O apartamento da familia de Alex, numa área nobre da cidade, era imenso, todo decorado seguindo as ultimas tendências européias, num luxo que por pouco não beirava o exagerado. Fiquei constrangido nao com aquela riqueza toda, mas com a presença da mãe dele na sala, lendo um livro, do qual ergueu os os olhos e me encarou com curiosidade.
Alex explicou rapidamente que eu era um amigo, que sofrera um "acidente" e precisava passar aquela noite ali. A mãe dele pareceu espantada com o que ouviu, e se ergueu, vindo me cumprimentar toda solícita.
- Mas é claro, claro que pode ficar_ disse ela_ Vou mandar levarem um chá de erva-doce para você. Dizem que acalma.
Quis ainda saber o que de fato aconteceu, porem Alex cortou aquele interrogatório e me levou pelo amplo corredor até o quarto dele. De algum lugar, alguem ouvia Madonna num volume alto.
- É Clarice_ disse Alex, se referindo à irmã de quinze anos- Ouve aquela mulher o dia todo, chega a me irritar.
O quarto dele era bem espaçoso, repleto de livros, pilhas de revistas, fileiras longas de discos, e na estante uma televisão grandona, ao lado do tocador de LPs. O pôster emoldurado do filme Casablanca decorava uma das paredes, e sobre sua escrivaninha os livros, cadernos, canetas e papéis espalhados, já que ele estudava quando o chamei.
- Fiz voce perder sua aula_ falei, sentando-me na cadeira estofada.
- Isso nao é nada_ ele acariciou minha cabeça, sorrindo de leve_ Você é mais importante.
- Não vi seu pai quando cheguei_ disse, reparando no porta-retrato dele com a familia toda, sobre a escrivaninha.
- É ocupadíssimo. Só vem em casa para dormir_ disse ele, pegando no armário enorme uma toalha de banho, e pareceu constrangido de repente_ Bem...será que posso ajudá-lo no banho? Sabe, com o braço enfaixado não vai ser fácil...
- Já me viu pelado outras vezes_ ri baixinho_ Não vai fazer diferença agora. Vem, me ajude a tirar a roupa.
Todo o processo de se despir, tendo um braço imobilizado, levou muito tempo. No banheiro de granito, contíguo ao quarto, ele ajudou a me lavar, sem malicia nenhuma, mesmo as vezes me olhando além da conta, mas era algo sutil. Depois de me enxugar, pegou da minha mochila no quarto cueca, shorts e camiseta. Como tinha sido ele a reunir minha roupa quando saímos em meio à confusão, tinha vindo aquela camiseta branca com o desenho de um Mickey Mouse apaixonado, de mãos juntas e olhos fechados, rodeado por grandes corações vermelhos. Eu usava aquilo raramente por ser meio infantil, um presente de minha mãe quando eu já tinha dezessete anos e pensava mais em homem do que em desenho animado.
- Que bonitinho_ disse Alex rindo, tocando o desenho, me olhando_ Tambem sou como ele.
- Um rato?_ dei risada.
- Não, tonto!_ ele me abraçou, desajeitado, , falando baixo_ Apaixonado. Doente de amor.
Senti um frio na barriga, absorvendo o cheiro dele, seu calor. Ouvimos entao que no quarto a empregada pedia licença, entrando com o chá e biscoitos bicolores. Alex pediu que nos servisse o jantar ali mesmo, e que, no dia seguinte, ela ou a outra empregada fosse a meu apartamento limpar a bagunça que Tony e Bruno deixaram. Pela manhã eu telefonaria à portaria de meu prédio, autorizando a subida e o serviço da moça.
Mais tarde jantamos, e enquanto eu via televisão, Alex tomava banho. Voltou só de calçao para o quarto, de cabelos úmidos, cheiroso e sorridente. Falou que era um sonho me ver na cama dele, mesmo em tais condições.
- Ainda não me contou o que de fato aconteceu_ disse ele, deitando do meu lado e olhando a TV_ Imagino o que tenha sido...
Fui franco, contando que cheguei em casa e Bruno me esperava na portaria, de onde subimos pegando fogo de desejo. Por azar o Tony chegou na hora e viu tudo.
- Então ainda transava com o Bruno?_ falou Alex num tom sombrio, sem me olhar.
- Nem sempre, porque quase nao havia chance, e muitas vezes ele me dava raiva. É arrogante, grosseiro, egoísta_ disse e fiquei pensativo_ Eu me envolvo com os piores caras, não é? Exceto o Vitor e você...
- Eles te seduzem fácil, Marquinhos_ disse Alex me olhando de perto_ E você seduz muito tambem, mesmo que as vezes nao perceba. Por isso eles vivem atras de voce... Lá na praia o Boy deve ter percebido isso, por isso ficou com tanta raiva.
Fiquei em silencio, vendo o resto da telenovela, sem entender nada, sentindo Alex me olhando o tempo todo, deitado de lado bem pertinho.
- Aquilo que voce disse lá na praia, sobre pensar sempre em mim, era sério?_ perguntou ele, mexendo em meus cabelos.
- Era_ olhei para ele, vendo seu sorriso bonito se formar.
- Mas... Pensa como?_ ele me pareceu ansioso, se ajeitando melhor no travesseiro.
- Assim_ apontei para o Mickey apaixonado na minha camiseta_ Igual a ele. Igual a você.
- É mesmo? _ ele já chorava, entre sorrisos_ Puxa vida, achei que nunca ouviria isso. Olha pra mim, todo descontrolado na sua frente, que vergonha... Eu te amo tanto, seu moleque, voce nem imagina.
Veio afobado, me beijando, a boca meio salgada de lágrimas, e eu o envolvi com o braço sadio, correspondendo com vontade, mas então ele esbarrou no meu outro braço e dei um gemido de dor.
- Perdão, perdão_ disse ele se afastando, preocupado_ Doeu muito, amor?
- Uma ferroada. Está passando, agora.
Nos contentamos em ficar deitados ao lado um do outro, como antes, fingindo ver TV, mas Alex ria sozinho, me olhava e parecia não acreditar.
Às dez horas fiquei com sono. Ele estendeu sobre nós uma colcha de frio cetim azul escuro, se acomodou coladinho comigo, me beijando o rosto, o pescoço e a boca de leve. Ainda cantou baixinho, em inglês , aquela musica que ele chamava de "nossa música", segurando minha mão, e eu quase adormecendo.
- Namora comigo, meu anjo?_ sussurrou Alex no meu ouvido .
Dei um sorriso preguiçoso. Não tinha muito em que pensar.
- Namoro_ respondi.
#
#
#
#
Valeu, galera! :D
Deixem suas opinioes ou duvidas que responderei nos comentarios .
Abraço em cada um !