E ai pessoal. Bom, eu me chamo Alexandre, mas todos me chamam de Alex que eu quase esqueço do meu nome verdadeiro. Tudo começou quando eu tinha 15 anos (4 anos atrás), eu havia acabado de começar o 2° ano do Ensino Médio e aí na escola onde eu estudava teve uma feira de intercâmbio. Até então eu nunca tinha me interessado sobre intercâmbio, mas aos poucos fui ficando encantado com a possibilidade e convenci meus pais de passar três semanas nos Estados Unidos fazendo um curso de idiomas. Pra ser mais específico, foi duas semanas de aulas (de inglês) na califórnia, três dias em Orlando e quatro em Miami. A princípio foi difícil convencer meu pai, já que ele era super protetor demais comigo (morávamos só eu, ele e a minha madrasta) já que minha mãe havia ido pra outra cidade. Minha mãe foi super de boa, foi super atenciosa e assinou toda a documentação, escreveu várias cartas autorizando minha viagem e etc. Enfim, quando cheguei nos EUA eu fiquei simplesmente apaixonado por tudo, as ruas iluminadas, a cultura do país, as escolas, tudo. Voltei pro Brasil decidido que eu queria fazer o intercâmbio de no mínimo um ano nos estados unidos, ou seja, teria que fazer o High School.
Ao contar essa minha vontade de morar um ano nos EUA pro meu pai, ele disse que nem pensar, eu não passaria um ano longe em outro país e bla bla bla. Eu o levei na agência (a mesma que tinha viajado anteriormente), a atendente explicou tudo direitinho pra ele, mas não teve jeito, o velho não deixou. E assim eu terminei o segundo ano e decidi que iria trabalhar pra pagar meu próprio intercâmbio. Comecei ajudando minha madrinha (que é dona de um salão de eventos bem conhecido na cidade onde eu moro) e fazia tudo que dava: trabalhei de garçom, de auxiliar administrativo, contador, contratador, acompanhante de crianças, tudo!
Nesse período eu conheci um cara que também trabalhava pra minha madrinha, seu nome era Renato. O moleque era muito bonito, tinha aquele jeito machão, sabe? Viramos amigos e um dia acabamos na cama. Eu sempre senti atração por homens, mas nunca tinha contado isso pra ninguém. Enfim, começamos a "namorar" e um dia minha madrinha viu nós nos beijando uma vez. Ela nos deu apoio, mas pediu que eu contasse pro meu pai, pois isso não era motivo de vergonha e ele merecia saber.
Cheguei em casa e meu pai estava lendo uns processos em seu escritório, enquanto tomava um café forte. Aquela era a hora.
- Pai, tenho que te contar uma coisa - disse, me sentando na sua frente na mesa.
- Diga, meu filho. - ele tirou o óculos e deu um gole no café.
- Pai.. eu sou gay - isso é tudo que consigo me lembrar. Depois disso me deu um branco, sério, não sei quanto tempo eu demorei pra falar aquilo, mas pela cara que meu pai fez, ele ficou decepcionado.
- Bom, meu filho... eu não sei o que dizer. Você sempre sentou do meu lado, assistiu futebol, coça o saco, fala palavrão, tem a voz grossa... o que te fez virar gay?
- Pai, me poupa. O senhor, um homem inteligente, que passou na prova da OAB, é promotor de justiça, acha mesmo que eu virei gay? Eu nasci assim, pai. E o fato de eu ser gay, não me faz menos homem do que eu era antes de me descobrir. Eu vou continuar assistindo futebol com o senhor, coçando o saco e falando grosso. Relaxa - dei um sorriso amarelo.
Ele deu um gole no café e nada falou. Saí de seu escritório e depois disso, o clima ficou tenso. Ele passou a me ignorar, sair cedo de casa, não me levar mais pra escola e/ou pro inglês, só chegava tarde... A semana passou e num sábado de noite eu estava jogando e ouvi ele gritar meu nome da sala. Sai correndo em sua direção e ele estava sentado no sofá com uma cara autoritária, que eu tinha visto poucas vezes.
- Diga, pai.
- Sua madrinha me disse do tal moleque que você anda comendo.
- Pai... - ele me cortou nessa hora.
- Eu andei pensando, conversei com sua mãe e nós achamos melhor você ir passar esse ano que você tanto quer nos EUA. Vamos começar a organizar a papelada o quanto antes. E eu não quero mais você trabalhando com a sua madrinha.
