Depois de quase 2h de viagem, paramos num terminal integrado. Descemos do alternativo e entramos na integração. Era cerca de 18h já, e eu perguntei:
Eu: Amor,vamos demorar ainda?
Ela: Princesa, um pouco. Por que? Está cansada?
Eu: Mais ou menos. Queria um banho.
Ela: Assim que chegarmos você toma um banho e descansa.
Eu: Tá bom.
Ficamos esperando um ônibus e ela me abraçou por trás. Não estávamos no meu estado mesmo, eu não conhecia ninguém ali e tampouco estava me lixando pro que alguém poderia pensar.
Ela: Estou tão feliz que parece que estou sonhando.
Eu: Mas não é sonho. É real e eu estou com você.
Ela me deu um beijo no rosto e o Allan falou:
Allan: Dá pra vocês pararem de frescura?
Ela: kkkkkkkk deixa de ser besta. Tá pensando que eu esqueci que tu já deu teus pulos?
Ele: Ci, esquece isso.
Ela cochichou no meu ouvido: Ele já deu o anel pra um cara kkkkkk ficamos rindo e o ônibus chegou. Lotadoooooo,neh? Era horário de pico. Andamos por quase 30min e chegamos em outro terminal de integração.
Eu: Amor, falta muito ainda?
Ela: Você tá parecendo o Burro, do Shrek.
Eu: Ha. Ha. Ha.
Ela: Oow meu Deus, que coisa mais fofa zangadinha, rs...
Pegamos outro ônibus e depois de uns 20min descemos numa avenida movimentada. Atravessamos a rua e o Allan entrou na Caixa Econômica pra sacar um dinheiro. Ci e eu ficamos do lado de fora esperando. Havia uma mureta e eu encostei de um lado e ela do outro. Ficamos de frente, e ela colocou a mão no meu cabelo, arrumando minha franja.
Ela: Estamos chegando já. Aqui é a Av. X. É bem movimentada, como vc pode ver. Logo vamos chegar na casa da minha mãe. Mah, lá não é um lugar muito bonito. Talvez esteja bem longe da sua realidade.
Eu: Olha Ci, eu sei que vc saiu daqui pensando que eu era uma patricinha mimada. Mas eu não sou. Meu pais deram muito duro pra ter tudo o que temos. Nada caiu no meu colo. Hoje eu sou bolsista na graduação. Eu lutei bastante pra conseguir isso. Você sabe do meu esforço. Jamais trataria sua familia com desprezo ou de maneira inferior a mim.
Ela: Você é incrível. Eu te amo.
Eu nem respondi. Apoiei meus braços sobre seus ombros e a beijei. Um beijo lento, cheio de sentimento. Despertamos com uma buzina e um cara gritando: Ihuuuu. Rs... Duas mulheres se beijando no meio da avenida não devia ser muito comum. O Allan saiu do banco e era hora de pegar mais um ônibus. Fomos andando pra uma parada, e quando passamos na frente de um bar bem legalzinho, o Allan falou:
Allan: Ci, deixamos essa raposa - ele me chama assim até hoje, rs... - em casa e voltamos pra cá. Eles tem uma música ao vivo. Show de bola.
Ela: Oxe... Tudo certo.
Eu: Ha. Ha. Ha. Queria nem rir.
Fiz biquinho.
Ela me abraçou por trás e disse baixinho no meu ouvido: Você sabe que não irei pra lugar nenhum. Esqueceu que hoje vamos dormir juntinhas pela primeira vez?
