Foi tudo rápido e furioso como num assalto de boxe, e talvez aquilo fosse um tipo de boxe, porem mais violento e insano. Vi a mesa de vidro escuro sendo espatifada quando Tony jogou Bruno sobre ela e avançou, esmurrando-o sem piedade, sendo tambem esmurrado, grunhidos de dor, de ira, engalfinhados feito dois cães, lutando no chão.
Não perdi tempo e, desesperado, liguei para Alex. A essa hora ele estava em casa, estudando antes de ir para as aulas, e atendeu minha ligaçao sem demora.
- Alex!_ falei, afobado, vendo Bruno perdendo a briga, tonto já dos socos de Tony em sua cara_ Alex, me ajuda!... O Tony...
- Filho da puta!_ gritou o Tony, dando um golpe brutal no outro, deixando-o desacordado no mesmo instante.
Bati o telefone, apavorado. Bruno parecia desmaiado no chao, com a cara ensanguentada começando a inchar. Tony olhou para mim, ofegante, se erguendo, limpando o sangue que lhe escorria da boca ferida. Recuei, dando a volta no sofá, me protegendo, gelado de medo.
- Seu puto safado!_ gritou ele, avançando_ Andava justo com ele? Se esfregando aqui...para me insultar!
- Não, Tony, ele quem me provocava... _ falei, recuando mais.
- Provocava e voce não resistia? Que fogo nesse rabo! E pra quantos voce deu? Fala!_ berrou ele_ Deitou com quantos, aqui? Trinta? Cinquenta? Desgraçado!
Tentei correr e me trancar no quarto, mas ele era veloz e me segurou, espremendo meu braço na sua mão forte, batendo um lado de meu corpo contra a parede com toda a fúria, de modo que gemi numa dor alucinante, como se meu braço tivesse sido escaldado em agua fervente.
- Não, Tony!_ gritei, e ele me bateu na cara duas vezes, com força, me fazendo encolher contra a parede_ Me larga!
- Estou com vontade de te matar!_ me sacudiu com força, chacoalhando meu braço ferido, e senti até tontura de tanta dor_ Filho de cadela!
Gritou e me bateu contra a parede, outra vez, saindo dali, indo à sala. Ouvi que ele mexia nas bebidas e resmungava. Um segundo depois ouvi o som de vidro sendo quebrado contra a parede: devia ser o copo em que ele bebia.
Fiquei encolhido naquele canto do corredor, abraçando os joelhos com o braço bom, louco de dor no outro, chorando baixinho. Nao sei quanto tempo depois ouvi a porta sendo aberta e a voz de Alex rompendo na sala, vigorosa:
- Cadê ele? O que voce fez, seu louco?
- Fora daqui!_ Tony gritou_ Veio levar ele embora? Andava comendo tambem, é?
- Seu miserável..._ resmungou Alex, como se perplexo_ Você matou o Bruno?
- Infelizmente não!
- Alex!_ chamei por ele, erguendo-me a custo_ Aqui!
Ele veio, apavorado, e me observou com espanto e indignaçao.
- Ele bateu em voce? _ sussurrou, me olhando, e voltou feito um foguete para a sala_ Bateu no Marquinhos, seu desgraçado! Covarde! Vai se entender com a justiça por isso!
- Enfie no rabo a merda da justiça!_ disse o Tony, irritado_ Bati e devia ter batido mais. Se fizesse isso ele estaria a essa hora no além! Uma puta esse moleque. Uma puta que eu sustentava para um bando de veado usar!
Alex voltou para o meu lado e me ajudou a ir para o quarto. Observava meu rosto com pena, e no espelho vi o quanto estava machucado, vermelho das pancadas na cara. Ele mesmo encheu uma mochila com roupas e outras coisas minhas, falando que eu nao passaria aquela noite ali, e que precisava ir ao hospital logo, ver aquele braço ferido.
- Fica calmo_ ele disse, afagando meus cabelos_ Vai ficar tudo bem.
Na sala o Tony nos olhou com raiva, e Alex nao teve medo de enfrenta-lo.
- De hoje em diante, quem cuida dele sou eu_ declarou, sério_ Não precisa mais pagar conta nenhuma dele, e nem voltar aqui. Custeio tudo e voce sabe que condiçoes para isso nao me faltam. Ele vai morar aqui do mesmo jeito, e quero voce longe dele, Tony!
- Vamos, seu idiota. Sustenta essa puta que vai lhe por tantos chifres que voce fará uma coleçao com eles!_ disse Tony, com desprezo_ Leva ele daqui, depressa, nao aguento mais olhar na cara desse moleque!
Saimos dali e o prédio todo parecia ter ouvido a briga. Os vizinhos nos olhavam com espanto, parados no corredor. Alex mandou que chamassem uma ambulância, que havia tido uma confusão e um homem estava desmaiado lá dentro. Pensei que ele fosse tambem mandar chamar a policia, mas isso seria um pouco demais, e nos exporia ao ridiculo.
No hospital constataram um trincado no meu antebraço, por isso doía tanto. Precisou enfaixar e ainda tomei uma injeçao de analgésico. Sempre do meu lado, me dando força apesar do meu abalo e desânimo, Alex chamou um táxi ainda no hospital, e na tarde abafada que ia embora, fomos para sua casa, onde antes eu nunca estivera.
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Um abraço em cada um, viu?
Ate a proxima! :D