de canoas de pescadores. A mana e Tati se empoleiraram na do mestre Xico, eu e mamãe saímos para uma esticada de pernas até a casa de dona Mundica.
- Ô de casa! – mamãe bateu palmas na soleira da porta – Mundica! Tá em casa?
Demorou quase nada para a preta velha apontar na porta com aquele sorriso de dentes brancos.
- Vixe mãe de Deus, se não é a doutoura! – deu um abraço apertado na mamãe e acariciou minha cabeça – Terminei de coar um café... Entra Siá, sai desse sol!
Era uma casinha típica de vila de pescador, como a nossa também de sapê com piso de lajota cozida que dava um esfriamento nos pés. Além da sala humilde com um avantajado rádio de antena numa mesa encostada na parede, dois quartos um tanto escuros e uma cozinha com uma mesa onde comiam, com folga, doze pessoas. Do quintal ouvíamos gritos e sorrisos escrachados.
- Menina, para com essa folia! – dona Mundica ralhou pela porta – Vem pra cá Das Dores, deixa o Nezinho cuidar disso!
- Sempre brigando com as crianças... – mamãe abraçou a preta velha – Parou de parir mulher?
- Graças a Deus! – se benzeu e foi para o fogão de lenha – Essas pestes queima os miolo da gente... – entrou uma negrinha de pele reluzia – Lembra dessa?
A garota sorriu e correu para o colo de mamãe enquanto dona Mundica servia o café cheiroso em canecas de esmalte.
- Nezinho! Traz as crianças pra merendar! – tornou gritar da porta e pouco depois uma carreada de negrinhos e negrinhas invadiram a cozinha.
- Que que é isso amiga? – mamãe se espantou – Parece ninhada de coelho!
Eram sete os filhos de dona Mundica, cinco meninas e dois meninos, Das Dores a mais velha com treze anos, o Nezinho com onze, o Felisberto com dez e o resto em escada decrescente, além e Maria Cândida a única branca, filha do pastor Ananias, com treze anos.
- São tudo meu não, doutora, esse é do Xico e aquela branquinha é do Ananias. Tão tudo aqui desde ontonte – falava enquanto entregavas as canecas e um pão massa fina para cada um que logo saia em disparada de volta – Mestre Xico e o Pastor Ananias foram fazer aquele curso da EMBRAPA... Leva Jorginho, Das Dores, que tenho de assuntar uma coisas com a doutora.
- Tu quer ir na cachoeira Jorginho? – Das Dores olhou para a mãe que assentiu com a cabeça.
- Não leva os meninos que deve de estar fundo... Choveu onte e as águas cresceram – falou olhando para mamãe – Ocês vão se banhar?
Nem deu tempo de responder, Das Dores me puxou e fomos pela trilha dos macacos. Não era bem uma cachoeira, era uma pequena queda d’água em um cacimbão arrodeado de pedras escorregadias.
- Tu nunca mais tinha vindo aqui... – Das Dores acororou empoleirada em uma pedra – Pensei que tu tinha esquecido a gente.
- Né não, Das Dores, tu sabe que a mamãe tá com pouco tempo – sentei com os pés dentro da água – E tu, porque nunca mais foi lá em casa?
- A mãe tá meio adoentada... – jogou água em minha direção – A mãe perguntou se eu não queria ir morar com vocês...
- Ela me falou – levantei e tirei a camiseta – Mas, e teus estudos?
- Se eu quiser a tia me transfere pro grupo lá de perto – olhou para mim – Tu tem cuidado qui tá um pouco fundo...
- Tu não vem?
- Tô de maiô não... – coçou a perna – Num sabia que tu ia querer banhar...
- Vem assim mesmo – incentivei – Ou então... – parei olhando pra ela.
- Dá não Jorginho, pode vir alguém... Se tu quiser eu vou rapidinho botar o maiô...
- Fica de calcinha, não vai ser a primeira vez...
- Mas eu não to de corpete, olha! – levantou a camisa, vi os peitinhos bicudos – Eu vô em casa rapidinho...
- Vem assim mesmo, deixa de ser chata!
Das Dores sorriu meio encabulada antes de tirar a bermuda e a camisa. Apesar de bonitinha tinha o corpo quadrado quase sem bunda e os peitos pareciam dois amendoins empinados em cima de um morrinho negro. Colocou a roupa cuidadosamente arrumada debaixo de uma pedra e correu se jogando de ponta cabeça, nadava como uma piaba.
- Olha, tá fundão! – levantou os braços e se deixou afundar.
Nunca fui bom nadador, dava pro gasto, mas realmente estava muito fundo naquele dia. Mesmo assim dei umas braçadas até ficarmos quase colados.
- Tu vai vir pras férias? – falou apoiando os braços em meu ombro – A mãe falou que vai vir um parque pros festejos...
Sem que ela esperasse puxei seu braço e ficamos colados mexendo as pernas para não afundar.
- Só se tu me der um beijo... – toquei o biquinho do peito, ela sorriu e mergulhou reaparecendo quase na beira.
- Tu só quer um beijo? – brincou sentando, a água quase no queixo.
Nadei até ela e sentei de frente para ela, nos olhamos, tínhamos aquele ar de querer ir em frente. Nos conhecemos desde criancinha quando o papai ainda era vivo, foi com ela que dei meu primeiro beijo de língua.
- Tu tá ficando cada vez mais bonita – puxei seu braço e ela se deixou puxar – Tu tá namorando?
- Tô não... – se aproximou e sentou em meu colo, as pernas me abarcaram – A mãe diz que sou muito nova pra arrumar um cacho e tu, tá namorando?
Nos olhamos dentro dos olhos sentindo nossos corpos aconchegados, tornei bolinar o biquinho de seu peito e ela suspirou.
- Tô não... – enchi as mãos com seus peitos, a pele ébano quente – Tava doido pra ficar assim contigo...
Ela suspirou e nos abraçamos, os cabelos duros não pareciam encharcar como os meus e uma sensação gostosa passeava danado por minha espinha.
- Tu quer? – ela sussurrou em meu ouvido.
Nem precisava falar, eu e ela queríamos.
- Tu deu pra alguém? – minha mão desceu e toquei na xoxota embaixo da água escura, continuava lizinha como da primeira vez.
- Dou não, só dou pra tu – levantou um pouco deixado que eu lhe tocasse – Tava doidinha desde que ouvi tua voz...
Nossas bocas se encontraram e tornei relembrar de como era gostoso seu halito, nossas línguas brigaram dentro de nossas bocas, não falamos nada, não era preciso fala, apenas nossas vontades. Afastei a beirada da calcinha e coloquei a ponta de meu pau, ela estremeceu.
- Ai... Espera Jorginho... Espera... Não... Não... Hum... Hum... Não mete, pode... Hum... Hum... Não Jorginho, ai... Olha... Pára, olha... Tá vindo gente...
Das Dores sentiu primeiro o roçar que lhe relembrou as dores da primeira vez e, novamente, aquele friozinho na espinha, mas foi quando entrou que aquela sensação de coisa gostosa lhe tomou a xoxota de assalto. Ainda ardeu um pouco, mas o prazer era maior que qualquer sensação de desconforto.
- Porra Guinho... Hum... Guinho, Guinho...
Foi ela quem levantou um pouquinho para tornar sentar...
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Próximo capítulo: Conversando coisas de querer... (Mamãe novamente)
(Julia está carente e o filho lhe faz carinhos em um envolvimento total ela volta a sentir o que não sentia há anos e não conseguiu impedir a penetração e o gozo...)