Corei ^^
Sim, pior que eu tinha esquecido. Fiquei nervosa. Mas aí o ônibus chegou, entramos e pra variar... lotado. Andamos uns 10min e ela disse: Mah, desceremos na próxima parada. Ela puxou a cordinha e o ônibus parou. Descemos no ponto. Parecia um lugar comum. Havia barraquinhas e pessoas comendo na rua, fumaça, música, pessoas. Entramos num beco e andamos uns 30m. Chegamos numa ponte de ferro e eu entendi o que ela quis dizer. Dali eu podia enxergar o que no inicio não era visível. Era um morro, com casinhas uma em cima da outra, coisa que eu só via pela TV. Já tinha visto, mas não tantas e tampouco morros tão altos. A verdade é que eu acho que minha presença ali era mais anormal pra eles, do que pra mim. Tratei com a maior naturalidade do mundo. Não pra fingir algo, mas porque nunca julguei as pessoas pelos seus bens, e sim pelo caráter. Mas confesso que a cena foi muito engraçada. Quem assistou Todo mundo odeia o Chris, num episódio que o Greg vai dormir na casa do Chris, entende isso muuuuito bem. Eu era uma branquela subindo o morro, cercada de pessoas negras. E eu não dava a mínima pra isso. Mas eles me olhavam dos pés a cabeça kkkkkkkk
Ela: Te disse que não era bonito.
Eu: Dá pra você parar de frescura?
Ela: Desculpa. Você tem razão.
Subimos um pouco e entramos numa viela estreita e muuuuito inclinada. Paramos de frente pra um portaozinho. O Allan abriu e todo mundo já estava nos esperando. Minha sogra começou a chorar quando viu Ci. Fazia 6 anos que elas não se viam, e Ci estava muito diferente. Havia deixado de lado aquele corpo esquelético e se transformado num mulherão.
Minha sogra a abraçou e disse: Minha filha, pensei que iria morrer sem vê-la outra vez. A encheu de beijos e virou pra mim. Eu estava na escadinha, sem graça e morrendo de vergonha. Sou tímida, gente.
Ela estendeu a mão e disse: Então você é a Mah?
Eu: Sou eu sim. Muito prazer, Célia.
Olhei bem dentro dos seus olhos e apertei forte sua mão. Eu estava nervosa sim, mas foi a forma que encontrei de mostrar que eu era séria e não tava de sacanagem com a filha dela.
Allan: Tá, mas vamos entrar que eu estou com fome.
Todos riram, rs...
Entramos e conheci minha cunhada e o namorado dela. Conheci o meu cunhado também. Eles são dois fofos. O padrasto de Ci também nos cumprimentou. Entrei no quarto e joguei minha mochila na cama de cima do beliche. A casa era pequena e naquele momento havia tanta gente aglomerada que me deu claustrofobia. Me controlei, liguei pra Minha mãe e avisei que havia chegado. Ela tava toda fria, então nem estendi a conversa. Minha sogra entrou no quarto.
Sogra: Minha genra, vamos jantar?
Eu: Estou indo, Célia.
Ela: Fiz lasanha pra vocês.
Eu amoooo lasanha.
Larguei o celular, perguntei onde poderia lavar as mãos e ela me levou à pia. Sentei na mesa e Ci sentou ao meu lado. Eu sabia que teria que fazer aquilo ser o mais natural possível. Então peguei um prato na maior cara de pau e me servi kkkkkk Perguntei se Ci queria que eu colocasse pra ela.
Ela: Posso comer com vc?
Eu: Claro, amor.
Minha sogra assistia a tudo na outra extremidade da mesa. Eu ia comendo e lhe dando na boquinha. Ci estava com cara de cansada e com o nariz entupido.
Eu: Tá se sentindo bem?
Ela: Com dor de cabeça e com o nariz entupido.
Eu: Terminamos de comer e eu te dou um remédio, tá?
Ela: Tá bom, amor.
Acabamos e levantei pra lavar a louça.
Sogra: Não, não. Nada disso. Vocês vão descansar agora.
Insisti, mas ela não deixou. Levantou da mesa e disse:
Sogra: Vamos para o meu quarto. Quero conversar com vocês duas.
Gelei. Putz, como assim? Ci percebendo meu medo, disse:
Ci: Relaxa. Ela só quer conversar mesmo.
Levantamos e fomos para o quarto dela. Ela sentou e encostou na parede, Ci deitou e eu fiquei apenas sentada.
Sogra: Então, como é isso?
