O capítulo havia dado problema e não estava abrindo. Só percebi o defeito agora, daí apaguei e restaurei. Espero que agora esteja disponível pra leitura. Queria agradecer a todo mundo que leu, deu nota e comentou, vocês fazem valer a pena continuar a escrever.
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Por fim, Alice desistiu, levantou e saiu, me deixando sozinho. Eu sempre desconfiei de que ela sabia que eu era gay, mas ela ter afirmado isso e o fato de ela saber dos meus sentimentos pelo Danilo, era muito desconcertante. Mas antes que eu pudesse chamar ela de volta, senti alguém sentando do meu lado.
- Que houve?
- Nada não, Fael.
- A Alice voltou pra casa com cara de poucos amigos. Vocês brigaram?
- Não. – ele não parecia acreditar – Juro, Rafael, não brigamos.
- Tá bom, eu acredito, não precisa chorar – e me deu um abraço de urso, típico dele.
- Eu não to chorando, idiota – falei rindo, o empurrando.
- Olha só, a chuva parou, o sol tá voltando. Sabe o que isso significa?
Achei que ele ia dizer alguma coisa bonita, que aquilo era uma metáfora. Que nada. Rafael me agarrou e pulou comigo na piscina.
- Caralho, Rafael! Eu não trouxe roupa pra trocar!
- Que tipo de pessoa não traz roupa pra uma festa na piscina?
- Tava chovendo quando eu saí! Achei que a gente não ia tomar banho.
- Relaxa, te empresto qualquer coisa pra vestir.
Ouvimos um grito, Sabrina tinha visto que o sol aparecera, e vinha correndo, comemorando.
- Agora sim!
- Vai entrar? – Perguntei.
- E molhar meu cabelo com essa água clorada cheia do mijo do Rafael? Nem fodendo, lavei ontem. Vou tomar um sol.
- Alguém falou em sol? – Diego chegou, animado. Tirou a camisa, e pulou na piscina.
- Porque tu não me chamou, Lucas? A gente já podia ter afogado o Rafael.
Fiquei com vontade de dizer que era porque eu não queria olhar pra ele. Que só de lembrar do que ele achava de beijar um cara – ‘’Eca’’ – eu ficava com raiva dele. Mas engoli a mágoa, e brinquei:
- Do tamanho que é o Fael, íamos precisar de mais gente pra afogar ele.
- Ainda bem que você sabe, rapaz. – Rafael brincou, me prendendo por trás e fingindo me afogar.
Passamos o resto da tarde assim, brincando e rindo. Alice por fim se juntou a nós, mas não quis entrar, ficou na beirada. A lua já tinha aparecido, quando resolvemos que era hora do jantar.
- Vou preparar o frango que ficou no freezer – Rafael se adiantou.
- O que você sabe sobre cozinhar? – Sabrina provocou.
- Não muito, mas o Luke me ajuda, né?
- Ajudo – falei rindo – mas preciso me secar.
- Que nada velho, vamo lá em cima que você toma banho e eu te dou uma roupa seca.
- Danilo, precisa de roupa também? – perguntei.
- Não, trouxe a minha.
- Viu? – Rafael falou, me empurrando – você é um irresponsável.
Não discordei, e acompanhei ele pro quarto. Recebi uma toalha e uma roupa e entrei no banheiro da suíte dele. Passei um bom tempo debaixo da água, admirando tudo. Rafael tinha muito dinheiro. Na verdade, o pai dele tinha, é claro, mas como filho único, ele era muito mimado pelo pai. Felizmente, ele não tinha sido fodido por isso, e, se você não o conhecesse, pensaria que ele era até simples financeiramente, de tão humilde. Ao terminar, saí do banheiro, a tempo de ver ele com a cueca ainda nos joelhos.
- Foi mal! – me desculpei, virando.
- Foi mal o que?
- Por não ter batido.
- Larga de ser tosco, Lucas - ele continuou andando de cueca no quarto – o que é bonito é pra se mostrar.
Pela segunda vez, não discordei. Rafael era lindo, e tinha um corpo de dar inveja. Se não fosse o susto e a vergonha de olhar pra ele, meu pau teria ficado duro.
- Que foi? - Perguntou quando me viu rindo – Lembrando da minha bunda?
- Não – menti, porque, porra, eu tava sim – só pensando no tanto de piranha que queria estar aqui onde eu tô.
- Bom, azar o delas: prefiro você – ele falou, entrando no banheiro pra, pelo cheiro, passar desodorante.
