A segunda-feira chegou e eu acordei querendo permanecer na cama. Mas tinha aula, então levantei. Não tinha vontade de ir pra universidade, a euforia da viagem havia cessado e agora restava apenas uma confusão sem fim. Tomei um banho, uma xícara de café, coloquei os fones e fui pra parada de ônibus. Putz, será que ia ser sempre assim? Todo mundo tinha relacionamentos lindos e felizes, mas minha vida amorosa é sempre um caos. Pelo menos na acadêmica as coisas funcionavam. Opa! Pra que eu disse isso? Chego na universidade e está um tumulto só. Encontrei meus amigos e perguntei o que estava acontecendo.
Eu: Greve? Como assim?
Eles: Pois é. Os centros acadêmicos estão se mobilizando para paralisar tudo. Em alguns dias muito provavelmente entraremos em greve.
Era tudo que eu não precisava naquele momento.
A professora entrou na sala e o assunto não podia ser diferente. Todo mundo estava comentando da greve e eu estava em silêncio na última fila, pra variar. A aula seguiu e eu não via a hora de terminar. No almoço eu ia mandar uma mensagem para Ci, seria nosso primeiro dia de estudo e aquilo era a única coisa que me empolgava. Não a leitura em si, mas estar em sincronia com ela em algo. Eu era sistemática, certinha e metódica. Ela não tava nem aí para as regras, sistemas e métodos. Ela nadava conforme a maré e parecia ser feliz do jeito dela. Eu estava fazendo tudo "certo" e não estava feliz. E ela fazia tudo "errado", e era feliz. Então que raios de vida era essa que eu tinha?
Acordei do meu devaneio com a professora se despedindo e apagando o quadro. Iria escrever para ela. Eram quase 12h, nosso horário estipulado. Mandei uma mensagem:
Eu: Oiii. Bom dia, ops, tarde, rs... Lembra de fazer sua leitura, tá? Bjoo
Ela: Pode deixar. Bjoo
Sentei debaixo de uma árvore e fiz a leitura e uma oração. Pedi por ela, nem lembro se fiz algum pedido pessoal por mim. Nem queria lembrar dos meus problemas.
Dei um pulo na cantina, pedi um almoço e fiz minha refeição ainda em silêncio. Não sou super falante, mas quando calo... pode ter certeza, algo está errado. Meus amigos perguntaram se estava tudo bem, e eu balancei a cabeça afirmativamente. Tentei esquecer tudo por um momento e entrei no papo deles. Rimos um pouco e eu consegui relaxar.
Quando peguei o celular havia uma mensagem:
Ela: E aí, já almoçou?
Eu: Acabei de fazer isso. E vc, o que está fazendo?
Ela: Estou resolvendo os últimos ajustes no meu trabalho. Deixar tudo em ordem lá, essa semana não vou mais e já começo no outro.
Eu: Está feliz?
Ela: Muito. Desafios me estimulam.
Eu: Que ótimo. Isso é bom!
Por um instante eu tive inveja daquela moça. Ela tinha algo que eu tentava a todo custo conseguir: felicidade!