Eu: Isso o que?
Ela: Como é que faz, duas mulheres?
Eu engasguei com o ar. Ci caiu na risada. Eu tentava falar, mas só gaguejava.
Eu: Ah... É... Tipo... Você... Amor... E... Tipo...
Ci me interrompeu e disse: Mãe, é simples, como qualquer casal.
Sogra: Como, se vocês não tem pinto? Ou vocês usam aqueles negócio de borracha?
Gente, eu queria morrer de vergonha. Ci se acabava de rir com a minha cara. Eu estava ultra mega vermelha.
Ci: Mãe, tem muito amor envolvido, carícias, toques, línguas, mão...
Sogra: Hummmmm.. Certo. Mas tem futuro mesmo esse negócio de vocês?
Ci ia falar, mas eu interrompida: Célia, sei que você está me conhecendo agora. Mas saiba que não estou brincando com sua filha. Eu a amo e se vim aqui, foi para que a senhora ficasse mais tranqüila quanto à pessoa que ela está se relacionando.
Ela: Só não quero vocês vestidas de homem. Acho ridículo.
Eu: Também não gosto. Mas como a senhora pode notar, tanto ela quanto eu, somos menininhas.
Ela: É. Isso é verdade.
Ci: Mãe, amanhã e o resto da semana, a senhora conversa melhor com a Mah. Ela está cansada.
Sogra: Tá bom então.
Minha sogra me trouxe uma toalha e eu fui tomar um banho. Sai e Ci estava sentada na mesa.
Eu: Amor, você está bem?
Ela: Tô sim, princesa.
Eu: Não, não está.
Fui até minha bolsa e voltei com um comprimido e um fresquinho. Esquentei um pouco de água e ela fez uma inalação. Minha sogra assistia tudo.
Ci foi pegar um pijama para ir tomar banho. Fui até o quarto e lhe dei uma bolsinha com sabonetes e outroa ítens de higiene.
Eu: Amor, use minhas coisas. Somos um casal.
Ela: Rs... Você sempre pensando em tudo.
Ela foi tomar banho e quando estava quase pronta, eu bati na porta do banheiro.
Eu: Amor, posso entrar pra escovar os dentes?
Ela: Sim, pode sim.
Entrei e comecei a escovar os dentes. Ci estava com uma calcinha na mão e minha sogra apareceu na porta do banheiro.
Sogra: Ô Ci, como tu consegue usar uma calcinha pequena dessa, filha?
Ela: Rs... Ah mãe, tipo é normal. Mas volta e meio estou de calcinha box também.
Sogra: E o que é isso?
Ela: Uma daquelas que parecem um shortinho.
Sogra: Nunca vi isso não.
Ci: Nunca? A Mah usa bastante, e notei que ela colocou uma agora. Olha!
Gente, esse papo rolando e eu escovando os dentes bem inocente. Quando do nada, sinto meu pijama no joelho. Quase engasguei com a escova, e elas continuavam.
Sogra: É grande mesmo. E veste bem.
Ci: Sim. E é super confortável pra dormir.
Eu: Já pararam de me analisar? Posso subir minha roupa agora?
As duas caíram na risada e eu finalmente acabei de escovar os dentes. Fomos para o quarto e meu cunhado estava no Notebook. Ci começou a aperriar ele, e ele rindo. Bobeou e foi pegar algo no guarda-roupa.
Ci olha pra janela do Face e grita: Ô mãe, tem uma garota falando com o Lu e dizendo que quer ver ele de pinto duro.
O muleque ficou morto de vergonha e Ci rachava de rir.
Ele: Tá doida, Maninha?
Sogra: Ô menino, tá ficando maluco? Vai ficar mostrando tua intimidade para os outros?
O pobrezinho tava morrendo de vergonha e Ci rolando de rir, rs...
Ele saiu do quarto. Minha cunhada entrou, pegou algumas coisas e saiu também. Então agora só restava ela e eu ali. Sozinhas e com muitas coisas pra fazer.
Beijos