- Sim, senhor. - respondi.
Fui pro meu quarto e eu não tinha uma reação que pudesse esboçar. Eu estava feliz porque meu sonho iria se realizar, mas estava triste por ter que terminar com o Renato. O cara era gente boa e eu gostava dele. Tive que terminar por telefone, nem tive a chance de me despedir pessoalmente.
O 3° ano do colegial já estava no fim, e o processo de entrada na papelada da minha transferência de país só estava começando. Como eu já tinha visto de estudante e já tinha feito um aplication, tudo não foi tão burocrático como da primeira vez. O maior problema foi achar uma host family pra mim. Pra quem não sabe, quando se faz intercâmbio de longa duração, você pode ficar em casas de "famílias adotivas/solidárias/emprestadas", como eles chamam, ou simplesmente "host familly". Geralmente é composto por um casal e filhos, mas atualmente pode ser composto por mãe solteira e seus filhos. A minha host foi escolhida após um mês de espera, eles me escolheram porque disseram se identificar comigo. Por e-mail, fiquei sabendo que a family era composta por dois filhos - Hannah, de 15 anos, e o Nolan, de 18 -, além de um senhor de 40 e poucos anos que seria meu host dad que se chama Afonso, é de família mexicana e trabalhava construindo carros, e por uma linda mulher de 36 anos chamada Aprishe, advogada.
Por fim, no dia 20 de Janeiro acabei indo pros EUA, no aeroporto foi um super chororô, minha mãe veio até minha cidade se despedir, minha madrinha me enchia de abraços e meu pai chorava que nem um idiota hahaha. Por fim acabei embarcando pra Waco, Texas. Depois de MUITAS horas de viagens, com direito a paradas até no Panamá, cheguei nos EUA. Lá era noite, então dava pra ver tudo iluminado, e gente, sério, só quem um dia for pra lá consegue sentir a sensação que é ver aquela cidade toda iluminada. Meu clima foi cortado bruscamente quando as aeromoças avisaram que já íamos pousar no aeroporto do Texas. Ao chegar, meu Deus, foi uma confusão, minha mala tinha sido aberta e, segundo as atendentes da agência, minha mala tinha sido aberta por suspeitas de tráfico (???). Ok, depois desses imprevistos, logo dei de cara um a minha host mom. Eu sabia que era ela porque ela tinha mandado fotos dela e de toda a família. Assim que me viu, ela logo abriu um sorriso e me deu um abraço. Percebi que com ela só estava a Hannah, o pai e o tal do moleque não vieram. Ela me levou pra comer numa pizzaria bem simples que tinha por ali e depois seguimos pra casa. No caminho eu não entendia muita coisa que ela e Hannah conversavam, meu inglês não era 100% bom e eles falavam MUITO rápido. Perguntei por que o meu host brother não tinha vindo e a Hannah disse que ele não estava se sentindo bem.
Ao chegar em casa, eu sai do carro e com certeza tive a certeza que eu não estava no Brasil. O frio era de paralisar qualquer pessoa, não tinha percebido isso por conta do aquecedor do carro. Fiquei parado no meio do "quintal" e a Hannah ria muito da minha cara. Ela me guiou meio que correndo pra dentro de casa a parecia que eu tinha saído de um frigorífico.
- Não se preocupe, nós temos aquecedor aqui dentro. É melhor nós providenciarmos um casaco pra você. - disse ela, sorrindo.
Burro, não trouxe nem moletom pra um dos países mais frios do mundo - pensei.
Em seguida minha host mom entrou em casa.
- Nolan, venha conhecer seu host brother - ela gritou.
Eu me senti constrangido. Eu esperava um loiro, gordo e com a cara cheia de espinhas, mas meu Deus, o que era aquele cara?
E ai pessoal, tudo beleza? Bom, eu achei esse site por coincidência enquanto acessava umas páginas gays brasileiras e acabei me apaixonando pelo site. Dai, depois de pensar muito, resolvi postar minha história com vocês. Eu sou muito detalhista, então espero que vocês não se incomodem.
Queria dizer também que eu ainda moro nos EUA, ou seja, qualquer tipo de dúvida que vocês tiverem sobre o país, sei lá, podem perguntar que eu responderei com o maior prazer. Comentem, deem opiniões, o que vocês quiserem. Aliás, continuo ou não? x