- Que sorte a minha – ri – Fael, vou descer, se não esse frango não sai hoje.
- Ok, apareço já lá pra te ajudar.
Ele cumpriu a promessa, e logo tínhamos terminado de preparar o jantar. Sabrina e Danilo sentaram pra comer, mas Alice não podia ficar.
- Meus pais tão chegando, vou esperar no portão.
- Espera – falei, levantando – vou com você.
- Não precisa, tchau, gente.
Segui ela mesmo assim.
- Alice, espera. – Ela me ignorou – Alice, desculpa. Porra – gritei, e dessa vez ela se virou.
- Não sei do que você tá falando.
- Ha Ha. Escuta, me perdoa. Mas velho, o que você queria? Me pegou de surpresa, e eu nunca tinha falado sobre isso com ninguém. Que saco, entende o meu lado.
- Eu sou a sua melhor amiga, Lucas, e você se recusa a falar comigo...
- Mas não tem nada a ver com você! É o meu segredo, é quem eu sou, e é meu problema lidar com isso.
- Você não precisa lidar sozinho.
- Eu lido há dezoito anos...
- E que bem isso tem te feito?
Ouvimos uma buzina, os pais dela haviam chegado.
- Olha – ela disse, segurando meus ombros – me perdoa também, eu exagerei. Mas, caralho, você tem que contar comigo. E daí que você é gay? – Ela perguntou, mais baixo – Não muda nada na nossa amizade.
- Será que eles iam pensar da mesma forma? – falei, apontando pra casa onde o resto dos meus amigos haviam ficado. – Você ouviu o que o Danilo pensa: “Eca”...
Outra buzina, ela tinha que ir.
- A gente fala sobre isso depois – falou, me abraçando – mas, só por hoje, desencana, esquece isso. – e saiu portão à fora.
Esperei o carro cruzar a esquina, e entrei. Quando voltei, me esperavam nos sofás.
- Guardamos seu prato no micro-ondas.
- Luke, o Fael chamou a gente pra dormir aqui – Sabrina falou, animada.
- Não tenho roupa pra dormir.
- Eu também não – Danilo rebateu – Rafael que vai emprestar.
- Cadê ele, afinal?
- Arrumando o quarto de hóspedes.
- Não sei não, também não tenho escova de dentes...
- Aqui uma – Rafael falou, voltando com escovas de dente na mão. – Minha mãe deixa várias guardadas na despensa.
- Falando em mãe, seus pais não voltam de madrugada? Será que eles vão gostar de ver a gente aqui?
- Já liguei, e eles já deixaram. Além disso, eles mudaram o voo, só voltam à tarde.
- Vamo, Luke, deixa de manha – Danilo pediu, sorrindo. E, pra aquele sorriso, eu não podia negar nada.
- Beleza, onde vamos dormir?
- Pensei em deixar o quarto de hóspedes pro Danilo e pra Sabrina, e você ficava comigo, no meu quarto.
Não entendi porque íamos nos dividir, mas quando olhei rapidamente pro Danilo e pro Rafael, senti que eles tavam escondendo alguma coisa. Sabrina estava distraída com o celular, e parecia não perceber nada. Sem mais argumentos pra negar, aceitei a proposta, e fui ligar pros meus pais. Minha mãe quis negar e queria ir me buscar, mas pedi pra falar com o meu pai, e ele, mais razoável, deixou e prometeu me buscar pela manhã.
Acabamos nos divertindo de verdade naquela noite. Vimos um filme e bebemos. Jogamos cartas e bebemos. Até jogamos verdade ou desafio, de novo, mas não durou muito, porque o efeito das bebidas já nos fazia perguntar coisas sem noção e rir das respostas mais sem noção ainda. Rafael foi o primeiro a pegar no sono no sofá, e resistiu às tentativas de acordá-lo. Sabrina, tonta, foi a segunda a desistir, e subiu para os quartos. Danilo foi o terceiro, e desmaiou no outro sofá. Eu, que tinha bebido menos – bem menos – que todos, subi pro quarto, escovei os dentes, molhei o rosto, e, sem o Rafael pra me dar um pijama, acabei deitando de cueca.
Foi aí que senti alguém deitar atrás de mim. Antes que eu pudesse virar pra ver quem era, senti ele me abraçar e colocar o nariz no meu pescoço, me fazendo arrepiar. Senti ele pressionando o pau duro contra a minha bunda, e a mão alisando minha barriga nua.
- Te amo...
Gelei ao reconhecer a voz.
- Danilo?